#OO7 ── Isso tudo foi escolha sua, trouxe consequências, aceite-as Baelon!
Havia a mais pura melancolia desenhada nos olhos de Madlyn, que não cansava de chorar dentro da carruagem, Boremund a olhava de canto, enquanto sentado do outro lado da cabine havia um Borros alguns anos mais jovem que ela, que encarava a tia de forma curiosa, ele não entendia porque ela chorava, mas também decidiu não fazer perguntas, uma vez que seu pai também não o fez, só estendeu a ela um lenço que carregava consigo, mas depois de um tempo nem ele continha as lágrimas de Madlyn.
A capital poderia ser caótica, mas Ponta Tempestade parecia muito melancólica e soturna, entendia porque Jocelyn quis ir embora, ela se lembrava pouco daquele lugar, desde que tinha ido embora morar na capital, o seu quarto não tinha mudado muito, talvez alguns brinquedos de criança tirados lá, mas ainda havia a melancolia.
Madlyn por muito tempo se opôs a ideia de casamento, enquanto Aemma sonhava com isso, mas ver a amiga bem, agora grávida do seu primeiro bebê, e também tendo se apaixonado por Daemon, Madlyn sonhava em como os quatro e seus filhos poderiam viver bem na capital, mas isso tinha sido destruído. Pelo lado de Boremund era difícil, ele pediu que Janessa - sua esposa - ou uma de suas filhas falasse com Madlyn, mas ela era resistente, só chorava, ele até pensou em falar com Jocelyn, mas a irmã se ressentia da mais jovem dos três filhos de Rhogar, diria que o irmão deveria deixá-la padecer.
── Madlyn? ── Uma voz grossa na porta chamou. ── Podemos conversar?
── Vai embora. ── Ela disse com o rosto no travesseiro.
── Não, nós precisamos ter essa palavra. ── A voz de Boremund Baratheon estava cansada. ── Estou tendo com você a paciência que eu não tive com os meus filhos, em respeito a memória do nosso pai e em como a Casella sempre foi uma pessoa doce e carinhosa comigo, no pouco tempo que ela também viveu aqui.
── Porque você está fazendo isso comigo? ── Ela se ergueu de rompante o olhando de orbes avermelhadas. ── Porque me faz casar com o Baelon? Eu não quero ele, eu amo o Daemon.
── O Daemon deflorou você? ── Boremund se manteve parado. ── Seja sincera comigo.
── Eu queria que tivesse. ── Ela se levantou na cama, raivosa, indo em direção a ele. ── Então me casariam com ele e eu seria minimamente feliz.
── Criança ... ── Boremund teria sido bem pior por muito menos com qualquer uma de suas filhas, mas a raiva de Madlyn o lembrava de Jocelyn, mesmo que a irmã não aceitasse tal comparação. ── Você não tem ideia do escândalo que isso seria, não seria um casamento fácil, os lordes pressionariam a coroa e a nós, inclusive já estão, causaria uma ruptura entre as nossas casas.
── Porque o rei quer tanto que eu me case com o Baelon? ── Os olhos dela tremiam. ── Porque não uma lady mais velha? O Príncipe não precisa de filhos, ele tem dois homens.
── Ele quer que o Príncipe Baelon tenha uma rainha, era para a Jocelyn ser, o trato com nosso pai era que tivesse uma rainha-consorte de sangue Baratheon. ── Boremund explicou dando um passo a frente e ela dois atrás.
── Que casasse a Jocelyn com ele então. ── Madlyn externou com escárnio. ── Ela sempre quis ser rainha.
── Era para ser a Jocelyn. ── O ar saiu dos lábios dele. ── E não que eu te deva a explicação do por que, mas Baelon solicitou a rainha Alyssane que aprovasse seu casamento com o Daemon, ele pediu isso após observar vocês, mas o rei os achou jovens para casar, queria esperar mais dois ou três anos, que o Daemon tivesse um dragão, mas também temia que vocês não conseguissem esperar.
── Está dizendo que ele nos culpou de sermos amigos? ── Havia incredulidade na voz dela. ── Era só mandar um de nós para longe se éramos jovens demais, eu ficaria três anos esperando por ele.
── Vocês não são jovens demais. ── Boremund olhou as mãos. ── O Daemon é, para ser um marido, mas você já está na idade de casamento. O Rei Jaehaerys achou que fosse a união propícia, uma rainha Baratheon, uma que não o odiasse tanto quanto a Jocelyn odeia agora, uma que acalmasse a Fé dos Sete, não seria um casamento com compartilhamento sanguíneo, já que sua mãe não é a Alyssa, sem falar que não cairia bem casar a Jocelyn com o irmão do falecido marido.
