#𝟒𝟑 - 𝖴𝗌𝗎𝗋𝗉𝖺𝖽𝗈𝗋𝖾𝗌 𝐭𝐚𝐦𝐛𝐞́𝐦 𝐪𝐮𝐞𝐢𝐦𝐚𝐦!
Entre as vielas da Baixada das Pulgas duas pessoas se escondiam, muitos deixaram os negros ou os verdes, mas alguns seguiram fiéis a seus propósitos, seja qual for o motivo que os guiasse, para Larys Strong não era apenas a crença na legitimidade de Aegon ou nas coisas que haviam acometido o rei, ele lia nas entrelinhas e desenhava seus passos, poderia ter dado as costas ao rei moribundo, que mesmo já de pé ainda tinha cicatrizes de uma escolha infeliz em batalha, ficar do lado de Rhaenyra, mas não, ainda lhe era mais vantajoso quela posição.
── Majestade, partiremos pelo cair da noite. ── O manco avisou ao rei, encostado perto da pira que poderia ser uma lareira se fosse maior. ── Chegaremos a Dragonstone quando o sol estiver firme no topo do céu.
── Fugindo como um plebeu. ── Aegon II cuspiu as palavras com desdém. ── E Sunfyre? Onde está meu dragão?
── Nossos aliados relataram que ele está em Dragonstone também, meu rei. ── Larys se aproximou mais. ── Perto da enseada, poderá reavê-lo quando chegarmos.
── Quem guarda a fortaleza? ── O loiro quis saber. ── Tem certeza que será a escolha certa?
── Apenas a filha do Príncipe Daemon, Baela e o herdeiro de Driftmark, o Príncipe Joffrey. ── Larys olhou o fogo. ── Ambos possuem dragões pequenos demais para lutar com Sunfyre, nós os subjugaremos.
── Herdeiro de Driftmark? ── Aegon olhou para Larys. ── Ele é o filho mais velho dela atualmente, por que não o Príncipe de Pedra do Dragão?
── Esse posto foi dado ao jovem Aegon, filho dela com Daemon. ── Larys ponderou. ── Acho que os conflitos com Lorde Corlys a fizeram tomar essa decisão, rebaixar o próprio filho.
── Hmm. ── Aegon apenas murmurou, voltando a olhar o fogo. ── Partiremos em breve então. Alguma notícia de Aemond?
── Nas Terras Fluviais, pelo que soube, mas sozinho, queimando coisas, mais irritadiço desde que perdeu Cole também. ── Larys notou que não tinha falado com o rei sobre isso, mas Aegon havia ouvido boatos. ── Não temos notícias de vossa mãe, irmã e filha, no entanto. Podem estar mortas ou só presas pela usurpadora.
── Foi ela não foi? ── Aegon olhava direto para o fogo, via o rosto daquela que odiava nele, não a irmã, mas a tia. ── Ela matou o Cole, por isso ele continua queimando as Terras Fluviais e não veio para capital, só tem o Caraxes aqui.
── Sim, foi ela, em um novo dragão. ── Larys disse calmo, parecia irreal contar aquilo. ── Acho que é por isso que ele não veio, o dragão de seu tio é algo que ele pode lidar, mas dois juntos daquele tamanho ... Não.
── Quão grande é? ── Aegon quis saber.
── Não sei dizer ao certo, meu rei. ── Larys ouviu alguém o chamar e se afastou uns passos. ── Algo próximo do dragão do Daemon ou um pouco menor, mas é grande. Enfim, se me der licença, o deixarei descansar.
Em outro ponto de King's Landing, uma dupla admirava quando uma fera tinha outra cela colocada sob seu dorso, os domadores tentavam acalmar Sigmis, mas ela não parecia muito amistosa com a aproximação, tinha passado boa parte dos últimos anos aninhada em Driftmark e Dragonstone, ela não gostava da capital, mas Drasilla não podia julgá-la, ela também não gostava. A morena tinha ido à frente, colocando suas luvas, verificando se tudo estava certo com o dragão, ela era grande, não tanto quanto Vhagar para não caber no fosso, era um pouco menor que Caraxes, praticamente do tamanho de Meleys, apesar de que Drasilla sabia que ela era mais velha, a fazia pensar quantos traumas a impediram de crescer mais.
Outra pessoa, no entanto, tinha ideias muito melhores sobre como se deslocar até o Norte, normalmente seria uma viagem de dias, mas os dragões faziam isso em um par de horas, cansativo ainda, mas necessário, Drasilla já estava acostumado com isso, mas ele não, nunca tinha saído do chão, no máximo para o dorso de um cavalo, aquilo era bem diferente. Puxava as roupas que usava, tinha pegado as do Príncipe Aemond, muito a contra gosto, mas precisava de roupas próprias de montaria, Daemon tinha o dorso mais largo que o dele, já Aemond um porte parecido, não agradou ao nortenho invadir o guarda-roupa de alguém que odiava.
