𝟬𝟬𝟰

Foi com um pedido para entrar no carro dela, o coração destroçado dele e uma sedução sutil que começou o envolvimento ente Augustine e James. Encontravam-se atrás de supermercados, no carro dela, no quarto dela, a meio da noite, apenas para "passarem algum tempo juntos".

Tudo porque James estava magoado em relação à decisão de Betty, então encontrava-se com Augustine para tentar esquecer-se da loira, mas claramente isso era impossível. Cada vez que Augustine beijava os lábios de James, ele só queria que fosse a lorinha dele ali, com ele. Ele sonhava com ela todas as noites, e ela era a primeira coisa em que ele pensava assim que acordava.

Tudo porque ele cometeu um erro, e não havia volta a dar. Desde que Betty decidiu se afastar de James, ele se sentia derrotado e sozinho, mas foi aceitando os pedidos de encontros de Augustine ao perceber que nem o álcool o podia distrair.

À noite, ele dormia com Augustine e sonhava com Betty. Durante o dia, ele só podia pensar em uma delas. E, mesmo que Betty se tivesse afastado de James, ele ainda sentia que estava traindo a namorada.

Talvez ele estivesse.

James rapidamente afastou esse pensamento enquanto bebia o seu chá logo pelas nove da manhã, hora em que Betty costumava acordar para ler. Ele segurava o livro de astrologia de que ela havia se esquecido no quarto das garotas.

Beatrice se recusou a que ele levasse o livro, e Inez já estava tão chateada com ele por ter dito muitas das coisas que disse a Betty, que nem sequer olhava para ele. De qualquer forma, ele levou-o. Era uma forma de estar mais perto da sua amada.

Ele folheou as páginas uma por uma, observando os desenhos dos planetas, constelações e astros de que Betty tanto lhe falava. James sempre achou muito fofa a maneira como ela falava sobre aqueles assuntos, como uma verdadeira profissional.

Ela ficava linda quando divagava sobre aquelas coisas.

Ver os rabiscos, desenhos e anotações com a letra dela nos cantos das páginas e ao lado das ilustrações faziam-no imaginar o sorriso cativante que com certeza ela teria no rosto ao escrever, era como vê-la mais uma vez, e isso fez com que ele sentisse lágrimas nos olhos.

— Eai, cara. Vamos dar uma volta nesses nenéns? — Conan sugeriu ao entrar na cozinha com o skate dele e de James.

— Acordado tão cedo? — O moreno perguntou, pousando o livro na bancada enquanto piscava os olhos rapidamente em uma tentativa de fazer com que as lágrimas desaparecessem, mas acidentalmente uma delas acabou por escorrer pelo seu rosto.

— Ei, você tá chorando? — Aproximou-se de James, tentando checar se tinha visto bem, suas suposições confirmadas quando ele viu o amigo limpar a lágrima com a parte de trás da mão. — Vejo que é melhor a gente ir mesmo, você precisa de esquecer os problemas que te deixam desse jeito.

— Eu não tenho problemas. — James deu de ombros enquanto colocava a sua chávena de chá vazia na máquina de lavar.

— Ah, você tem sim. E o maior deles todos tem cachos loiros e carinha de anjo. — Conan sugeriu, se sentando no banco do lado do que James se sentava novamente.

— O problema não é ela, é a merda que eu fiz e as saudades que sinto dela. — Explicou, baixando a cabeça depois de se debruçar com o olhar distante

James se apoiava nos ante-braços, sobre a bancada da cozinha, enquanto encarava o mármore frio, com a mente preenchida de perguntas e pensamentos diferentes que estavam o deixando confuso.

— Mas você não pode simplesmente resolver isso? Ela é uma garota, porra, não pode ser tão difícil. — O loiro quis simplificar a situação, mas James não parecia nada certo daquilo que o amigo dizia.

— O que você quer dizer? Como é que isso pode ser fácil, Conan?

