Ex's |15|

Boa noite, meus amores!!

Sem enrolações, esse capítulo vai mostrar a dimensão da popularidade do Atticus, e como ele reage a cobranças, ainda mais por parte das garotas...

Não fiquem com raiva dele, e amem a Zarah, ela é maravilhosa!

Vocês vão entender mais a densidade do relacionamento dos dois.

Ah! E, para falar a verdade, eu só ia postar esse capítulo amanhã. Mas a autora aqui como sempre muito carinhosa, postei hoje mesmo!

Beijos na bunda, e fiquem com o décimo quinto capítulo!

[...]

<3

Acordei na quinta como se fosse o todo poderoso. Claro que mostrar para todo colégio que eu e Zarah temos algo deve ter contribuído e muito para isso, mas prefiro atribuir toda minha sensação de grandiosidade ao fato de ter um ser de corpo pequeno, porém de grandes curvas, enroscado em mim.

Apesar de ainda não termos passado para o outro sentido de 'dormir juntos', eu gostava de ter Zarah dormindo ao meu lado. Ouvi meu celular vibrar no criado mudo no meu lado da cama e vi que era minha irmã.

Hoje eu dormi na casa da ruivinha.

- Fala. – sussurrei.

Bom dia para você também, irmãozinho. -

- O que você quer, Diana?

Nossa, que mal humor. -

- Fala logo o que quer.

Espera, você não fez vuco-vuco, não é? -

- Puta que pariu, Diana...

Mamãe! O Atticus xingou de novo! -

Ouço Diana gritar pela ligação. Dedo-duro do caralho.

- Você até agora não disse o que quer.

Está explicado o mal humor. -

- Eu não estou de mal humor, Diana. Na verdade, eu acordei maravilhosamente bem. Por isso vou desligar a ligação e voltar para a minha garota.

Mamãe! O Atticus não fez vuco-vuco! -

Ouço Diana gritar pela ligação novamente.

- Qual o seu problema, em, criação do capeta?

Mamãe! O Atticus me chamou de criação... -

Não deixei ela terminar e encerrei a ligação.

Beep.

Nunca gostei tanto desse som quanto agora.

- Era sua irmã, não era?

Ri com sua voz sonolenta. Zarah se movimentou ao meu lado e me abraçou, com braços e pernas.

Lhe fiz um cafuné e depois lhe dei um beijo na testa. Eu não era o cara mais carinhoso do mundo, mas com ela era diferente. Eu sentia necessidade disso.

- Bom dia, linda.

- Bom dia. – seus dedos fizeram um singelo carinho em minha bochecha. – Seria muito ruim matar aula para ficar na cama?

- Para quem quer cursar medicina, sim, seria.

Ri quando ela bufou e afundou o rosto no travesseiro. Meu sorriso foi diminuindo à medida que eu percebia que tinha que falar com ela. Prometi que seria sincero e que contaria porquê fiquei pensativo.

Fiquei de lado na cama e sustentei a cabeça com a mão esquerda.

- Zarah. – chamei e vi seu rosto se virar em minha direção. Parecia confusa com meu tom de voz sério. – Por que escolheu medicina?

Seu olhar me analisava. Eu tinha uma ideia do porquê ela decidiu escolher medicina, mas gostaria que ela me dissesse.

- Quando era pequena, nas datas comemorativas sempre ouvia da minha mãe que minha madrinha não poderia vir porque teve uma emergência. Eu não sabia o que ela fazia, mas não gostava de não tê-la por perto. – seu olhar, antes vidrado em mim, passou a encarar o teto. – Eu odiava seu trabalho. Era por causa dele que ela nunca estava presente.

- Você não sabia que sua madrinha era uma das maiores médicas existentes?

Ela negou.

- Não até o meu aniversário de dez anos, quando ela conseguiu aparecer. – um lindo sorriso despontou em seus lábios. – Foi o dia mais feliz da minha infância. Estavam todos presentes. Meus pais, minha madrinha e seus filhos, meus amigos da escola, meus vizinhos... todos estavam lá. Adivinha qual era o tema da festa?

Arqueei uma sobrancelha.

- Não faço ideia.

- Mar. O tema da minha festa de dez anos foi o mar.

- Por causa dos seus pais... – até que era óbvio.

- Sim. Eu via meus pais como um casal de contos de fadas. Eram perfeitos um para o outro. – seu sorriso foi diminuindo até sumir por completo. – E então eles morreram uma semana depois.

Engoli em seco depois de saber. Meu coração se apertou por um momento, compadecendo de sua dor.

- Quem me levou para o hospital onde eles estavam foram Dan e Thomas. Foi quando cheguei no hospital que vi minha madrinha coordenando os médicos e enfermeiros, vestida em seu jaleco branco. Não sei se foi coincidência ou obra do destino, mas naquela noite um motorista bêbado perdeu o controle do caminhão e causou um enorme acidente. Muitas pessoas morreram e muitas outras ficaram feridas.

Cada palavra que saía de sua boca, eu sentia um aperto maior no peito. Era difícil de acreditar que uma garotinha de apenas dez anos passou por isso. Se eu perdesse meus pais de uma única vez, surtaria.

- Eu implorei para todos os médicos e enfermeiros que via para que salvassem meus pais, mas eles estavam ocupados com as vítimas do acidente. A ideia de perder meus pais de uma única vez me fez entrar em pânico e ficar sem ar. – arregalei os olhos, surpreso. – Dan e Thomas começaram a gritar pela minha madrinha, desesperados, e eu começava a ficar vermelha sem conseguir respirar. Antes de desmaiar, lembro de ter visto minha madrinha chegar, com olhos arregalados e desesperados, e gritar para alguém trazer uma maca.

Um breve silêncio se instalou entre nós. Eu a olhava atônito e ela ainda encarava o teto do quarto.

