🧟‍♀️| Culpado.

"Nosso sangue é a cura, nossa dor é o preço. Para que os fracos vivam, os fortes devem cair." — The cure.

Agora:

A sala estava fria, o silêncio, ensurdecedor. Taehyung sentava-se à cabeceira da mesa de reunião, em postura rígida e olhar fixo, quase mecânico. Seu semblante não demonstrava qualquer emoção, uma expressão calculista que refletia o que seu pai sempre esperara dele. Ele era a personificação da disciplina que foi imposta ao longo dos anos. Em seu uniforme militar impecável, Taehyung parecia mais uma máquina do que um homem, sua alma vazia de compaixão, como seu pai sempre quis.

Seu pai, o Senhor Kim, ocupava o assento principal, com o rosto sério e os olhos frios, enquanto o Senhor Jeon, pai de Jungkook, se posicionava de forma igualmente rígida ao seu lado, com um semblante calculista, mais voltado para o que estava por vir do que para qualquer consideração moral. O ar estava denso de uma tensão palpável. A reunião estava longe de ser uma conversa amigável. Era um planejamento estratégico, e o alvo, mais uma vez, era Jungkook.

– Como anda o andamento da extração de sangue de Jeon Jungkook? – perguntou o Senhor Kim, a voz baixa, mas carregada de autoridade.

O Senhor Jeon olhou para ele com naturalidade, ajustando os óculos, e começou a falar com uma calma gelada, como se estivesse discutindo a compra de ações na bolsa de valores.

– O sangue de Jungkook é, de fato, único. A amostra coletada possui 98% de imunidade aos vírus, mas ainda não podemos ter certeza se essa imunidade é apenas para aqueles que já foram infectados ou se ele tem a capacidade de resistir à transformação do próprio corpo, caso seja mordido por um infectado.

A frase pairou no ar, e os olhos dos dois homens se fixaram um no outro, medindo as implicações do que ele acabara de dizer.

– O que sugere, então? – Taehyung finalmente se pronunciou, mas suas palavras não eram mais do que uma formalidade. Sua voz estava fria e sem interesse.

O Senhor Jeon ficou em silêncio por um momento, como se pesasse suas opções.

– Um teste de mordida de infectado sob a pele de Jungkook. Precisamos saber se o sangue dele é realmente capaz de impedir a transformação ou se ele apenas funciona como um antídoto para os infectados. O que precisamos testar é a resistência dele à infecção direta.

– Não seria uma perda para nós? Jungkook vivo produz cada vez mais, não seria um risco o colocar sob prova dessa maneira? – Perguntou o senhor Kim, sem demonstrar nenhuma emoção.

— Risco para nós... sim, mas para ele, talvez não. — Afirmou o senhor Jeon ajustando seus óculos.

— E o que você acha, tenente? — Sr. Kim perguntou diretamente a seu filho, Taehyung.

Ele se virou para Taehyung, os olhos analisando-o de cima a baixo, como sempre fazia.

— Um risco desnecessário. — Respondeu frio.

— Bem, se o doutor Jeon acha melhor arriscar, vamos ouvi-lo, prossiga doutor.

– Vamos extrair o máximo de sangue possível dele. No caso de algo dar errado e ele não resistir ao teste, não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar esse recurso. Faremos cinco extrações diárias de, pelo menos, uma bolsa de sangue por vez. Não podemos perder tempo. — Disse o senhor Jeon.

Taehyung apenas acenou com a cabeça em aprovação, sem se intrometer mais. Ele sabia que nada que dissesse mudaria o curso daquilo. Sua vida sempre foi marcada por ações impessoais e pragmáticas, e isso continuaria sendo seu papel. Ele observava calado, já não sendo mais o jovem com compaixão que um dia se rebelou contra seu pai. A frieza que dominava o ambiente agora era quase palpável, como se cada palavra fosse uma ordem sendo executada de forma automática, sem espaço para questionamentos ou sentimentos.

