|6| Refeitório

Olá!!! Como vão, meus anjos?? Para completar o capítulo anterior, segue o sexto. Comentem as suposições de vocês!!

QUAL A TEORIA SE VOCÊS SOBRE A TATUAGEM DE LUA NA NUCA??

Fiquem com o sexto capítulo!

[...]

<3

EU ainda estava a alguns metros da casa do Oliver, mas já conseguia ouvir a música alta do final da rua. E assim que o táxi parou em frente, percebi que a proporção da festa era maior do que eu imaginava.

Paguei o taxista e saí do veículo. Enquanto eu andava em direção da entrada da casa, via diversas pessoas que estudavam no Martinez High School. Cumprimentei os que eu conhecia e os que me cumprimentavam, mas que eu não fazia ideia de quem eram. Fui em direção do ponto de encontro marcado, o bar.

Não era a primeira festa que íamos na casa de Oliver, e com certeza não seria a última, então já tínhamos nosso ponto de encontro certo para não precisarmos rodar pela festa procurando uns aos outros. De longe eu avistei aquela jaqueta vermelho berrante que Raymond usava. Acho que se não fosse as luzes, aquela jaqueta dele seria como um farol no oceano.

— Finalmente, Atticus!

— Dá para ver essa sua jaqueta lá do outro lado do salão. — Sorri de canto para sua expressão emburrada por causa do comentário.

— Só para você saber, eu fico muito bem de vermelho. — Raymond me deu língua como se fosse uma criança e abraçou a namorada cacheada pela cintura. — Não é, 'mô'? — Raymond enterrou seu rosto no pescoço de Naomi.

— Você fica bem com qualquer cor, meu lindo. — A cacheada responde, beijando Ray.

No colégio, Naomi e Ray eram conhecidos como o típico casal meloso. Baboseira.

— Já podem ir parando com essa melação aí, viu? — Aticei, e Ray riu com escárnio.

Não seria totalmente errado dizer que Naomi parece deslocada num lugar como esse, mas como ela vem para ficar ao lado do namorado, não deve se importar muito com seu desconforto.

— Finalmente chegou, Atticus! — Me virei ao ouvir Stella. Ela vinha de braços dados com Sadie, deveriam vir da pista de dança, visto que a Clara adora dançar e Stella, bom... Stella adora festas, assim como eu.

— Por favor, não fique louca hoje. — Recomendei.

Sim, recomendei. Se tivesse dado uma ordem, como havia tentado da última vez, não adiantaria.

Mas, eu estava apenas sugerindo que ela não ficasse bêbada.

Visto que, da última vez, concluí que: Stella e bebidas, não resultam em boa coisa.

Digo isto por experiência.

— Relaxa, qualquer coisa você ou Noah me dão carona. — Ela deu de ombros para meu pedido e pediu alguma coisa ao barman.

Troquei um olhar com Noah, que até agora não havia notado que se aproximou de nós, cruzei os braços e sorri de canto.

— Você não veio dirigindo, né? — Depois que neguei, ele suspirou. — Vai sobrar para mim.

Peguei uma bebida no bar e comecei a conversar com James, Tanner, Noah e Raymond. Clara fazia companhia para Naomi, enquanto Sadie e Stella voltaram para a pista de dança.

Nunca fui de dançar, então o jeito foi ensinar o fígado a aguentar os vários copos de álcool. Por mais que eu estivesse muito a fim de beber, não queria chegar bêbado em casa.

<3

Tudo girava.

Depois de duas da manhã já podia-se ver muitos bêbados — e bêbadas —, sem falar nos filhinhos de papai se entupindo de maconha. Eu já estava ficando irritado com aquele cheiro desagradável e isso misturado ao álcool que ingeri, estavam me deixando embriagado.

Peguei uma garrafa de água no bar para ver se amenizava minha embriaguez, enquanto Noah e Stella já tinham sumido, Clara e Tanner estavam quase se comendo ao meu lado, Sadie não parava de dançar igual uma louca, e Ray já começava a falar alto demais devido os efeitos do álcool. Apenas Naomi estava sóbria, já que não bebia uma gota sequer. Só veio pelo namorado.

