|3| Karine
Esperam que tenham gostado do capítulo anterior!!! Ah, uma perguntinha... vocês gostam de barraco?? Se sim... spoiler:
Podem odiar a Karine, eu deixo.
Espero que gostem do capítulo.
Fiquem com o terceiro capítulo!!
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DESDE ontem, eu, Noah e Tanner quase enlouquecemos por causa de Clara.
A loira não parava de falar na joelhada que Zarah Green Hill tinha dado no infeliz que trombou com ela no corredor. Clara estava radiante com a ideia de alguém finalmente acompanhá-la em suas famosas "aventuras" — ou melhor, atrocidades e confusões que viviam fervilhando em sua mente.
Quando o assunto era treta, Clara tinha doutorado, mestrado e pós.
Naomi até sugeriu que Clara se tornasse amiga de Zarah, já que simpatizou tanto com a ruivinha. Do meu lado, senti Noah estremecer com o sorriso enorme e assustador que Clara abriu.
Mesmo com Clara insistindo que faria da Green Hill sua parceira de crimes, eu só conseguia pensar se aquilo daria certo. Afinal, sabíamos praticamente nada sobre Zarah. Ela havia mostrado atitude apenas uma vez — a famosa joelhada — mas, normalmente, passava despercebida pelo colégio.
Zarah não fazia questão de se misturar, de se enturmar ou sequer de trocar algumas palavras. Estava sempre sozinha. Sempre lendo. O tempo todo.
E isso só aumentava minha curiosidade. Como alguém que vivia escondida atrás dos livros poderia dar uma joelhada daquelas?
Eu queria descobrir quem era Zarah Green Hill. Mas parecia que ela não queria ser descoberta. Essa teoria se confirmou quando ela dispensou, com todas as letras e sem pestanejar, o convite de amizade da Clara.
— Desculpe, o que você disse? — Clara perguntou, depois de um longo segundo assimilando as palavras da ruiva.
— Que não quero ser sua amiga, mas obrigada pelo convite. — Zarah respondeu, antes de voltar sua atenção ao livro que tinha nas mãos.
Fiquei levemente espantado com a frieza na resposta.
— Como assim não quer ser minha amiga? — eu contei exatos dez segundos antes de Clara começar o escândalo que todos sabíamos que viria.
Zarah levantou os olhos do livro e encarou Clara, que quase — quase — espumava de raiva. Depois, seu olhar vagou rapidamente por mim, Noah, James, Tanner, Stella, Sadie, Naomi e Raymond, antes de voltar à loira que parecia estar prestes a explodir.
— Clara, não é? — ela perguntou, fechando o livro com calma. Clara assentiu, ainda visivelmente irritada.
— Veja bem, eu realmente agradeço pelo que fez por mim no incidente do corredor. Tanto você quanto Stella e Sadie. — Zarah lançou um breve olhar para as duas, mas rapidamente voltou a encarar Clara. — Mas não acho que algo momentâneo seja suficiente para iniciar uma amizade com você e seu grupo. Eu realmente agradeço o convite, mas prefiro continuar como está. Com licença.
Zarah sorriu de forma educada e linda, mas distante, antes de se levantar e sair do refeitório.
Deixei minha incredulidade de lado e olhei para Clara. Quase me arrependi.
A loira estava com os olhos semicerrados na direção em que Zarah havia saído, os lábios crispados e as mãos fechadas em punho.
Automaticamente dei um passo discreto, mas significativo, para o lado. Todo mundo fez o mesmo, menos Tanner.
— Clara... — Tanner a chamou, cauteloso.
Quando ela finalmente se virou para nós, eu juro que achei que seríamos derrubados como uma bola de boliche arremessando pinos.
Mas, para minha surpresa, a expressão furiosa deu lugar a algo triste. Cabisbaixo.
— Amor, ela me rejeitou! — Clara choramingou, antes de se enterrar nos braços de Tanner, que soltou um suspiro de alívio tão discreto quanto possível.
Não sou muito religioso, mas naquele momento, rezei para todos os deuses que conhecia.
