𝟬𝟬𝟯
James corria pela casa de férias em busca da namorada. Ele procurou pela casa toda, no quarto das garotas, na sala, na cozinha, porra, ele até procurou na praia. Ela não estava em lado nenhum.
Ele queria desabafar com ela, apesar da conversa que tiveram na noite anterior, ele só queria lhe contar o que fez e o porquê. Ele queria contar o quanto pensou nela, porque, mesmo que não se lembrasse de muito da noite anterior, ele se lembrava de passá-la pensando na loira.
James não se recordava de tudo o que aconteceu na noite anterior, mas ele se lembrava de querer por tantas vezes que fosse uma certa garota de cabelos loiros beijando a sua pele. As saudades que sentia de Betty e o ciúme daquela noite se juntaram, e ele estava tão frustrado, ébrio e triste que não conseguiu controlar a situação.
Mas agora não havia volta a dar, e tudo o que ele queria fazer era remediar o seu erro. No entanto, já tinham passado horas desde que ele tinha começado a procurar por Betty, e ainda não sabia de nada. Era cedo, e ele sabia que a garota costumava acordar logo pelas nove da manhã para ler um livro ou beber o seu café com leite, mas ele também calculou que talvez pela noite passada ela tivesse acordado mais tarde.
E se ela tivesse feito o mesmo que ele? E se ela estivesse no quarto de Jetson naquele exato momento?
Os devaneios de James foram interrompidos por um barulho atrás de si. Era Beatrice, uma das melhores amigas de Betty, que parecia estar bastante descontraída.
— Por favor, me diga que você sabe exatamente onde está a Betty! — James implorou enquanto andava em passos rápidos na direção dela.
— Na verdade... A Betty saiu tem quase uma hora. — Beatrice deu de ombros enquanto pousava a sua xícara de café sobre a bancada da cozinha.
— Saiu? Como assim saiu? — Ele perguntou sentindo o seu chão desaparecer.
— É, ela fez as malas ontem quando voltou da festa e apanhou o trem para casa há uns quarenta minutos. — A morena deu de ombros mais uma vez, e James correu apressadamente em direção à porta da saída. — Ei! Onde é que você pensa que vai!? — Beatrice chamou da cozinha, correndo até à porta de saída em uma tentativa falhada de impedir James de ir atrás de Betty, mas era tarde demais.
Beatrice era a mais desbocada do grupo, e não podia evitar isso.
O garoto moreno correu pela calçada de grandes ruas movimentadas, até à estação de trens. James teve que atravessar um mar de pessoas que aparentemente estava apanhando um trem para o centro da cidade, provavelmente indo trabalhar.
Ele correu até à zona onde se compravam os bilhetes, espreitando para a tela de destinos e horários. Maior parte dos comboios partiriam para West Chester ou para o centro da cidade. Ele relembrou quando Beatrice disse que Betty tinha voltado para casa, e tentou comprar um bilhete para o primeiro trem que houvesse. Era de manhã, mas mesmo assim o trem era o último do dia para West Reading, e partiria em meia hora.
James comprou o bilhete de última hora, correu pela estação e se meteu no meio para a fila de entrada no trem. Depois de horas sentado em um banco desconfortável entre duas senhoras idosas faladoras, que fizeram questão de lhe mostrar fotos de seus netinhos em bebês, ele finalmente saiu daquele lugar sufocante.
A loira tinha saído de seu trem há algum tempo, mas infelizmente teve que esperar por um taxi para casa durante uma hora. Aparentemente havia muitos turistas em West Reading naquele verão.
Quando Betty finalmente conseguiu um taxi para casa, ela agradeceu ao motorista por ter parado e abriu a bagageira, colocando no interior a sua mala de viagem, e pousando a sua mochila no banco de trás do carro, se preparando para entrar quando escutou uma voz familiar atrás de si.
— Betty! — Chamou com um grito alto, ele só queria que ela o escutasse. — Betty, você tem que me desculpar por ter dito aquelas coisas, eu já disse que não foi a minha intenção. — James se desculpou, pegando no braço dela delicadamente. — Eu sei que foi errado, mas por favor, não vá embora, loirinha. Eu te adoro, você sabe disso, então por favor, vamos fazer isso funcionar...
— James, não. — Ela interrompeu as divagações dele repentinamente. — Já falámos sobre isso, eu preciso de um tempo para mim. — Fez uma pausa, respirando fundo. — Eu também te adoro, James, e eu vou voltar se você quiser esperar por mim.
Betty entrou no taxi e fechou a porta, deixando James parado no lugar. Ele pensou em várias opções, como apanhar um uber e ir atrás dela, bater na porta dela e pedir desculpas mais uma vez, mas ele sabia que seria errado. Ele não queria machucá-la mais, ele já tinha feito o suficiente, e agora devia dar-lhe algum tempo.