Até hoje não sei como eles se apaixonaram.

Raymond é um lerdo — não tão — babaca, vive solto por aí, péssima influência, notas muito baixas, entre mil outras coisas que eu passaria o resto do dia listando.

Já Naomi é um doce de pessoa, família religiosa, ótima influência, boas notas, e notas altas — talvez não altas quanto às de Zarah já que a ruivinha é a mais inteligente, nessa questão de notas, da nossa classe.

Mas que droga!

Por que não paro de pensar naquela garota!?

Voltando para a realidade, já tinha perdido as contas de quantas garotas praticamente se esfregaram em mim, mas por incrível que pareça eu não tinha pego nenhuma delas, e algumas eram lindas para caralho.

Já estava pronto para me dar uma de Raymond e dizer que ia embora quando uma cabeleira ruiva do outro lado do salão me deixou de boca aberta. Esfreguei os olhos para ter certeza que não estava vendo uma miragem, — ou simplesmente Karine, —, mas acho que estava mais embriagado do que imaginava.

Zarah Green Hill estava em uma festa?!

— Eu já volto. — Interrompi seja lá o que Ray estivesse falando e atravessei entre os corpos embriagados atrás daquela ruivinha.

Ela andava um pouco mais à frente, usava um vestido curto preto com duas faixas brancas na bainha onde terminava o vestido puxados para cima em sua cintura, que ficava ligeiramente apertada por causa do quadril largo e das coxas.

Como diabos eu não reparei naquelas coxas?!

Além do vestido ela usava um coturno preto nos pés, seus cabelos estavam bem cacheados, e pelo que me lembro eles não eram tão cacheados assim.

Quando ela atravessou a porta que dava para o quintal, eu pude me aproximar mais, visto que tinham poucas pessoas do lado de fora.

— Zarah...? — Falei arrastado por conta da bebida.

Segurei seu braço e ela se virou para mim.

Tal qual foi minha decepção ao ver olhos castanhos ao invés de cinzas-azulados, maquiagem exagerada de uma forma que Zarah nunca usaria, além de batom vermelho ao invés de um gloss transparente, como Zarah costumava usar.

— Desculpe, achei que fosse outra pessoa. — Soltei seu braço e dei um sorriso sem graça.

Meu Deus, acabei de confundir alguém pensando na Green Hill!

Virei as costas e voltei para dentro da casa. Eu estava ficando louco, só podia ser. Maldita curiosidade! Maldita Zarah Green Hill!

<3

A segunda-feira já começou alvoroçada quando Karine chegou no colégio acompanhada de Ray e tia Elisabeth, mãe dele. Acho que nunca a tinha visto tão quieta em todos os anos que a conheço.

Entenda, eu amo a tia Elisa. Além de mãe do meu melhor amigo e linda, ela era uma esposa maravilhosa, uma pessoa espetacular e uma chefe sensacional, seus pratos são de comer rezando. Mas veja bem, a mulher põe um terror desgraçado quando está irritada. Juro que já vi uma aura maligna ao seu redor, então perto dela sou o garoto mais perfeito do mundo!

Arrisco dizer que Elisa está no mesmo patamar de psicopatia de Clara, apenas para ter uma mínima comparação.

A cada passo que Karine dava a caminho da diretoria, os alunos do corredor se silenciavam com tamanha tensão no ar. Vi Ray engolir em seco quando eles passaram por mim e pelo pessoal, e ela nem sequer me dirigiu o olhar, e ela é apaixonada por mim!

Obcecada, corrigindo.

Naquele momento, só naquele momento, eu realmente senti pena da Karine.

Parei para pensar um pouco... é, não, não estou não.

Mas minha atenção foi tomada, repentinamente, por ela. Zarah Green Hill.

Quando ela se aproximou de seu armário, à 5 portas do meu, automaticamente minha mente voltou para a imagem daquela desconhecida da festa. Os cabelos de Zarah estavam presos no alto, então não podia comparar, mas eles realmente não eram cacheados como os da garota da festa.