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Saí do treino mais tarde do que o normal, e a fome me atacou novamente a caminho de casa. Dessa vez, não parei em uma cafeteria, mas sim na minha lanchonete favorita: a Food & Friends. Era um dos melhores pontos de comida da cidade, e eu precisava desesperadamente de um hambúrguer acebolado acompanhado de uma porção de batatas fritas.
— Como vai, capitão? — Benjamin, um amigo que trabalhava ali, me cumprimentou com um sorriso. Troquei um cumprimento de punho com ele.
Benjamin era um cara tranquilo. Branquelo, com olhos e cabelos castanhos, e sempre usava duas correntinhas douradas no pescoço. Apesar de fumar, era um cara bacana.
— E aí, o que manda? — perguntei.
Fiz meu pedido, paguei e bati um papo rápido sobre o campeonato de basquete que estava para chegar. Benjamin era um grande fã do esporte e já havia jogado no time do colégio em sua época.
Com meu pedido em mãos, fui direto para a mesa do canto. — meu lugar de sempre. Joguei a mochila no banco acolchoado e peguei algumas batatas. Mas, antes de dar a primeira mordida, meu olhar travou na figura sentada à minha frente.
Só podia ser sacanagem.
— Espero que isso não se torne um hábito. — Zarah Green Hill sorriu de canto e voltou os olhos azuis-acinzentados para o livro que estava lendo, enquanto levava o canudo de um milk-shake de morango à boca.
— Não te vi aqui.
Ela apenas assentiu e continuou lendo. Esperei que ela se levantasse e fosse embora, como fez na cafeteria, mas dessa vez, continuou sentada. Dei de ombros e comecei a comer. — Meu estômago já não permitia esperar.
De vez em quando, lançava olhares para ela, mas Zarah não tirava os olhos do livro.
— Por que está me encarando? — ela perguntou de repente, pegando-me de surpresa. Só então percebi que tinha olhado por tempo demais.
— Você realmente gosta de ficar sozinha?
Ela levantou a cabeça e me encarou com o cenho franzido.
— Por que se importa?
— Não me importo. — Dei de ombros. — Só não entendo essa necessidade de estar sempre sozinha.
— Eu gosto da minha própria companhia. — Zarah fechou o livro e cruzou os braços abaixo dos seios, encostando-se no banco e me encarando com seriedade. — Vamos ser sinceros: o que você e seu grupo querem comigo?
Arqueei uma sobrancelha, surpreso com a pergunta.
— Por favor, não se faça de idiota. Eu sei que você passa longe disso. — Seu tom era firme, e eu começava a gostar disso. — O que vocês querem comigo?
— Absolutamente nada.
— Então por que Clara veio com aquele papo de querer minha amizade?
— Porque ela quis ser sua amiga? — Não resisti em debochar.
Zarah riu com desdém. Enquanto me encarava com um sorriso nos lábios, sua língua passou rapidamente pelo lábio inferior, e depois seus dentes o arranharam.
Todos os pelos do meu corpo se eriçaram com a visão.
— Não acha mesmo que eu vou cair nesse papo, né? — Ela arqueou uma sobrancelha, ainda sorrindo. — Vocês nunca olharam para a minha cara desde o primeiro ano e, agora, como num passe de mágica, sua amiga encrenqueira quer ser minha amiga?
— Ela realmente gostou da joelhada que você deu nos países baixos daquele pobre coitado.
— Aquilo não foi nada demais, e isso não justifica ela querer virar minha amiga do dia para a noite.
— Clara simpatiza muito fácil com quem tem atitude, especialmente mulheres.
— Sei. — Ela assentiu, claramente descrente. — Então ninguém perdeu uma aposta?
— Aposta? — Franzi o cenho, confuso.
— Sim, uma aposta. Quem perdesse deveria se tornar amigo da garota solitária do colégio. Ou, quem sabe, fazer a nerd ingênua se apaixonar e tirar a virgindade dela. — Sua voz era carregada de sarcasmo enquanto ela apontava para mim.
Isso me irritou.
— Garota, quem você pensa que nós somos? Eu e meus amigos não somos esses monstros que você inventou na sua cabeça.
— Eu não sei quem vocês são. Não conheço vocês ou suas índoles. Da mesma maneira que vocês inventaram uma versão minha na cabeça de vocês, eu também inventei uma versão de vocês na minha. Rumores e fofocas se espalham como fogo numa floresta, e ninguém está imune de ser queimado.