── Eu estou ridículo. ── Cadmus reclamava, puxando um pouco da armadura. ── Poderia voar com algumas camadas a mais de roupa.
── Você está ótimo. ── Drasilla virou para vê-lo, parando por breve, seus olhos chegaram a arder, aquilo a lembrava de outra pessoa. ── O frio lá em cima pode ser tão cruel ou mais que o do Norte e os ventos são difíceis, precisa estar bem-vestido.
── Promete que não vamos cair desse dragão? ── Ele perguntou vendo que ela ainda o admirava. ── O que foi? Vesti isso errado?
── Você me lembrou do Rasmus. ── Ela desviou o olhar dele. ── Não sei se não vamos cair, só voei na Sigmis duas vezes, mas farei o possível, ela é maior, deve demorar um pouco mais para chegar ao Norte que o Flarion levaria.
Cadmus poderia amá-la e sentir raiva de Aemond, poderia querer todo homem que se interessava por ela bem longe, mas ele genuinamente não conseguia odiar Rasmus Tyrell. Ele foi um homem bom, do tipo que se tivesse vivo e casado com ela, o nortenho sentia que a mulher que amava estaria em boas mãos, ele ficaria feliz por Drasilla, pois o Tyrell daria a ela dias felizes e noites tranquilas, daria amor e carinho, segurança de um bom casamento, o amor floresceria entre eles, não conseguia odiá-lo. Se Cadmus Stark pudesse desejar alguém para ela que não fosse ele mesmo, ele desejaria Rasmus Tyrell, apesar de que ela sabia que aquele olhar triste dela também dizia respeito a Flarion.
── Vamos, a viagem vai ser longa. ── Ela sinalizou com a cabeça quando Sigmis se aproximava. ── Vou subir primeiro e você se senta na cela de trás, se prenda nela, segure firme.
── Em você? ── Ele não conseguia tiras os olhos do animal de escamas negras os encarando.
── Não. ── Drasilla o olhou com sobrancelha erguida. ── Na cela, ela que está presa no dragão.
── Claro. ── Ele murmurou baixo.
Em toda a sua vida, Cadmus não tinha imaginado uma situação como essa, ele era do Norte, os animais mais impressionáveis que conhecia eram os lobos gigantes, mas nunca tinha visto um pessoalmente, mesmo que achasse um que viu na floresta quando criança grande o suficiente, mas aquilo era algo além da imaginação. Ele podia confiar em Flarion, Drasilla e ele estiveram juntos por tantos anos, desde quando ela e ele eram recém nascidos, sabia que eles eram conectados, que se entendiam por olhares e toques, mas não era assim com Sigmis. Primeiro que subir foi difícil e ele pode ver Drasilla segurando o riso duas vezes, quando conseguiu e se prendeu a cela ele listou pelo menos 10 coisas incômodas de estar ali, dentre elas como parecia alto demais, o solavanco para voar só o assustou mais e o fez agarrar a cela a sua frente.
Enquanto Sigmis cortava os céus de Westeros, deixando King's Landing para trás, Cadmus Stark experimentava uma miríade de emoções. Era a primeira vez que ele voava, e a vastidão abaixo dele parecia ao mesmo tempo intimidante e majestosa, ele não podia mentir para si mesmo enquanto agarrava a cela, era algo assustador também. O rugido do vento nos ouvidos, o bater rítmico das asas poderosas do dragão de escamas ecuras e a visão do mundo em miniatura lá embaixo eram incrivelmente inebriantes. O coração do Stark batia acelerado, dividido entre a euforia de voar e o receio de estar tão distante do solo firme. Ele segurava as rédeas com força, os dedos quase dormentes, mas era uma liberdade sem igual que ele nunca imaginara sentir.
Conforme as horas passavam e eles avançavam em direção ao norte, o ar se tornava cada vez mais frio e cortante. As planícies verdes e férteis do sul deram lugar às colinas rochosas e florestas densas de Westeros, que se estendiam como um tapete interminável abaixo deles. A cada batida de asa, o frio aumentava, penetrando através das camadas de roupas de Cadmus. Ele podia sentir o ar gélido mordendo sua pele, o sopro do inverno iminente de Winterfell. O céu azul cristalino começou a se tingir de um cinza pálido, e as nuvens se adensaram, como se anunciando a proximidade do lar dos Stark. O contraste entre a frieza do norte e o calor da emoção em seu peito criava uma sinfonia de sensações conflitantes, enquanto ele se preparava para descer sobre as terras ancestrais de sua família.