- Quando acordei no quarto do hospital, a primeira coisa que fiz foi olhar os olhos vermelhos e cansados da minha madrinha, e eu vi tristeza, decepção e culpa. E eu soube que meus pais não tinham conseguido. – ela fechou os olhos, inspirou, expirou e retornou a abri-los. – Eu decidi cursar medicina porque quero salvar vidas, porque queria que tivessem conseguido salvar meus pais.

Será que era possível eu ficar ainda mais encantado por essa garota?

A resposta era definitivamente sim.

Eu nunca havia conhecido ninguém que tivesse esse desejo genuíno de salvar vidas. Ela queria evitar que outras pessoas passassem o que ela passou.

Um sorriso orgulhoso alargou meus lábios, meus olhos brilhando em admiração.

- Você será a melhor médica que esse mundo já viu. – vi seu rosto enrubescer e o acariciei. – Eu fiquei pensativo na terça porque estava preocupado com o meu futuro. Eu não faço ideia do que vou fazer, Zarah.

Ficamos em silêncio depois da minha confissão. Seus olhos pareciam buscar algo nos meus, algum traço de brincadeira talvez, e quem me dera se fosse.

- Você não precisa ficar tão preocupado com isso, Atticus. É uma das pessoas mais bem resolvidas que já conheci, logo, logo você decide o que cursar.

Suas palavras de conforto abraçaram minha mente caótica e preocupada.

- Obrigado. – beijei-lhe a testa.

- Vamos levantar antes que eu decida ficar na cama de vez.

Enquanto eu esperava Zarah terminar seu banho, fiquei observando seu quarto. Era parecido, em tamanho, com o meu. Sua decoração não era tão feminina, mas remetia a um quarto feminino. Ela tinha muitos livros, de diversos assuntos. Desde livros didáticos e enciclopédias à livros de ficção científica e contos.

E foi observando de perto esses livros que vi um que me chamou a atenção. Sua capa era antiquada e parecia velho, mas quando o peguei nas mãos percebi que estava bem conservado. A fim de sanar minha curiosidade gritante, abri o livro em uma pagina qualquer.

A caligrafia era bonita, cursiva e bem elegante. Comecei a ler:

"10 de Janeiro de 2007

Hoje acordei aos beijos. Meu Golfinho favorito a cada dia me deixa mais apaixonada. Ele se tornou um marido maravilhoso e um pai incrível. É tão atencioso com nossa pequena Zarah.

Ah! Hoje ela deu seus primeiros passinhos! Palmas!

Claro que caiu e chorou depois, mas logo inflou as bochechinhas gordinhas, armou um lindo biquinho e pôs-se de pé novamente. Consegui contar 5 passos até ela se desequilibrar e cair novamente.

Minha garotinha está crescendo tão rápido...

Ela é o meu maior orgulho. Meu maior tesouro.

Quer dizer, nosso maior tesouro, certo, Golfinho?"

Puta merda!

Esse é o diário da mãe da Zarah! Droga, me senti um intruso. Eu não deveria ter lido isso, é pessoal demais e só pertence a ela.

Fechei o diário e pus no mesmo lugar, mas quando me virei, Zarah estava parada na porta do banheiro, me encarando com olhos levemente arregalados, segurando com firmeza a toalha que provavelmente estava usando para secar os cabelos.

Aquele momento foi agonizante.

- Desculpe por ter lido, não era minha intenção.

Seu olhar baixou para o chão.

- Qual foi... – sua voz era apenas um sussurro. – Qual foi a data?

- 10 de Janeiro de 2007.

Ela soltou um suspiro e assentiu, voltando a secar os cabelos.

- Os meus primeiros passos.

- Como você...?

- Eu já li e reli esse diário diversas vezes, Atticus. Sei cada palavra de cada data escrita nele.

Eu não sabia se ficava surpreso ou não ficava surpreso. Era óbvio que ela já deveria ter lido e relido, mas a espessura daquele diário não era fina, e para decorar cada palavra de cada data escrita ali, ela deve ter lido e relido muito mais que diversas vezes.

- Me desculpe. – segurei em seu queixo e o ergui, fazendo-a me encarar. – Eu não deveria ter invadido algo tão particular.

- Está tudo bem, Atticus.

Neguei.

- Não, não está. Eu não tinha esse direito, e prometo não ler novamente, mesmo que minha maldita curiosidade me rasgue por dentro.

Seu riso ecoou por todo quarto, me fazendo suspirar de alívio e ficar mais relaxado. Suas mãos largaram a toalha sobre seus ombros e acariciaram meu rosto. Sua pele era macia e seu toque, suave.

Fechei meus olhos, aproveitando da carícia que seus polegares faziam em minhas bochechas. Meus pelos se eriçaram quando suas unhas se arrastaram até meu couro cabeludo. E nem precisei abrir os olhos para saber o que ela faria, bastei apenas inclinar a cabeça para frente que pude sentir seus lábios.

Era um beijo calmo, sem malícia, apenas carinho.

- Bom dia!

Que acabava de ser interrompido por uma pessoa com espírito entusiasta em plena seis da manhã.

- Ei, ei, ei! Que pouca vergonha é essa aí? Vai tirando essas mãozinhas e essa boca da minha irmãzinha.

- Thomas, por favor.

- Nada de por favor! Anda, vai terminar de se arrumar e desçam para o café, ou vão se atrasar... ai, porra! – Carmeline ia sair depois do primeiro tapa, mas fechou a cara por causa do xingamento e deu outro tapa. – Ai! Por que fez isso?

- O primeiro foi por importunar sua irmã, o segundo foi pelo xingamento. Agora sai do quarto e deixa o casal em paz.

- Mas mãe...!

- Thomas.

Só com o olhar que ela lançou sobre ele, eu já teria descido a escada feito o Mercúrio. Antes mesmo de minha mãe pronunciar o meu nome, eu já estaria saindo com o carro da garagem.

