Injusta confusão |24|
[...]
Raymond Banks
- Desclassificado?! - Questionei, indignado.
Todo nosso time se encontrava sentado em um banco interno do colégio aqui de Ohio. O lugar era desconhecido para nós. Sequer éramos para estarmos aqui dentro, mas em meio a confusão todos os jogadores e todos quem assistiam ao jogo foram obrigados a evacuar a quadra.
- Devido à agressão ter sido iniciada pelo atleta do time de vocês, serão penalizados com a desclassificação para os próximos jogos.
- Não! Isso é injusto! - Oliver se levantou do banco. - O tal do Landon que começou.
De fato havia sido. Landon disse coisas maliciosas sobre nossas namoradas durante todo o jogo, e ainda veio tirar satisfação quando vencemos.
As sirenes, que antes ecoaram no ar por todo o ginásio afim de interromper qualquer tentativa de normalidade, agora não se podiam ser mais ouvidas. Já haviam dois ou três guardas e árbitros ainda tentando apartar a briga. Foi o que supus, ao menos. Fomos afastados dali pelos guardas.
- Desculpe. São as regras. - O árbitro se desculpou, e saiu em seguida.
Meus olhos se fixaram no árbitro que se distanciava, uma figura que parece tão distante e intocável. A raiva cresce dentro de mim, alimentada pela sensação de injustiça que permeia o ar. Grito, protesto, tento fazer com que minha voz seja ouvida acima do tumulto invisível que não podia mais ser ouvida de onde estávamos.
- Isso é um absurdo! Ouviu!? - Exclamo em um misto de indignação e desespero.
Mas parece que o árbitro não me escuta, ou talvez ele simplesmente não se importe.
Minhas palavras ressoaram no corredor quase vazio. As poucas pessoas que ali se encontravam olharam todas para mim assim que me escutaram, murmurando coisas nos ouvidos de quem ao lado estava. Mas não me importei. Mas parece que o árbitro não me escuta, ou talvez ele simplesmente não se importe.
Passei a mão pelo rosto agressivamente de certa forma, frustrado e indignado.
- Docinho... - Escutei a voz suava de Naomi. E derreti com o leve pousar de sua mão em meu peitoral.
Ela não disse mas nada, mas pude entendê-la perfeitamente apenas encarando seus belos olhos. Depois. Era melhor deixar aquilo para depois. Não valia a pena chorar pelo leite derramado. Precisamos nos preocupar com Atticus agora.
- Eu sei, boneca, eu sei. - Meu tom era baixo, a voz era rouca.
Olho ao redor e vejo meus companheiros de equipe, suas faces refletindo a mesma frustração e revolta que sinto. E agora, fomos empurrados para fora do jogo sem justificativa plausível.
Enquanto o árbitro segue com seu ar de superioridade, algo dentro de mim se inflama. Eu me recuso a aceitar essa desclassificação.
Imaginei como Atticus estaria se sentindo agora, internamente. Externamente, ele estava acabado por conta da luta.
Quanto à Zarah, ela havia recebido uma ligação após nossa vitória - e parecia importante. Antes de dar início à confusão entre Atticus e Landon, a mesma afastou-se de nós quando seu celular tocou, e andou de um lado ao outro, com feição estagnada.
Depois do primeiro soco, a obrigamos a não intervir na briga. Tive que segurá-la e forçá-la a ficar fora disso. É o que Atticus me pediria para fazer.
Ela pode até ser agressiva e boa na luta corporal, mas Atticus estava a defendendo.
Além de nos preocuparmos com Zarah, os outros integrantes das Raposas tentavam apartar a confusão. Mas os Whale bloqueavam o caminho e não deixavam que sequer víssemos o que estava acontecendo.
Dei um beijo na testa de minha amada antes de me virar.
- Zarah, está tudo... - Comecei a falar, mas não terminei.
Zarah não estava mais lá.
- Gente.. - Chamei, ainda sem tirar os olhos de onde Zarah estava a minutos atrás. - Alguém viu Zarah? - Questionei, finalmente me virando.
Todos negaram com a cabeça, alguns tiveram a curiosidade de procurar pela garota movendo seu olhar pelos arredores até onde o campo de visão atingia.
- Será que ela não foi ao banheiro? - Noah comentou a possibilidade.
- Ela teria avisado. - Stella concluiu. - Ao menos que fosse uma urgência feminina. - Concluiu novamente. - Nana, vem comigo? - Stella se levantou, iriam ao banheiro à procura de Zarah.
Me acalmei por uns instantes.
Ao me sentar no banco, soltei um suspiro pesado. Eu estava cansado de fato, e no fundo, preocupado.
Pelo pouco que soubemos - através de burburinhos de terceiros -, Atticus foi levado pela polícia e não conseguiríamos falar com ele desde então. Tanto pelo fato de não podermos passar pelos guardas, quanto ao fato de Atticus parecer estar totalmente desorientado.
Com um pouco de sangue escorrendo por todo seu corpo. Certo, talvez não 'pouco' - foi o que escutei de uma loira aleatória.
Landon se deu bem na briga. Além disso, o que mais me deixou frustrado foi que o time dos Whale não fora desclassificado. Tiveram apenas uma advertência e saíram impunes.
