one


— Quantos? - escutei a voz arrastada de Shigaraki.

— Duas - a voz de Twice disse.

— Duas?! - o líder perguntou - Como assim duas? Era para ter me trazido pelo menos cinco pessoas!

— Então são duas garotas? - alguém disse.

— Sim - Twice disse novamente.

— Traga-as - Tomura mandou.

Me desencostei da porta de madeira escura e fui para perto da outra garota ao meu lado.

Ela estava parada balançando um dos pés de um lado para o outro. Seu cabelo loiro estava bagunçado e o rosto meio sujo de terra. As roupas estavam sujas e eram todas pretas.

Nós duas usávamos calça preta e coturnos escuros. Eu estava vestindo uma blusa verde musgo e uma jaqueta de couro. Já a outra, usava um blusão beje que caía sobre um de seus ombros.

Ela roía a unha do dedo indicador da mão direita e parecia bem inquieta.

— O que eles disseram? - ela virou para mim.

— Que era para Twice vir nos pegar.

— Twice?! - a garota pulou de alegria.

Passou as mãos empoeiradas em volta do cabelo, puxando-os para trás, tentando os pentear rapidamente.

— Como estou?

— Hã... Bem, eu acho - a loira sorriu de um jeito macabro.

Ouvimos a porta à nossa frente abrir e a luz do local preencher o beco onde estávamos.

A garota ao meu lado ficou em silêncio automaticamente e seus olhos trocaram de cor de um verde claro para um vermelho sangue. Apenas ignorei o fato, já que ela em si era meio esquisita.

— Twice-sa... - ela parou no meio do caminho e olhou confusa para a figura a sua frente - Você não é o Twice!

— Não, eu não sou o Twice. Agora vê se cala essa boca e entra logo - uma voz baixa e grave disse, chamando minha atenção.

A loira passou pelo homem parado na frente da porta, com uma carranca enorme no rosto.

Me desencostei novamente da parede e fui em direção à aquela pessoa. Ele estava levemente encostado na porta, em uma posição de lado e nem sequer fazia o favor de me olhar.

Andei até ele, passando pela porta, onde tive oportunidade de finalmente ver seu rosto que estava de encontro com a luz.

Seus olhos azuis me penetraram com força, seu rosto era coberto de peles mortas que eram presas por grampos. Ele tinha um mini sorriso debochado no rosto, o que me irritou, fazendo-me encara-lo de volta, enquanto passava em
câmera lenta pela porta.

Parecia que aquele momento não tinha fim. O cabelo negro dele mexeu com o vento que estava fora do estabelecimento, e isso fudeu com meu psicológico, coisa que não deveria acontecer.

Dei o último passo e entrei na mini cafeteria onde estava toda a Liga dos Vilões.

Shigaraki estava sentado em uma das cadeiras giratórias que tinha no balcão, onde Kurogiri servia algo ao seu líder. Ele automaticamente olhou para mim e para a loira doidinha, que continuava a roer suas unhas e olhar fixamente para Twice, que agora se escondia atrás de Toga, com medo.

— Nomes - única coisa que ele disse.

Ouvi a porta do estabelecimento fechar e o barulho das ruas cessarem.

— Meu nome é Kei Fumiko - a menina disse levantando a mão que sempre roía. Ela tinha uma expressão extremamente feliz.

— Kei... - Tomura falou, enquanto bebia um gole de sua bebida - E você, garota?

— Ahmya - mantive o olhor entediado no rosto.

— Hum... Qual a individualidade de vocês?

— Minha individualidade não tem nome, mas eu consigo ler a mente das pessoas com meus olhos - ela mudou a cor dos olhos para a natural e depois os deixou vermelhos novamente - Porém, eu tenho um tempo limitado. Em um dia, só posso usar meus poderes cinco vezes e por 8 minutos.

— Isso é interessante - disse um cara de máscara e um chapéu de mágico.

— Não é não - Twice disse. Kei automaticamente mudou de expressão - Quem é essa menina? Ela é incrível!

A voz dele mudou, ficou mais grossa e soava animada. Fumiko ficou muito feliz quando ele disse aquilo.

— E a sua, docinho? - o cara de peles mortas no rosto perguntou, seduzente.

— Aumento das sensações no corpo, ou emoções. Essa é minha individualidade - digo firme.

— Como funciona? - Kurogiri perguntou.