Carmeline tinha uma feição assustadora, e tenho certeza que Zarah sentiu o cheiro do medo irradiar de mim. Só vi Thomas engolindo em seco e saindo do quarto sem pronunciar uma palavra, mas antes ainda fez um gesto de 'estou de olho em você' para mim.

- Não se atrasem para o colégio, queridos.

Uma piscadela, um sorriso malicioso e a porta foi fechada. Voltei a respirar normalmente.

- Não precisa ficar nervoso, minha madrinha de brava só tem a cara.

- E os olhos, a voz ameaçadora, a aura.

Um riso atravessou seus lábios, acalmando todo meu ser do calafrio medonho há pouco.

[...]

<3

Agora sim eu me sentia a pessoa mais comentada do colégio. Não tinha uma única alma viva que não encarasse eu e Zarah atravessando o estacionamento de mãos dadas.

Nunca me importei com o que falassem de mim, mas a Green Hill parecia um tomate de tanta vergonha.

- Eu poderia te abraçar e te esconder, mas isso chamaria mais atenção. – ri de seu suspiro resignado. – Quem manda se relacionar com o capitão do time de basquete.

- A culpa não é minha se o grande capitão do time é lindo, inteligente, charmoso e beija muito bem.

Meu ego inflou como um balão de gás. Segurei a gargalhada na garganta, mas o sorriso sacana escapou por meus lábios.

Ela ficará muito envergonhada, mas eu vou adorar fazer isso.

Parei subitamente quando estávamos no corredor dos armários. Quando seu olhar encontrou o meu, faminto e desejoso, medindo-a dos pés a cabeça, meu sorriso sacana aumentou.

Com um movimento, seu corpo estava colado ao meu.

- O grande capitão também não tem culpa se a garota dele é maravilhosa.

- A-Atticus!

Acho que estava parecendo o coringa, porque meu sorriso estava gigantesco. Ela já era bonita, mas ficava mais ainda quando estava corada. Seus lábios ficavam mais rosados porque ela os mordia por causa do nervosismo e eu não conseguia parar de encará-los.

Antes mesmo de pensar, eu já a havia beijado. Conseguia escutar os murmúrios, o arfar de surpresa, alguns choramingos de prováveis apaixonadas ou pseudoapaixonadas. Não acho que minha relação com Zarah seja algo do tipo "pseudoamor", até mesmo porque isso se constituiria, necessariamente, como um estado temporário. Por exemplo, eu conheço uma garota, saio por algumas semanas e é só ela fazer alguma coisa que me desagrade, nem que seja algo bem fácil de esquecer para que eu me descubra desapaixonado e disposto a não vê-la mais, e o pior, depois disso, acabar marcando um encontro com alguém que tem defeitos piores do que a da anterior. Posso ser um pegador, um cara que gosta de se relacionar sem nenhum tipo de paixão envolvida. Muitas vezes já escutei pessoas me chamando de babaca, e eles não estão totalmente errados. Eu realmente sou quando ajo dessa forma, como se não me importasse com os sentimentos das pessoas. Eu nunca me apaixonei, afinal. Acho que não até agora. Acho. Vejo várias e várias pessoas por aí sendo traídas, se desapaixonando, perdendo o brilho que tinham antes, sendo agredidas emocionalmente - quando não fisicamente -, e muitas outras coisas que se baseiam em consequências do amor em si. Essas coisas são as consequências que as pessoas escolher correr o risco em troca de um relacionamento sério. E eu não quero isso para mim. Não sou de ficar me abrindo para as pessoas, não quando tenho consciência de que posso sair machucado. E, de que adiantaria me apaixonar sem a paixão em si envolvida? Na minha cabeça, - e, eu sei, na de outras muitas pessoas -, ficar com alguém por uma noite, se relacionar na cama e depois simplesmente esquecer que ela existe é muito mais fácil. Pois imagine se eu tivesse de pedir um tempo para uma garota que eu namorasse toda vez que eu quisesse transar com outra garota melhor que ela? Eu sei que isso é um pensamento de um babaca idiota, mas... qual é? Tentem entender meu lado. Um: eu não quero me entregar estar disposto a me apaixonar por alguém e entrar em um relacionamento fechado, até porque não sei quais são as vantagens disso e se elas valeriam a pena encobrir as consequências ruins. Dois: não quero trair ninguém e nunca vou, posso ser um cara pegador mas não sou filha da puta. Três: será que valeria a pena me relacionar com alguém com quem eu não estou apaixonado, ou já perdi a paixão? Namorar sem paixão e nunca se apaixonar com o tempo, usando a outra pessoa apenas para satisfação própria. E, no final, qual o problema de ficar sozinho já que não gosta de ninguém? Eu sei que as vezes é bom ter alguém pra compartilhar a vida, mas entrar em um relacionamento sem estar apaixonado pela pessoa, acho que é correr atrás de problema, afinal, quem garante que você vai mesmo gostar da pessoa com o tempo? Depois disso vem o término e ter que passar pelo processo de superar tudo isso. Acho melhor não correr atrás de problemas, a vida já nos traz isso sem precisar de esforço. Acho que a paixão se desenvolve durante a "ficada", mas de nada adianta se - como eu já disse - for para apenas benefício próprio.

Eu não sabia se estava fazendo a coisa certa em me relacionar com Zarah. Eu gosto dela, realmente. Ela despertou em mim um sentimento que eu não consigo explicar. Um sentimento que parece me machucar toda vez que a vejo machucada e que me parece me iluminar e me encher de alegria quando a vejo feliz. Um bom exemplo, foi em sua festa de aniversário, quando Zarah me contou o que havia acontecido com seus pais pela primeira vez.

[Flashback - aniversário de Zarah]

Depois das apresentações feitas, a festa seguiu tranquilamente. Zarah chorou na hora de cortar o bolo, e essa cena estava gravada em vídeo no celular da Stella, que depois eu pegaria para ver e rir.

Saí da sala e fui para o jardim, estava precisando pegar um ar fresco e aliviar a mente dos copos de whisky que bebi. Mas parecia que não queriam me deixar em paz, pois senti quando alguém parou ao meu lado e quando olhei para saber quem era, me surpreendi ao ver a Green Hill.

