𝕮𝖆𝖕 1

Cap 1: Bem vinda a clareira

Tudo parecia surreal. Um silêncio opressor era interrompido apenas pelo som metálico da enorme caixa subindo lentamente. A jovem estava lá dentro, completamente perdida, sem ideia de onde estava ou para onde estava sendo levada. A luz escassa que entrava pelas frestas da estrutura metálica lançava sombras longas ao seu redor, aumentando a sensação de claustrofobia.

Seu coração batia descontroladamente, como se quisesse escapar do peito. Suas mãos tremiam tanto que ela mal conseguia controlá-las, e suas pernas pareciam prestes a ceder. O suor escorria por sua testa, pingando no chão, enquanto ela tentava, em vão, entender o que estava acontecendo. Cada canto da caixa parecia um enigma, mas o verdadeiro mistério estava em sua mente: ela não conseguia lembrar de nada. Nem seu nome, nem de onde vinha, nem por que estava ali. Era como se sua memória tivesse sido apagada, deixando apenas um vazio aterrorizante.

Sentindo-se impotente e pequena diante do desconhecido, a garota se encolheu em um canto da caixa. Abraçou os joelhos com força, como se aquele gesto pudesse protegê-la do que quer que estivesse acontecendo. O metal frio pressionava suas costas enquanto ela tentava, sem sucesso, conter as lágrimas.

De repente, a caixa parou de subir, e tudo ficou em um silêncio ainda mais absoluto. O som foi substituído por uma claridade ofuscante que invadiu o espaço, fazendo com que ela cobrisse os olhos rapidamente. A luz era tão intensa que fazia seus olhos arderem, forçando-a a piscar várias vezes enquanto tentava se acostumar.

Quando finalmente conseguiu abrir os olhos, viu rostos. Vários garotos espiavam pela borda da caixa, fitando-a com curiosidade. Suas expressões eram uma mistura de surpresa e análise. A visão deles não a tranquilizou; pelo contrário, a deixou ainda mais nervosa.

De repente, um dos garotos, de cabelos loiros e expressão gentil, pulou para dentro da caixa com agilidade. O som do impacto de seus pés contra o chão metálico ecoou pelo espaço, e a garota instintivamente se encolheu ainda mais. Ela não sabia quem ele era nem o que queria, e isso a apavorava.

— Ei, calma — disse ele com um tom suave, levantando as mãos em um gesto de paz enquanto dava um passo cauteloso em sua direção. — Não vou te machucar... Só... confia em mim.

Havia algo em sua voz que parecia sincero, mas por que ela deveria confiar em um estranho? Especialmente em alguém que ela nunca havia visto antes?

— Quem são vocês? — perguntou ela, levantando-se lentamente, mas ainda mantendo distância.

— Eu me chamo Newt — respondeu ele, dando um pequeno sorriso para tentar tranquilizá-la. — Não queremos machucar você, só precisamos que confie na gente e saia da caixa.

A garota franziu o cenho, confusa. — Onde estou?

— Isso aqui se chama Clareira — explicou Newt. — Todos estamos presos aqui, mas tentamos sobreviver.

— Clareira? — ela repetiu, tentando processar o que ouvia.

Antes que Newt pudesse responder, uma voz irritada veio do lado de fora. — Vai tirar a medrosa daí ou não? — gritou outro garoto, loiro, mas com cabelos mais curtos.

A garota olhou para cima, encontrando o dono da voz. Ele a encarava com impaciência, como se estivesse acostumado a situações como aquela.

— Espera, Gally — rebateu Newt, lançando-lhe um olhar severo. — Tenho certeza de que você também foi assim quando veio.

A garota voltou a atenção para Newt, ainda desconfiada. — Quem são eles? — perguntou, gesticulando em direção aos outros garotos.

Newt respirou fundo, tentando manter a calma. — Você só vai conhecê-los se sair da caixa. Se estiver com medo, não precisa chegar muito perto — disse ele, com um tom encorajador, mostrando paciência e confiança.

