𝟬𝟬𝟱

Augustine sorriu quando leu a mensagem de James pedindo que a encontrasse na parte de trás do shopping. Aquele era o ponto de encontro deles para quando queriam passar um tempo longe de tudo, e a garota adorava aqueles pequenos promenores que pertenciam só aos dois.

Ela realmente havia pensado que ele ficaria chateado com ela pelo ocorrido, mas naquele momento se apercebeu de que o garoto teria que ter alguma sensatez, tendo em conta que a situação não era culpa de Augustine. A garota apenas estava seguindo o seu coração, apesar de ser óbvio que o que os dois estavam fazendo não passava de uma traição.

A ruiva arrumou o perfume que tinha escolhido especialmente para James no fundo da mochila, não querendo que ninguém o encontrasse no caso de que entrasse no quarto. Ela prendeu um sorriso ao relembrar a forma como o moreno havia trocado olhares com ela durante todo o dia, fazendo com que ela se sentisse mais confiante em relação à conversa.

Apesar de confortável, ainda se sentia insegura devido às constantes dúvidas e mudanças de humor de James. Ela sabia que ele sentia a falta da namorada, e que estava devastado pelo que tinha acontecido. Ela não sabia se os dois tinham discutido ou o porquê, mas o garoto já se tinha mostrado muito sensível sobre o assunto.

Augustine espreitou para o relógio na mesa, reparando que eram quase dez horas, já estava ficando tarde. Ajeitou os seus fios ruivos como pôde e se olhou ao espelho de cima abaixo, apreciando o bom trabalho que havia feito com a maquiagem e a escolha de roupa.

Antes que se atrasasse ainda mais, saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. Escutou a sua irmã, Beatrice, no quarto ao lado do dela, tomando banho e percebeu que era a oportunidade perfeita para escapar sem que ninguém reparasse.

Quando fechou a porta principal da casa, recebeu uma mensagem de James dizendo que já estava chegando, o que fez ela correr em direção ao passeio. Ligou o celular, chamou rapidamente um táxi e esperou por alguns minutos até que, por fim, chegou.

Depois de ter pedido ao senhor que a levasse para o centro da cidade, Augustine reparou que o homem dirigia no sentido que daria para as ruas mais movimentadas da cidade, onde ela sabia que haveria trânsito.

Ela não podia se atrasar, sabia que já estava demorando demasiado tempo. Além do mais, não queria deixar o moreno esperando. A ruiva não sabia o que ele tinha para lhe dizer, mas estava com receio e também com alguma pressa.

— Desculpe, mas eu agradeceria que dirigisse pelos subúrbios. — Augustine pediu, vendo o senhor barbudo se virar para ela confuso. — É que... eu quero evitar o possível trânsito no centro da cidade.

Ele deu de ombros e desviou o caminho assim que pôde. Augustine já não sabia se o calor que sentia era dos nervos ou da temperatura a que o táxi desnecessariamente estava. Ela soltou um suspiro pesado ao olhar o relógio que estava no rádio do táxi antigo.

22:07.

A espera que o senhor chegasse ao centro da cidade estava se tornando torturante e a garota já não podia mais ouvir as músicas country que tocavam naquela rádio alternativa, e que o homem sussurrava a letra. Após alguns minutos, o táxi foi finalmente encostado no centro da cidade e Augustine pagou a viagem, saindo o mais depressa possível.

Começou a caminhar rapidamente em direção ao centro comercial, que ainda estava a alguns minutos a pé de distância. Imediatamente que o local comercial surgiu em seu campo de visão, a ruiva pegou no celular. Viu as horas, por medo de se atrasar para ver James.

22:13.

Augustine se lembrou naquele momento de que deveria urgentemente desligar o celular para que nada interrompesse sua conversa com o garoto. Assim que levantou o olhar, reparou que o mesmo a fitava de longe, encostado em seu carro.

A garota acelerou o passo, fazendo com que o moreno percebesse a pressa com que ela estava para chegar a ele. Mas, ele não podia culpá-la, também tinha vontade de despachar toda aquela conversa e deixar aquele peso que tinha nas costas para trás.

— James... — A ruiva deu os últimos passos em direção ao moreno, ficando a apenas um de distância, o fazendo enrijecer seus ombros pelo medo da reação dela ao que ele estava prestes a dizer.

— Eu não vou mais te enganar, Augustine. O que acontece é que... eu não posso mais fazer isso. — James começou por dizer e a garota expressou confusão em suas feições, fazendo-o sentir isso como um incentivo para continuar a falar. — Eu não posso continuar a te iludir, eu ainda amo a Betty. — Prosseguiu, vendo a garota levantar as sobrancelhas em surpresa. — Eu estou tão arrependido por ter alimentado essa situação. Quer dizer, isso não é saudável para nenhum de nós dois!

Depois das ultimas palavras do moreno, Augustine ficou um pouco preplexa. Sua respiração faltou por um momento e as palavras ficaram presas em sua garganta antes que ela se premitisse a soltá-las em forma de sussurro.

— Eu não te entendo, mesmo. Como você pode ser tão doce em um momento e no outro me diz que nunca superou a sua ex? Que você não quer isso pra valer? — Augustine questionou, segurando sua bolsa em sua mão de uma forma firme.

— A Betty não é minha ex, nós ainda estamos juntos! — James gritou, ainda querendo acreditar que Betty era sua.

— Ainda pior! — A ruiva retrucou e ele ficou em silêncio, sabendo que não havia mais nada a dizer, e Augustine viu tudo na expressão dele. — O que nós tivemos não significou nada para você? — Ela quis saber, se aproximando dele e desfazendo a sua própria questão segundos depois. — Você disse que me adorava, nós nos entendíamos, nos apoiávamos e, de repente... descubro que você nunca foi meu.

