Cap 4: Cobras vs Dragões

A noite havia sido difícil para alguns. A ansiedade por causa do Sekai Taikai parecia pulsar no ar, carregada de tensão, enquanto o primeiro dia da competição se aproximava. Para outros, no entanto, o nervosismo não era tão evidente, substituído por uma calma aparente ou por estratégias em construção. Mas nada disso importava agora. Tudo estava pronto.

Os dojos começaram a chegar, um a um, alinhando-se lado a lado com seus oponentes. Os senseis estavam atrás de seus times, imponentes e com olhares atentos, como verdadeiros generais antes de uma batalha.

O apresentador subiu ao palco com postura firme, o microfone em mãos. Assim que sua voz ecoou pelo local, o burburinho cessou.

— E chegou o momento. Bem-vindos ao nosso primeiro dia! Espero que todos estejam bem descansados e prontos para uma competição nova e única. Nós a chamamos de "Guerra dos Capitães". Já mencionamos a importância de seus capitães. Agora vamos ver como vocês os protegem. Quatro dojos entrarão no tatame, mas apenas um ficará de pé. Se você cair no tatame, estará fora. Se o capitão cair, toda a equipe estará eliminada desta rodada. Verifiquem no painel os grupos, que foram decididos por sorteio.

As telas gigantes se iluminaram com os nomes das equipes, e os competidores se inclinaram para observar os grupos formados. Os olhos de Yuna focaram rapidamente no painel. Ao encontrar o nome Cobra Kai, acima dele, viu Miyagi-Do. Ela imediatamente olhou para seu irmão, Kwon, que estava ao lado. Ambos trocaram sorrisos maliciosos, como se já soubessem o que fazer.

No entanto, outro nome chamou a atenção de Yuna: Iron Dragon. Ela estreitou os olhos, tentando lembrar de onde conhecia esse nome. Seus pensamentos vagaram até que seus olhos escanearam a multidão e se fixaram em Axel. Ele não apenas fazia parte desse dojo, como também era o capitão.

Yuna arqueou uma sobrancelha, surpresa e desconfiada.

— Não sabe nem consertar uma medalha, e vai ser capitão de um dojo? — murmurou quase inaudível, mas com uma ironia evidente.

— O que você disse? — perguntou Kwon, percebendo sua fala.

— Nada não — respondeu ela, desviando o olhar de Axel.

Os dojos se reuniram em círculos, cada um com sua equipe, para discutirem estratégias. O clima estava carregado, cada grupo tentando prever os movimentos dos outros.

— Eliminem o Miyagi-Do primeiro. São os mais fracos. Deixem que venham para cima, depois lidamos com os outros dojang — Kwon ordenou.

Yuna, porém, parecia distante, perdida em pensamentos. Ela não conseguia tirar Axel da cabeça. Ele era um oponente agora, e isso bastava para que ela quisesse eliminá-lo pessoalmente.

— Não vai funcionar — Tory rebateu, interrompendo os planos de Kwon. — Eles vão proteger o "ovo". Eu conheço eles. Temos que atacar, quebrar a linha de frente e chegar aos capitães.

— Fica quieta. A capitã aqui não é você — Kwon respondeu com firmeza, lançando um olhar frio para Tory.

— É, mas a capitã não está falando nada. Alguém tem que falar se quisermos ter uma chance! — Tory insistiu, com seu tom desafiador.

Kwon bufou, virando-se para Yuna.

— Mas ela vai falar, não é, Yuna?

Yuna piscou, sendo arrancada de seus pensamentos pelos olhares de todos.

— Hum? — perguntou, confusa. Sentindo a pressão, ela balançou a cabeça e respondeu de forma vaga: — É... façam o que quiserem. Só acabem com todos.

Yoon ergueu uma sobrancelha, intrigado.

— Pera aí, está dizendo para fazermos o que quisermos?

Yuna suspirou, seu olhar se movendo brevemente para Kwon antes de focar no Miyagi-Do.

— Ataquem os mais fracos. O resto a gente pega depois — disse, com um tom mais firme.

Tory apertou os olhos, claramente irritada, sabendo que a estratégia estava fadada ao fracasso.

— Foi exatamente o que eu disse! — Kwon respondeu, satisfeito, e retomou sua explicação.

Enquanto o grupo continuava discutindo, Yuna não conseguia tirar os olhos de Axel, que estava firme ao lado de seu dojo. Ele parecia completamente diferente daquele garoto atrapalhado que ela conheceu. Algo em sua postura a irritava, mas ao mesmo tempo despertava um desejo ardente: derrotá-lo pessoalmente.

Assim que o tempo acabou, a luta iniciou.