O Senhor Jeon olhou para o Senhor Kim, e ambos se entenderam com um simples gesto, sem mais palavras. A reunião estava encerrada. Eles sabiam o que precisava ser feito. E Taehyung sabia que, enquanto o sangue de Jungkook fosse útil, ele continuaria sendo apenas uma ferramenta no processo, que poderia ser descartada a qualquer momento.

A operação estava em andamento, e ninguém ali estava disposto a falhar.

Ao saírem da sala de reunião, o Senhor Jeon parou abruptamente na porta e olhou para Taehyung, que ainda estava em pé, seu olhar gélido fixo na saída. Ele não se importava com os protocolos, mas a presença de Taehyung sempre transmitia uma sensação de poder e controle que era impossível ignorar. O Senhor Jeon sabia que não seria uma boa ideia lidar com Jungkook sem Taehyung, ele precisava intimidar Jungkook.

– Taehyung, acompanhe-me na extração de sangue de Jungkook. Ele começou a demonstrar sinais de comportamento mais... agressivos, digamos. Não sei como ele reagirá com mais extrações diárias. – disse o Senhor Jeon, seu tom frio, mas com um leve traço de preocupação, embora fosse mais pela utilidade de Jungkook do que qualquer outra coisa.

Taehyung olhou para ele, com a expressão imutável de sempre. Apenas acenou com a cabeça em sinal de concordância e, sem uma palavra sequer, pegou a arma que estava pendurada no cinto e a segurou com firmeza, como um lembrete da sua autoridade. Sua postura ereta e a arma na mão davam a impressão de que nada tiraria sua concentração, nem mesmo a situação com o filho mimado do homem à sua frente.

Sem mais delongas, eles seguiram pelo corredor silencioso, o som dos passos ecoando pelas paredes brancas e vazias.

Quando chegaram ao lote onde Jungkook estava, o cenário se apresentava tão estéril quanto o próprio espaço: um quarto branco, com o cheiro forte de remédio e metal no ar, como se todo o ambiente fosse feito para garantir que a dor e o sofrimento se misturassem com a ciência fria e implacável.

No centro do quarto, Jungkook estava sentado na cama, lendo um livro de fantasia, aparentemente perdido em um mundo que contrastava com o pesadelo ao seu redor.

Patético.
era o que Taehyung achava.

Ao ouvir a porta abrir, ele levantou os olhos para ver quem chegava, e seu semblante endureceu imediatamente. Ele fechou o livro com brutalidade, como se a visão de seu pai e de Taehyung fosse algo insuportável, e o lançou de qualquer jeito para o lado, na cama. Ele já sabia o que viria a seguir, o que ele mais odiava em todo o dia: o momento das extrações.

– Vieram só bater um papo dessa vez? – disse Jungkook com a voz cortante, tentando esconder sua frustração.

O Senhor Jeon se aproximou, com um sorriso suave que não era nada mais do que uma máscara, um ato falso de carinho. Ele tentou ser mais afável do que nunca, uma tentativa patética de encobrir a frieza que lhe caracterizava.

– Vamos preparar a sua comida favorita, Jungkook. Algo que você goste. Só para melhorar o dia, filho – disse ele, sua voz suave e artificial.

Jungkook ergueu uma sobrancelha, desconfiado, e fechou o olhar em seu pai.

– E isso é pra...?– perguntou, sua voz baixa, mas cheia de sarcasmo. – Diga logo, o que vocês querem?

O Senhor Jeon, sem perder a compostura, deu um sorriso controlado e respondeu com a mesma falsidade.

– Precisaremos aumentar as extrações nos próximos dias, filho. Não será nada demais. Apenas um procedimento de rotina, você sabe como funciona, lembra? – ele disse, tentando suavizar a situação.

Jungkook deu uma risada amarga, sem humor algum.