Os mesmos olhos cinzas-azulados, o mesmo gloss... eu não conseguia vê-la de olhos castanhos, não parecia certo. E o batom vermelho? Com certeza não faria jus àquele rostinho delicado.

A olhei pelo canto dos olhos. Ela estava de calça, tênis e moletom, não dava para imaginá-la de vestido, mas o quadril e as coxas eram realmente um pouco avantajados.

Puta que pariu...

Eu estava realmente tentando juntar Zarah e a desconhecida da festa de Oliver em uma mesma pessoa? Eu estava mesmo ficando louco.

— Ei, Atticus, está no mundo da lua? — Abri os olhos para encarar James, que me olhava com uma sobrancelha arqueada.

— Dor de cabeça. — Bom, não foi de todo uma mentira, havia ficado de ressaca a madrugada inteira. Além disso, minha mãe ainda me encheu o ouvido com broncas quando cheguei bêbado em casa.

Quando olhei para o lado, depois de fechar o armário, ela não estava mais lá.

— Eu estou doida para saber o que a tia Elisa vai fazer com a Karine! — Essa era a Clara animada com o sofrimento alheio. Era... relativamente normal, no entanto. Para alguém que têm convívio com ela há mais de década, eu deveria estar acostumado. Mas, infelizmente, Clara é uma caixinha de surpresas, não dá para saber se ela xingar as últimas dez gerações do infeliz, ou simplesmente partir para cima. Independentemente de onde esteja, quando ela quer brigar, é como se simplesmente qualquer lugar se torna um ring de mma.

— O que ela vai fazer eu não sei, mas já estou com pena da ruiva de antemão. — Sadie comentou.

— Eu não. — Stella e Clara falaram juntas e sorriram uma para a outra.

Eu, Noah e Tanner balançamos as cabeças enquanto víamos as duas personificações do diabo andando tranquilamente de braços cruzados a caminho da nossa sala.

<3

Só Ray havia aparecido para as primeiras aulas e apenas isso fez com que Karine virasse o assunto das aulas inteiras. Mas com certeza viraria assunto do colégio inteiro. Já era de se esperar, já que a grande e "poderosa" líder de torcida Karine — agora ex líder de torcida — caminhava na direção da nossa mesa do refeitório com o nariz e os olhos vermelhos, seguindo de perto dona Elisabeth Diaz.

— Olá, queridos.

Não se deixem enganar por esse sorriso bonito, ela está exalando uma aura assustadora neste exato momento.

— Oi, Tia Elisa! — É claro que a única que adorava isso era a Clara.

E talvez a Stella.

Lógico que não fomos mal-educados e cumprimentamos a linda mulher de longos cabelos vermelho fogo que era a mãe de meu melhor amigo.

— Vamos ser breves aqui, ainda tenho que ir para o restaurante e a mocinha aqui já está suspensa por três dias. — Ela apontou para Karine com um movimento de cabeça e quase pude ver Clara levantar da cadeira e fazer uma dancinha da vitória. Quase. — Quem é a menina, Raymond?

Troquei um olhar quase instantâneo com Ray.

— É a de cabelos ruivo, sentada sozinha lendo um livro. — A única ruiva ali, além de Karine, era Zarah.

Todos seguimos o olhar do tatuado até onde a ruivinha estava. O cabelo, mesmo preso, caía ao lado de seu rosto, e ela estava tão compenetrada em sua leitura que não parecia se incomodar com o sol que estava reluzindo nela através da iluminação zenital.

Porra, que linda! — Nossos olhares mudaram da Green Hill para a Diaz, que parecia impressionada. E, internamente, eu concordei com ela.

— Mãe! — Ray a repreendeu, acho que pelo xingamento proferido.

— O que? Ah, fala sério! Ela é linda demais. Agora eu estou mais convencida ainda de que Karine fez aquilo por inveja.

Dessa vez foi demais para Clara aguentar, a gargalhada dela chamou a atenção do refeitório inteiro. Stella e Sadie até que foram discretas em tapar a boca, mas a Silver gargalhava com gosto.