Yuna respirou fundo, seus olhos brilhando com determinação, e avançou diretamente para os Iron Dragon. A movimentação no tatame foi instantânea, com todos os dojos mergulhando em ação. O som dos pés batendo contra o chão e dos gritos de kiai ecoavam, enchendo o ar de tensão.

Kwon observou o avanço da irmã e franziu o cenho ao vê-la indo em direção oposta ao plano.

— Aonde você vai? — ele gritou, enquanto investia contra os lutadores do Miyagi-Do.

— Atacar os mais fracos, — Yuna respondeu, seu tom carregado de confiança.

Yuna não teve muito tempo para se aproximar de Axel, pois uma lutadora do Miyagi-Do cortou seu caminho. A garota asiática avançou com um chute frontal direto, tentando surpreender. Yuna, com reflexos aguçados, deslizou para o lado, desviando do ataque no último segundo.

— Não vai fugir, cobrakaizinha, — a garota disse, seu olhar fixo em Yuna.

— Agora quem não vai fugir aqui é você, — Yuna rebateu, atacando com força.

Ela iniciou uma combinação de ataques rápidos: um chute lateral direto ao abdômen, seguido de um soco giratório que a oponente mal conseguiu bloquear. A garota tentou contra-atacar com um chute em gancho, mas Yuna abaixou-se, rodopiando no chão, e desferiu uma rasteira certeira. A lutadora do Miyagi-Do caiu no tatame, batendo de costas com força.

Yuna respirou fundo, satisfeita, mas sem tempo para comemorar.

Enquanto os competidores iam sendo eliminados, Yuna percebeu a capitã do Miyagi-do exposta, parada estrategicamente para proteger os remanescentes do Miyagi-Do.

— Essa deve ser a tal Samantha... — murmurou, lembrando-se das palavras de Kreese.

Ela avançou com rapidez, e Samantha percebeu o ataque iminente. Sem hesitar, a capitã do Miyagi-Do adotou uma postura defensiva, aguardando o movimento de Yuna.

O impacto inicial foi intenso. Yuna lançou um chute em gancho alto, mirando a cabeça de Samantha, que se defendeu com os antebraços cruzados. Aproveitando a abertura, Samantha contra-atacou com uma sequência de socos rápidos, um deles quase atingindo o rosto de Yuna.

Yuna desviou com uma cambalhota lateral, posicionando-se rapidamente para um contra-ataque. Ela lançou um chute giratório que Samantha evitou por pouco, mas o movimento seguinte, um golpe direto ao tórax, a fez recuar alguns passos.

Samantha tentou um ataque surpresa: um chute frontal ao peito de Yuna. Mas Yuna agarrou sua perna no ar, girou o corpo da adversária e a lançou ao chão. Samantha se segurou por pouco rolou para trás, os olhos queimando de determinação.

A troca de golpes foi incessante: socos cruzados, chutes giratórios, e defesas rápidas, enquanto as duas lutadoras demonstravam toda sua técnica. O som dos impactos era abafado pela multidão que assistia, cada golpe aumentando a adrenalina no ambiente.

Tory apareceu ao lado de Yuna, visivelmente pronta para ajudar contra Samantha.

— Não preciso da sua ajuda, — Yuna disse friamente, empurrando Tory para o lado sem tirar os olhos de Samantha.

Com um salto rápido e um giro de 360 graus, Yuna desferiu um chute poderoso que atingiu o ombro de Samantha, desestabilizando-a. Samantha tentou recuperar o equilíbrio, mas Yuna avançou com uma combinação perfeita: um chute baixo para desviar sua atenção seguido de um soco direto ao tórax. Samantha caiu no tatame com força, ofegante.

Do outro lado, Kwon enfrentava Robby com intensidade semelhante. Os dois trocavam golpes ferozes. Kwon acertou um chute ascendente que atingiu o queixo de Robby, mas o lutador do Miyagi-Do respondeu com um soco que quase desequilibrou Kwon. Porém, ele avançou ainda mais. Kwon o arremessou com um golpe firme e preciso.

No exato momento em que Robby tocou o chão, Yuna derrotou Samantha com um último chute lateral no peito. A buzina soou, encerrando a luta.

Os irmãos derrotaram juntos, os capitães do Miyagi-do.

— Os capitães do Miyagi-Do caíram! O Miyagi-Do está fora! — anunciou o juiz, a voz ecoando pelo ginásio.

Yuna limpou o suor da testa e lançou um sorriso debochado para Samantha.

— Foi moleza, cara, qual é? — Kwon provocou, enquanto os lutadores do Miyagi-Do deixavam o tatame.

— Você foi péssima, linda, — Yuna debochou, mandando um beijo no ar.