– Ah, claro. Fácil falar para quem está do outro lado da agulha, não é? – disse, a raiva crescendo em seu peito. – Fácil para você mandar, com a sua vida boa, sem ter que sentir a dor. Sem estar aqui, com agulhas furando o seu braço todo dia, com essa maldita coleta de sangue... Isso não é normal, pai. Isso não é rotina. Isso é tortura.

A expressão de Taehyung se manteve impassível enquanto ele observava a cena. Ele nunca teve compaixão, mas havia algo no jeito de Jungkook que despertava a necessidade de lembrar a ele o seu lugar, sem qualquer piedade.

– É o preço de ser útil, então coopere ou eu acabo com o seu sofrimento aqui e agora, que tal?  – Taehyung falou em um tom firme, quase frio, sua voz cortante como uma lâmina, enquanto apontava a arma para a cabeça de Jungkook.

Não era uma sugestão, era uma constatação, uma ordem implícita. Ele sabia muito bem o que significava o conceito de "dever", e sabia que Jungkook tinha um papel, um papel que Jungkook não tinha poder pra opinar, apenas aceitar, e fazer.

Jungkook virou o rosto para Taehyung, com o olhar furioso e desgastado.

– É, esqueci que tem um doente nessa sala, você só está vivo porque é filho daquele desgraçado, você merecia ser descartado no lugar dos outros faz tempo. – ele disparou, a voz mais alta, carregada de raiva.

O silêncio entre os três se estendeu por alguns momentos, como se as palavras de Jungkook tivessem sido uma espécie de eco no ar. O pai de Jungkook, o Senhor Jeon, não parecia surpreso, mas Taehyung, que sempre se manteve calado, sentiu o peso da resposta de Jungkook mais do que gostaria de admitir. Mas ele não era alguém que se importava com sentimentos. Não mais.

– Vamos logo com isso – Taehyung disse, finalmente quebrando o silêncio, sua voz firme, como uma sentença. Ele deu um passo à frente, sua postura intimidante e sua arma ainda na mão, transmitindo sua autoridade. – Não temos tempo para os seus surtos de adolescente.

O Senhor Jeon assentiu, e sem mais delongas, a extração de sangue começou, com Taehyung olhando fixamente para jungkook.

Após a extração terminar e Jungkook ficar sonolento, ambos saíram da sala, o senhor Kim estava logo ao lado da sala.

— Preciso falar com você, tenente.

Taehyung assentiu com a cabeça.

Se dirigiram então até o pátio, onde algumas pessoas almoçavam.

— Posso ajudar em algo, major?

— Eu escutei o que o garoto te disse.

Um silêncio se fez presente por alguns instantes, mas logo retomou.

— Ele não mentiu, seu destino era para ser diferente desse, você seria jogado lá fora a qualidade momento quando criança, mas eu não deixei.

Taehyung olhava fixamente seu pai.

— Eu treinei você, e veja o que você se tornou, uma cópia minha, e finalmente sei que você pode sobreviver a qualquer coisa.

— Sou grato a você, pai.

O mais velho assentiu.

— Você tem uma missão hoje, vá procurar alguns livros, precisamos educar os filhos dos cientistas, pra nova geração que você comandará, ja sabe onde ir, certo?

— Sei pai, na biblioteca pública ou na faculdade.

— Isso, e tome cuidado lá fora, se ver um morto-vivo, lembre-se, atire na cabeça.

Taehyung confirmou e assim foi.

Dois dias depois .
Jungkook estava sentado na cadeira, o corpo tenso, as mãos suando friamente. Ele olhava ao redor, os cientistas se preparando para mais uma extração, ajustando instrumentos, organizando seringas, segundo a rotina de sempre.

Seu pai estava ali, observando à distância com o rosto inexpressivo. Era como se aquilo fosse apenas mais um dia de trabalho, sem qualquer emoção.