Ela se inclinou levemente para frente, apoiando as mãos espalmadas na mesa. Seus olhos azuis-acinzentados me encaravam com uma intensidade que parecia quase esmagadora. Sem falar das metáforas e palavras requintadas que ela usou.
— Não sei o que você e seus amigos querem comigo, e também não me interessa. Só me deixem em paz e voltem para suas vidinhas de populares.
Zarah jogou a bolsa no ombro, pegou o livro que estava sobre a mesa e me deu as costas, saindo da lanchonete sem olhar para trás.
Suspirei, passando a mão pelos cabelos. Peguei minha mochila, e só então percebi que todas as pessoas ao redor estavam me olhando. Presenciaram toda a discussão.
Odeio ser o centro das atenções pelos motivos errados.
— Atticus. — Benjamin me chamou antes que eu saísse. — Tudo bem, cara?
— Foi mal pelo show.
— Tranquilo, parceiro. — Trocamos outro cumprimento antes de eu sair para pegar o carro e ir para casa.
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— Ela o quê?! — Stella exclamou, atraindo olhares de algumas pessoas ao redor. Lancei meu pior olhar para a loira escandalosa, o que a fez abaixar o tom.
— Ela realmente acha que somos esses tipos de pessoas? — Sadie perguntou, irritada. O clima estava pesado. Todos pareciam ofendidos. Não é todo dia que você é acusado de brincar com a vida de alguém por causa de uma aposta.
— Bom... não é como se não a entendêssemos.
— O que quer dizer, Tan? — Ray perguntou, curioso.
— Não me chame por apelidos. — Tanner respondeu, ríspido.
— Certo. Desculpe. Continua. — Ray parecia interessado.
— Ela não está errada em desconfiar de nós. Nunca trocamos uma palavra com ela e, do nada, Clara chega pedindo sua amizade e, consequentemente, tentando integrá-la ao nosso grupo.
— Tanner está certo. É totalmente compreensível que ela tenha ressalvas. — James ponderou.
— Mas isso não justifica dizer que poderíamos ter feito uma aposta para alguém "conquistar a nerd ingênua, fazê-la se apaixonar e tirar sua virgindade". — Comentei, ofendido. — Que tipo de babaca faria isso? É doentio.
— Também não tiro a razão dela nesse ponto. — Clara interveio. — Muitos caras só querem se aproveitar. Vocês, como homens, sabem disso melhor que nós.
— Parece que nossa querida nerd é bem sagaz. — Noah brincou, mas logo pareceu pensar em algo. — Espera... ela é virgem?
— Sério que, de tudo o que foi dito, você só conseguiu se fixar nisso? Para de pensar com a cabeça de baixo, Noah! — Clara o repreendeu, e percebi Stella fechar a cara. Ela acha que ninguém nota o tombo que tem pelo Noah?
— O quê? Só achei surpreendente ela admitir algo assim tão fácil.
— Deus amado, meu irmão é um merda. — Clara balançou a cabeça, lamentando.
— Vocês realmente estão preocupados com o que aquela nerd esquisita pensa de nós? Ah, por favor! — Karine entrou na conversa, revirando os olhos.
— Eu não sei você, Karine, mas eu não quero ser conhecida como alguém que só faz amizades por perder apostas. — Stella rebateu, recebendo concordâncias de Sadie, Clara e Naomi.
— E nem nós como filhos da puta que tiram virgindades por diversão. — Acrescentei, recebendo acenos firmes dos outros caras.
Karine revirou os olhos novamente, bufou e saiu de perto, irritada.
— Ray, você é um amor de pessoa, mas sua prima é um nojo. — Clara comentou, observando Karine cruzar o pátio. — Só ainda não dei uma surra nela por sua causa, mas já estou reconsiderando.
Ray suspirou, apoiando o queixo na cabeça de Naomi.
— Karine pensa que pode tudo e que está sempre certa. Já tentei conversar com ela várias vezes, mas ela nunca me escuta.
— Sugiro que consiga fazê-la ouvir, porque, se eu for falar, não vai ser com a boca. — Clara estreitou os olhos, cruzando os braços.