- Precisando respirar ar puro?

Ela assentiu e suspirou, olhando o céu.

- Precisava de um pouco de silêncio.

- Hm.

E mergulhamos no silêncio.

- Obrigada. – sua voz sussurrada foi muito bem ouvida por mim. – Foi minha primeira festa depois da morte dos meus pais.

Fiquei tenso por um momento e sei que ela percebeu, pois sorriu fraco, como se me dissesse 'tudo bem'.

- Como... – deixei a questão no ar, mas sei que ela entendeu.

- Também não sei, na verdade. – seu rosto estava sereno, mas seus olhos pareciam estar longe. – Tento descobrir isso à anos. Eles foram dados como mortos, mas seus corpos nunca foram encontrados.

- Você não procurou a polícia? Ou algo do tipo?

- Eu tinha só onze anos na época. Minha madrinha até ligou para eles, mas não resolveu. Os policiais não encontraram nada, nenhuma prova, nenhuma pista. Sequer tinham certeza se foi realmente assassinato ou suicídio.

- Que estranho. - comentei.

- Foi tão... repentino.

- Eu sinto muito...

Sem perceber, eu já estava escondendo seu rosto em meu peito, para que ela pudesse deixar as lágrimas caírem sem ser vista.

- Eu sinto muito, Zarah. – sussurrei novamente, pesaroso. Tocar nesse assunto deveria ser extremamente doloroso.

Eu não fazia ideia da dor que abatia seu coração, mas era doloroso só de imaginar.

- Eu sinto tanta falta deles, Atticus... tanta. – sua voz estava embargada, suas mãos apertavam minha blusa com força e logo os soluços começaram a ficar audíveis.

Com medo de alguém aparecer e vê-la daquele jeito, a peguei no colo, sentindo a mesma entrelaçar as pernas na minha cintura sem nem mesmo protestar.

Andei com ela ainda escondida em mim até avistar um pergolado do outro lado da piscina, onde tinha o que parecia um sofá redondo, que mais de perto pude ver que era feito de fibra sintética. Deixei aqueles detalhes de lado e me sentei com ela, mantendo-a no mesmo lugar onde estava antes, e deixei que ela deixasse tudo ser liberado.

Minha mãe sempre dizia que quando quiséssemos chorar, que nos permitíssemos chorar, pois segurar aquele sentimento só nos faria ficar pior e naquele momento eu entendi o que ela quis dizer.

Ficamos ali por um tempo que eu não consegui dizer ao certo quanto, mas não era pouco. Zarah se acalmou depois de ter chorado bastante, acho que por ter guardado isso para si por muito tempo, comemorar seu aniversário sem os pais foi demais para ela suportar.

Eu só havia percebido que ela havia caído no sono quando sua respiração se tornou serena e ela nem ao menos se mexia.

[Fim do Flashback]

Naquele dia Zarah se abriu um pouco para mim, e me contou um pouco de seu passado. Eu senti como aquilo foi doloroso. Mas aquela não foi a última vez, apesar de ter sido a primeira que me senti mal pela Green Hill. Na segunda vez, foi quando Zarah chorou quando jantou na minha casa aquele domingo. Eu me despedacei ao vê-la chorando. Me despedacei quando percebi que ela se importou comigo e meus pensamentos quando fiquei meio distante, e depois simplesmente me ignorou completamente pois eu disse - sem querer - que meus pensamentos não eram da conta dela. Me despedacei quando eu a via com olheiras, os olhos e nariz vermelhos de tanto chorar, sendo que ela continuou insistindo de que não era nada. No entanto, me senti feliz e animado quando dormimos na mesma cama pela primeira vez. Me senti feliz e animado quando nos beijamos na festa do Oliver pela primeira vez, me senti feliz e animado quando percebi que Zarah não era aquela menininha fraca e tímida que pensei que era, não quando ela mesma se defendeu e deu um chute bem dado no meio das pernas daquele idiota no colégio. Eu me encontrei em Zarah. E não conseguia me importar com absolutamente nada. Nem com a possível advertência que levaríamos se algum professor ou até mesmo o diretor nos visse. Certo, deixar Zarah levar uma advertência é um pouco importante sim.

Mesmo a contragosto me separei dela. Seu rosto continuava corado, seus lábios estavam ainda mais rosados, mas quando ela abriu os olhos, me senti paralisado. A forma como os seus olhos se erguem é tão linda. Eles brilhavam como safiras recém lapidadas e tingidas de uma coloração mista de azul e cinza.

- Já disse que você é muito linda?

- Acho que disse hoje de manhã.

- Posso dizer todas as manhãs, se deixar.

- Céus, Atticus, você é muito galanteador.

- Essa eu ainda não tinha ouvido.

Enquanto eu ria de sua vergonha – o que já estava se tornando um hábito muito gostoso –, a voz estridente de Ray inundou todo corredor.

- Olha se não é o meu novo casal preferido! – seu braço rodeou meus ombros. – Vai com calma, garanhão, não queremos que tomem uma advertência por "atentado ao pudor". – seus dedos fizeram o sinal de aspas junto das últimas palavras.

- Ou que acabem se comendo em algum dos armários de limpeza.

- Stella! - Zarah a repreendeu.

- Fica tranquila, platinada, não vou roubar seus esconderijos. – lancei um sorriso de canto malicioso para Stella que fez a loira desinibida corar. Puta merda! Sério?!

- Ei, foram só algumas vezes.

- Noah! - foi a vez de Stella repreender.

- O quê?

Eu, Ray, Clara e Zander caímos na gargalhada. Zarah e Naomi pareciam dois tomatinhos, compartilhando da vergonha alheia.

- Como se vocês nunca tivessem transado no colégio. - Clara entrou no assunto.

- Não nos armários de limpeza. – respondi. – Sabe quantas salas têm no colégio?