— Inveja?! Por que eu teria inveja daquela...

— Então vai me contar o real motivo de ter feito o que fez, certo? — Tia Elisa a calou. — Porque eu quero entender os seus motivos para ter feito aquilo com aquela garota. Ela, por acaso, já te fez algo? Ela, pelo menos, já olhou para sua cara? Porque eu estou aqui há uns dez minutos falando alto, gesticulando para todo refeitório e todos estão me olhando, menos ela. Ela continua lendo o livro dela, como se não estivesse acontecendo um grande show no meio do refeitório do colégio.

Instintivamente todos os olhares de nossa mesa voltaram para a Green Hill. E ela estava alheia a tudo que estava acontecendo.

Karine comprimiu os lábios e desviou o olhar. Ela jamais falaria que humilhou a ruivinha por vontade própria, sem motivo nenhum.

— Me entregue seu celular. — Tia Elisabeth estendeu a mão, e Karine a olhou de olhos arregalados. — E as chaves de casa também.

— Mas, Tia Elisabeth...

— Me entregue o celular e as chaves de casa. — Ela voltou a repetir, com um timbre mais firme. Um arrepio percorreu minha espinha e o mesmo aconteceu com Ray e ela. Karine tirou o celular e as chaves da mochila e entregou na mão dela. — Vai ficar dentro de casa, sem celular e sem acesso à notebook ou computador por tempo indeterminado. Depois que a suspensão acabar, sua vida vai ser de casa para o colégio e do colégio para casa.

— Mas...

— Sem, mas! — a voz de tia Elisa reverberava no silêncio fúnebre que se instalou no refeitório. — Você não trabalha para se sustentar, não passa necessidades, tem celular de última geração e tem tudo do bom e do melhor, mas as únicas coisas que eu exijo de você e de meu próprio filho são boas notas no colégio e respeito para com outros, porque eu os eduquei bem demais e não admito ser chamada pelo diretor Grayson, que além de tudo é um grande amigo de meu marido e seu tio, porque a minha sobrinha humilhou uma colega de classe na frente de todos sem motivo nenhum!

Ninguém, ninguém, ousava fazer um mísero ruído. Karine estava de cabeça abaixada, abraçava o próprio corpo, mas era possível ver as lágrimas caindo de seu rosto. Mais falsa que isso impossível...

— Você e Ray podem estar prestes a completar dezoito anos, mas moram debaixo do meu teto e por isso vão seguir as minhas regras. E o mesmo vento que venta lá, venta cá. Para toda ação tem uma reação e, no final, uma consequência.

Eu e o pessoal demos um leve sobressalto quando tia Elisa colocou sua bolsa em cima da mesa com força, depois jogou o celular e as chaves de Karine dentro da bolsa.

— Engole o choro e se recompõe, ainda não acabamos. — E então ela saiu andando firme sob seus saltos até onde a ruivinha estava.

Puta merda... — Stella sussurrou. Eu não consegui nem virar para ver seu rosto estupefato, mas o meu e acredito que de todos do refeitório estavam da mesma maneira.

As duas trocaram um aperto de mãos, e eu não conseguia desviar o olhar delas que, aparentemente, estavam conversando. Vi Zarah dar uma leve risada e senti cada pelo em meu corpo se eriçar com aquele sorriso.

Como alguém pode esconder aquele sorriso do mundo?

— Ray... por favor, me ajuda. — Karine suplicou para o primo. A voz estava embargada e o timbre, desesperado.

— Como que eu vou te ajudar? Olha a merda que você me apronta. — Ele fechou o semblante e logo suavizou, depois que seu olhar caiu em sua mãe e em Green Hill vindo em nossa direção. — Agora aguenta.

— Merda...

Ela praguejou e limpou o rastro das lágrimas do rosto, virando-se a tempo de ver Elisa e Green Hill pararem em sua frente.

— Vamos lá, não tenho o dia todo e pretendo terminar isso antes do sinal bater e o refeitório ficar vazio.

