twenty five
When you let me start to love you
It's like a bunch of broken picture frames, but
The photo still remains the same
~ The Neighbourhood - Leaving Tonight
alerta gatilho
Leves toques passaram por meu cabelo como se seguissem ondas marítimas de uma manhã calma. Os dedos finos que nadavam por minha correnteza negra e ondulada se concentravam em meu couro cabeludo, explorando a nascente dos fios pretos. Era uma sensação boa de paz quando seu toque gentil afastava as madeixas que caíam por minha testa, os dígitos gélidos e meio úmidos raspavam-se por minha derme aquecida e meio suada, cobrindo meu corpo de arrepios estranhos. Continuaria adormecida se não fosse pela voz baixa e abafada chamando meu nome lentamente e suavemente, o tom agudo de minhas vogais dançavam em uma sincronia calma ao tornar serem ditas novamente.
— Ivy - chamou, balançando meus ombros cuidadosamente.
Abri meus olhos com lentidão, acostumando-me com a pouca iluminação do quarto em que estava. Uma parede com diversas fotografias e desenhos encontrava-se em minha frente, a guitarra avermelhada e familiarizada por mim mantinha-se pendurada no arranjo ao lado da cama em que deitava-me. Uma essência de xampu de cacau preencheu minhas narinas enquanto inspirava fortemente o ar do local, virei o rosto segundos depois, encontrando ali, ao meu lado, a imagem de Suna Rintarou com uma toalha em volta de seus ombros nus enquanto seu cabelo molhado era jogado para trás. Seus olhos encaravam-me com atenção, o lábio inferior era mordido levemente e a mão esquerda afastava-se de mim cuidadosamente.
Rin tinha uma expressão diferente.
— Eu dormi... - comentei, passando a palma no rosto para livrar-me das remelas insistentes.
— Sim - ele me respondeu, pegando uma das pontas da toalha e tirando o excesso de umidade dos fios castanhos - Você dormiu no chão.
— Obrigada por me trazer para cama - agradeci, tentando não imagina a cena de eu e Suna dormindo na mesma cama - Você...
— Uhum - me interrompeu - Dormimos juntos, eu estava cansado demais para te levar para a outra cama.
— Ah sim - me sentei. A luz da lua entrava com clareza na parte central do quarto - Onde está Samu?
— Ainda não chegou.
Um silêncio constrangedor se formou entre nós, minha mente concentrava-se em apenas na forma em que Rintarou necessitou de mim tão desesperadamente hoje mais cedo. Quando ia dizer algo, um toque insistente de celular interrompeu o meu ato, chamando minha atenção para as cobertas e travisseiros bagunçado pelo colchão. Meus dedos tatearam até o aparelho, tirando o objeto gélido do amontoado de edredons e olhando fixamente sua tela trincada. O telefone era de Suna, o contato de seu pai ligava constantemente para si. Entreguei seu pertence para si.
— Seu pai está ligando - o moreno me encarou, pegando e logo desligando a chamada, enfiando novamente seu celular na bagunça da cama.
Escutei um suspiro pesado dele.
— Você está melhor? - perguntei. Suna demorou para responder.
— Sim, obrigado - suas orbes mudaram de direção, agora observando as próprias cochas.
Rintarou usava uma calça moletom preta e nada mais, estava sem camisa e apenas a toalha circulava seus ombros. Era uma ótima vista.
— De novo - sussurrou.
— O quê?
— Obrigado de novo. Não é a primeira vez que você está comigo em uma situação como esta - voltou a me olhar. As orbes esverdeadas brilhavam intensamente.
— Sem problemas, Suna - sorri um pouco - Você quer conversar sobre ou apenas esquecer isso?
Novamente, seu celular tocou, o brilho fosco por baixo do travisseiro era visto por nós, porém apenas ignoramos. Quando o barulho terminou, Rintarou inspirou fortemente e então disse:
— Quando completei 15 anos, eu e alguns amigos fizemos uma banda por pura diversão - o mais alto se ajeitou confortavelmente ao meu lado - Tocávamos qualquer tipo de música e até mesmo criamos algumas, porém nada sério.