- Também tem a piscina, a biblioteca, os vestiários... – Ray foi listando os lugares transáveis nos dedos.

- Biblioteca?! – a surpresa de Zarah nos fez olhá-la. – Vocês já transaram na biblioteca?!

- Já.

Tirando Liam, Sadie e Naomi, todos respondemos. A surpresa e o constrangimento tomaram conta do rosto da ruivinha. Meu Deus, estávamos prestes a levar a pobre inocente para o caminho das trevas, eu principalmente.

O sinal de início das aulas soou alto, fazendo os alunos se dispersarem para suas respectivas classes.

- Vão na frente, vou ao banheiro.

Troquei um cumprimento com os rapazes e dei um beijo na testa de Zarah antes de sair. A movimentação de alunos me atrapalhou chegar ao banheiro rapidamente, e eu não tinha muito tempo antes do professor entrar em sala.

Fiz o que deveria fazer e quando estava prestes a sair, Karine entra e fecha a porta num baque.

- O que pensa que está fazendo, Karine? Esse é o banheiro masculino.

- Eu que pergunto isso. É sério? De todas as garotas desse lugar, você escolhe a nerd? - o jeito desdenhoso de se referir a Zarah cutucou meu lado protetor. - Você já soube escolher melhor, Atticus.

- E desde quando a minha vida passou a ser da sua conta? Não te devo satisfação nenhuma, Karine.

Seu olhar tremulou um pouco, antes de ficar magoado.

- Como pode dizer isso? Os meus sentimentos não são nada para você?

- Não se faça de vítima, Karine. E respondendo à sua pergunta, não, seus sentimentos não foram nada para mim. Seus pais só querem que fiquemos juntos por questões financeiras. Não teve amor envolvido, nunca teve!

- Como pode falar algo assim de mim? Eu te amei e ainda te amo! Você não pode simplesmente descartar meus sentimentos por você.

- Você nunca foi sincera sobre seus sentimentos, acha que eu sou um adivinho? – arqueei uma sobrancelha, incrédulo com sua ousadia de me cobrar resposta aos seus sentimentos. – Dá licença, tenho que voltar para a aula.

- Eu sei que nunca disse abertamente, mas e todas as vezes que eu fiquei do seu lado? Atticus, eu... eu amo você!

Por que a minha manhã maravilhosa tem que passar por uma provação dessa? Não é possível!

- Karine... – comecei com o meu tom mais ameno. – Eu fico grato por gostar de mim, mas não posso correspondê-la, eu já estou em um relacionamento. – seus olhos rapidamente encheram d'água. – Pode liberar a passagem?

Observei pacientemente – e não sei de onde saiu tanta paciência – ela apertar os olhos com força e limpar as lágrimas ruidosamente.

- Não adianta tentar escapar, Atticus. Seu pai concorda com isso. Nosso relacionamento já está arranjado e aquela viadiazinha não vai estragar nosso futuro casamento.

- Não ouse falar assim dela. A Zarah não tem nada a ver com isso. E eu não vou me casar com você! Escutou?!

- Aquela vadia deve ser muito boa de cama para ter prendido você à ela.

Meu sangue entrou em ebulição e a fumaça saiu por meus ouvidos como uma chaminé de locomotiva a vapor.

Soquei a porta ao lado de sua cabeça, fazendo-a sobressaltar-se de susto.

- Escuta bem o que vou te dizer. – diminuí o tom de voz para que somente ela ouvisse e que a mensagem penetrasse em seu cérebro minúsculo. – Lave esse sua boca imunda para falar da Zarah, eu estava sendo cuidadoso com as palavras para que não te magoasse desnecessariamente, mas pelo visto vou ter que falar do único jeito que você entende.

- Atticus...

- Eu não trocaria a minha namorada perfeita por você nem se eu estivesse drogado, e sabe por quê? Porque você é desprezível, Karine. Além de ser egoísta e mimada, é invejosa e mal caráter. Acha que eu esqueci o que você fez com a Zarah no refeitório? – balancei a cabeça negativamente bem devagar. – Então, vamos estabelecer um limite. Você não se intromete na minha vida e fica longe da minha garota, e eu não vou fazer da sua vida um inferno, que tal? E ambos sabemos que seria fácil para eu fazer isso. Então, já que estamos conversados, você poderia sair da frente da porta, por favor?

Seu rosto estava banhado por lágrimas, mas não me afetava.

Karine sorriu maliciosamente, mesmo com as lágrimas, e saiu da frente.

- Você vai se arrepender, Atticus.

Provavelmente o professor não me deixaria entrar, então teria que matar aula. Fiquei na quadra correndo de um lado para o outro, desgastando minha energia na única coisa que conseguia me acalmar. Por que eu tinha que ser testado logo de manhã?

Era difícil ter uma manhã normal como qualquer outro estudante sem ter uma maluca querendo me cobrar sentimentos dos quais eu nem sabia?

Suspirei, e vendo que faltava pouco para o fim da primeira aula, fui para o vestiário tomar um banho, eu estava muito suado. A água gelada acalmou meus pensamentos caóticos e me relaxou.

Mas foi só sair do box que mais uma provação me esperava. Será que hoje era o dia de importunar o Atticus?

- O que você quer, Lilith?

Apesar dos olhos azuis e um corpo bonito, Lilith era muito, mas muito atirada. Claro que de praxe eu já tinha a pego, e Ray, e Noah, e James, e Max, e Zander e mais metade do colégio.

- Eu estava passando quando te vi na quadra, pensei que talvez estivesse se sentindo retroativo e quisesse uma recordação.

Ela se aproximava a passos lentos, suas mãos passavam em seu corpo sensualmente, talvez quisesse me atiçar. Antes eu já estaria arrancando a calcinha dela por baixo daquela saia, mas agora eu só conseguia sentir nojo dela e de mim, por já ter entrado ali.

Bufei impaciente e lhe dei as costas, pegando minha cueca no meu armário.