Tia Elisa expulsou Liam de sua cadeira e se sentou de frente para elas, cruzando as pernas e os braços. Eu amo essa mulher!

— Já pode começar seu pedido de desculpas, Karine.

— Está certo, eu já aprendi minha lição, tia Elisa! A senhora não pode fazer isso comigo!

— Aprendeu a lição? Não, você ainda não aprendeu a lição! E não me venha me chamar de Elisa nessas horas e circunstâncias, eu estou fazendo com você o certo, o justo! Do mesmo jeito que você a humilhou, agora vai pedir perdão. Aqui, na frente de todos, onde tudo começou e onde vai terminar.

E como se aquela quinta-feira fosse revivida, todos os alunos tinham se levantado e rodeado elas e nossa mesa, mantendo-se mais próximos para ver melhor aquela cena. Mas dessa vez o feitiço tinha virado contra a feiticeira.

Karine engoliu a seco olhando ao redor.

— Z-Zarah... — gaguejou.

— Green Hill. Não permito que me chame pelo primeiro nome.

Zarah: 1; Karine: 0!

Vi um leve repuxar de lábios em tia Elisa, e Karine apertar as mãos.

— Green Hill... — ela pigarreou e olhou para a Diaz sentada que apenas observava. — Meu comportamento...

— Mais alto, Karine, não estou te ouvindo!

Novamente a ruiva apertou as mãos e seu olhar suplicava à tia que não a fizesse fazer isso, mas Elisa apenas deu umas batidinhas na tela de seu relógio de pulso.

— Green Hill, meu comportamento foi vergonhoso e meu ato, inaceitável. Por favor, peço que me perdoe. — E para fechar com chave de ouro, ela ainda fez uma mesura.

O riso veio na minha garganta e voltou para o meu interior. Eu nunca pensei que viveria para ver Karine Banks pedir perdão a alguém, mesmo que obrigada.

— Eu não quero seu perdão, Banks. Na verdade, nunca pensei que pediria perdão, de qualquer maneira. — Zarah deu de ombros e permaneceu firme em sua postura diante Karine e seu olhar carregado de vergonha de si mesma, por ser obrigada a pedir perdão e por raiva da Green Hill. — Nem mesmo aceitei as desculpas que Raymond Banks pediu em seu nome.

Nome completo? Para que tanta formalidade?

Tanto Karine quanto Elisa olharam surpresas para Ray, e ele deu um sorriso sem graça para a mãe, que o olhou com orgulho.

— Eu nunca lhe fiz nada, nem sequer entrei em seu caminho, mas fazer o que fez pelo motivo que fez. Concordo quando diz que seus atos não foram, de certo modo, os mais agradáveis.

Franzi o cenho em confusão. Karine realmente teve um motivo?

— Que merda você está falando, Green Hill? — A ruiva praticamente rosnou furiosa e isso foi um sinal de que vinha uma bomba pela frente.

— Não se faça de idiota, você pode ser burra, mas idiota sei que não é. — A ruivinha deu um passo para frente e um sorriso maldoso tomou conta de seus lábios.

E ali eu vi uma Zarah green Hill que nunca cogitei existir.

— Todos podem pensar que foi por puro divertimento próprio, porque você gosta de atormentar os outros para se sentir por cima, mas eu e você sabemos que não foi por isso. — A ruivinha afirmou e sorriu de canto.

— Cala essa boca. — Karine murmurou entre os dentes.

— Elisabeth, a senhora foi tão doce e simpática comigo, por isso me perdoe, do fundo de meu coração, pelo que irei falar. — E agora foi a vez da Green Hill fazer uma mesura em direção à tia Elisabeth. — Na quarta à noite, eu e Atticus nos encontramos por acaso em uma cafeteria próxima daqui e discutimos. — Senti os olhares queimarem em minha direção e franzi ainda mais o cenho. Por que ela estava contando isso? — Tenho certeza que ele conversou com seus amigos sobre o que falamos, mas ela estava lá naquela noite, do outro lado da rua, nos observando. Quer dizer, te observando. — Ela olhou para mim.

— Já falei para calar essa boca! — A ruiva gritou.

