𝟭𝟭 𖧹 O Cɑstigo Merecido
❝Você deveria saber o preço da maldade
E dói saber que você pertence a este lugar,
Ninguém para chamar, todos a temer
Seu destino trágico é tão claro, sim
Oh, é o seu maldito pesadelo❞
Avenged Sevenfold - Nightmare
A INFÂNCIA DE Miles Bennett desenrolava-se como um paradoxo, onde o luxo e o tormento eram tecidos juntos na mesma tapeçaria de vida. Cercado pela opulência de uma mansão imponente, ele poderia ter sido o herdeiro de um reino encantado, mas as sombras que se escondiam por trás das fachadas grandiosas contavam uma história diferente. Seu pai, um pilar da sociedade empresarial, era o mestre de cerimônias dessa dualidade, onde a violência era o espetáculo oculto, longe dos olhos do mundo, mas profundamente sentido no coração de uma criança.
Por trás das portas fechadas daquela casa, onde deveria reinar a segurança e o amor, Miles encontrava-se navegando por um mar turbulento de emoções e experiências que moldaram seu caráter e suas escolhas futuras. A riqueza material não podia amortecer o impacto das tempestades emocionais que assolavam o lar, tornando cada canto daquela mansão um lembrete constante da dicotomia entre o que o mundo via e o que realmente acontecia entre suas paredes.
Sua mãe, uma figura de fragilidade e submissão, suportava em silêncio as agressões constantes de seu marido. As marcas físicas em seu corpo eram um testemunho visível da violência, mas era nas profundezas de sua psique que as cicatrizes mais profundas se formavam. Seus olhos, repletos de tristeza, encontravam os de Miles em um apelo mudo por socorro, um pedido que ele, ainda criança, se via impotente para atender. O silêncio tornou-se seu refúgio, sua armadura contra a tempestade de emoções que ele não tinha como expressar ou aliviar. Era uma barreira frágil, mas a única que ele conhecia.
O pai, um magnata dos negócios com uma presença tão imponente quanto a mansão em que habitavam, era mestre em ocultar as atrocidades cometidas sob seu próprio teto. Com a destreza de um ilusionista, ele manipulava as percepções daqueles ao redor, subornando autoridades e tecendo uma rede de influências que garantia a imaculada reputação da família Bennett. A fachada de filantropo e líder empresarial escondia um monstro desprovido de empatia, alheio ao sofrimento que suas mãos infligiam.
Nas raras ocasiões em que as suspeitas ameaçavam emergir, ele as dissipava com a habilidade de um estrategista, transformando potenciais acusações em nada mais do que murmúrios passageiros. O nome Bennett permanecia intocado, envolto em uma aura de respeitabilidade, enquanto as verdadeiras cores de seu patriarca permaneciam escondidas, conhecidas apenas por aqueles que sofriam em silêncio dentro das paredes daquela mansão.
Em uma noite fatídica, a violência que se escondia nas sombras da mansão Bennett atingiu seu ápice. A mãe de Miles, cuja presença sempre fora a luz suave da bondade foi extinta na mansão Bennett, sucumbiu às mãos brutais de seu marido. A agressão que tirou sua vida foi um golpe silencioso, mas devastador, que reverberou pelas paredes do lar e pelo coração partido de uma criança.
Articus Bennett, um homem cuja alma era tão fria quanto às colunas de mármore de sua mansão, agiu rapidamente para esconder o crime hediondo. Com sua influência e riqueza, ele silenciou as autoridades, transformando a verdade em uma mentira conveniente. Para o mundo, ele vestiu o manto do luto, mas por trás dessa máscara, escondia-se um monstro indiferente à atrocidade que cometera.
A morte de Linda Bennett deixou um vazio imenso, uma ausência de amor e calor que antes permeava cada canto da casa. Ela era a essência da bondade e da humanidade que agora haviam sido arrancadas da alma do garoto, deixando para trás apenas um a escuridão e perversidade onde antes existia algum resquício de luz e bondade .