- Ei, isso é sério, Atticus?

- O que? Eu dando as costas pra você ou ignorando sua existência e sua carência de pau patéticas? O que tivemos ficou no passado, Lilith, saiba que não é recíproco. Não se iluda.

Arqueei a sobrancelha enquanto a olhava. Seus olhos arregalaram com minhas palavras rudes, mas eu estava pouco me lixando se ela ficaria magoada ou não.

Voltei a me arrumar enquanto ela continuava em silêncio. Quando me virei para sentar no banco e calçar meu tênis, ela já não estava mais ali. Suspirei aliviado e terminei de me arrumar.

Mas novamente Deus me mandou outra provação. Dessa vez, Cloe. Eu estava subindo a escada e ela, descendo. Eu ia passar direto sem nem olhar na cara dela, se ela não tivesse entrado em meu caminho. Pele clara, olhos cor de mel, cabelos loiros, grandes peitos, porém, sem quadril e sem bunda, mas fazia um oral ótimo.

Fechei os olhos buscando o resquício de paciência que sabia ter lá em meu âmago.

- Atticus... – sua voz melosa me deixou nauseado. Lembrei de como tive que amordaça-la com a minha blusa para que não fôssemos expulsos do motel por causa de seus gritos. – Eu estava te procurando. Sabe? Meus pais não vão estar em casa hoje, que tal me fazer uma visita mais tarde?

Céus, eu carregava uma plaquinha neon com os dizeres "me infernize" no pescoço?

Dei-me paciência, pois é com isso que eu me contento. Não me dê forças, senão vou arrebentar a cara dela.

- Olha só, me faz um favor? – eu já estava sem filtro na língua. – Costura a boca com linha cega. Sua voz é irritante, você é escandalosa demais e fica longe de mim, eu estou com-pro-me-ti-do, sabe o que significa? – falei sílaba por sílaba bem devagar para que ela entendesse. – Significa que eu não vou ficar com mais nenhuma de vocês que já passei o pau, já ouviu falar em "figurinha repetida não completa álbum"? É exatamente isso.

Desviei de seu corpo paralisado e terminei de subir os degraus restantes. O sinal soou e eu agradeci de joelhos mentalmente, mas claro que o destino não me deixaria nem entrar em sala em paz.

Julie vinha em minha direção com seus cabelos estranhamente verdes balançando em seu rabo de cavalo. Seu rebolado exagerado quase me fez rir.

- Não fala nada, a resposta é não de qualquer maneira. – a interrompi antes mesmo dela abrir a boca, e passei direto.

Abri a porta da sala com mais força do que pretendia, chamando a atenção de todos, mas o professor já tinha saído, então que se foda. Eu deveria estar com cara de enterro, porque todos acompanhavam meus passos até o único lugar vago da sala, o meu. Atrás de Zarah.

Ela, Ray, Stella e Noah se levantaram quase ao mesmo tempo. Joguei a mochila em cima da mesa e me afundei na cadeira.

- O que aconteceu com você? Ficou preso no banheiro? – Ray perguntou.

- Ou tava batendo uma pensando na Zarah?

- Stella! – a Green Hill a censurou.

- Ah, antes fosse isso. Pode ter certeza que eu não estaria com essa cara de quem quer cometer um homicídio.

- Atticus!

Zarah ficou envergonhada com meu comentário e eu quase me senti melhor. Segurei sua mão e a fiz se sentar em meu colo, abracei sua cintura e enterrei meu rosto na curva de seu pescoço.

Seu aroma penetrou em minhas narinas e me acalmou em questão de segundos. Era inacreditável a capacidade dela de me acalmar só estando perto de mim. E eu precisava dessa calmaria agora mais que nunca.

- Atticus! As pessoas estão olhando.

- O que diabos aconteceu com você, idiota?

- Cinco minutos. – sussurrei contra sua pele macia. – Me deixa ficar assim por cinco minutos. Estou tendo uma manhã de merda.

- Eita, a parada foi feia, então.

Um silêncio entre nós se instalou depois do comentário de Noah. Soltei um suspiro ao sentir suas mãos afagando minhas costas e meu cabelo.

- Foi a Kabra do banco, não foi? - Kabra do banco, o mais novo apelido carinhoso que Clara havia dado para Karine Banks.

- Se fosse só ela. - reclamei.

Apertei o corpo de Zarah um pouco mais contra mim. Eu precisava de sua calmaria, precisava tê-la do meu lado, precisava dela.

- Senhor Connor e senhorita Green Hill, fico feliz que o boato de estarem juntos seja verdadeiro, mas gostaria que deixassem a troca de carinho para quando estivessem à sós, não em sala de aula.

- Claro, professora. – Zarah respondeu, e mesmo a contragosto, a deixei se levantar de meu colo. - Vai ficar tudo bem, não fique assim.

Assenti e fechei os olhos para saborear seus lábios em minha bochecha.

- A propósito, vocês ficam lindos juntos.

Sorri de canto.

- Obrigado, professora.

Pelo menos eu me sentia melhor do que quando entrei.

[...]

<3

Consegui terminar as aulas restantes sem nenhuma maluca invadindo minha sala com um cartaz escrito 'Atticus, quer transar de novo?'. Parecia que o destino estava querendo ter certeza que eu não ia agir como um filho da puta com a ruivinha.

Eu já tinha passado em quatro testes, não estava bom? Não precisava mandar mais.

Agarrei a mão da Green Hill assim que saímos de sala. Eu adoraria que ela tivesse um puta lado ciumento e desse uma chave de perna em qualquer oferecida que se aproximasse de mim.

Descemos a escada e até agora ninguém pulou no meu pescoço. Já é um bom sinal!

- Cara, parece que você está esperando alguém pular no seu pescoço a qualquer momento, isso é bizarro.

- Eu adoraria que elas te importunassem ao invés de mim, Noah.