Jungkook se assustou como as extrações se tornaram ainda mais frequentes, estava com a sensação que talvez fosse como aconteceu com outras crianças, extraídas até a morte para depois, o descarte da casca vazia.
Seu corpo já estava fraco, não conseguia gerar sangue em tão pouco tempo, parecia realmente que aquilo fosse proposital, que sua morte estava sendo planejada.

Jungkook engoliu seco, o estômago revirando de nervosismo. A ideia do que estava por vir o fazia se sentir pequeno, impotente. Ele sabia que precisava manter a calma, encontrar uma maneira de lidar com aquilo... mas como? Os olhos de Jungkook vagaram pela sala e pararam em uma pequena mesa onde estavam alguns itens de escritório, incluindo um lápis.

A ideia surgiu em sua mente de forma rápida e quase instintiva.

— Se eu tiver algo nas mãos... talvez eu consiga pensar direito... — ele pensou.

Ele levantou os olhos em direção ao pai, que estava de costas, conversando com um dos cientistas. Tomou coragem e, tentando soar o mais natural possível, chamou por ele.

— Pai...? — Sua voz era baixa, mas suficientemente clara para chamar a atenção.

O Senhor Kim se virou lentamente, seus olhos frios e avaliadores recaindo sobre o filho, como se estivesse aguardando que ele dissesse algo importante. Jungkook tentou disfarçar o nervosismo, se ajeitando na cadeira.

— Eu... você poderia me dar um lápis? — Ele falou, tentando manter o tom casual. — Queria... desenhar, enquanto eles... fazem isso. Só pra me distrair, sabe? — Jungkook terminou a frase com um encolher de ombros, como se o pedido fosse a coisa mais insignificante do mundo.

Por um breve momento, o Senhor Kim o encarou, sem qualquer traço de emoção. Era como se ele estivesse tentando avaliar as intenções de Jungkook, mas o pedido parecia tão inofensivo, tão trivial, que não havia razão para negar.

— Um lápis? — Seu pai repetiu, arqueando uma sobrancelha, mas logo deu de ombros, desinteressado. — Tanto faz. Se isso vai te manter quieto e cooperando... — Ele fez um sinal para um dos assistentes, apontando para a mesa onde o lápis estava.

O assistente prontamente pegou o objeto e o entregou a Jungkook, que o segurou com as mãos um pouco trêmulas. Seu pai já havia voltado a ignorá-lo, falando com os cientistas como se a presença do filho fosse apenas um detalhe sem importância.

Jungkook observou o lápis em suas mãos por um momento, tentando controlar a respiração. Seus dedos apertaram o objeto, enquanto ele fingia traçar alguns rabiscos no ar, simulando uma tranquilidade que não sentia. Mas por dentro, sua mente estava a mil.

Ele agora tinha uma arma, por menor que fosse, e usaria aquilo para se defender, sem pestanejar.

Seu pai permanecia agora por sua vez sentado do outro lado da sala em uma cadeira, estava muito atento ao seu tablet, como sempre fazia enquanto extraíam o sangue de Jungkook.

Antigamente ele não deixava nem tocarem em Jungkook, ele se responsabilizava por cada extração e era o mais cuidadoso possível, mas nos últimos dias, começou a ordenar que outras pessoas fizessem, como se ele não se importava mais com a qualidade do serviço, e sim com a agilidade, fazendo Jungkook afirmar ainda mais dentro de si que aquilo era uma armadilha.

Não sabia se era paranóia, ou se era sua intuição, só sabia que seu corpo mal aguentava mais aquilo, quem dirá seu cérebro parar de pensar em como se livrar disso?
Era seu maior sonho, se livrar disso.

Os cientistas começaram a sair, um por um da sala, enquanto apenas sobrou um, colocando alguns medicamentos na bandeja que Jungkook deveria tomar, e ajustando seu soro.

Jungkook imaginou que aquela era a oportunidade perfeita, se condenou mentalmente pelo que estava prestes a fazer, mas seu extinto de sobrevivência falou mais alto.