A educação de Miles foi uma forja cruel, onde o calor do amor materno foi substituído pelo frio do aço paterno. O patriarca, um homem de exigências implacáveis, moldou-o com a mesma falta de escrúpulos e desumanidade que caracterizava sua própria alma. A disciplina era uma armadura de rigidez e perfeição, e qualquer falha era punida com uma severidade, o garoto cresceu no solo envenenado da desumanidade e do ressentimento, aprendendo que o poder pertencia aos que dominavam sem misericórdia.
Com o passar dos anos, a sombra do pai se estendeu sobre Miles, engolindo os últimos vestígios da criança inocente. A humanidade que sua mãe representava morreu com ela, e o menino tornou-se um homem cujo coração não conhecia a compaixão. Ele se tornou um monstro tão inescrupuloso e desumano quanto seu pai, um eco sombrio da figura que o havia criado. A morte de Linda não foi apenas uma perda física, foi o extermínio de qualquer ternura que pudesse ter sobrevivido na mansão Bennett.
Ao atingir a maioridade, viu sua existência tomar um caminho inesperado. Articus, outrora uma figura imponente, foi assolado por uma doença degenerativa que o consumiu aos poucos. Observando o definhamento do homem que o moldou, Não havia espaço para compaixão em seu coração, em vez disso, uma satisfação sombria ao testemunhar a agonia sem demonstrar nenhuma empatia ou misericórdia.
A morte inevitável do patriarca não trouxe o alívio que muitos esperariam. Para Miles, foi a confirmação amarga de que a escuridão que ele tanto desprezava em seu pai também fluía por suas próprias veias ━━ Um legado maldito do qual ele não se preocupou em escapar.
A imensa fortuna que Miles Bennett herdou lhe conferia o poder de reescrever sua história, de quebrar o ciclo vicioso de violência e opressão que marcara sua linhagem. Ele tinha nas mãos a chave para um novo começo, uma chance de purgar os pecados de seu passado e forjar um legado de benevolência. No entanto, a escuridão que se enraizaram em seu ser desde a infância mostrou-se uma companhia constante e confortável na sua perspectiva. Miles escolheu não a redenção, mas a continuação do caminho tortuoso traçado por seu pai.
Tornou-se um homem tão cruel e perverso quanto o progenitor que desprezava. A perversidade fluía em suas veias com a mesma naturalidade com que a crueldade dominava o coração de seu pai. Ele não se importava com as consequências de seus atos, nem com o sofrimento que infligia. Para Miles, a humanidade era uma fraqueza esquecida, um traço que morrera junto com sua mãe. E assim as pessoas inocentes que tiveram o azar de cruzar em seu caminho, pagaram o preço pelas escolhas de um homem que se entregara à própria monstruosidade.
A infância atribulada não servia como desculpa para suas ações, mas iluminava as raízes enterradas de sua crueldade. Ele era um homem corrompido, acorrentado às sombras que o consumiam desde a sua infância. A fortuna e o poder, embora vastos, eram incapazes de redimir uma alma que se entregara voluntariamente à escuridão.
E aos vinte e quatro anos, encontrou-se no mesmo ciclo vicioso que seu pai havia perpetuado. Com as mãos manchadas pela mesma atrocidade que outrora testemunhara, ele se tornou a repetição viva dos pecados de seu progenitor.
A vida, com sua justiça implacável, não tardou a cobrar o preço de seu ato imperdoável. O destino, como um juiz severo, impôs a Miles a penitência por sua crueldade ━━ Uma dívida que ele carregaria como um fardo eterno, um lembrete constante de que algumas escolhas são irreversíveis e suas consequências, inescapáveis.