— Augus...

— Eu sei que você sente o mesmo que eu, então não me deixe assim... Eu sei que nós podemos dar um jeito. — Augustine aproximou as suas mãos do rosto dele na tentativa de o levar a acreditar que funcionaria, mas ele não estava preocupado em não deixá-la, estava preocupado em deixar Betty.

James sentiu os seus sentimentos hormonais e vulneráveis ceder lentamente, mas, pela primeira vez desde o início daquele fatídico mês de agosto, ele se aguentou, se relembrando do quanto queria que fosse outra garota o segurando daquele jeito.

Finalmente compreendeu que para ter a sua loirinha consigo, deveria resolver aquele assunto primeiro.

— Augustine, para, para, para, para! — Ele elevou o tom de voz, a assuntando um pouco, enquanto agarrava os braços dela delicadamente, tentando afastá-la. — Não tem 'nós', ok? Alguma vez te mostrei algum sentimento além de amizade?

— Jammy...

— Não, não, não. Para de me chamar isso. Eu... Olha, eu não quero te machucar, mas você tem que entender que tudo o que eu fiz foi porque a garota que eu amo me partiu o coração, tá bom?

Ele suspirou, a memória de Betty e Jetson dançando juntos preenchendo a sua mente.

— Então eu sou a sua segunda opção? É isso que você está dizendo? — Ela perguntou, e James podia jurar que viu lágrimas se formando nos olhos dela.

— Não, Augus, simplesmente não era suposto você sentir alguma coisa por mim.

— É, mas eu sinto. — A ruiva exclamou, dando um passo na direção dele. — E eu jamais partiria o seu coração, James... Por favor, me dê uma chance...

— Tine, eu amo você, mas como amiga. — Augustine desviou o rosto repleto de lágrimas ao escutar as palavras do garoto. — Não! Não chore, por favor. Olhe pra si mesma, você é uma das garotas mais incríveis que eu conheço, e não quero terminar a nossa amizade com rancor, ok?

Ela estava em prantos, sem saber o que fazer. Ela se sentia como a outra mulher, a dispensável, aquela que surge no canto da tela e de que todos têm pena, porque não é amada. Mas, se ele ao menos lhe desse uma oportunidade, ela poderia provar que era melhor do que aquela outra garota.

Ele olhou para a expressão no rosto dela atentamente. James só queria olhar nos olhos de Betty mais uma vez, sentir o perfume dela, fazer tropelias com ela pelo supermercado e trocar carícias em um poste de rua, vendo o sorriso dela iluminado pela luz da Lua.

Não era culpa dele por estar apaixonado, nem dela. Augustine queria muito que tudo desse certo, mas James só queria voltar para os braços daquela que nunca esqueceu.

— Por favor, Augustine, pare de tentar. Você vai acabar se machucando mais. — James murmurou, dando um passo atrás. Ele não queria machucá-la, não fazia ideia de que ela se sentia daquele jeito e não queria quebrar-lhe o coração.

— Você não me ama, não é mesmo? — Ela perguntou, mesmo sabendo perfeitamente qual era a resposta, então não esperou por uma. — Tudo o que eu preciso é você, James. Por favor, apenas me deixe mostrar que posso te amar melhor do que ela.

Aquelas palavras soaram similares às que James disse a Betty quando se declarou a ela pela primeira vez, na altura em que ela tinha uma queda por Jetson e ele lhe mostrou que a amava mais do que aquele palerma alguma vez poderia. As memórias daquele momento passaram na mente dele, e ele se sentiu perdido ao relembrar o brilho no rosto de Betty ao ouvir a declaração dele. Um brilho que, naquele momento, James claramente não expressava.

E foi assim que ele percebeu que não era naquele lugar, nem com Augustine, que ele deveria estar.

— Eu gosto muito de você, Augustine. Você é uma grande amiga para mim, esteve lá para mim quando eu realmente precisava, e...

— É, eu estive lá para você quando a Elizabeth não estava! — Augustine aumentou o tom de voz, querendo gritar na cara dele por não conseguir perceber o quanto que ela estava disposta a deixar por ele.

A ruiva estava tão perdida em sentimentos que não tinha mais o controle das suas palavras e ações. Só queria que ele ficasse com ela. Ela queria que tomassem o café da manhã juntos e que ele desabafasse sobre a sua vida, ela queria que ele a abraçasse e que dissesse que a amava.

Mas não era com ela que ele queria ficar.

— Obrigado! — James agradeceu sarcasticamente, dando mais um passo atrás e engolindo firmemente enquanto encarava Augustine com uma expressão vazia. — É sério, muito obrigado por esfregar na minha cara que ela não está aqui porque eu fiz merda, e agora ela me odeia! — Augustine o encarou, sem palavras. Aquelas palavras realmente magoaram o garoto, por sentir que estava perdendo tudo o que alguma vez tinha tido. — Eu te chamei aqui, porque queria terminar as coisas bem! Eu pensei que você me entenderia! Você disse que tem sentimentos por mim, então deveria saber como é dificil ter que deixar a pessoa que você ama!

— James... — Ela chamou baixinho, gritando mentalmente por estar fazendo ele querer ir embora. — Eu não quis dizer isso, não quero te fazer sentir culpado.

Mas foi em vão. James já caminhava na direção oposta, pegando as chaves de casa do bolso e saindo pela porta principal em uma velocidade que fez Augustine arregalar os olhos de susto por medo de ter perdido o seu amado para sempre.

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