Nos arredores de Pedra do Dragão, o pequeno barco se escondia entre as pedras, por horas o grupo aliado aos verdes vigiam os guardas que faziam a proteção da fortaleza, eles já sabiam que Rhaenyra e os mairoes dragões estavam na capital, quando Sunfyre foi localizado próximo a enseada, Aegon se mostrou impaciente, era notável que haviam menos guardas, com um dragão daquele tamanho era a chance que eles precisavam. Os guardas leais aos verdes cercaram o castelo, contendo aos poucos os guardas e os seviçais, em menor número, procurando por quem cuidava da residência, mais de início não haviam achado ninguém.
Uma dupla descia correndo pelas escadarias, a mulher mais velha segurava o garoto pela mão, puxando enuanto pulavam os degraus e olhavam para trás, para garantir que não estavam sendo seguidos, normalmente eles estariam com roupas melhores para voarem, mas a invasão avisada por um dos guardas pessoais da dupla fez a emergência se tornar mais quente ainda. Quando eles pararam, já ofegantes, Baela fechou uma porta de metal pesada com certa dificuldade, para tentar atrasar qualquer um que fosse atrás dele.
── Joff, me escuta. ── Ela para a frente dele, vendo um dragão emergir das sombras, era Tyraxes. ── Vamos voar para capital, não tente entrar em combate com ninguém, se eles tomarem o castelo podem usar as balizas para nos atacarem, temos que chegar a King's Landing.
── Ok, eu vou na frente. ── O pequeno príncipe concordou. ── Mas não se afaste de mim.
Baela estava acostumada a voar com os dragões dos filhos de Rhaenyra, ela sentia o nariz arder ao lembrar que um dia foram quatro dragões no céu, ela voando com Jace, Luke e Joffrey, mas agora só ela e o caçula dos três estavam lá. Joffrey emergiu primeiro da escuridão da montan ha para a luz do sol do céu de Dragonstone, Baela teve que esperar um pouco, para que Moondancer chegasse, então o montou, seguindo o mesmo trajeto que Joffrey, porém vendo o garoto tomar uma distância maior, ela tinha pedido que ele não se arriscasse, mas ela olhou em volta, queria conferir o castelo, dar as verdadeiras respostas a rainha e seu pai, então puxou as rédeas de Moondancer, para um desvio, só não contava que seria surpreendida logo atrás das pedras por outro dragão.
Os dragões selvagens eram um perigo, mas os ferimentos deixavam claro que aquele não era um deles, o brilho das escamas chamou a atenção, mas o que chocou Baela foram as chamas em um tom quase dourado, era Sunfyre, montado por Aegon, os surpreendendo. Moondancer era menor, mais ágil, se acostumou a perseguir Meleys, mesmo que a Rainha Vermelha sempre ganhasse, Baela treinava seu pequenino, ela teve que perder altitude para escapar, enquanto Sunfyre a perseguia. No céu, Joffrey ganhava cada vez mais distância, até que Baela não o visse, ela temia que Vhagar estivesse escondida em algum lugar e surpreendesse Joffrey, então se obrigou a subir, após passar por um curto espaço, atrapalhando que Aegon fosse atrás dela e fosse obrigado a contornar.
Quando ela saiu do meio das pedras, no entanto, o rei estava mais próximo, por pouco Sunfyre não agarrou Moondancer, mas o arranhou, o que causou um gruinhido dolorido do dragão de Baela. Pelo perímetro percorrido, a filha de Daemon percebia que não haviam outros dragões por perto, com sorte Joffrey chegaria a salvo na capital. Ela não poderia fugir para sempre, Sunfyre o alcançaria, ainda mais com Moondancer machucado, ela puxou as rédeas com força, planando agora sob o mar, o dragão de Aegon estava distante, apesar de puxar para que Moondancer subisse, o dragão virou a cabeça para ela, descendo mais ainda, se aproximando da praia, Baela temeu ali que ele fosse se chocar com a enseada.
O que a garota não contava, é que o próprio dragão tinha suas ideias, notando o desespero da montadora para subir e a proximidade com a água, Moondancer girou no próprio eixo, fugindo de mais uma rajada de fogo de Sunfyre, com as asas encolhidas ele ficou mais veloz e surpreendeu Baela, que não estava presa na cela e caiu do dorso do dragão, de costas com as águas da baía, com sorte o impacto não havia sido forte, amortecido, ela no entanto, não vira a cena que se desenhou a seguir.