── Tem outras mulheres na casa Baratheon, nosso pai teve outros dois irmãos, nossos tios têm filhas. ── Madlyn insistia. ── Por favor, não me obrigue a me casar com ele, eu amo o Daemon, imagina como isso dói em mim.
── Eu não posso passar por cima das ordens do rei. ── Boremund se explicou. ── Coma alguma coisa, se privar não vai resolver nenhum dos seus problemas.
Não havia muito o que o lorde pudesse fazer, o rei não deu espaço para que Boremund negasse e isso fosse aceito de uma maneira pacífica e tranquila, oh não, isso criaria uma tensão entre as casas que estava tranquila desde a conquista de Westeros e a proximidade entre Orys e Aegon I, Boremund não poderia estragar isso, o trabalho de anos do pai e também de outros antes dele, Madlyn teria que aceitar e entender, uma hora ou outra, que todos eles faziam coisas que não gostavam, que a palavra do rei era lei e que seria uma honra ser rainha um dia, ele pensava que talvez Alyssane pudesse acalmá-la e dar-lhe alguns conselhos depois do casamento.
Na capital, Baelon também não havia absorvido bem a notícia, apesar de já saber antes da reunião com Madlyn na sala do trono, ele ainda se opunha, não entendia como a reunião que começou com ele pedindo para a mãe que levasse ao rei uma proposta de casamento entre seu filho e a lady Madlyn, acabou com ele sendo considerado como um noivo. Só de pensar que teria que se deitar com alguém que não fosse Alyssa o seu estômago doía, apesar de parecer sempre forte demais, ele amava e sentia falta de sua esposa, a única mulher que ele sempre amaria, não era nada pessoal com Madlyn, mas ele teve um amor e sua vida e não era ela.
── Podemos conversar? ── Baelon mantém as mãos para trás, está alinhado, diferente do que o rei o veria àquela hora, normalmente com o arco ou as roupas sujas pelo treino. ── Prometo ser breve.
── Claro. ── Jaehaerys abaixou o livro que li, trocou olhares com Alyssane e depois encarou o primogênito. ── O que você deseja?
── Eu quero que possamos casar a Lady Madlyn com o Daemon. ── Baelon foi direto ao ponto, seu rosto parecia ter envelhecido um pouco nas últimas semanas, devido ao estresse. ── Eles são jovens, próximos, como Viserys e Aemma, creio que isso irá gerar um casamento próspero.
── Minha decisão já está tomada. ── O rei foi irredutível. ── Temos que manter nosso trato, de ter uma rainha Baratheon, Jocelyn já está velha para ter filhos.
── Eu não preciso de filhos, majestade. ── Baelon encarou o pai e depois Alyssane. ── Por favor ...
── Querido ... ── Alyssane repousou a mão sob o ombro do marido e o apertou de leve. ── Ele tem dois garotos saudáveis, será avô em breve, não precisa provar sua fertilidade.
── Mas ele é o herdeiro do trono, se tivesse cumprido seu dever, ele e Lord Boremund, Aemon estaria aqui e não teríamos esse problema. ── Jaehaerys se levantou devagar, se desvencilhando de Alyssane. ── Ser um arqueiro e escudo do seu irmão foi escolha sua, trouxe consequências, aceite-as Baelon.
── Apesar de não concordar com isso normalmente. ── Alyssane parou um pouco atrás de Jaehaerys. ── Não acho que ele precise se casar novamente, ele já tem até netos que sentarão no trono depois dele, Alyssa foi o amor da vida do Baelon, não vamos forçá-lo ao desnecessário.
── Essa não é uma decisão discutível, não vamos causar um clima com a casa Baratheon e nem parecer as outras casas que nossos tratos são tão facilmente alterados assim, além de que falariam sobre a garota e o Daemon. ── Jaehaerys olhou a sua rainha e depois o filho. ── E você, pare de choramingar e porte-se como o herdeiro do trono que é, o Daemon já deu notícias em Dragonstone com o dragão?
── Ainda não, majestade. ── Baelon deu passos atrás. ── Vou deixá-los a sós, um bom dia.
Baelon apertava os dedos nas mãos, ele se mantinha distante dos assuntos a maioria do tempo, desde que perdeu Alyssa e depois quando seu querido irmão Aemon também o deixou, então viu vários de seus irmãos morrendo, mas ele seguiu firme, nas palavras de Maegelle, a fé pode nos segurar, mas somos nós que damos um passo de cada vez, ele sabia como aquela teia que fazia sentido só na cabeça de Jaehaerys iria machucar mais gente do que deveria e o fazia se questionar: A coroa deve sempre vir antes de qualquer outra coisa?