Ray engoliu em seco, e eu sufoquei uma gargalhada. Adorava quando Clara ameaçava.
Nos distraímos falando de coisas banais até que percebi uma movimentação estranha vindo do refeitório. Pessoas cochichavam algo e corriam para lá. Troquei um olhar com Ray, e seguimos a multidão. Pela expressão das pessoas, coisa boa não era.
E não era mesmo.
Zarah estava no meio do refeitório, encharcada com o que parecia ser suco de uva — cabelo, roupas e até o livro. Ao redor dela, Karine e suas inseparáveis seguidoras, Cloe e Lilith, gargalhavam como se fosse a coisa mais engraçada do mundo.
Alguns riam discretamente, mas a maioria parecia chocada.
— Que porra é essa?! — Clara explodiu, sua "delicadeza" fazendo o refeitório mergulhar num silêncio instantâneo. Apenas Karine e suas discípulas continuavam rindo.
— Karine, o que pensa que está fazendo? — Ray perguntou, furioso. E não era o único.
Eu estava a ponto de agarrar o pescoço dela.
— Mostrando para a nerd o quanto me importo com a opinião dela sobre mim. — Karine respondeu, com um sorriso desdenhoso.
Minha mandíbula travou. Se ela fosse um homem...
— Taca o pau, doido! — Max gritou de longe, rindo.
Respirei fundo, tentando me controlar, e caminhei até Zarah, tirando minha jaqueta do time de basquete.
Quando tentei colocá-la sobre seus ombros, ela recuou.
— Zarah...
— Não. Não chega perto de mim. — Ela praticamente rosnou, os olhos furiosos me prendendo no lugar.
Zarah foi até uma mesa, depositou o livro encharcado sobre ela e amarrou o cabelo num rabo de cavalo. Tirou sua jaqueta branca, sacudiu-a para retirar o excesso de líquido e a jogou sobre o antebraço. Pegou o livro novamente e saiu do refeitório sem olhar para ninguém.
Fechei a mão em punho e me virei para Karine. Ela começou a encolher sob meu olhar, mas Noah e Ray me seguraram.
— Espero que nunca mais se aproxime de mim. Do contrário, vou esquecer que você é mulher. — Rosnei.
— Calma, Atticus. — Noah tentou acalmar.
— Calma nada! Eu não sou homem! — Clara exclamou, indo direto até Karine e agarrando seu cabelo na altura da nuca, puxando-o para baixo. Preparava-se para dar um soco, mas Stella interveio, segurando seu braço.
— Me solta, Ella! — Clara rosnou, usando o apelido da amiga. Seus olhos estavam cheios de raiva, e eu quase desejei que a loira a deixasse terminar o serviço.
— Clara, o sinal vai tocar. Não vale a pena se encrencar por causa da Karine!
— Ah, eu vou fazer valer, pode ter certeza!
— Me soltem. — Pedi, e Ray e Noah me soltaram. Segui na direção de Zarah, sem me importar com o que aconteceria com Karine.
No corredor, o movimento era escasso, mas avistei o cabelo ruivo desaparecendo no segundo andar. Acelerei o passo, alcançando a sala em que ela entrou.
Zarah guardava seu material na mochila, com movimentos cheios de raiva.
— Zarah...
— Para! — Ela se virou para mim, olhos cinzentos azulados brilhando de determinação e... lágrimas. Uma única lágrima escorreu por seu rosto.
— É exatamente por isso que prefiro ficar sozinha. — Disse, puxando o braço que eu segurava antes de desaparecer porta afora.
[...]
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[Notas da autora]
✒Capítulo escrito em: 04/02/2022
✒Capítulo publicado em: 12/07/2023
✒Capítulo corrigido gramaticalmente em: 12/05/2024
✒Capítulo reescrito em: 16/01/2025
E, gentee?? Gostaram do capítulo? Por favor, sejam sinceros!!! Críticas, elogios e sugestões serão bem-vindos.
Eu estou inundada de criatividade por enquanto, estão vou escrever até cansar, fiquem tranquilos!!
[...]
Quem quer o próximo capítulo?!
VOTEM MUITOOOOOO!!!
Beijos da sua (possível) autora favorita!❣
~Jade.
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