O olhar de Suna caminhou até a guitarra pendurada.
— Naquela época, minha mãe acabou sofrendo um acidente de carro e faleceu no mesmo momento - a voz abafada do garoto ficou embargada, porém não se permitiu chorar - Tudo havia sido esquematizado, o acidente foi planejado pela família de um dos meus amigos da banda, o vocalista.
Minha respiração ficou descompensada por alguns segundos. Suna havia sido traído de forma absurdamente dolorida, usando ele e mentindo para ele.
— Eu e o vocalista tínhamos um namoro escondido - voltou a dizer - O que mais me surpreendeu quando descobri que sua família estava envolvida com a morte de minha mãe, foi que ele sabia e não se importava com o seu falecimento. Ele apenas me usava para seu próprio desejo sexual.
Meu coração doía ao ver a imagem forte e intimidadora de Suna se desfazendo em pedaços enquanto dizia a história de seu passado. Sua casca grossa se destruía sozinha e o verdadeiro garoto de olhos amarelados e cabelo castanho aparecia cada vez mais. Rintarou era uma pessoa quebrada e traumatizada, cheia de cicatrizes profundas que apenas influenciavam em seu futuro.
— Meu pai e sua família faziam grandes negócios e por conta da rivalidade entre as empresas e ambições por dinheiro, a morte de minha mãe foi causada apenas para abalar meu pai - seu tom saía triste e cada vez mais baixo, como se perdesse a vontade de viver - Dois meses depois, eu fiquei sabendo disso por uma investigação que a empresa de meu pai fez ilegalmente. Juntamente com este fato, descobri a traição que sofri. Ele e o baterista transavam e se amavam, com todo o resto da banda sabendo. Eu virei o amante no final da história.
Suna enfiou o rosto entre as mãos, chorando silenciosamente enquanto seu corpo tremia em relembrar as dores do passado. Todavia o moreno chorava por estar cansado de lidar constantemente com a cobrança e desgosto de si mesmo. Ele precisava se sentir amado.
— Meu pai sofre com a morte de minha mãe e também não sabe lidar com dois filhos, um problemático que transou com alguém culpado pela morte de sua amada e uma criança que necessita da atenção paterna e educação - as orbes amareladas voaram para meu rosto, encarando-me com um pedido de socorro silencioso enquanto as pálpebras ficavam inchadas - Até hoje, quando ele tem surtos, nós brigamos. Ele me culpa por tudo.
Me aproximei de Rintarou, tirando a toalha de seu pescoço e a jogando longe, logo pegando em seus ombros e o apoiando em meu próprio busto. Deitei novamente, sua cabeça descansando pesadamente em meu seio. A sua dor era profunda e levaria anos para se curar, contudo o garoto era forte e saberia conviver com ela. O maior me abraçou forte, inspirando o ar enquanto recuperava-se de sua recaída. Os braços torneados dele envolviam minha cintura e me faziam grudar em seu próprio corpo.
— Eu menti para você - sussurrou.
— Mentiu?
— Quando eu falei que havia saído da banda por não conseguir intercalar junto com o vôlei - me recordei de suas palavras.
— Ah sim - massageei seu cabelo úmido.
— Me mudei para Hyōgo assim que consegui uma vaga na Inarizaki, me afastando do caos de minha antiga província - completou, aproveitando mimha carícias em seus fios.
O silêncio tomou conta de nós, porém o constrangimento não nos incomodava.
— Sinto muito por isso - eu falei - Vai ficar tudo bem.
Meus lábios tocaram singelamente a testa de Suna, um beijo simples e molhado tomou conta da pele quente do rapaz e uma formigamento ansioso cobriu o meu estômago.
— Obrigado - sussurrou, abraçando-me ainda mais.
*
tadinho do suninha caras:(
oi mores, como estão?
eu estou bem:)
queria agradecer pelos 12K na fic, eu realmente sou muito grata pelo apoio e amor de vocês, obrigadinha <3
beijocas da tia nanda, se cuidem com a volta das aulas e usem máscara!!
cap sem revisão!!!! [25/07/21]
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