Prologue

O SOL FILTRAVA-SE PELAS PERSIANAS ENTREABERTAS da sala do diretor, iluminando parcialmente o ambiente austero. Livros organizados em prateleiras impecáveis contrastavam com o desleixo da garota sentada na cadeira em frente à mesa. Im Jin-Seo estava largada ali como se fosse parte do mobiliário, com os braços cruzados e as pernas esticadas para frente, o olhar fixo em um ponto invisível na parede.

O diretor, um homem de meia-idade com cabelos alinhados. O discurso era claramente ensaiado, como se ele já tivesse dito aquelas mesmas palavras dezenas de vezes para outros alunos problemáticos.

— Im Jin-Seo, esta é a terceira escola em que você pisa só neste ano. E será, com toda a certeza, a última chance que você terá para mudar a sua trajetória. — Ele apoiou as mãos na mesa, inclinando-se levemente para frente como se tentasse intimidá-la com sua postura. — Se continuar assim, sabe muito bem onde vai acabar: sem futuro. Como tantas pessoas que desperdiçaram suas vidas.

Jin-Seo não respondeu. Seu olhar, vazio e desinteressado, permaneceu fixo em um ponto qualquer, ignorando completamente o peso das palavras dele. Ela puxou um fio solto da manga de sua jaqueta preta com dedos ágeis, enrolando-o ao redor da unha sem demonstrar qualquer emoção.

— Você tem ideia de quantas reclamações já recebi sobre você, mesmo antes de começar as aulas? — O diretor insistiu, tentando forçar uma reação. — Insultos a colegas, piadas de mau gosto, desrespeito com professores… Não há espaço para esse tipo de comportamento aqui. Não nesta escola.

Um sorrisinho irônico curvou os lábios de Jin-Seo. Ela finalmente moveu os olhos, mas foi apenas para olhar rapidamente o relógio na parede. A atitude dela parecia gritar que cada segundo ali era um desperdício.

— Terminei? — perguntou ela, com um tom insolente que fez o diretor apertar os lábios em uma linha fina.

— Não, não terminou, senhorita Im. — Ele endireitou-se, ajustando os óculos e respirando fundo, como se estivesse se segurando para não perder a paciência. — Você pode achar que isso é uma brincadeira, mas estou falando sério. Um comportamento como o seu não será tolerado. Ou você muda, ou estará fora. E não haverá outra escola disposta a aceitá-la.

Jin-Seo revirou os olhos. Ela estava acostumada a esse discurso. Sempre a mesma coisa: adultos tentando colocá-la na linha como se ela fosse algum projeto inacabado que precisava ser consertado. O problema era que ela não queria ser consertada. Não via sentido nisso.

— Olha, diretor… Qual é o seu nome mesmo? — Ela perguntou, inclinando a cabeça para o lado, como se tivesse acabado de perceber que ele era alguém irrelevante. — Não importa. Só para deixar claro: não obedeço ordens. E, se for para acabar ‘sem futuro’ como você diz, bom, azar o meu, não é? Agora, já posso sair?

O diretor fechou os olhos por um instante, massageando as têmporas. Era evidente que estava perdendo a batalha contra a paciência.

— Pode sair, mas lembre-se disso, Im Jin-Seo. Esta é sua última chance. Pense bem no que vai fazer.

Ela se levantou com um movimento preguiçoso, ajustando a alça da mochila no ombro e lançando um último olhar desdenhoso ao homem.

— Vou pensar, sim. Prometo. — Sua voz gotejava sarcasmo enquanto ela caminhava até a porta.

Quando saiu, fechando a porta com um leve empurrão, o diretor soltou um suspiro pesado. Ele sabia que lidar com Im Jin-Seo seria tudo, menos fácil.

Jin-Seo, por outro lado, já caminhava pelos corredores com o mesmo desinteresse de sempre. Para ela, aquela era só mais uma escola... E mais uma chance de provar que ninguém podia mandá-la fazer nada.

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