— Ah, qual é Karine, isso não é o fim do mundo. Olha para ele, todos sabemos que o Atticus é lindo, ele sabe disso melhor do que ninguém. — Zarah veio andando na minha direção e pegou meu rosto em suas mãos, alisando-o. — Olha para esse rosto lindo e másculo de galã de Hollywood, com toda essa perfeição de olhos, nariz, lábios e queixo.

— Zarah... — eu sentia que ia dar merda, uma merda muito feia.

— Diga-me: quantas vezes você sonhou estar puxando esses cabelos lisos e macios, enquanto sentia cada centímetro de sua pele ser beijada pelos lábios carnudos do homem que você ama, Karine?

Meus olhos arregalaram e passaram de uma Zarah com sorriso perverso para uma Karine pálida e apavorada.

— Como eu disse antes, isso não é o fim do mundo. Afinal, o Atticus é lindo. — Repetiu. — Quase 80% das garotas desse colégio o amam, é super normal e compreensível, mas você precisa concordar comigo que é muito, muito clichê se apaixonar pelo cara mais bonito e popular do colégio.

— CALA A BOCA!

Antes que eu pudesse perceber, Karine havia partido pra cima da ruivinha, mas Liam conseguiu segurá-la antes que as duas se atracassem, quer dizer, antes que Karine grudasse na ruivinha.

Mas para a minha surpresa e para a surpresa da plateia que havia se formado naquele momento, Zarah continuava indo a passos firmes na direção de Karine, e quando vi sua mão direita fechar-se em punho, percebi que a ruivinha definitivamente não era tão fraca quanto aparentava. Agarrei-a pela cintura e a puxei para trás.

— Jogar suco em você foi pouco, sua maldita! — Gritou, esperneando nos braços de Liam. — Eu deveria ter te arrastado na lama, desgraçada.

— Eu não me importo que você o ame! Não ligo para os seus sentimentos, afinal, não tenho nada com ele e nem sequer somos amigos! Só quero que me deixe em paz! — Quando percebi que ela não ia mais atacar Karine, a soltei. — Mas por causa dos seus ciúmes infundados, eu perdi algo muito precioso para mim e isso eu não podia perdoar!

— Me solta, Liam! Eu vou matar essa desgraçada!

E justamente quando a tia Elisabeth se levantou, o sinal soou alto e forte, alertando a todos que deveriam subir para suas determinadas salas.

Mesmo a contragosto, os alunos foram se dispersando, mas ainda éramos o centro das atenções.

— Elisabeth, novamente peço perdão pelo que falei e retorno a pedir seu perdão pelo tumulto que causei, mas eu não podia deixar o ato de sua sobrinha passar impune depois de eu ter perdido algo precioso para mim. — A ruivinha novamente fez a mesura diante da tia Elisa, e acho que ela também foi capaz de sentir a tristeza em sua voz.

A mãe de meu amigo apenas suspirou e assentiu, passando a mão nos cabelos e logo depois pegou sua bolsa.

— Vamos embora, Karine.

— Tia Elisabeth...!

— Vamos. Embora. Karine.

A ruiva olhou pasma para a tia e depois de se contorcer em raiva e morder o lábio inferior, se deixando levar para fora do refeitório. Observei a Green Hill retirar seus óculos de leitura e massagear a ponte do nariz.

— Atticus, posso conversar com você? — Ela pediu ainda de olhos fechados, e depois de pôr os óculos, me encarou.

— Depois do treino? Pode ser?

— Tanto faz.

Virei as costas e saí do refeitório me sentindo o cara mais usado e otário do mundo.

Que porra foi essa...?

<3

— Ei, Atticus, calma!

Ray me segurava com força, e eu me debatia tentando me soltar para que pudesse socar ainda mais o rosto daquele cara do segundo ano babaca.

— Me larga, Raymond! — não usei seu apelido.

— Se acalma, porra! — ele apertou ainda mais os braços ao meu redor, me limitando ainda mais.

— Você é maluco, cara?! Pra que agir assim? — o babaca ainda tinha a audácia de se fazer de vítima!