Em outro ponto do reino, em Pedra do Dragão, o jovem Daemon passava um bom tempo observando e tentando se aproximar das criaturas selvagens, havia vários dragões que escolhiam aquele lugar como sua morada principal, mesmo que seu montador esteja vivo em outro lugar, o que era o caso de Vermithor, que havia sido montado pelo velho rei a alguns bons anos, outros como Silverwing, da Rainha Alyssane, se recusavam a sair de perto de seu montador, como uma companhia solidária e de certa forma, solitária também.
O décimo sexto dia de seu nome havia chego para Daemon e ele nem percebera, estava tão focado no seu propósito que ignorava o resto do mundo, não se importava com nada sério em Porto Real ou outro lugar, se fosse realmente importante alguém já teria voado ou navegado até ele, poderia ler cartas e falar de alguma coisa depois, queria contar a todos pessoalmente como conseguiu. Na ocasião ele se reunia com alguns domadores que cuidavam dos dragões da ilha em torno da mesa com um mapa, parte dele se sentia estranho, sentia que poderia ser ele ali, seu senhorio, mas era Viserys que se tornaria o herdeiro e depois seu filho que Aemma esperava.
── Jovem príncipe ... ── Um deles tentou ser cauteloso. ── Não acha melhor fazer seus avanços a um dragão mais ... Brando?
── Sim. ── Outro falou encarando Daemon que olhava o mapa da ilha. ── Como Dreamfyre, da finada princesa Rhaena. É um dragão experiente, ela o usava sempre, pelo que diziam, acostumado com viagens e com outras pessoas, aceitará um novo montador de forma mais tranquila e segura.
── Eu não busco uma carruagem alada. ── Daemon comentou rindo. ── Eu quero um dragão que possa ser uma arma de combate também. Meu pai será rei um dia, meu irmão se sentará no trono depois dele, eu serei o escudo de ambos, mas não falharei com eles como meu pai falhou com o Príncipe Aemon. Eu terei o Caraxes!
── Certo ... ── Os domadores se olharam. ── Vamos mapear a área e tentar afastá-lo dos outros dragões.
Não era um trabalho fácil, Daemon tentava sempre se aproximar de Caraxes naquela semanas, mas ele sempre parecia fugir de suas investidas, o príncipe então passou a levar ovelhas e outros animais e ofertar a ele, Caraxes ainda parecia um pouco melancólico por causa de Aemon, mesmo tempos depois, Daemon lembrava de algumas dicas de seu pai, o que ele falava sobre seu irmão e o dragão avermelhado, ele queria que Rhaenys estivesse lá também, se ela não fosse mãe de crianças tão pequenas a prima poderia ter ajudado.
Não foi um processo fácil, ele quase foi queimado duas vezes, até que pudesse de fato se aproximar, tinha observado por tantas horas que sabia qual era o dragão próximo pelo jeito que se mexia, Daemon tinha se tornado um vasto conhecedor de dragões, só não era melhor com eles do que era nas espadas, nisso ele se destacava e todos tinham que reconhecer, o jovem príncipe queria não só ser excelente, mas ser o melhor, Jaehaerys ainda não havia oficialmente o tornado cavaleiro, mas talvez um dragão e ganhar alguns torneios mudassem isso.
A primeira vez que Caraxes efetivamente deixou Daemon tocá-lo, mais ainda, voar nele, foi poucos dias após o fim da temporada primaveril, o príncipe havia passado boas e longas semanas em Pedra do Dragão e seus avanços, mais do que nunca, tinham dado frutos, não só tinha se aproximado de Caraxes, como tinha catalogado novos dragões para a casa real, ele tinha pego até mesmo dois ovos que Silverwing tinha colocado e Pedra do Dragão tempos antes, para levá-los a capital.
── Você entrou no Monte Dragão, meu príncipe??? ── Um dos domadores que estavam no castelo arregalaram os olhos ao vê-lo sujo e com dois ovos. ── Poderia ter sido atacado por um dragão selvagem, Cannibal tem cercado a montanha nos últimos tempos.
── É porque Silverwing colocou ovos de novo, bem que a vovó avisou. ── Ele entregava ambos os ovos ao homem. ── Rhaenys levou dois para os filhos dela da última ninhada, não é?
── Sim, o dragão do jovem Laenor chocou, um belo azulado, mas o da menina Laena não. ── Havia um certo tom de tristeza na voz do homem. ── E esses dois para quem são?
