Suspirei, finalmente terminando de pintar aquela tela, onde havia feito uma pintura rica em detalhes de uma floresta; as cores verdes claras e escuras realçando a pintura, o cenário expondo uma noite estrelada e a lua em sua forma crescente. Honestamente, aquele cenário surgiu de minha cabeça, e decidi reproduzi-lo em um quadro.

Como uma artista há um tempo, havia um confortável estúdio próprio, próximo de onde eu morava, onde havia quadros, pinturas e desenhos meus expostos por todo canto daquele ambiente.

Desde pequenina sempre tive essa paixão por desenhar e pintar, e então decidi criar meu próprio estúdio. Expressar meus sentimentos através de um quadro era um de meus hobbies.

Já me preparava para ir para casa, quando de repente recebi uma ligação. Arqueei uma sobrancelha, e peguei meu celular, vendo o nome "Giselle" na tela, minha melhor amiga. Não hesitei em atendê-la, curiosa pelo motivo da ligação.

── Yuyu! Finalmente me atendeu! Não se deu conta das vezes que te liguei?── Aeri falou, parecendo estar irritada mas claramente não estava. Eu a conhecia direito para saber que ela estava fingindo.

── Perdão, Gigi! Eu estava ocupada... Está tudo bem?

── Estou sim, e pergunto o mesmo de você. Mesmo estando ocupada, deveria ter pelo menos me mandado uma mensagem dizendo que não poderia me atender! Você me deixou preocupada, sabia? 

── Estou igualmente bem, amiga. Desculpa novamente, eu estava concentrada no que eu estava fazendo, eu procurava não me distrair com nada.

── Não tem problema, eu apenas estava brincando! Queria te perguntar algo...

── Pode perguntar! O que é?

── Você está livre hoje á noite? Tipo, tem algo planejado para mais tarde?

── Não, não tenho nada mais planejado para hoje. Por quê? 

── Bem... queria que você fosse junto comigo para o bar, um perto da loja de conveniência. Sabe, para a gente conversar mais... 

── Mas a gente não está conversando agora?

── Não é essa questão, Yuwon! Quase nos afastamos, estamos mais distantes umas das outras, por causa do trabalho e... enfim, essas coisas que nos deixam ocupadas. Você topa?

Eu respirei fundo e hesitei um pouco em responder. O fato de estarmos um pouco distanciadas era em si verdade, mas... eu não gostava muito de sair nesses tipos de lugares, principalmente em bares. Não eram lugares que eu frequentava. 

── Eu... não sei. Você sabe que eu não gosto muito de sair...

── Eu sei... mas é só dessa vez, por favorzinho!── Ela disse, quase implorando.

── Olha... depois eu me decido. Tenho que voltar para casa primeiro. Eu te ligo depois, Aeri, te amo.

── Tudo bem... te amo igualmente.

Desliguei meu celular, o guardando em minha pequena bolsa. Pegando minhas chaves no bolso de minha calça, tranquei o estúdio, começando a andar em direção á rua de minha casa.

Enquanto andava pela calçada, pensava profundamente sobre o que Giselle havia me dito. Eu confesso que não era muito sociável e que não curtia sair, mas... não queria a decepcionar.

Chegando em casa, peguei minhas chaves novamente, abrindo a porta de minha casa, logo que entrei, a tranquei atrás de mim. Nem hesitei ao ir em direção á o banheiro, soltando um longo suspiro antes de entrar. 

Me despindo calmamente, liguei o chuveiro, fechando o box. Deixei com que a água morna tomasse conta de meu corpo, aliviando todos meus pensamentos intrusivos e negativos, apenas concentrada no conforto do banho. 

Depois do que pareciam horas, finalmente tive que desligar o chuveiro e me secar, portanto, por mais que eu quisesse, não podia ficar tanto tempo assim embaixo d'água. Indo até meu quarto para trocar de roupa, já havia me decidido: eu iria junto com Giselle. Uma vez não iria fazer mal, não é?

Demoro um pouco para escolher o que vestiria em seguida, porém, dando uma revirada em meu guarda-roupa, optei por um vestido preto, brilhante porém um pouco curto, o que ia até minhas coxas. Calcei um par de salto alto pretos também, apenas para combinar e não ficar tão diferente das cores em que eu estava vestida.

 Colocando mais alguns acessórios, pondo uma leve maquiagem em meu rosto, arrumei meus cabelos e me perfumei. Quando terminei de me arrumar, me sentei na cama, pegando meu celular novamente, logo procurando pelo contato de Giselle, lhe mandando uma mensagem:
"Gigi, decidi que irei com você, mas só desta vez! :)"

Em menos de minutos, a mesma me respondeu rapidamente, parecendo animada e contente com minha resposta:
"QUE ÓTIMO! Estou ansiosa! Eu iria ficar realmente decepcionada, pois me antecipei e já estou arrumada! Enfim, te espero na frente de sua casa daqui a pouco!"