— Moleque, cala essa boca! — Noah se intrometeu. — Atticus, se acalma!

Bufei irritado. Contei até dez mentalmente e parei de me debater, aos poucos Ray foi relaxando os braços.

Dei as costas para a quadra e entrei no vestiário praticamente arrancando as roupas do corpo. Tudo que eu precisava era de um bom banho gelado e eu me acalmaria.

Porra, Atticus, você tem que parar de levar a sério os boatos que circulam nas bocas desses fofoqueiros! — e lá se vai a minha calmaria, graças ao Noah. — Você acabou com o treino!

— Você fala como se fosse agir diferente de mim se fosse o seu nome circulando na boca desses abutres.

— É... eu faria até pior — ele resmungou e eu bufei. — Mas não estamos falando de mim. Você é o capitão do time, porra!

— E você acha que eu não sei?! — Eu rosnei, saindo do box com uma toalha enrolada na cintura. — Só que antes de ser capitão, eu sou homem, porra! Você acha que eu gosto de ouvir que eu seduzi a Karine para ela agir daquela maneira com a Green Hill?! Eu nunca nem olhei para nenhuma das duas! Não tenho culpa de a Karine ser obcecada por mim e muito menos por ela ter humilhado a Green Hill.

— Nós sabemos disso, Atticus. E justamente por você ser inocente, que você precisa dar a outra face. Espancar qualquer idiota que comente sobre isso só vai sujar ainda mais a sua reputação.

Caralho! — Bati a porta do armário com força. — Maldita hora que eu transei com aquela ruiva desgraçada. E eu estou pouco me fudendo se ela é sua prima ou não, Raymond.

Eu parecia um touro raivoso, e o primeiro que dissesse gracinhas para mim seria considerado morto.

— Atticus...

— O que foi dessa vez?

Olhei na direção da porta, de onde vinha a voz de Ray, e lá estava a metade da razão da minha raiva. Zarah Green Hill.

— Pelo menos estão vestidos. — Ela comentou olhando para Noah e eu.

— Eu disse depois do treino.

— Não estou te vendo com o uniforme e nem em quadra quicando a bola.

Inspira e expira, Atticus. Respira bem fundo porque essa conversa vai ser difícil.

— Vamos esperar lá fora. — Noah ergueu a mão para trocar um soco comigo, mas, quando viu que eu não iria mecher um músculo, desistiu e ia caminhando para fora quando a Green Hill falou:

— Não precisa. O que tenho para falar com ele não é segredo de Estado, e também não quero que circule um boato de que fiquei com ele no vestiário. — Ela logo fechou a porta atrás de si.

— Sabe que podem dizer que você deu para três, né? — Noah arqueou uma sobrancelha e a ruivinha riu de leve, parecia não acreditar nessa possibilidade.

— Até parece que Raymond trairia a namorada, e você, mesmo às escondidas, só fica com a Stella. E depois de hoje, eu e Atticus somos praticamente inimigos públicos.

Ela cruzou os braços e se recostou na porta, encarando Noah.

— Como você... — Zarah o interrompeu.

— Eu sou uma boa observadora. — Ela deu um sorriso ladino. — E vocês disfarçam muito mal.

— Ela tem razão. — Eu e Ray falamos juntos. Noah olhava para nós surpreso por saber que seu romance secreto não era tão secreto assim.

— Mas deixemos isso de lado. — Ela pigarreou e seus olhos voltaram para mim.

— Você me usou para ter sua vingança contra Karine. — Despejei antes que ela pudesse abrir a boca. Soltei um riso descrente. — Eu estava errado sobre você.

— Não sei o que pensou de mim, mas eu sinto muito por ter lhe usado. Quando Elisabeth Diaz me pediu para ficar de pé em frente a sobrinha dela para ela se desculpar pelo que fez, eu não consegui deixar passar essa oportunidade.

— E me fez passar como motivo dos atos dela contra você. — Joguei minha mochila no ombro, preparado para ir embora assim que essa conversa terminasse.