O corredor estava pouco movimentado quando Stella e Naomi voltaram. Não vi a ruiva atrás delas. Ergui meu corpo, atento ao que já esperava que escutaria a seguir.
- Não a encontramos. - Stella afirmou.
[...]
Atticus Connor
Despertei em um banco desconfortável, duro. Uma dor latejante permeava minha cabeça, enquanto eu lutava para compreender o meu paradeiro e como havia chegado àquele lugar. Gradualmente, tomei consciência de que algo estava profundamente errado. Encontrava-me, inexplicavelmente, na delegacia - ou o que parecia ser uma.
Não estava amarrado nem nada, isso não é um filme.
Era um espaço austero e funcional. As paredes eram revestidas por azulejos em tom branco desbotado, conferindo uma atmosfera fria e impessoal ao ambiente. O piso de linóleo apresentava marcas e desgastes, evidenciando o uso constante e intenso que ocorria naquele local.
Uma única janela alta e estreita, guarnecida por grades de ferro, permitia uma tímida entrada de luz natural, que se espalhava de forma difusa pela sala. A iluminação artificial, proveniente de uma luminária fixada no teto, proporcionava uma luz fria e incisiva. Apesar da janela razoavelmente pequena, a temperatura era agradável. Supus que o tipo de grade que avistei estar instalado no teto seria um tubo de ventilação por onde entrava e saia o ar.
A temperatura dentro da sala era levemente fria, talvez devido ao ar-condicionado que funcionava de maneira constante, buscando manter um ambiente impessoal e controlado. O ar era um tanto abafado, e eu podia sentir o leve cheiro de produtos de limpeza no ar, uma tentativa de manter o ambiente asséptico e livre de qualquer influência externa.
Os móveis presentes na sala eram simples e utilitários. Uma mesa retangular de madeira maciça ocupava o centro do espaço, com arranhões e manchas que testemunhavam a passagem de inúmeros interrogatórios anteriores. Duas cadeiras, uma para mim e outra para o policial, posicionavam-se de frente uma para a outra, delimitando os papéis e as dinâmicas daquele ambiente.
O som agudo retornou, e agradeci mentalmente por não desenrolar-se por muito tempo.
Recordei-me, então, das sirenes policiais.
Porra, Landon!
Não acredito que ele me meteu em encrenca, eu devia ter me controlado. Mas como quando ele profere tais palavras sobre minha namorada.
Minha namorada.. Zarah. Onde ela estava?
Olhei aos arredores. Minha respiração já se desregulava enquanto eu procurava Zarah.
Minha curta busca cessou-se quando um policial aproximou-se de mim. Foi o tempo dele entrar pela porta e fechá-la atrás dele mesmo até que eu acalmasse minha respiração. As feições denotando seriedade e cautela.
- Vejo que recobrou a consciência. - Disse ao caminhar pela sala. - Atticus, certo? Por gentileza, há necessidade de um diálogo.
Ainda envolto em torpor, assenti ao policial. Formal demais, mas é reconhecido o motivo.
Ajeitei-me na cadeira rígida, enquanto o policial acomodou-se do outro lado da mesa.
O policial continuou.
- Atticus, você foi conduzido a estas dependências em decorrência de um incidente envolvendo agressão. Existem acusações formuladas contra a sua pessoa. Solicitamos, portanto, que apresente sua versão dos fatos. - Expressou o policial, direcionando-me um olhar perscrutador.
Levei a mão à cabeça, procurando recordar o que havia acontecido. Minha mente encontrava-se confusa, restando apenas flashes de uma acalorada discussão em minha memória.
- Lamento, mas minhas lembranças são vagas. - Respondi, tentanto ser o mais formal possível. Mas não passei muita confiança com minha voz trêmula. - Entrei numa discussão, um adversário do time inimigo proferiu comentários maliciosos para minha namorada. Eu apenas a defendi, aquilo foi assédio. - Concluí.
O policial direcionou-me um olhar cético.
- Atticus, estamos lidando com um caso de agressão. É de suma importância que coopere plenamente e procure recordar os eventos ocorridos. Há testemunhas que afirmam ter presenciado sua conduta agressiva.
Experimentei um aperto no peito. Jamais me envolvera em tamanha confusão, ao menos nada que me levasse à delegacia. Droga, minha mãe vai me matar..
Esforcei-me para concentrar, buscando incansavelmente resgatar as lembranças relacionadas aos acontecimentos que antecederam a presente situação.
- Veja bem, seu policial. - Posturei-me na cadeira, erguendo a coluna, afim de transmitir confiança em minhas palavras. - O que Landon fez, foi assédio. Talvez, em um momento de descontrole, eu tenha ultrapassado alguns limites. Mas você tem que entender meu lado.
O policial suspirou, anotando algumas informações em seu bloco de anotações.
- Entendo, Atticus. Aprofundaremos as investigações e realizaremos entrevistas com as testemunhas. No entanto, é crucial que compreenda a gravidade da acusação de agressão. Sua ficha indica que você é de maior, sabe o que isso significa, certo?
Que eu posso ir preso. Era isso que significava.
[...]
Capítulo curtinho, estou sem criatividade. 😓
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top