- Ei! Deixa suas ex putas que você comeu longe do meu namorado! – Stella pareceu um cão raivoso marcando território. Olhei para Zarah na esperança dela agir semelhante e sair em minha defesa, mas a ruivinha não demonstrou nem desconforto em saber que as garotas com quem fiquei estavam atrás de mim. Eu havia contado resumidamente o que tinha acontecido.

Isso me deixou um pouco frustrado, mas me convenci de que ela estava recitando um mantra para se manter calma.

Entramos no refeitório e as meninas foram buscar sua comida, enquanto os rapazes e eu caminhávamos até a nossa mesa. Parecíamos uma gangue, sendo eu o chefe por estar no meio.

Me sentei e me joguei no encosto da cadeira, suspirando. Ainda faltava muito para poder ir embora?

- Relaxa, idiota. Você já explicou pra Zarah e ela já entendeu o seu lado, fica tranquilo.

- Você se preocupa demais, cara. – Zander reclamou.

- Ainda bem que eu não tenho esse problema. – Tanner murmurou deitado sobre a mesa.

- Quem seria louca em provocar Clara? Estaria pedindo a morte, no mínimo. – Max  comentou.

- Vantagem de namorar a minha irmã.

- Eu estou torcendo pra Zarah ser ciumenta. – resmunguei, arrancando risos dos rapazes.

- Se prepara para tirar a prova.

Arqueei uma sobrancelha para James, até ver a cadeira ao meu lado ser arrastada e ver o ser humano que sentou nela.

Isso só poderia ser castigo.

- Oie, Atticus.

Marie. Se eu achava que Lilith era atirada, Marie conseguia ser pior três vezes. Ela era muito bonita, isso era inegável, mas era grudenta demais, pegajosa demais. Seu cabelo era castanho escuro, sua pele era pouco bronzeada, tinha olhos castanhos assim como o cabelo e um corpo lindo.

Mas os olhos de Zarah são mais bonitos e ela tem mais quadril, coxas e bumbum.

Não que eu tenha visto do jeito que veio ao mundo, mas consigo comparar perfeitamente, e a minha ruivinha ganha disparada. A única coisa na qual Marie tinha vantagem eram seus peitos, que - de certa forma - eram maiores do que os de Zarah.

Suspirei cansado e a encarei com tédio.

- O que diabos você quer?

Perguntei com preguiça. Eu sabia que vinha merda e já podia esperar pela merda, mas acho que nada mais me abalaria.

- Quero que me coma.

Me engasguei com saliva, assim como Ray, Noah e James. Max e Tanner ficaram boquiabertos e Zander quase caiu da cadeira com a gargalhada histérica.

Certo, essa eu não esperava.

- O que está acontecendo com as garotas desse colégio hoje? Vocês se juntaram num clube 'Vamos acabar com o relacionamento do Atticus'? Céus!

Bati o punho na mesa, depois passei as mãos no cabelo e respirei fundo.

- Hã? – ela franziu o cenho, confusa. – Não sei do que está falando, mas eu só quero repetir a dose. Não é como se seu rolo com a nerd esquisita fosse durar, de qualquer maneira...

Já chega!

Bati as duas mãos com força na mesa, fazendo um estrondo, e fiquei de pé. Marie sobressaltou na cadeira ao meu lado, assustada. Seus olhos me encaravam apavorados.

- Qual é a porra do problema de vocês? Hein?!

- Atticus!

- Cala a boca, Ray! – o encarei puto. Ele engoliu em seco, e voltei meu olhar para Marie. – Será que vocês gostam de ser humilhadas? São o quê, masoquistas? É tão difícil respeitar a porra do relacionamento alheio? Mas que infernos!

- Atticus, se acalma, cara! – Zander e Noah se aproximaram e olhei feio para eles.

- Se algum de vocês tentar me conter, eu vou descer a porrada em todo mundo. – os ameacei pra valer. Eu estava cansado de todas elas. – Eu estou cansado de vocês se acharem no direito de jogar seus sentimentos e suas vontades em cima de mim. Você, Lilith, Cloe, Julie, Karine, todas vocês! Eu nunca prometi nada e nunca disse que retribuiria nada, então, por tudo que é mais sagrado, será que podem deixar eu e meu relacionamento em paz!?

Marie saiu correndo para fora do refeitório aos prantos. Bufei irritado, mas agradecido. Caí na cadeira e esfreguei o rosto. Minha cabeça latejava com uma enxaqueca terrível. Comecei a considerar matar as aulas restantes e ir para casa.

Senti um toque quente em meu pulso e afastei minhas mãos, já sabendo que era Zarah. Seu rosto gritava preocupação e o meu gritava cansaço, e acho que não foi difícil para ela perceber o meu estado. Sem se preocupar com olhares alheios, ela sentou em meu colo e deitou minha cabeça na curva de seu pescoço.

Instintivamente me agarrei a ela como um náufrago se agarra a um bote salva-vidas.

- Você está bem?

Sua voz baixa e angelical me envolveu como um abraço quente durante o inverno. Meneei a cabeça de forma negativa, porque era a mais pura verdade.

- Você viu? – perguntei num sussurro, e ela assentiu. Suspirei. – Me desculpe por envolve-la nisso.

- Você não tem culpa, Atticus.

- Mesmo assim, não é justo com você. Me desculpe.

Seus braços me apertaram mais e eu não reclamei. Eu gostava de tê-la em meus braços, parecia que só existia eu e ela no mundo. Meus ouvidos só conseguiam captar o som das batidas de seu coração, mesmo que o refeitório inteiro esteja comentando sobre a minha explosão.

- Stella, pode ver se a menina está bem? - Zarah perguntou.

Franzi o cenho e levantei a cabeça para olhá-la.

- A Marie? Por que?

- Zarah, ela praticamente se jogou no colo do Atticus, por que... - Ray perguntou, mas foi interrompido.