— Eu realmente sinto muito por isso, Atticus. — Ela se desencostou na porta.

— Como descobriu que Karine é apaixonada por Atticus? — Ray perguntou.

A ruivinha crispou os lábios e depois soltou uma risada sem graça, desviando os olhos para mim e voltando rapidamente para o loiro.

— Na verdade... — ela pigarreia. — Foi um palpite.

Eu parei por alguns segundos enquanto esperava meu cérebro processar essa informação. Um palpite.

— Você colocou o meu nome na boca do colégio por um palpite?!

A raiva tomou posse de mim no instante seguinte que a informação foi armazenada em meu cérebro. Noah e Ray deram um passo para frente, para me conter se eu ficasse mais furioso, e a Green Hill deu um sobressalto, se escorando na porta.

— Você tem noção que colocou em risco a minha reputação e a credibilidade da minha índole por causa do seu palpite? Garota, eu deveria...

— Me desculpa! — Ela se apressou em me interromper. — Eu não tinha certeza se ela era realmente apaixonada por você. Eu observo tudo ao meu redor e eu via os olhares, os suspiros, o jeito que os olhos dela brilhavam em sua direção, a forma com que quase esfregava os seios na sua cara!

— E você achou que podia me usar para humilhá-la.

— Foi. — Ela abaixou a cabeça para olhar as mãos, mas logo voltou seu olhar para mim. — Quando entrei no táxi e a vi do outro lado da rua, pensei que ela estava nos vendo discutir, assim como toda lanchonete. Mas quando o carro começou a andar e o olhar dela não desviou, eu me toquei que ela não observava nossa discussão, e sim olhava para você.

— Ray, sua prima é uma stalker. — Noah acusou, balançando a cabeça.

— Não, ela não estava nos seguindo. Ela estava ali por acaso mesmo. — A Green Hill voltou a cruzar os braços. — Ela carregava uma sacola daquela loja de lingerie que fica em frente à lanchonete.

— Então você juntou todas essas peças na sua cabeça maquiavélica e simplesmente jogou a bomba na Karine quando minha mãe te deu a oportunidade, falando na frente de todos. — Ray resumiu o que ela diria no final e ela logo assentiu. — Atticus tinha razão. Nos enganamos quanto a você.

— Eu estava com raiva dela. Ela tinha destruído algo importante para mim naquele dia e eu não pensei nas consequências que minha vingança traria. Eu só... — Ela fechou os olhos, seus dedos apertaram seus braços. — Eu só queria que ela pagasse pelo que fez.

Quando seus olhos se abriram, eles estavam banhados em lágrimas contidas. Não estavam sequer úmidos, mas o nó que formou na garganta dela era quase que visível. Minha raiva abaixou naquele momento, porque aqueles olhos só transmitiam vergonha, raiva e tristeza.

Mas apesar da minha raiva ter sumido, o sentimento de querer saber quem ela era ainda estava bem vivo em meu peito. Prensei a ruiva contra a porta do vestiário, com o resto de raiva e energia que eu continha.

— Quem é você, Zarah Green Hill?

[...]

<3

[Notas da autora]

✒Capítulo escrito em: 11/02/2022
✒Capítulo publicado em: 12/07/2023
✒Capítulo corrigido gramaticalmente em: 12/05/2024
✒Capítulo reescrito em: 16/01/2025

Olha quem voltou!! Gostaram do capítulão de 5000 mil palavras??

Bom, eu vim postar logo esse capítulo cheio das tretas porque eu sinceramente não sei quando vai sair os próximos. Sim, no plural! Os próximos 2 capítulos serão subdivididos em 2 partes, tipo um dois em um.

Só que no caso: um em dois akakakakaa

O capítulo (entese no singular) teria cerca de 9000 mil palavras e pouco, então será tipo: cap .7 1/2, e depois, cap .8 2/2, só para não ficar um capítulo gigantesco.

Espero que não tenha ficado tão confuso. kkkk

[...]

Quem aí quer o próximo capítulo??

VOTEM MUITOOOOOO!!!

Beijos da sua (possível) autora favorita!<3

~Jade

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