four


   Senti algo cutucando meu rosto freneticamente, me fazendo abrir os olhos em um susto. Vi o rosto de Dabi próximo ao meu, seu olhar era entediado e baixo.

— Bom dia, donzela - saiu de perto de mim.

   Ele continuava sentado ao meu lado no banquinho. Percebi que eu tinha caído no sono e que aparentemente, eu dormi por um bom tempo, já que estava escuro e a chuva já havia passado.

   Me espreguicei, sentindo as costas estralarem. Olhei para Dabi e agora ele se levantava devagar, tirando a coberta de seu corpo. Seu cabelo estava levemente bagunçado, o deixando muito, mais muito bonito.

— Você dormiu também? - ele olhou para mim.

— Sim, acabei dormindo contigo - disse, simplesmente assim. Senti meu rosto queimar, mas felizmente, estava escuro e ele não iria perceber.

— Hum...

— Shigaraki já voltou, vamos descer - Dabi começou a colocar seu tênis.

— Como você sabe? - fiz o mesmo que o moreno, colocando meu coturno nos pés.

— Toga me acordou.

— Ah - o fato dele ter caído no sono junto comigo não saía da cabeça.

   Geralmente eu não ficaria tão emocionada assim, mas ele, Dabi, que não gosta de socializar, se sentir seguro ao ponto de dormir ao meu lado, me deixou extremamente feliz.

   Fiquei de pé e comecei a dobrar o edredom, o outro empilhava as almofadas em seu braço direito. Andamos em silêncio em direção as escadas, indo para o barzinho que ficava no primeiro andar do prédio.

— Você ronca - Dabi ousou dizer, e eu sabia que ele estava me irritando.

— O que você disse, cara de difunto? - gritei com ele.

*

    Eu estava parada, sentada no mesmo concreto de hoje mais cedo, olhando para a metrópole atrás da janela a minha frente.

   Era quatro da manhã, não estava conseguindo dormir e não tinha nada para fazer de interessante. A noite estrelada era a única que me distraía.

   Aquele andar era frio, então eu vestia um casaco acompanhado com uma saia estilo colegial — que ficava curta em mim, afinal, eram roupas que Toga me emprestou. (Mídia)

   A loira me dera roupas que não usava mais, já que eu só tinha um conjunto e mais nada. Em minha cabeça, aquela saia nunca entraria em mim, já que Himiko é pequena e magrinha.

   Eu não era alta e nem baixa, não era magricela e nem gordinha. Meu corpo era meu corpo, do jeito dele. Meu cabelo batia na cintura, negro e liso, com algumas partes onduladas. Meu rosto é meio redondo, sem traços orientais. Olhos bem abertos, de uma cor meio cinzenta e em volta deles era cheio de sardinhas. Elas cobriam meu nariz e partes das bochechas.

   Meu pai era norte-americano e minha mãe japonesa. Os dois viveram um bom tempo nos Estados Unidos e vieram para o Japão depois de um tempo, para recomeçar a vida.

    Quando vieram para Tóquio, minha irmã mais velha já era nascida e tinha mais ou menos dois anos de idade, seu nome era Megan. Diferente de mim, ela tinha nome americano, mas seu rosto parecia mais com de nossa mãe do que o meu.

   Eu e ela tínhamos sardas, os olhos da mesma eram cinzas e fechados. O rosto era igualmente redondo como o meu e nós duas tínhamos cabelos negros, mas Megan preferia que o dela fosse curtinho.

   Rodei os anéis em meus dedos novamente, expressando o início de uma crise de ansiedade.

   Eu não via minha família a anos, desde que completei dezessete anos e tudo mudou em minha vida, desde a forma em que eu era tratada à como tudo se desenrolou durante o tempo.

   Senti os dedos tremerem levemente e comecei a bater a perna freneticamente. Não sei se tremia de frio ou de ansiedade.

   Juntei os joelhos e apoiei meu rosto entre as pernas, sentindo lágrimas molharem meu rosto. Eu me sentia extremamente sozinha e eu realmente estava só, por mais de quatro anos.

   Sai da minha própria realidade de família perfeita e fugi para o submundo da sociedade, onde drogas são bem vindas e criminosos também. Era o único lugar que me fazia esquecer meu passado.

   Observei o céu se tornar claro com muita lentidão, nem parecia que o sol estava nascendo. A neblina tampava a pequena bolinha  que tentava sair pelo horizonte e clarear o dia.

   Abracei mais o meu corpo, tentando sentir calor, algo que não aconteceu. Funguei e pisquei, sentindo mais lágrimas saírem de meus olhos cinzentos.

   Senti algo escorregar por meus ombros e cobrir uma parte de meus braços. Meu coração parou e a respiração ficou acelerada, olhei para o lado para tentar entender o que estava acontecendo, e vi Dabi, ajeitando o cobertor em volta de meu corpo.

   Ele olhou para mim, os olhos baixos e azulados me fitando, como se estivesse entendendo meus pensamentos. Automaticamente limpei o molhado em minhas bochechas e virei o rosto para o lado oposto. Não queria que ele me visse assim.

   Única coisa que o mesmo fez foi suspirar.

   Ficamos em silêncio por alguns minutos, o que me deixou extremamente desconfortável e mais ansiosa ainda. Continuei mexendo os dedos entre os anéis.

   Meu corpo agora já estava mais aquecido, graças a Dabi, que trouxe uma coberta. Puxei um pouco do edredom para esconder meu rosto.

   O mais alto se esgueirou para perto de mim, sentando ao meu lado, na pontinha do banquinho, omde uma parte da coberta arrastava no concreto.

— O que aconteceu? - sua voz era suave.

   Continuei em silêncio, observando o nascer do sol ao longe.

— Ahmya, tudo bem se você não quiser me falar - senti seu braço direito passar por cima de meus ombros, me puxando para perto de si. Meu tronco bateu de frente com seu peito, estávamos em uma espécie de abraço por trás - Mas não esconda-se de mim, por favor.

   Sua mão puxou de leve meu rosto, fazendo com que o azul de seus olhos se encontrasse com o cinzento tempestuoso dos meus. Seus dedos limparam algumas lágrimas que insistiam em cair.

— Você quer conversar?

— Não - minha voz saiu totalmente rouca e seca, bem baixa.

— Ok - ele olhou para o horizonte. Seu braço em meu ombro foi para minha nuca, onde Dabi começou um
leve cafuné em meus cabelos. Arrepiei pela sensibilidade que eu tinha no local.

   Fiquei olhando para seu rosto. Apesar das cicatrizes, Dabi era tão lindo que chegava a doer, a cor de seu cabelo e seus olhos baixos me deixavam extremamente quente. Mas isso não importa agora.

   Ele estava sendo muito gentil e sereno comigo, como se realmente se importasse com meus sentimentos. Me senti acolhida, depois de tanto tempo sozinha e vazia. Sorri internamente.

*

Hey, é a nanda!

apenas vim avisar que os caps não estão sendo revisados, qualquer errinho, eu corrijo futuramente;-;

espero que tenha gostado e tenha deixado sua estrelinha ^^

me perdoem a demora :/

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