fifty four
Senti o sabor diferenciado preencher toda minha boca ressecada enquanto a sensação de calor invadia minhas extremidades gélidas do corpo. A camomila misturada com maçã deixava-me leve e suave, como uma pena que era levada pela brisa calma da manhã. Era um gosto diferente, porém saboroso e deixava uma necessidade de querer mais ao escorrer pela garganta. Inspirei a fragrância doce que o chá exalava, ficando enjoada com seu cheiro de maça caramelizada e camomila dissolvida em água fervente. Me deixei levar pelas náuseas que foram causadas, entrando em um mundo de pensamentos enquanto o barulho da forte chuva caía do lado de fora.
Era final de tarde, o sol se escondia por trás dos arranha-céus de Tóquio, as gotas que caíam do céu disfarçavam sua fuga enquanto a pequena lua substituía seu lugar. O verão havia chegado e junto com ele havia vindo as intensas chuvas da estação, assim como o calor descomunal que se fazia durante o dia. Eu observava encantada como o planeta conseguia ditar seu próprio curso.
— Não sabia que gostava tanto de chá - a voz de Megan me chamou, fazendo meus olhos cinzentos correrem para sua direção.
Observei o rosto da mais velha, sua pele não sendo mais coberta por maquiagens pesadas, deixando sua verdadeira identidade a mostra para mim. O cabelo recém pintado era preso em um rabo-de-cavalo despojado, alguns fios alaranjados caindo pela testa enquanto seus dedos pálidos lutavam para colocarem as madeixas para trás da orelha repleta de piercings. Sua expressão era serena, um sorriso singelo brincava em sua boca rosada e as orbes tempestuosas encaravam as minhas, uma conexão passando por entre nós duas.
— São bons em dias como esse - assoprei o chá, logo dando um gole do líquido doce.
— Sim... - falou baixo, virando o rosto para a janela extensa de seu apartamento.
Fiz o mesmo que Megan, começando a contemplar o ato majestoso da chuva caindo pela metrópole movimentada. Carros passavam pelas avenidas, gerando barulhos constantes de businas e motores, porém todos eram rebaixados pelo som dos trovões e raios. Uma música contagiante envolvia o quarto de Emi, a melodia antiga e nostálgica preenchia todo o ambiente e dançava uma coreografia elegante com as elevações que vinham de fora do prédio. Estava uma atmosfera confortável e rústica, como se fôssemos adultas cursando algo na faculdade e dividíamos um quarto nos dormitórios. Eram realidades totalmente paralelas.
— Gostou? Do chá - indicou à minha xícara.
— Sim! - sorri, colocando a cerâmica na mesinha de centro - É delicioso. Onde comprou?
Iniciei um novo assunto com minha irmã, vendo seu rosto se iluminar com o meu esforço em nossa relação. Fazia meses que eu e Megan nos encontrávamos em uma tarde apenas para conversarmos e aproveitarmos o tempo que perdemos durante a infância e adolescência. Aprendíamos sobre os gostos uma da outra, nos tornando íntimas a cada dia mais. Eu ficava feliz em ter ela de volta em minha vida, sentindo-me mais próxima de minha família.
Conversamos por longos minutos até que o toque insistente de meu celular invadiu todo o quarto, tirando minha atenção da ruiva em minha frente. Peguei o aparelho preguiçosamente, encarando o número formado no ecrã com baixa iluminação, lendo o nome destacado e brilhoso que chamava minha atenção. As letras formavam perfeitamente o contato de Dabi na tela. Apertei o botão verde, atendendo sua ligação com o pensamentos desconfiados.
— Sim? - falei baixo, colocando o telefone no ombro e o pressionando com a lateral da face.
— Quando pretende voltar? - a voz abafada e grave dele invadiu meu ouvido, arrepiando meu interior com a intensidade de suas palavras.
Suspirei, cansada de sua proteção excessiva em relação à Megan.
— Dabi...
— Eu sei - me cortou, não deixando que eu terminasse a frase - Sei que não gosta de minha preocupação com sua irmã.
Escutei um suspiro pesado vindo dele, um silêncio extensivo se propagou pela ligação.
— Volte agora, por favor - pediu sussurrando, seu tom manhoso mexendo com meu psicológico - Tenho algo para você.
Desligou, deixando-me confusa sobre sua surpresa. Passei os dedos pelo cabelo, mordendo o lábio inferior cuidadosamente.
— Ele ainda não confia em mim, certo? - escutei Emi, a mão quente dele apertou meu ombro, um ato singelo de companheirismo.
— Não... - sorri tentando amenizar a tensão - Sinto muito.
— Não se desculpe - uma gargalhada simples escapou por seus lábios carnudos e rosados - Admiro esse cuidado que Dabi tem com você.
Aquela frase me reconfortou, um calor preenchendo meu peito.
— Bom, acho melhor você ir, certo? - a xícara dela pairou na mesinha de centro.
— Sim - me levantei lentamente, observando os movimentos dela.