Sorri lendo a mensagem. Aeri parecia realmente entusiasmada para sair comigo, afinal, eu quase não saia de casa, ao não ser para meu estúdio ou para fazer compras mesmo.

Saí de meu quarto, desci as escadas e fui até a sala, me sentando no sofá para esperar Giselle. Sinceramente, eu estava um tanto quanto ansiosa. Como citei anteriormente, poucas vezes saia de casa, então seria uma experiência um pouco nova para mim.

[...]

Enquanto me distraia com meu celular, ouvi uma batida na porta. Suspirei, e peguei minha bolsa, guardando meu celular ali. Me levantei, peguei minhas chaves e abri a porta. Como o esperado, era ela: Giselle. 

A mesma parecia muito bem arrumada, porém mais do que eu, o que fez a beleza dela ficar ainda mais amostra. Sorri para ela, e nem deu tempo de cumprimentar ela, pois Aeri me puxou para um abraço, como um cumprimento. A abracei de volta, depois de alguns segundos ela me soltou, animada:

── Yuyu! Você está linda, garota! Faz tempo que você não se arruma assim, não é?── Ela me elogiou, logo soltando uma risada baixa.

── Obrigada... e sim, eu confesso. Faz bastante tempo que não demoro para escolher o que vou vestir!

── Oh, mas isso não é um problema agora. Enfim, vamos?

── Claro!

Entusiasmada, Giselle começou a liderar o caminho, me fazendo á seguir. Eu não tinha tanta certeza se este horário era tão bom para nós duas sairmos. Era de noite, próximo das nove horas da noite. Ok, eu sei que parece cedo, mas para mim, que dormia sempre dormia cedo, já era um pouco tarde. Não estava acostumada a sair esse horário.

Olhando em minha volta, as ruas pareciam um tanto quanto vazias, poucos carros passavam, dizendo o mesmo para pessoas, que via apenas algumas andando pelas calçadas.

[...]

Depois de minutos andando pelas ruas, finalmente chegamos em nosso destino, onde Giselle parou um pouco e olhou para mim, com um sorriso radiante em seus lábios. Ela deu um passo em minha direção, pegando minha mão, lhe trazendo junto com ela mais uma vez, e não hesitei em acompanhá-la.

Entrando lentamente junto com ela, olhava em meu redor, observando o ambiente em que eu nunca havia entrado antes. O bar tinha uma iluminação vermelha e um pouco mais escura, criando uma atmosfera mais quente e bonita no local, mais chamativa para falar a verdade. Ele era movimentado, mas não lotado, eu diria. É mais interessante do que eu imaginava, pensei.

Aeri soltou minha mão quando chegamos perto do balcão, pedindo um copo de cerveja para o barman. Ela olhou para mim, perguntando se eu queria alguma coisa também. Hesitei um pouco para respondê-la. Um pouco bebida não me faria mal, não é mesmo?

Pedi um copo de whisky, e a mesma pareceu um pouco impressionada, porém não protestou e informou ao barman. Enquanto esperávamos nossos pedidos, quebrei o silêncio novamente:

── Aeri... eu acho que foi uma boa ideia me levar aqui.

── Oh, sério?── Giselle perguntou, arqueando uma sobrancelha, mas ao mesmo tempo com um sorrisinho.

── Seríssimo! Tem vezes que precisamos espairecer um pouco.

── Pois é, e eu acho que você deveria fazer isso com mais frequência. Viu como mudou um pouco seu humor?

── Percebi, sim. Você sempre tem a razão das coisas, é inacreditável!

── Hm, pois então! E eu que achei que você recusaria vir aqui.

── Bem, eu até pensei nisso, mas percebi que precisava sair um pouco, até mesmo para... esfriar minha cabeça.

Ela assentiu, ainda sorrindo. Após mais alguns segundos, nossos pedidos já estavam prontos. Peguei o meu e Aeri pegou o seu, antes de pagar a conta, antes mesmo de eu me oferecer para pagar. 

Andando cuidadosamente para não derrubar nossos copos, optamos por uma mesa vazia, lentamente sentando nos assentos que haviam ali. 

Enquanto conversávamos sobre assuntos triviais, eu me sentia cada vez mais à vontade. Aeri sempre tinha esse efeito calmante sobre mim. Ela era como um raio de sol, aquecendo tudo ao seu redor. No entanto, enquanto falávamos, algo mais chamou minha atenção.