Relutante, ela finalmente cedeu. Com a ajuda de Newt, subiu para fora da caixa, seus movimentos hesitantes refletindo o medo que ainda sentia. Assim que estava do lado de fora, Newt a seguiu, pousando suavemente ao seu lado.

O grupo a encarava em silêncio. Seus olhares variavam entre curiosidade e surpresa, especialmente porque era evidente que ela era a única garota ali. Sentindo o peso daqueles olhares, ela cruzou os braços, tentando parecer mais confiante do que realmente estava.

— Como vim parar aqui? — perguntou, a voz carregada de insegurança.

— Todo mês, a caixa traz alguém diferente — respondeu um garoto de traços asiáticos, sorrindo levemente. — E esse mês foi você. Prazer, sou o Minho.

Ela abriu a boca para responder, mas sua mente permaneceu em branco. — Por que não me lembro de nada?

Newt respondeu antes que Minho pudesse dizer algo. — Ninguém lembra. Ninguém sabe por que estamos aqui. Tentamos levar a vida e mostrar para os criadores disso tudo que podemos sobreviver mesmo assim.

Antes que ela pudesse processar a resposta, Gally resmungou ao fundo. — Você até foi calma, fedelha. Espero que se acostume e não quebre nenhuma regra por aqui.

Ele se afastou logo em seguida, voltando ao que quer que estivesse fazendo antes.

— Não liga pra ele não — disse Newt, revirando os olhos. — Ele é assim com todo mundo.

— Mas ele ainda é uma boa pessoa — acrescentou outro garoto, alto e de pele escura, com um sorriso acolhedor. — Você é a primeira garota a chegar aqui. Prazer, sou Caçarola. Sou o cozinheiro daqui.

A garota tentou sorrir de volta, mas o nervosismo era evidente. — Percebi... Eu sou... — ela parou, tentando lembrar seu próprio nome. A frustração cresceu em seu peito quando percebeu que não conseguia. — Ah, que droga... É tão ruim não saber meu próprio nome.

— Logo irá se lembrar — disse outro garoto, dessa vez mais alto e musculoso. — Normalmente os garotos aqui se lembram depois de dois ou três dias. Sou Alby.

Newt interveio, gesticulando para Alby. — O Alby é nosso líder. Ele foi o primeiro a chegar na Clareira.

Alby assentiu, lançando um olhar firme para Newt. — Já que você conseguiu acalmá-la, será o responsável por apresentar a Clareira e os trabalhos para ela.

— Certo... — respondeu Newt, aceitando a tarefa.

Por algum motivo, enquanto olhava para a garota, Newt sentiu uma estranha familiaridade. Havia algo nela que o intrigava, algo que parecia diferente de todos os outros que já tinham chegado ali. Ele decidiu ignorar esse sentimento, afinal, não conseguia se lembrar de nada antes da Clareira. Mas, ainda assim, ele não podia negar o quanto a achava bonita.

[...]

A luz alaranjada do entardecer pintava os céus acima da clareira, lançando sombras longas sobre o chão. O ambiente começava a silenciar aos poucos, com o som das ferramentas diminuindo conforme os outros clareanos terminavam suas tarefas diárias. Newt caminhava ao lado da garota, falando com uma calma reconfortante enquanto explicava sobre os trabalhos da clareira. A cada passo, ela observava ao redor, absorvendo tudo com curiosidade, tentando compreender aquele novo mundo que parecia tão estranho e ameaçador.

Os dois pararam diante de uma imensa estrutura rochosa que se erguia imponente. Entre os muros de pedra, havia uma passagem aberta, escura e misteriosa. A menina sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao encarar aquele lugar. O ar ao redor parecia mais frio, como se algo invisível e ameaçador emanasse dali.

— O que tem lá dentro? — perguntou, sem conseguir desviar os olhos da passagem.

Newt deu um suspiro curto, mas respondeu com seriedade.

— Lá é o labirinto. Só os corredores podem entrar lá, então mantenha-se longe.

