three


Where have you been?
Do you know when you're coming back?
'Cause since you've been gone
I've got along but I've been sad

~  The Neigbourhood - Reflections

   Paramos de frente para uma porta escura, que o gêmeo abriu e me deu passagem. Entrei, observando o quarto com cuidado. Um dos lados era organizado e outro bagunçado, com a cama desorganizada e alguns livros jogados no chão.

Qual o seu nome mesmo? - o platinado perguntou, parando ao lado do guarda-roupa.

Ivy e o seu? - continuei em pé, perto da entrada.

Osamu - tirou a camiseta, procurando uma nova em seu armário - Mas pode me chamar de Samu.

   Virei o rosto para o lado oposto, tentando não me importar com o corpo do rapaz, que já colocava uma nova camisa. Veio em minha direção, entregando a peça de roupa manchada, me olhando nos olhos enquanto tentava decifrar meus pensamentos.

Não me lembro de te ver por aqui antes, é novata? - mudou seu caminho para uma das camas, sentando-se na mais organizada.

   Me chamou com os dedos, indicando para que eu me sentasse com ele. Andei até o platinado, sentando-me ao seu lado enquanto encostava minhas costas na parede.

Hum, cheguei hoje no internato - falei, dobrando sua camiseta e a deixando em meu colo.

— E você amizade logo com aquelas garotas? - fez uma careta, cruzando as pernas em cima do colchão.

Ri de sua expressão, começando a me sentir à vontade na presença de Osamu, que agia naturalmente, tentando deixar o clima agradável.

— A única pessoa que posso garantir que seria uma "amiga", é Louise - falei, dando aspas na palavra.

— A lésbica rebelde? - perguntou e eu o encarei assustada.

— Lésbica rebelde?

— Ela tem um histórico na escola - comentou, jogando a cabeça para o alto - Não é nada demais, faz uns anos desde sua última aventura no colégio.

— Entendi - não quis prolongar o assunto, sabendo que se a francesa quisesse, ela me contaria.

— Ela é sua colega de quarto, certo? - continuou, não querendo que nossa conversa acabasse.

Percebi que Osamu queria continuar conversando, talvez para manter a mente ocupada, ou apenas queria me conhecer. Ele falava calmamente, me escutando quando dizia algo e sempre adicionando coisas nos assuntos. As ideias iam e vinham com o platinado, e sem que notássemos, nos conhecemos facilmente e descobrimos mais sobre a história de cada um. Ele desabafava sobre como seu gêmeo —chamado Atsumu — era ignorante e irritante, sempre fazendo coisas imprudentes e tendo uma péssima personalidade. Imaginei como seria conviver com alguém tão difícil assim, me baseando apenas nos desabafos de Samu e nem me preocupando com a pessoa real que Atsumu era.

— Ele é tão desorganizado - revirou os olhos, coçando o alargador em sua orelha.

— Você divide o quarto com seu irmão? - brinquei com o tecido manchado, já me esquecendo do motivo de ter vindo com Samu para seu quarto.

— Não, não. Essa bagunça aí não é do Tsumu - negou, buscando seu celular no bolso da calça - Meu colega de quarto é o Sunarin, também do time de vôlei.

Mostrou-me uma foto do rapaz. Me impressionei com sua beleza, o reconhecendo após de alguns segundos encarando seus olhos amarelados na fotografia. Lembrei-me de sua encarada arrogante mais cedo e fechei a cara para o celular de Samu, que me olhou sem entender.

— Não gosto dele - virei o rosto, tentando tirar a imagem do moreno de minha cabeça.

— Por quê? Vocês se conhecem? - mexeu em seu celular, ainda confuso.

— Hoje mais cedo ele esbarrou em mim e ainda me olhou como se fosse minha culpa - cruzei os braços.

O platinado prestava atenção em minhas palavras, mexendo no cabelo vez ou outra. Suspirou, jogando o celular na cama de qualquer jeito e se levantando. Estranhei, pois o maior pareveu ficar tenso de repente e me perguntei se eu havia dito algo errado. Samu se apoiou no batente da janela, observando o céu escuro do outro lado da vidraça. Continuei sentada, ficando constragida pela situação.

— Hoje na cozinha, você viu como as garotas nos trataram, certo? - concordei, esperando que ele dissesse mais - É difícil para nós, do time de vôlei, perdemos um jogo e voltarmos para o colégio sendo xingados.

"Ficamos irritados pela maioria não entender como é difícil vencer um
jogo contra um time forte. É pior ainda quando não temos o suporte de quase ninguém aqui dentro. Por isso Suna te olhou daquele jeito, porque ele estava indginado com toda essa burocracia do internato."

Me senti mal, pelos garotos e por minha crítica ao tal Sunarin que Samu dizia. Levantei-me, acompanhando o gêmeo e ficando ao seu lado para observar o céu estrelado. Ficava surpresa pelo mesmo se sentir confortável tão rapidamente para poder conversar comigo daquela forma, talvez fosse por eu não ter o mesmo senso crítico dos outros estudantes quando o assunto é a perfeição. Mesmo eu querendo ser a melhor das melhores, e Osamu sabia disso, pois eu contei sobre meu sonho para o garoto.

Ficamos em silêncio, apenas observando os pontos estrelados naquela vastidão do espaço, onde milhões de incertezas sobre os mistérios do mundo se encontravam. Uma das incertezas era como eu poderia consolar Samu naquele momento, sabendo que minhas palavras poderiam não ter efeito nele. Abri a boca para falar, sendo interrompida pela porta do quarto sendo aberta.

Como estávamos no escuro, a iluminação do corredor entrou pelo cômodo, batendo em nossas costas. A luz foi acesa e ao lado do guarda-roupa estava ele, Sunarin, o garoto que esbarrara em mim. Ficamos em silêncio, eu e o gêmeo encarando o rapaz alto atrás de nós. Seus olhos amarelados giraram na órbita e um bufo saiu de seus lábios rosados.

— Porra Samu! - Suna jogou o cabelo para trás, irritado com alguma coisa - Você poderia ter avisado que iria trazer uma garota hoje.

Andou até sua escrivaninha, abrindo uma gaveta e tirando de lá uma bolsinha preta, pegando também um isqueiro azul escuro no fundo da mesma.

— Não estamos fazendo nada, Suna - o platinado se desencostou da janela.

— Mas vão fazer. E sinceramente, eu não estou com paciência nenhuma para ficar ouvindo gemidos hoje - arregalei meus olhos, observando o moreno desaparecer pela porta, batendo a mesma com força.

Fiquei estática, um ódio evidente se instalando em meu peito. Quem ele pensa que é para pensar esse tipo de coisa sobre mim? Por acaso eu tenho culpa do estresse dele?

— Eu acho que vou embora - falei,
buscando a blusa de Samu em cima de sua cama.

— Desculpe, de verdade - sua mão cobriu seus lábios - Eu te levo até seu quarto.

— Não precisa - neguei sua ideia, já me sentindo culpada o bastante por sua camiseta e irritada por seu colega de quarto - Mais uma vez, me desculpe por sua camisa. Te entrego ela limpa assim que puder.

Abri a porta, saindo apressada do dormitório masculino e rumando ao feminino, sabendo que Louise provavelmente estaria preocupada comigo por conta de minha demora. Suspirei, sentindo a tensão dominar meu corpo. Já odeio alguém, logo no primeiro dia.

*
hey babys! como você estão?

vocês viram que fiz o samu ter alargadores? ai man para mim ele fica muito lindo com um pequenininho sabe? afs

bom, é isso!! até a próxima amores
beijos da tia nanda :)

cap sem revisão!!!! [27/04/21]

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