Pego uma de minhas facas que ficam guardadas na bota e joguei no braço de Fumiko, que gritou de dor e arregalou os olhos. O sangue escorreu por sua pele pálida e caiu umas gotas em seu sapato.

Usei minha individualidade para cessar a dor e a garota não sentir nada. Como se fosse uma anestesia.

— Ué... Ué - ela pegou a faca e arrancou de seu braço ensanguentado. Me olhou surpresa e depois riu - Que incrível, eu não sinto dor!

Aumentei a dor dela, apenas para Shigaraki saber como eu funciono.

Kei caiu no chão, chorando e agoniando. Pedindo que parasse, gritava muito e arranhava o corte como se fosse ajudar em algo. Deixei que sentisse desespero por 30 segundos.

As lágrimas cairam dos olhos verdes da menina, ela quase estava desmaiando de tanto cansaço por tentar pedir para que eu parasse. Então parei sua dor, a deixando anestesiada novamente.

O único problema ali, era que eu ficava muito tonta se abusasse demais de meu poder.

— Wow - Toga disse, batendo algumas palminhas - Que show fantástico!

Observei Kei fechar os olhos lentamente. O rosto coberto de suor e lágrimas, que deixaram borrado o lápis de olho abaixo dos olhos. Ela desmaiou.

— Você - Tomura apontou para mim - O que você quer aqui?

— Shigaraki, e a garota? - Twice perguntou.

— Leve-a para um dos quartos e cuide do machucado dela - ordenou com impaciência.

Seus olhos voltaram a me encarar, eram tão fundos que poderia assustar qualquer um. Não havia brilho em seu olhor, nem esperança, apenas perversão.

— Eu estou aqui porque tenho apenas uma vida e quero morrer sabendo que fiz tudo o que podia. Sem arrependimentos.

— Você teme a morte? - Kurogiri perguntou, colocando um copo rm minha frente.

Ele começou a me servir, colocando suco no recipiente. Ouvi o risinho dos membros da Liga.

— Você tem? - subi no balcão e alcancei uma garrafa de whiskey em uma prateleira.

Continuei sentada no balcão, esperando pela resposta da fumaça roxa.

— Quem interessa aqui é você - me respondeu.

Sorri cinicamente. Abri a garrafa em minhas mãos e coloquei na boca, bebendo o líquido. Senti a leve ardência na garganta, por conta do álcool.

— Não, não tenho medo da morte, afinal, vou morrer de qualquer jeito - voltei para o chão, com o whiskey ainda em mãos.

— Certo... - Tomura chamou minha atenção - Você está dentro. Não ouse fazer algo que eu não tenha mandado, se não te matamos.

— Sim, chefe! - sorri para ele - Vou ter lugar para dormir?

— Toga, mostre os quartos.

— Eh? Por que eu?- a baixinha fez birra - Mande Dabi ir, ele não tem nada para fazer mesmo.

— E você tem? - o homem com chapéu de mágico perguntou.

— Sim, vou fazer a maldita tarefa que você esqueceu de fazer - a garota fechou a expressão.

— Tsk, certo. Dabi, mostre os quartos -  Shigaraki mandou, olhando fixamente para mim. Apenas devolvi seu olhar.

Uma presença chegou por trás de mim, me fazendo virar lentamente e encarar o ser a minha frente. Tive a visão privilegiada de o ver de baixo, já que sou menor que o tal Dabi.

Seus olhos azuis brilhavam e me encaravam com muito intensidade. Ele sorriu de lado e levantou uma das sobrancelhas. Como se eu fosse um novo brinquedinho dele.

Não pude não reparar o quanto ele era bonito daquele ângulo. Seu cabelo caía sobre a testa e quase tampava seu olhar. O piercing em seu nariz o deixava muito atraente e seu cheiro era forte, me hipnotizava. Era algo parecido com álcool, mas não era como se ele vivesse em bares, era apenas um cheiro bem marcante.

— Me acompanhe, por favor - pediu, fazendo um sinal com o braço.

O acompanhei, seguindo um corredor longo e com pouca iluminação.

— Oê, oê - Kurogiri me chamou - A garrafa.

— Tsk - andei até o balcão e deixei a garrafa lá.

Continuei o caminho do corredor,
onde Dabi me esperava ao lado de uma escada, com um sorriso.

— — — — — * — * — — — — —

Hey! Aqui é a nanda.

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Obrigada por lerem até aqui ^^

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