fourty eight

alerta gatilho

— O estresse pós traumático que Ahmya teve influenciou o cérebro dela retorcer a realidade e fazer com que seus olhos vissem outra situação - o moreno tatuado explicou palavra por palavra, dedicando seu conhecimento em medicina para que Megan compreendesse.

   Um silêncio mortal se instalou no banheiro branco e depressivo, uma atmosfera doentia cobria todo o cômodo e pouco a pouco eu sentia um leve pânico tomar conta de mim. A única solução para todo aquele problema era o que Max havia dito, era uma explicação plausível que até mesmo eu havia entendido e aceitado, afinal, seria impossível uma garota de dezesseis anos sair ilesa de uma vida trágica e traumática. Respirei fundo o ar abafado, sentindo a perna dar pulsadas quentes e suaves, um sinal de que o inchaço começava a tomar conta de minha panturrilha. Por sorte, a quirk estava ativada, uma pontada de anestesia cobrindo todo o local fraturado, porém minha resistência naum era infinita, em algum momento eu voltaria a sentir dor.

   Subi o meu olhar novamente, reconhecendo os olhos de minha irmã, que me observavam com um sentimento diferente em suas orbes cinzas com uma pitada de azul claro escondido perto da pupila negra. As sobrancelhas tremiam e o lábio inferior era segurado pelos dentes com força, de onde saía algumas gotículas de sangue por conta de sua mordida feroz. Nós duas nos encarávamos, as lembranças de um passado amaldiçoado tomando conta de nossas almas, vítimas de abuso psicológico e físico. Eu sentia a dor dela e Megan sentia a minha, no fundo, nos entendíamos muito bem e procurávamos a solução para nossos medos. A ruiva suspirou, fechando as pálpebras maquiadas e passando a ponta dos dedos pela testa franzida, meus olhos absorviam todos os seus gestos, admirando sua elegância até mesmo naquela situação.

   A mais velha se mexeu, dando passos grogues até a porta do local, o intuito de nos deixar sozinhos. Me desesperei, não sabendo o que faria naquele momento e quais eram seus planos. Dabi também passou por minha mente e antes de perceber, eu já lhe perguntava:

— Espera - Emi travou, esperando que eu lhe dissesse algo - O que você fez com Dabi?

   Meu coração batia fortemente, a cada batimento cardíaco, eu sentia o sangue frio entrar por minhas veias e preencher todo meu corpo com uma sensação gélida e dormente.

— Ah - ela soltou o ar que prendia - Ele está hipnotizado.

   Eu sabia. Desde o início eu já tinha essa ideia, porém não queria acreditar por não ter motivos concretos para entender aquilo.

— Não se preocupe, una hora ele volta ao normal - saiu, deixando eu e Max no banheiro extremamente claro.

   Inspirei alto, sentindo o oxigênio abafado entrar pelo meu pulmão sufocado. O osso da panturrilha quebrada continuava a pulsar, o líquido ferroso se coagulando dentro de minha própria pele e carne. Senti os braços do garoto tatuado circularem por meus contornos, Max me carregando em estilo noiva para fora do cômodo estreito. Eu me perguntava o que ele fazia, me debatia enquanto o mesmo fazia esforço para que eu não caísse, uma expressão irritada se formava no rosto do rapaz de cabelos escuros e volumosos.

— Pare com isso - pediu, caminhando mais rápido pelos corredores do prédio.

— O que você está fazendo? - empurrei o peito dele, quase caindo de seu aperto.

— Estou indo tratar sua perna, besta - me segurou mais forte - Fique quieta, essa fratura não vai se curar sozinha.

*

   Max passava a mão quente por toda a pele de minha panturrilha, dando apertões vez ou outra para identificar o local que o osso realmente estava partido. Minha individualidade já não estava ativa, fazendo com que eu sentisse finalmente a dor do golpe dado em mim, eu mordia um lenço para extravasar o sofrimento dos toques que o médico dava em minha perna. Por não poder me levar em um hospital, o garoto devia fazer o que fosse possível por mim, não tendo anestesia ou algo que amenizasse as sensações que sentia, Max se esforçava para não me fazer chorar de dor.

  Eu ainda me perguntava sobre Megan, desejando saber o que se passava pela cabeça de minha irmã e o que ela faria agora. Também queria encontrar Dabi, queria ver como ele estava e se ele voltara ao normal. Tantas coisas que eu sentia necessidade de fazer que não tinha tempo para sentir a fratura dolorida, ignorando a maioria dos toques fortes em minha pele inchada e pulsante.

— Vai ficar tudo bem - Max sussurrou - Ela vai entender o seu lado.

   Se referiu a Emi. Os dois pareciam se conhecer tão bem, pelo jeito que o tatuado dizia, ele parecia admirar a ruiva e entende-la mais que ninguém neste mundo.

— Megan só precisa de um tempo para compreender tudo e absorver todos os detalhes - vi minha perna ser enfaixada.

   Eu tinha a necessidade de me apoiar em algo e as palavras de Max acertaram em cheio as minhas inseguranças, fazendo com que eu acreditasse no dizia e uma esperança mínima instalando-se em meu coração quebradiço e frágil.

— Infelizmente eu não tenho os materiais certos para lhe fazer um gesso - comentou, analisando as faixas grossas - Vou providenciar uma bota para seu pé, enquanto isso preciso que tome alguns remédios para dor e que não force seu corpo.

   Max parecia gostar do corpo humano, sempre se esforçando nos estudos da medicina e no desenvolvimento de sua própria quirk.

— A maior parte do tecido rompido eu refiz com minha individualidade, então você não precisa se preocupar com isso - tirei o tecido de minha boca, não sentindo-me tão sensível como antes - O osso quebrado em si fora bem perto de seu pé, uma bota ortopédica irá te ajudar.

   Deu um mínimo sorriso para mim, encarando meu rosto cansado e suado, as olheiras e a pele pálida me dando um ar doentio e depressivo. Questionava-me o quanto eu deveria estar horrível e desprezível.

— Perdão, por tudo que você passou - Max disse, ajudando-me a sair de cima da cama de seu quarto - Garanto que Megan irá se entender com você.

   Eu ficava feliz por sua preocupação com minha relação com minha irmã, vendo o tanto que o garoto no fundo era gentil e honesto. Conseguia ver em seus olhos o carinho que sentia pela ruiva e fiquei aliviada por Megan ter alguém tão bondoso ao seu lado.

— Você parece gostar tanto dela - eu sussurrei, mancando de leve até a porta.

   Max me segurava pela cintura, dando suporte para mim.

— A-ah, ela é uma pessoa incrível, né - gaguejou, desviando o olhar de meu rosto.

   Murmurei qualquer coisa, andando lado a lado do rapaz para o quarto de Compress, que era perto dali. O caminho inteiro ficamos em silêncio, eu preocupada com minha irmã e o tatuado concentrando-se em meu andar desleixado. Meu corpo estava pregueando e sentia uma cansaço descomunal tomar conta de mim, eu desejava absurdamente uma cama aconchegante e quentinha. Ou talvez eu apenas queria Dabi ao meu lado.

*
oi rs

gente, pelos meus cálculos, essa fic acaba em 6/7 capítulos :(((

eu fico triste só de pensar, vou sentir falta de vocês surtando nos comentários KKKKKK estou sofrendo antecipadamente afs

autora depressiva

mores, até o próximo cap, amo vocês de montão 💗

cap sem revisão!!!

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top