- Porque ninguém deveria passar por isso, Ray. – sua voz estava baixa e calma. Sua mão fazia um cafuné em meus cabelos e seus olhos desviaram de Ray para mim. – Eu sei como é ser humilhada na frente de todos, e se ela não for forte como eu fui, ela nunca vai conseguir aparecer no colégio novamente.

Senti uma pontada de arrependimento. Tudo bem que elas passaram dos limites, mas eu não deveria ter gritado daquela maneira.

- Que tal se desculpar e depois deixar eu te levar para a enfermaria para descansar?

Não pensei duas vezes em aceitar. A ruivinha abraçou minha cintura e eu passei meu braço por seus ombros. Saímos do refeitório e fomos direto para o banheiro feminino mais próximo. Entramos cautelosos e logo pude ouvir os soluços.

A culpa me abateu com força.

- Marie? É Zarah Green Hill. Pode sair por um momento?

- V-vá embora!

Fechei os olhos e respirei fundo.

- Maire, eu sinto muito. – ouvi um arfar, provavelmente de surpresa. – Eu não deveria ter gritado daquela maneira, me desculpe. Tudo bem se não quiser sair, não me importo, mas gostaria que parassem de se jogar para cima de mim. Eu estou com a Zarah, e não me importo se acham que nosso relacionamento não vai durar, só quero que respeitem, tanto a mim quanto a ela, por favor.

Segurei a mão de Zarah e saímos do banheiro.

Andamos devagar até a enfermaria e assim que Zarah abriu a porta, avistei a enfermeira de costas, com seu jaleco branco, escrevendo algo.

- Olá.

Ela se virou para nós.

- Olá, Zarah, Atticus. – se levantou de sua cadeira com um sorriso, abraçou a ruivinha e me cumprimentou com um aperto de mão. – Tudo bem? Por que estão aqui?

- Atticus está com enxaqueca, pode medicá-lo e deixa-lo descansar?

- Claro. Pode se deitar, Atticus.

Deixei Zarah me encaminhar até uma cama e me deitei. Minha cabeça parecia que ia explodir.

- Tome esse remédio e tente dormir um pouco, quando acordar, se sentirá melhor.

Tomei os comprimidos sem questionar e bebi uma quantidade considerável de água. Fechei os olhos ao sentir os dedos de Zarah me fazerem um cafuné. Quando percebi, já estava dormindo.

Acordei muito melhor. Zarah estava sentada ao meu lado lendo um livro, e quando me viu acordado, sorriu e o fechou, depositando-o em seu colo.

- Como se sente?

- Melhor. – minha voz estava rouca.

- Que bom. Avisei ao treinador Scott que você não poderia participar do treino e ele veio te ver.

- Droga, não queria ter perdido o treino.

Me sentei e me espreguicei. Me sentia realmente melhor, mas também me sentia cansado. E ansioso. Semana que vem já começaria o campeonato.

- Vamos, quando chegar em casa, vou te fazer uma massagem relaxante e te botar para dormir.

Soltei um riso nasalado.

- Zarah, eu não sou um bebê.

- É, sim. – suas mãos seguraram meu rosto e ela foi beijando minha testa, meu nariz e por último meu lábios. – É meu bebezão. Lindo, maravilhoso e grande bebezão.

Sua voz infantil me fez rir.

- Já que eu sou um bebezão, confesso que a imaginei gemendo sob mim enquanto eu chupava seus seios como um bebezão. - enfatizei as últimas palavras.

Meu sorriso malicioso se alargou.

- Eu poderia fazer esse papel, uma pena que você não pode levantar daí tão cedo. - Zarah debochou, dando as costas e caminhando até a porta.

E lá se vai meu sorriso.

Em vez disso, minha cara se parecia mais com um animal abatido em um show competitivo.

Seja lá com que feição um animal abatido em um show competitivo se semelha.

- Filha da... - Zarah me interrompeu.

- Olha a boca, bonitão. - a encarei, espasmo. Boca aberta, queixo caído e tudo mais. - Um pena, não é?

Tentei me erguer na maca, porém, apesar de melhor, minha cabeça ainda doía.

- Opa opa, parado aí. - a enfermeira me segurou na maca enquanto eu via Zarah passando pelo batente da porta.

- São ordens médicas. - vejo Zarah murmurar para mim com um sorriso malicioso antes de fechar a porta e me deixar lá. De pau duro, para variar.

[...]

<3

[Notas da autora]

GENTEEEEE!!

Assim como eu avisei, vocês viram mais a densidade do relacionamento dos nossos queridos lindões aqui nessa fic! Como tudo funciona e tals... viram também a dimensão da popularidade do Atticus, e como ele reage a cobranças, ainda mais por parte das garotas.

E é isso aí que vocês leram!

Sem enrolações, os memes!

[...]

BEBEZÃO, né, Zarah?!??

UM BEBEZÃO! AKKAKAAKKA

O Atticus só tomou hoje. As menina tudo pregada nele também.

GENTE! Vocês acham que o Atticus foi grosso demais com as menina/Marie??

Tipo..

A GAROTA FOI PRO BANHEIRO SE ESBALDAR NAS LÁGRIMAS AKAKAAKA

O QUE VOCÊS ACHAM???

Parece que elas foram todas de uma vez só só pra irritar o Atticus, né??

E se realmente for?? 🤭🤭🤫

Vou deixar vocês tentarem descobrir hehe 😈😈😼👀👀

Vou deixar no ar aí, em.

Quem pegou, pegou.

Quem não pegou, não acontece nada pois vai ser revelado no próximo capítulo de qualquer jeito. 🤷‍♀️

É isso aí mesmo.

Mas GENTE foram quase 8000 PALAVRAS!

Enquanto nos outros eram tipo: 5000, 3000, 4000. NÃO! Essa tem quase 8000, sério!

Minhas mãos tão tipo:

E a autora (eu) tô tipo assim:

Estou vazando!😘

[...]

Bjocas para meus fãs!

VOTEM MUITOO!!!

Tia Jade ama vocês!

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