— Cara, a Elizabeth é doida por você! Ela passa o tempo falando sobre você, e isso é quando não está agarrada a você. — Exclamou, querendo cruzar os braços e gritar com ele por não estar correndo atrás dela em vez de ficar sentado, fazendo figura de idiota.

— É... Mas agora é diferente. — James respondeu baixando ainda mais a cabeça e pensando em como poderia ir embora e deixar Augustine de repente, e se ela contasse a Betty o que os dois estavam fazendo nas últimas semanas?

— Como assim, diferente? — Perguntou antes de fazer uma expressão que fez James acreditar que uma lâmpada se tinha acendido dentro do cérebro dele. — Tem outra pessoa envolvida?

— Não! Não, não, não, não. Claro que não! — James negou rapidamente, se virando totalmente para o amigo, fazendo uma pausa antes de voltar a falar. — Bom... Pelo menos, não emocionalmente.

Conan parecia realmente espantado com aquela ideia, mas isso não impressionou James já que ele e Betty sempre foram muito próximos,

— J, você está traindo a Betty? — Conan perguntou hesitantemente, sem querer acreditar que o amigo faria tal coisa a sua amada.

— Eu não estou traindo ela porque ela não está aqui, quando obviamente deveria estar! — O moreno elevou o tom de voz, se apercebendo em seguida que era cedo pela manhã e que ele não deveria falar tão alto.

Então, James se apercebeu que estava sendo muito egoista ao dizer aquilo, não era culpa dela. Ela deveria estar ali, mas se não estava era por culpa dele. A verdade era que as hormonas e o mau humor matinal estavam dando cabo dos pensamentos e das palavras dele, e James já não controlava o que dizia.

— Olha... Eu não sou muito experiente nesse seu negócio de namorico, tá? Mas... trair não é legal não. — O de cabelos pretos suspirou, sem saber bem o que dizer.

— Eu sei, bro. Mas a situação está fora do controle e eu preciso de... de... — James se apercebeu de que nem ele próprio sabia do que precisava, ou talvez apenas não quisesse dizer em voz alta.

— De um ombro amigo? Acha que é dormindo com outra garota que vai conseguir? — Questionou, levantando uma sobrancelha para ele.

— Não... — Murmurou, encarando a bancada mais uma vez.

— Vem, vamos dar uma voltinha nesses nenéns. — Conan chamou, fazendo o amigo levantar o olhar e sorrir ligeiramente.

Tudo o que ele queria era poder sorrir como sorria quando Betty estava por perto.

***

Augustine se acomodou em suas almofadas de seu quarto partilhado com seu irmão mais novo, Lucas. Ela pegou no celular e reparou que tinha mensagens de James por ler. Sentiu um sorriso crescer no seu rosto ao ver o texto dizendo que ele iria ter com ela dentro de meia-hora.

Imediatamente, Augustine sentiu necessidade de se arrumar para o ver. No fim das contas, James era o garoto mais lindo e atencioso que ela conhecia, e não o deixaria escapar tão facilmente. Ela sabia que a sua paixoneta por ele estava se tornando algo mais, algo que ela não conhecia, mas que queria explorar ao máximo.

Ao se olhar ao espelho, Augustine se apercebeu de que, com seus cabelos ruivos, expressão angelica e curvas definidas, conseguiria quem quisesse. Estava completamente consciente de que a situação com James seria temporária, porém não queria pensar no futuro, muito menos no fim daquele amor.

Os pensamentos da garota foram interrompidos pelo som da porta do seu quarto se abrindo. Tinham passado apenas vinte minutos, e ela achou estranho James ter chegado tão cedo, já que ele sempre teve mais tendência para chegar mais tarde. Porém, quando se virou para ver quem estava na porta, era uma figura bastante diferente da de James.

— Desculpe se estou te incomodando, mas pode me emprestar o seu carregador? Eu prometo que devolvo amanhã. — Inez pediu, juntando as mãos como se implorasse.