***
Haviam passado horas, e James estava de volta à casa de férias. Quando chegou em casa, viu que todos estavam à mesa almoçando, mas estava sem apetite, então simplesmente subiu para o quarto.
Era agoniante ficar olhando para o teto e relembrando a expressão de mágoa no rosto da namorada dele. Ela era tão preciosa, tão sensível, e ele estava com medo de estar perdendo ela aos poucos.
Quando ele se lembrou de que ela estaria com o pai e com a avó em casa, relaxou os ombros. Ela estaria bem, apesar de isso não fazer com que ele sentisse menos falta dela.
O moreno passou a tarde inteira pensando na namorada e em como seria dali para a frente. Betty ainda o amaria quando ele fosse para a guerra? Ela não o trocaria por um universitário qualquer, ou pior, por Jetson?
Ele decidiu parar de pensar nesses assuntos e, se apercebendo de que não tinha comido nada o dia todo, desceu para pegar alguma coisa para jantar. Era tarde, tendo em conta que James faltou ao jantar de grupo também, todos estavam em seus quartos se preparando para dormir.
Ou assim pensava ele.
James se assustou quando passou pela sala e viu Augustine sentada no sofá. Ele não tinha pensado no que lhe podia dizer, muito menos em como poderia lhe explicar que só ficou com ela porque sentia ciúme de ver a namorada com outro cara. Ela entenderia, certo? Aquilo também não significou nada para ela, certo?
Mas ele não fazia ideia do quão errado estava.
Augustine estava começando a gostar de James, realmente. Ela era bem diferente dele, era bem mais modesta e de capacidades financeiras bastante superiores, mas acabou por se entregar à paixão que sentiu por ele.
Ela se sentiu um pouco mal por estar fazendo aquilo com James na noite anterior porque, afinal, ele tinha namorada, e ela não tinha intenção de ser "a outra" no meio da situação, mas interpretou que ele e Betty tinham terminado quando soube que ela tinha deixado a casa de férias. Provavelmente ela já sabia, ou pelo menos isso era o que Augustine pensava.
— Alguém na casa sabe? — Ela perguntou ao garoto, colocando um braço sobre a parte de cima do sofá.
— Acho que não... Mas, olha, Augustine, eu preciso te contar uma coisa. — James declarou, se sentando no sofá de frente para ela.
— Eu sei. Eu também tenho uma coisa para te contar. — Augustine respondeu, se aproximando ligeiramente dele.
— É que eu... — O moreno queria falar, estava com pressa de dizer aquilo, mais foi interrompido por ela, que claramente estava demasiado entusiasmada com o assunto para deixar aquilo passar.
— Posso falar primeiro? — Ele assentiu com a cabeça.
James estava sensível naquele momento, e em qualquer outra altura Augustine teria se lançado ao garoto e deixado ele a seus pés, mas ele era diferente dos outros caras, ele não era assim tão fácil. Ela estava tão perdida em sentimentos por ele que não controlava mais as suas ações.
Mas ela queria tê-lo de qualquer forma.
— Eu sei. Essa situação não é fácil. Mas, James, eu não consegui deixar de pensar no que você disse ontem. — Por um segundo, James ficou contente com a declaração dela, mas quando se apercebeu do sorriso no rosto dela, ele sentiu o coração acelerando de medo. — Eu só... queria dizer que eu também te adoro, Jammy.
James sentiu um arrepio com o apelido. Só Betty o chamava assim, ela tinha criado aquele apelido para ele. Mas ele viu nos olhos de Augustine a paixão que ela segurava, e sentiu medo, medo por ela.
Ela era mais nova, era uma garota que não estava acostumada a escutar um não como resposta, e ele se sentia como se ela fosse amiga dele. Pensou então que machucá-la seria demasiado ruim.
O garoto não podia negar que sentia uma pequena atração por ela, mas ele sabia que o seu coração pertencia e tinha sido levado por Betty. Ele jamais o entregaria a outra pessoa.
Augustine sentia a adrenalina subir por seu corpo quando viu James a encarando. A verdade era que ele estava perdido em devaneios sobre estar traindo a namorada, mas Augustine estava certa de que ele estava pensando nela e não em Betty.
Então a ruiva se aproximou mais rápido do que ele pôde processar e capturou os lábios dele nos seus, fazendo movimentos rápidos e deitando o moreno no sofá, ficando por cima.
James não cedeu completamente às investidas dela, mas Augustine estava demasiado cega para perceber isso. Ela claramente achava que estava vivendo uma história de amor, e que ele estava se apaixonando por ela.
Estava demasiado cega para compreender o que estava em frente aos seus olhos.
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