Em um golpe rápido, golpeou o pescoço do cientista com o lápis.

O som do lápis cortando a pele do cientista soou como um eco macabro pelo laboratório silencioso, mas a verdadeira carnificina estava prestes a começar. Jungkook estava em choque, mas o instinto o dominava. Ele havia conseguido — o cientista caíra, seu sangue se espalhando pelo chão enquanto ele, com uma agilidade que lhe parecia quase animal, correu em direção à porta. O coração dele batia forte, não sabia se pela adrenalina ou pelo medo, mas ele não conseguia parar, chegou até o pátio central, conhecido como área de descarte, percebeu que já haviam vários guardas correndo atrás dele, então se posicionou ao lado do botão, que todos sabiam que era responsável por abrir as portas para o mundo exterior.

Todos os guardas apontavam a arma para ele, mas Jungkook não era burro, sabia que ele era a única cura para aquilo, então não o matariam.

— Jungkook! Filho! — Seu pai gritou. — Por favor filho, não faça besteira, vamos conversar!

— Não! Eu estou cansado de tudo isso, eu não aguento mais, eu quero ir embora. — Jungkook começou a chorar sem se dar conta, seu corpo já estava começando a ficar mole, ele estava fraco.

Reuniu toda a coragem dentro de si antes que pudesse deixar seu pai responder e apertou o botão sem pensar, uma tentativa desesperada de fugir daquele pesadelo que já o consumia.

O mecanismo de abertura da porta se ativou com um estalo metálico, e no momento seguinte, o som de passos pesados e arrastados ecoou pelos corredores. O pânico tomou conta de Jungkook, e ele não conseguia processar o que estava acontecendo.

— O que... o que é isso? — Seus olhos se arregalaram, e sua mente não conseguiu associar o que estava vendo. Um zumbi apareceu na porta, o corpo deformado e coberto de sujeira, os olhos vazios, inexpressivos, focados nele, e ele não sabia o que fazer. Tudo aconteceu tão rápido, ele não tinha pensado o que aconteceria depois que abrisse a porta.

Mas logo ele percebeu, com o horror crescente, que aquele zumbi não estava sozinho. Mais e mais zumbis começaram a surgir um após o outro, uma multidão deles estavam entrando, todos de uma vez tomando conta do corredor, suas pernas arrastando-se, o sangue seco manchando seus rostos e os dentes expostos, prontos para devorar. Jungkook por sua vez começou a se afastar lentamente ainda em choque andando cautelosamente para trás, não demorou nem um segundo para os tiros começarem a serem desparados contra os mortos-vivos.

eram muitos, os guardas não dariam conta, então todos começaram a correr e se defender, ali a hierarquia desabou na hora, era cada um por si.

— O-oque eu fiz? — Ele murmurou para si mesmo, quase sem acreditar. Seu estômago revirou ao ver mais criaturas se aproximando, cada uma com um som horrível de gemidos e estalidos.

O caos logo tomou conta do laboratório. Cientistas e seguranças corriam em todas as direções, tentando barrar os zumbis com tiros e barricadas improvisadas, mas era inútil. Havia muitos. O lugar que antes parecia controlado e imponente agora se tornava uma selva de horror.

Os zumbis se moviam como uma onda implacável, arrastando-se e se espalhando por todos os cantos. Eles estavam por toda parte, empurrando e pisoteando qualquer coisa ou pessoa no caminho, buscando uma carne fresca, pronta para devorar. O cheiro de sangue e decomposição misturava-se com o som ensurdecedor de gritos, enquanto o pânico se espalhava.

Cada vez mais pessoas estavam sendo brutalmente devoradas, ali na frente de todos.