O homem que outrora caminhava por corredores adornados com o brilho da riqueza, agora trilhava os passos ecoantes pelos corredores sombrios de uma prisão. O luxo de sua vida se desvaneceu, dando lugar ao cinza desbotado do uniforme prisional e à rotina monótona das celas. As grades frias que o cercavam eram o oposto de sua antiga mansão, ele não era mais o herdeiro arrogante, cercado por servos e adulações, mas um recluso, um número entre muitos, pagando pelos atos atrozes que cometera.
As noites na cela de Miles eram um tormento infindável. O silêncio opressivo era ocasionalmente cortado pelo som metálico dos passos dos guardas e pelos sussurros abafados dos outros detentos. Mas era uma presença invisível que mais o atormentava ━━ Miranda, a sombra de sua vítima, assombrava-o incessantemente.
Ela se infiltrava em seus sonhos e despertares, uma lembrança constante do ato imperdoável que ele havia cometido. A culpa se manifestava como um fantasma que não concedia trégua, tornando cada noite atrás das grades um lembrete de sua condenação eterna.
Noite após noite, quando as luzes da prisão se apagavam e a escuridão engolia a cela, sentia a presença inconfundível dela. Um calafrio implacável invadia sua espinha, sinalizando a chegada silenciosa de Miranda, com seus olhos acusadores e cabelos desgrenhados, que flutuava acima de sua cama como um espectro de condenação. Sem proferir uma palavra sequer, sua presença era um veredito inegável de culpa.
Miles lutava para ignorar o fantasma que o atormentava, mas era uma batalha perdida. Ela sussurrava lembranças torturantes em seus ouvidos, arrastando-o de volta para cada detalhe do crime ━━ As mãos trêmulas, o grito sufocado, o sangue que eternamente mancharia suas mãos. Preso em um ciclo vicioso, ele revivia a atrocidade que cometeu noite após noite, como se estivesse condenado a um pesadelo sem fim.
Além da assombração de Miranda, que o perseguia como uma sombra silenciosa, os demais detentos da penitenciária também não lhe davam trégua. Eles estavam cientes de sua identidade e dos atos atrozes que ele cometera. Murmuravam, com desprezo e ressentimento, apelidando-o de "o magnata assassino". Seus olhares eram carregados de rancor e antipatia, observando-o atentamente, aguardando ansiosamente uma oportunidade para executar sua própria forma de justiça.
O clima na prisão era tenso e hostil, e ele se tornou o alvo de constantes agressões e estupros. As surras e abusos eram brutais e implacáveis. Em cada sessão de espancamento, todas as vezes que seu corpo era invadido sem sua permissão, havia um eco cruel do destino, um lembrete punitivo de que ele estava colhendo as consequências nefastas de seus pecados. Era como se cada golpe fosse um capítulo doloroso em sua sentença, escrita pela mão invisível da retribuição.
E assim, Miles Bennett permanecia envolto na escuridão, uma sombra entre as sombras, pagando o preço de seus erros com cada batida torturada de seu coração. O passado era um carrasco implacável, e os demônios que o assombravam eram tão reais quanto as barras frias de sua cela. A prisão era mais do que um conjunto de paredes e grades, era o reflexo de uma alma em cativeiro, uma mente acorrentada pelo peso do atos imperdoáveis.
Noite após noite, ele se deitava em seu catre estreito, os olhos abertos na escuridão palpável, enfrentando o julgamento silencioso imposto por Miranda, o fantasma que se recusava a deixá-lo em paz. Sua ex-namorada era uma presença constante que o lembrava de que, embora pudesse um dia ser libertado da prisão de pedra, jamais se libertaria das amarras de pecado. Era uma batalha interna sem trégua, onde a redenção parecia tão distante quanto as estrelas que ele não podia ver.
𝓘mperdoάvel
• Capítulo com 1858 Palavras
• Escrita por Maíra Lima
• Sem Revisão Ortográfica
• Publicado 05 de Maio de 2024
• Todos os Direitos Reservados © 𝟮𝟬𝟮𝟰
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