Augustine não conhecia Inez, mas já tinha falado com ela brevemente em alguns momentos por coincidência. Inez era uma grande influencer, e geria a conta de fofocas da escola do Twitter. Era o último verão que ela tinha na escola, então estava aproveitando ao máximo para tirar as últimas fotos antes da faculdade e publicá-las. Tendo em conta tudo isso, Augustine não teve dúvidas de que o celular dela precisasse de um carregador constantemente.

— Hm... Claro. Pode me devolver quando quiser, não vou precisar dele agora. — Augustine respondeu gentilmente, retirando o carregador da sua gaveta e entregando nas mãos da garota.

— Obrigada! Prometo que devolvo amanhã! — Ela agradeceu entusiasmadamente, se virando e saindo do quarto, lançando dois polegares para cima à ruiva, que riu com o gesto.

***

Augustine sentia suas pernas fraquejarem e o batimento cardíaco acelerar quando James lhe tocava. Era como se o paraíso deixasse de ser tão paradisíaco. Tudo o que ela queria era que aquele garoto fosse dela, e ela dele.

Ela não sabia ao certo se ele ainda sentia alguma coisa por Betty ou não, mas isso já não importava, ela tinha todas as certezas de que ele sentia alguma coisa por ela. Será que ela estava se apaixonando?

Eles estavam contra a parede do quarto dela, eles jamais tinham ido para a cama dele, e James pensou que ela tinha percebido a dica. Mas, naquela noite, alguns garotos estavam no andar de baixo bebendo umas cervejas e conversando, fazendo com que eles não pudessem sair daquela casa sem serem pegos.

James preferiria ficar com os amigos no andar de baixo, mas quando Augustine o chamou, ele sentiu que não podia deixá-la. Eles eram amigos afinal, e James não queria que ela ficasse sozinha.

Ele beijava a pele levemente morena dela distraidamente enquanto se perdia em um mar de pensamentos.

Betty e Augustine eram totalmente diferentes. Agora, James tirava os vestidos de ceda de Augustine, enquanto sentia falta de tecidos baratos e simples, com estampas de flores coloridas.

A ruiva fazia movimentos ágeis e rápidos, a loira costumava preferir fazer as coisas devagar e aproveitar o momento. James sentia falta dos doces e inocentes beijos de Betty e do jeito fofo dela durante momentos mais íntimos.

Ele só queria a sua loirinha de volta.

Augustine beijava James como se dependesse dos lábios dele para respirar, enquanto ele retribuía fracamente. Ela ajudava a que ele se esquecesse dos problemas. Apesar de tudo, ele continuava sussurrando palavras bonitas, para que a garota não se sentisse mal com o fato de ele estar sempre com a cabeça nas nuvens.

— Oi, Augus. Afinal a Bea tinha... — Inez se interrompeu assim que viu a cena em sua frente, seus olhos se arregalando levemente.

Quando os dois viraram a cabeça, a porta do quarto de Augustine estava aberta, deixando uma fresta de luz do andar de baixo surgir junto com uma silhueta. Inez estava parada à porta com uma expressão de choque.

James rapidamente se desfez do toque de Augustine, se sentindo como se já pudesse ver o que aconteceria em seguida. Ele podia imaginar as lágrimas e as palavras cheias de mágoa de Betty. Ele não queria machucá-la novamente.

— Inez... Por favor, não conte isso para a- Espere, onde você está indo? Inez!? — Ele chamou repetidamente, na tentativa de impedi-la de fazer alguma loucura, mas era tarde demais, a garota já tinha saído correndo dali.

James então saiu do quarto também, andando em passos rápidos atrás de Inez, chamando o nome dela alto, mas ela se manteve firme, caminhando pelos corredores longos da simples moradia de férias.

— James? — Augustine chamou atrás dele, mas o garoto sequer se virou, demasiado preocupado ao imaginar Betty se machucando por culpa dele.