Nos despedimos carinhosamente, um abraço aconchegante sendo transmitido em um contato direto entre nossos corpos. O calor de Megan me esquentava, seu cuidado em encostar em mim me deixava feliz e suas palavras de apoio ajudavam-me em todas as decisões que eu tomava. Nossa relação estava boa e eu realmente gostava disso. A mais velha me levou até sua porta, observando meus passos nada apressados para o elevador que levava ao andar de cima, onde encontrava-se o apartamento de Dabi. Meus dedos batucavam em um ritmo aleatório na lateral da coxa, o moletom quente cobrindo meus braços e protegendo-me da brisa fria que entrava no prédio. Eu secretamente me via ansiosa com o que o moreno de olhos azuis aprontava, imaginando os milhares de cenários que poderia acontecer.
Quando o elevador finalmente abriu as portas metálicas, as botas medianas bateram pelo mármore branco enquanto me levavam para o número do apartamento de Dabi. Eu brincava com meus fios escuros, os dedos se enrolando nas madeixas de tamanho médio e os olhos cinzentos vagando por todos os cantos dos corredores, uma forma evidente de distração para que meu nervosismo se amenizasse. Dabi sabia que surpresas me deixavam ansiosa, minha mania de rodar anéis preenchendo minha mente fragilizada enquanto meu foco se fazia no quarto para onde me direcionava.
Bati três vezes na madeira escura quando encontrei o apartamento tão esperado. Meu coração dava pulos de euforia por não saber o que esperar e as mãos suavam levemente a cada vez que minha imaginação me levava ao encontro dos olhos azuis que tanto amava. Observei a imagem belíssima de Dabi abrir a porta, seu rosto demonstrando uma emoção passiva e um pouco ansiosa. Vi um sorriso descontraído surgir por seus lábios rosados e úmidos, que contagiou meu estado de espírito e me passou uma sensação de calmaria.
— Achei que não viria - sussurrou, trazendo-me para dentro do quarto com o braço quente circulando minha cintura.
— Pensei em não vir - respondi no mesmo tom que ele, minha voz saindo baixa e abafada.
Dabi deu um aperto em meu quadril, levando-me em direção à sua cama enquanto dava um beijo singelo em minha testa. O moreno sorriu ao escutar o que eu havia dito, sentando-me em seu colchão macio e se apoiando em meu próprio corpo, buscando com os dedos o contorno de meu rosto. Sua respiração bateu em meu nariz, as orbes turquesas encaravam o meu cinza tempestuoso enquanto a mão quente acariciava minha mandíbula lentamente. O calor dele invadia minhas extremidades, gerando um suave excitação em mim. Seus lábios tocaram os meus com leveza, a língua mexendo-se com maestria por meu interior enquanto sua mão segurava-me com firmeza.
— Preciso te perguntar algo - disse ao separar nosso contato direto.
Dabi ficou em pé, as mãos no bolso da calça e a cabeça de lado, seus olhos penetrantes me observando cuidadosamente.
— Diga - falei baixo, permitindo a continuação de sua fala.
— Me diga o real motivo para você ter entrado na Liga... - foi direto, os dedos sendo estralados por uma ansiedade confusa.
— Ah... - inspirei fortemente, lembrando de meus reais motivos - Eu apenas queria morrer rapidamente e achei que aqui... Eu poderia ter essa oportunidade sem me esforçar muito.
— Você ainda pensa assim? - se aproximou, segurando meu rosto com as duas mãos.
Sorri fracamente, rondando seu pulso com meus dedos enquanto deixava que ele acariciasse meus contornos de qualquer forma.
— Não - encarei as orbes azuladas, me perdendo em sua imensidão - Tenho outros motivos para estar aqui.
Vi sua boca se abrir em um sorriso majestoso, os lábios se aproximando e logo beijando minha pele gélida da testa.
— Espere, tenho algo para ti - falou se afastando, indo em direção à bancada do quarto.
Sua mão pegou um porta retrato que decorava o local em que era colocado, trazendo até mim a moldura branca e simples que protegia uma fotografia desconhecida por mim. As duas pessoas deitadas uma do lado da outra chamavam minha atenção e por um momento me senti exposta, porém amada. Contemplei a imagem onde Dabi dava um beijo carinhoso no alto de minha cabeça, minha pessoa dormindo pesadamente ao lado dele.
— Quando tirou essa foto? - perguntei ao passar o dedo por meu rosto dorminhoco no vidro do porta retrato.
— Faz alguns dias - o moreno se sentou ao meu lado - Você estava tão bonita dormindo.
Sorri, lhe dando um beijo molhado nos lábios enquanto deixava gentilmente a foto em cima da cama.
— Dabi - chamei, encarando o turquesa brilhoso - Me promete uma coisa?
O maior concordou, grudando sua testa na minha enquanto fechava os olhos cuidadosamente, aproveitando o contato direto que tinha comigo.
— Estaremos juntos - selei nossas bocas em um selinho curto - Para sempre, certo?
— Certo.
fim
eu nao to chorando, voce que ta.............
meu deus que tristeza
essa fanfic acabou :(((
eu realmente não queria que acabasse :(((((((((
vou deixar meus agradecimentos em um próximo capítulo, ok?
amo vocês de montão!!!
obrigado por tudo
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