── Um deles é para o meu sobrinho, prometi ao Viserys que levaria um para ele. ── Daemon riu. ── E o outro é para o meu filho, pedirei a lady Madlyn em casamento e nosso filho nascerá já com um dragão.
── Você não tem lido as cartas jovem amo? ── O homem ergueu as sobrancelhas. ── Seu irmão foi pai de uma menina, Rhaenyra, nasceu alguns dias após você partir, já ...
── Tudo bem, não importa o que é o bebê, o ovo servirá igual, um menino virá a seu tempo. ── Daemon o interrompeu. ── Eu terei um garoto, talvez meu filho possa se casar com a filha dele.
── A Lady Madlyn se casou a duas semanas. ── O outro homem falou engolindo seco e segurando os ovos, ele tinha um apresso pela figura de Daemon. ── Com o seu pai, alteza.
Daemon não sabia muito bem o que sentir, era como uma chama que queimava dentro de si, seus olhos tremiam, ele caminhou até seu quarto, rápido, havia uma pila de cartas sob o móvel, o domador só poderia estar mentindo para si, não era possível. Uma a uma, ele abriu e as leu, tanto as que Viserys contava sobre o nascimento de Rhaenyra, quanto as do seu pai perguntando como estava, de Alyssane falando sobre dragões e até as de Madlyn, que relatava sobre o casamento, semanas antes, eram quase pedidos de socorro, pedidos esses que ele tinha ignorado por completo, hiper focado em Caraxes e seu desejo de ser um montador.
O loiro não sabia o que sentir naquele momento, andava de um lado para o outro no quarto, afobado demais com aquela situação, ela tinha mandado cartas pra ele, Viserys tinha avisado, tinha até mesmo uma de Aemma, mas ele não viu nada, seu ódio fez com que ele queimasse todas as cartas na lareira do quarto que ocupava na fortaleza, o seu grito de raiva chamou não só a atenção dos serviçais normais, mas também dos guardas, mas ninguém teve coragem de intervir com Daemon.
No auge de seus 16 anos, Daemon Targaryen era um jovem forte e alto, já tinha 1,83, tinha passado Viserys que tinha 1,78 e era mais velho. Daemon era claramente um guerreiro, tinha músculos até, mãos calejadas e era um partido que as moças do reino sonhavam em ter, diferente do seu irmão - já casado e - mais magro, Viserys não precisava impressionar ninguém, ele era claramente um diplomata. A raiva do filho mais jovem de Baelon nebulava qualquer ideia mais centrada, a única coisa que ele queria naquele momento, um fim de tarde, era voar de volta para casa.
── Alteza me escute! ── Um dos serviçais andava atrás dele, junto de um dos domadores. ── Voar a essa hora é perigoso.
── Voar em Caraxes mais ainda. ── O domador tentou avisá-lo enquanto caminhavam ara fora do castelo. ── O senhor só voou duas vezes nele e nada longo demais.
── Eu vou para King's Landing. ── Daemon parou de pronto, os olhando. ── Vocês querendo ou não.
── Senhor, o dragão está sem cela. ── O domador olhou para o outro servo. ── Ainda não conseguimos colocar uma nele, precisamos de mais semanas com vossa alteza e o Caraxes.
── Ótimo, eu vou sem cela. ── Daemon deu as costas a ele e voltou a andar.
Servo e domador, lado a lado, ficaram em silêncio, ali eles não poderiam fazer nada, se Daemon insistia em querer voar ele mesmo daquela forma para a capital, ignorando qualquer outro conselho ou orientação sobre como aquilo era desadequado e perigoso, eles não seriam as pessoas que diriam mais alguma coisa ao príncipe, ele era grande e experiente o suficiente para assumir os seus riscos, o que cabia aos dois era rezar a seus deuses para que Daemon chegasse bem na capital e na pior das hipóteses, que a raiva do Príncipe Baelon fosse pelo menos algo que ambos pudesse suportar.
Daemon seguia cego de ódio, caminhando apressado ao descampado, ele tinha que ir para a capital a todo custo, tinha que resolver aquilo a sua maneira, ele sabia, suas mãos pinicavam, com pode ser tão cego e tão tolo ao mesmo tempo, ele prometeu que voltaria pra ela, mas agora parecia tarde demais? Ele conseguiria fazer algo? O casamento fora consumado? Ele enfrentaria o próprio Jaehaerys se fosse preciso, ele tinha uma espada, o rei não teria como negar isso a ele, poderia dizer ao avô que havia tirado a donzelice de Madlyn antes e então por isso ele deveria ficar com ela. Havia também um ódio por Baelon, como ele fora capaz de se casar com a mulher que filho amava? Haviam tantas perguntas que só voar até King's Landing resolveria.
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