O pai de Taehyung, o senhor Kim, estava ali, tentando reagir. Ele atirava, sem hesitar, mas a quantidade de mortos-vivos era demais. Cada tiro que ele dava parecia ser um esforço inútil. O corpo de um zumbi se lançou sobre ele, e, antes que ele pudesse reagir, outro agarrou seu pescoço com força com os dentes. O terror se espalhou quando Jungkook viu o Senhor Kim sendo mordido, seus olhos se arregalando com um grito abafado de dor.

— Pai! — Taehyung gritou desesperado, seus olhos cheios de incredulidade. Ele estava em choque, mas não tinha tempo para hesitar. Ele tentou alcançar o pai, mas o zumbi já o segurava com uma força imensa. Cada movimento do Senhor Kim estava sendo dilacerado pela criatura, sua vida sendo retirada por completo.

Taehyung, perdido em seu desespero, tentou puxá-lo para longe, conseguiu puxar seu pai pelas pernas e o levou atrás de uma barricada enquanto atirava na cabeça dos zumbis que se aproximava. Ele não sabia o que fazer.

Ele nunca imaginou que o seu pai, forte como aparentava ser, sempre forte diante de qualquer coisa ou situação, seria abatido assim. Seus olhos se encheram de lágrimas, e ele se ajoelhou, impotente diante da situação. A dor no peito foi quase física. Ele não conseguia aceitar o que estava vendo.

Outro zumbi rastejando agarrou o pé de seu pai, e começou a mastigá-lo, seu pai gritava de dor mas ainda tentava se manter forte, Taehyung estava vendo isso.

— Pai, aguente! Eu vou dar um jeito! — Taehyung gritou, mas sua voz se perdeu no caos. Ele tentava puxar o pai para longe, mas não tinha forças suficientes, não contra aqueles vários zumbis que estavam agarrando o pé de seu pai.

O Senhor Kim, com a pouca força que lhe restava, segurou o braço de Taehyung, sua expressão se suavizando, como se finalmente se desse conta de algo mais importante, mesmo diante da morte.

— Taehyung... — Ele respirou fundo, um fio de sangue escorrendo de sua boca. — Proteja Jungkook. Ele é tudo o que temos. E-ele é nossa única chance. — Gaguejava tentando não se engasgar com o próprio sangue.

Aquelas palavras foram como um golpe no estômago de Taehyung. Ele olhou para o pai, lutando contra o choro, mas seu corpo não permitia mais resistir. Ele estava diante da morte de seu pai, e seu pai estava lhe pedindo para ele proteger a única pessoa que era responsável por todo aquele caos, ele ficou com raiva, mas não de seu pai, de Jungkook.

— Não, pai! Não vou te deixar aqui! — Taehyung gritou, desesperado. Mas o Senhor Kim, com uma força que parecia vir do fundo de seu ser, apertou a barra da calça de Taehyung.

— Eu te amo, filho... me perdoe... eu precisava... fazer você forte para isso... — Dizia arrastado pela dor enquanto seus pés já estavam completamente arrancados enquanto assistia os zombies mastigando os mesmos.

As palavras de despedida soaram como uma sentença. O corpo do Senhor Kim relaxou, e seus olhos se fecharam, deixando Taehyung com o coração despedaçado. Ele não teve tempo para reagir, não teve tempo para responder. O desespero o consumia, mas ele sabia que precisava agir.

O que restava agora era buscar Jungkook. A missão do pai ainda estava ali, firme na sua cabeça. Ele precisava encontrar Jungkook e garantir que o jovem estivesse seguro, mesmo que isso significasse perder a última chance de salvar o homem que o criou.

Com os olhos cheios de lágrimas e o coração pesado, Taehyung se levantou. A dor de perder seu pai era esmagadora, mas ele tinha que agir depressa. Ele tinha que encontrar Jungkook. Era o que seu pai queria.

— Eu vou encontrar ele pai, eu prometo.

Com a visão embaçada pelas lágrimas, Taehyung virou-se e correu pelo laboratório, procurando por Jungkook no meio do caos que só aumentava.

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🧟‍♀️

Não esqueça do Votinho✨

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