— Agora não. — Respondeu, sem olhar para Augustine, que parou na frente dele, mas ele logo a desviou do caminho, correndo para Inez. — Nez, por favor, me escute.

— Para você é Inez Mcgray! — Ela exclamou apontando para ele com o dedo indicador. Ele nunca gostou muito da garota, ela era demasiado extrovertida, além de metida. — E você vai sair do meu caminho imediatamente. — Inez exigiu, falando devagar para ter a certeza de que o moreno compreendia. — Estou te avisando, James. Você não me quer ver chateada!

— Olha... Inez Mcgray, isso não era para durar, não aconteceu assim tantas vezes e...

— Foi mais do que uma vez!? — Inez arqueou as costas de forma séria, fazendo James se calar por alguns segundos antes de responder.

— Me escute... eu preciso mesmo que você não conte isso a ninguém! — A afirmação do moreno fez a loira soltar um suspiro surpreso pela hipocrisia dele.

— Você está alucinando e se enganando muito se acha que eu não vou contar isso para Betty imediatamente! — Ela gritou, arregalando os olhos perante aquele pedido.

Ela passou por James, batendo o ombro no dele propositadamente. Inez era muito leal, além de fofoqueira, e não contaria à amiga apenas pela reação dela. Ela queria contar porque queria que Betty deixasse de sofrer com aquele relacionamento.

— Não! — O moreno exclamou alto quando Inez começava a caminhar na direção oposta. — Por favor, à Betty não! Não conte para ela! Não antes de ela saber que eu a am...

— Que você o quê? — Ela o interrompeu, se virando para ele, demasiado chocada com tudo aquilo para escutar aquelas palavras. — Como você ousa mentir desse jeito depois do que fez?

— Nez... — Ele fez uma pausa ao notar o olhar sério que ela lhe deu. — Inez Mcgray. — O olhar dela se suavizou, mas a expressão permanecia implacável. — Não é nada do que você pensa que aconteceu. A situação saiu do controle, e... Eu ainda quero ter um futuro com a sua amiga. É tudo o que eu quero.

— Owh... porque você a ama, não é mesmo? Certo, então, amanhã logo cedinho pela manhã você vai montar o seu cavalo branco, ou talvez um unicórnio cor-de-rosa e levá-la para um reino encantado onde poderão ser felizes para sempre. O fim. — Inez brincou, gesticulando com os braços com um sorriso nada amigável.

— Não brinque comigo! — James exigiu irritado. Tudo o que ele queria era ser escutado, mas tinha que ficar aturando a amiga fofoqueira da namorada dele dizendo aquelas besteiras.

— Não, você não brinque comigo! Você acha mesmo que eu vou esconder esse seu segredinho? Acha que eu vou deixar isso continuar a acontecer? — A loira perguntou, observando a expressão de James mudar enquanto ele se apercebia da dura realidade.

Não havia volta da dar. Aquela tarde havia determinado o fim do relacionamento que ele tinha com Betty.

Então, Inez caminhou na direção para a porta da saída da casa, deixando James parado, pensando no que faria a seguir.

O moreno se virou, reparando que Augustine não estava no corredor. Demasiado perdido em um mar de pensamentos para agir racionalmente, o garoto acabou por optar por ir dormir mais cedo.

James foi direito a seu quarto, se deitando na cama sem pensar muito nisso. Ele precisava descansar, mas sabia que sonharia com a loira se adormecesse. Por mais que normalmente ele ansiasse por adormecer porque sabia que sonharia com o lindo sorriso dela, dessa vez ele tinha medo de sonhar com as lágrimas da sua protegida.

O garoto decidiu apenas fechar os olhos, se colocando em uma posição confortável. Ele não podia deixar de pensar que Inez estaria contando para todos o que aconteceu, mas não havia volta a dar e ele precisava descansar porque na manhã seguinte precisaria falar com Betty.

Mesmo assim, talvez não fosse boa ideia levar o tal unicórnio.

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