Na penumbra do bar, notei um homem encostado no balcão, observando a cena ao redor. Ele era alto, com cabelos escuros e uma postura relaxada, mas havia algo nele que prendia meu olhar. Ele exalava um ar de mistério e sedução, quase magnético. Nossos olhares se encontraram por um breve momento, e senti um frio na espinha. Desviei o olhar rapidamente, tentando disfarçar minha curiosidade.

── Yuyu, você está me ouvindo? ── Aeri perguntou, estalando os dedos na frente do meu rosto.

── Ah, desculpe! O que você disse? ── Respondi, tentando me concentrar novamente na conversa.

── Perguntei se você está se divertindo. Parece meio distraída. ── Ela comentou, olhando na direção para onde eu tinha olhado.

── Estou sim, só estava... olhando ao redor. ── Menti, tomando um gole do meu whisky para tentar relaxar.

Antes que ela pudesse perguntar mais alguma coisa, o homem misterioso se aproximou de nossa mesa, com um sorriso que poderia derreter qualquer coração. Ele parecia estar completamente seguro de si, e quando parou ao nosso lado, senti meu coração bater mais rápido.

── Boa noite, senhoritas. Posso me juntar a vocês? ── Sua voz era profunda e suave, como um sussurro sedutor. Ele olhou diretamente para mim enquanto falava, e senti minhas bochechas corarem levemente.

Aeri olhou para mim, levantando uma sobrancelha e esperando minha resposta. Eu hesitei, sem saber se devia aceitar a companhia de um estranho tão intrigante.

── Claro, por que não? ── Respondi finalmente, tentando parecer mais confiante do que me sentia.

Ele puxou uma cadeira e se sentou ao nosso lado, seus olhos nunca deixando os meus. Havia algo hipnotizante nele, e eu não conseguia desviar o olhar. Aeri, percebendo a tensão entre nós, resolveu intervir.

── Sou Giselle, e esta é minha amiga Yuwon. E você, como se chama? ── Ela perguntou, sempre a social borboleta.

── Meu nome é Bang Chan, mas podem me chamar de apenas Chan. ── Ele respondeu, sorrindo. ── É um prazer conhecê-las.

Conversamos por um tempo, e apesar de Giselle tentar incluir-se na conversa, era evidente que Chan estava mais interessado em mim. Ele fazia perguntas sobre minha vida, meu trabalho e minhas paixões, e a cada resposta minha, parecia ficar mais encantado.

Enquanto eu falava sobre minha arte, seus olhos brilhavam com um interesse genuíno, o que me fez baixar um pouco minha guarda. Eu não sabia o que era, mas havia algo nele que me fazia querer saber mais, mesmo sabendo que deveria manter distância.

Após um tempo, Aeri decidiu nos deixar a sós, alegando que precisava ir ao banheiro. Eu sabia que ela estava tentando me dar espaço para conhecer Chan melhor, e apesar de nervosa, estava grata por isso.

── Então, você é artista, hm? ── Ele comentou, inclinando-se um pouco mais perto. ── Deve ser incrível poder expressar seus sentimentos através de pinturas.

── Sim, é algo que sempre amei fazer. ── Respondi, sorrindo timidamente. ── E você, Chan? O que você faz?

── Eu... gosto de conhecer pessoas. ── Ele disse, o sorriso nos lábios, mas seus olhos mostravam algo mais profundo, algo que eu não conseguia decifrar.

Enquanto a noite avançava, senti uma conexão crescente com ele, algo que eu não podia explicar. Ele era levemente misterioso, e parte de mim queria descobrir mais sobre ele. No entanto, também havia uma parte de mim que estava em alerta, ciente de que estava brincando com fogo.

Quando Aeri voltou, já estava tarde e decidimos que era hora de ir para casa. Chan se ofereceu para nos acompanhar até a saída, e enquanto nos despedíamos, ele segurou minha mão, me puxando levemente para perto.

── Espero te ver novamente, Yuwon. ── Ele sussurrou, seus olhos fixos nos meus. ── Posso te encontrar aqui amanhã à noite?

Eu hesitei por um momento, mas algo em mim queria aceitar. Algo em mim queria mais daquela noite.

── Sim, Chan. Eu estarei aqui. ── Respondi finalmente, sentindo um arrepio percorrer minha espinha.

Nos despedimos e, enquanto caminhávamos para casa, Aeri não parava de falar sobre como Chan era encantador. Eu concordava com ela, mas havia algo mais que eu não conseguia entender. Algo que me atraía, mas ao mesmo tempo me deixava apreensiva.

E com certeza, eu iria descobrir mais sobre ele.

Quase coringuei para terminar esse capítulo, passei por inúmeros bloqueios criativos:(
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