As palavras do loiro soaram como um aviso firme, mas isso só fez crescer ainda mais a curiosidade da garota.

— E o que tem demais lá para eu me manter longe? — insistiu, ainda fitando a entrada.

Newt hesitou por um momento, como se não quisesse assustá-la, mas sabia que era necessário ser honesto.

— Chamamos de verdugo. Você não irá querer conhecê-los. São criaturas horríveis. Como eu disse, mantenha-se longe daqui.

Os olhos dela se arregalaram por um breve instante. Criaturas horríveis? Aquilo parecia surreal, mas ao mesmo tempo a enchia de temor e dúvida.

— O que são corredores? — perguntou, mudando o foco, mas sem conseguir ignorar a sensação de perigo que aquele lugar exalava.

— Os corredores correm pelo labirinto tentando entender e achar alguma saída — explicou Newt, mantendo o tom calmo, como se já tivesse respondido essa pergunta inúmeras vezes antes.

— E já acharam?

— Não. É um trabalho bem complicado. Eles correm riscos de ficarem presos, pois esses muros se fecham ao entardecer, e ninguém nunca sobreviveu a uma noite no labirinto.

A gravidade das palavras de Newt fez o coração dela disparar. O labirinto parecia mais uma armadilha mortal do que uma possível saída.

— Nossa... e quem são os corredores? — questionou, tentando imaginar os corajosos que se aventuravam ali.

— Os oficiais são o Minho e o Ben, mas sempre tem um ou outro que ajuda de vez em quando. Eles correm durante o dia, já que os verdugos não atacam na luz do sol.

Ela fez uma pausa, pensando no que ele havia dito.

— Ah, e eles já estão aqui?

— Por conta da sua chegada, provavelmente não deu tempo de eles saírem. Mas devem estar ajudando na preparação da sua festa na fogueira.

A menção de uma festa fez a expressão dela se suavizar um pouco, embora ainda estivesse repleta de perguntas.

— Festa na fogueira?

Newt deu um pequeno sorriso, parecendo achar graça na surpresa dela.

— Em forma de comemoração, toda vez que chega um novato, fazemos uma festa. No caso, essa é pra você, trolha.

— Trolha? — perguntou, confusa e um pouco ofendida.

— Como você faz perguntas, hein? — disse Newt, rindo suavemente. — Chamamos os novatos que não sabem o nome ainda. Logo mais você vai saber o seu.

Antes que pudesse responder, algo inesperado aconteceu. Uma sensação tomou conta dela, como se uma memória reprimida estivesse prestes a emergir. Uma única palavra ecoou em sua mente, clara e certa.

— Lívia! — disse de repente, como se a palavra tivesse sido puxada de algum lugar profundo dentro dela.

Newt a olhou, surpreso e intrigado.
— Lívia? Já se lembrou do seu nome?

Ela assentiu, ainda tentando processar o que havia acabado de acontecer.

— Sim! Pareceu que foi no automático, mas consegui lembrar meu nome!

Um sorriso largo e sincero iluminou o rosto de Newt.

— Que bom que lembrou, trolh... digo, Lívia.

O sorriso dele era lindo, caloroso, como um raio de sol em meio àquela confusão que era a clareira. Por um momento, Lívia sentiu algo estranho e reconfortante ao mesmo tempo: a sensação de que, talvez, ela pudesse encontrar alguma paz naquele lugar desconhecido.

Continua...

Não esqueça de votar no cap pra ajudar pfvr⭐

Sejam bem-vindos a minha mais nova fanfic de Maze runner. Na verdade não é tão nova assim já que escrevi ela faz um tempo, porém estava nos meus rascunhos.

Espero que gostem, tinha escrevido ela quando Maze runner estava no auge da fama😭 espero que não flope já que não vejo mais tanta gente falando sobre isso.

Os capítulos serão postados semanalmente assim como todas as minhas fanfics. Não esqueçam de votar e comentar pois isso me ajuda muito e me motiva a continuar escrevendo ela já que está incompleta no momento.

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