Quando o juiz anunciou a eliminação do Falchi Della Notte, restavam apenas dois dojos no tatame: Cobra Kai e Iron Dragon. Yuna estreitou os olhos, observando os oponentes restantes. Agora era tudo ou nada.

Os Cobra Kai estavam em desvantagem: quatro contra todos os lutadores do Iron Dragon ainda de pé.

Yuna, Tory, Kwon e Yoon sabiam que precisariam lutar com tudo, sem hesitação ou compaixão, ou seriam esmagados e humilhados.

— Todos os seis ainda tão de pé, — Tory comentou, avaliando os adversários.

— Qual a estratégia agora? — Kwon perguntou, olhando para Yuna ao lado.

— Eles são altos, mas a gente aguenta. Acertem o bloqueio e cheguem nos capitães, — Yuna respondeu firme, enquanto os quatro entravam em posição de luta.

Assim que os Cobra Kai iam avançar, algo inesperado aconteceu. Os quatro lutadores que protegiam os capitães do Iron Dragon ajoelharam com um só joelho em perfeita sincronia, e depois se levantaram com um movimento calculado. Um deles gritou algo inaudível, e todos obedeceram sem hesitar, abrindo caminho para os capitães, que avançaram alguns passos à frente.

Yuna estreitou os olhos, confusa, enquanto seu olhar cruzava com o de Axel. Ele manteve uma expressão fria, distante, como se nunca a tivesse conhecido. A indiferença dele apenas alimentou a raiva de Yuna.

— Eu e a Yuna pegamos a baixinha. Vocês cuidam do grandão, — Tory disse, ajustando rapidamente a estratégia.

Kwon assentiu, movendo-se ao lado de Yoon para enfrentar Axel. Já Yuna seguiu diretamente para a capitã do Iron Dragon ao lado de Tory.

— Fica focada, você não pode cair, — Tory alertou, mantendo a atenção nos movimentos da oponente.

— Eu faço o que eu quiser, — Yuna rebateu, ignorando o plano e indo diretamente em direção a Axel, sua raiva dominando qualquer estratégia.

— Ah, droga, de novo não! — Kwon gritou, frustrado ao ver sua irmã desviar do combinado.

Axel manteve sua postura firme e implacável, bloqueando todos os golpes que Yuna tentava desferir. Kwon e Yoon logo apareceram para ajudá-la, mas, mesmo em trio, ninguém conseguia acertar um único golpe nele. Cada tentativa era desviada ou repelida com precisão.

Enquanto isso, Tory enfrentava uma batalha feroz contra a capitã do Iron Dragon. A garota era rápida, habilidosa e extremamente estratégica. Com um movimento ágil, ela conseguiu desestabilizar Tory e derrubá-la no tatame.

No mesmo instante, Axel derrubou Yoon com um golpe direto e preciso. Restavam apenas os capitães dos dois lados e os irmãos Yuna e Kwon contra os capitães do Iron Dragon.

— Tive uma ideia, — Yuna disse a Kwon, mas antes que ele pudesse responder, a capitã do Iron Dragon atacou rapidamente, forçando Yuna a desviar no último instante.

— A sua luta é comigo, — declarou a capitã, sua voz baixa, mas carregada de determinação.

Sem dar tempo para Yuna reagir, a garota começou a atacar de forma incessante, cada golpe mais rápido e preciso que o anterior. Yuna mal conseguia defender, forçando-se a recuar repetidamente.

Enquanto isso, Axel enfrentava Kwon com a mesma calma inabalável. Apesar dos ataques frenéticos de Kwon, Axel permanecia impassível, esquivando-se com facilidade e bloqueando cada movimento.

Em poucos segundos, Axel encontrou uma abertura e derrubou Kwon com um golpe devastador. Ao mesmo tempo, a capitã do Iron Dragon finalizou sua sequência de ataques e, com um golpe certeiro, fez Yuna cair no tatame.

Os dois irmãos caíram juntos, assim como haviam feito com os capitães do Miyagi-Do. Desta vez, o golpe foi contra eles.

— Bem-vinda a Barcelona, lixo, — a capitã disse a Yuna no chão, sua voz carregada de desprezo.

Kwon se levantou, mancando, com raiva evidente no rosto. Yuna, igualmente frustrada, levantou-se pouco depois, a humilhação refletida em seu olhar.

Os Iron Dragon venceram. Axel, sem demonstrar qualquer emoção, simplesmente voltou para junto de seus colegas, como se a vitória fosse apenas uma formalidade.

Yuna apertou os punhos, observando-o se afastar. Sua raiva por ele, agora, era insuportável.

Continua...

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