Próximo a costa, Moondancer abriu as asas, freando seu avanço e o impacto, contornou Sunfyre para surpreendê-lo, mas também foi agarrado por ele, os dragões se engalfinharam, sob a visão não só de quem estava distante, mas por apoiadores de Rhaenyra que se escondiam no topo da enseada próxima a praia. Ali eles assitiram de camarote quando Moondancer arrancou parte do dorso de Sunfyre com uma mordida e Aegon parecia desesperado, tentando se soltar, o que Moondancer não contava era com a mordida letal de sue adversário, que o machucou no pescoço. Muito feridos eles se soltaram, Sunfyre voando para perto do castelo, onde fez um pouco brusco e forçado, mas que garantiu que Aegon não se machucasse mais, Moondancer caindo quase sem vida, que se esvaiu não muito depois, as margens da baía. Já Baela, cançada e nadando desesperada, foi resgatada pelos apoiadores de Rhaenyra que assistiam a batalha próximos enseada, com queimaduras e dores no corpo ela mancava, mas estava viva.
O pouso de Sigmis é complicado, o dragão claramente não gosta de estar naquele lugar, quando as duas figuras saltam da cela, ela logo toma os céus novamente, o que deixa Drasilla preocupada, normalmente eles seriam recebidos por Sara e Cregan, mas as últimas notícias deixavam claro como a situação em Winterfell não era das melhores, o lorde nem sequer havia ido os receber, no entanto, assim que a dupla passa pela porta do grande salão a figura de Aemma Tyrell grita histérica e corre na direção da própria mãe, a abraçando pelas pernas.
── Mamãe, você voltou! ── Ela tinha seus pequenos olhinhos cheios de lágrimas. ── Eu ouvi que você tinha ido embora pra sempre, mas eu não acreditei, mamãe, em nenhum momento eu acreditei.
── Meu bem ... ── Ela toma Aemma em seus braços, o aperto da pequena garota parece de desespero e alívio ao mesmo tempo, como se a dor esvaísse no seu corpinho. ── A mamãe não podia deixar você.
── Eles falaram que o Flarion ta cuidando do papai agora, é verdade? ── Aemma olhou para mãe com seus grandes olhos verde esmeralda iguais ao de Rasmus.
── Sim, o papai estava se sentindo sozinho. ── Ela respondeu, devolvendo Aemma para o chão.
Quando Drasilla se ergueu, uma pessoa a olhava, viu a mulher de cabelos castanho claro entregar o pequeno Lyonel nos braços de alguém, então segurando a barra do vestido, Alys correu firme na direção de Drasilla, a agarrando entre seus braços, a apertando com tamanha força que sentia que poderia fazê-la sumir entre eles. A herdeira da Campina chorou por dias ao saber da perda da cunhada, Rasmus era seu irmão favorito, perder ele havia doído como perder a si mesma, ter Drasilla colocava um curativo sob o machucado, não fazia parar de doer, mas ainda sim, fazia com que fosse mais suportável.
── Obrigada por cuidar dos dois. ── A Targaryen sussurrou baixo. ── É uma dívida que jamais vou poder pagar com você, Alys.
── Você voltou. ── A outra respondeu, agora segurando o rosto de Drasilla entre suas mãos. ── Os deuses atenderam minhas presses e te trouxeram de volta, qualquer coisa que eu pudesse fazer seria irrisório comparado com ter você aqui, irmã.
Ouvir Alys a chamando de irmã colocava lágrimas no rosto de Drasilla, ela sempre quis uma irmã, de verdade, Rhaenyra praticamente ocupou esse espaço a maior parte do tempo, uma vez que ela se casou e se mudou para a Campina, ter Alys ao seu lado fez com que todos os problemas se tornassem fáceis, ela não estava sozinha como temeu estar, ela tinha alguém. A morena queria icar horas falando com Alys ou mimando seus dois filhos, contar sobre Baela e o bebê, mas Cadmus chamou a atenção de ambas para uma coisa mais importante, o motivo pelo qual estavam ali.
Em torno da mesa do pequeno salão, Cregan, Cadmus, Drasilla e outros lordes de casas vassalas aos Stark se organizavam, eles sabiam que Sara estava sendo mantida presa em Vila Velha, precisavam de uma estratégia, Drasilla disse que tinha uma e uma pessoa a quem poderiam contar, desde que tinha conhecido Vaegon em uma biblioteca na Cidadela, ela trocava cartas com o meistre e compartilhava de assuntos interessantes - principalmente - sobre Valíria, se havia alguém por quem pudessem clamar por ajuda, seria Vaegon, para isso a princesa escreveu a próprio punho uma carta a ser entregue a ele.
Os preparativos para aquele resgate levaram dias de preparação, nesse meio tempo uma carta chegou a Winterfell, era de Daemon, ele deixava claro que havia um cerco se formando nas Terras Fluviais e que era a hora de combater o último pilar dos verdes, o príncipe Aemond, a carta de Daemon pedia a ela para esperar em Winterfell, até que fosse preciso encontrá-lo em Harrenhall, o verso relatava que Dragonstone tinha sido tomada, mas que Joffrey chegou a salvo na capital e Baela - ferida - foi levada para Driftmark, onde Rhaena deveria encontrá-la, vinda do Vale.
Os soldados Stark seria liderados por Cadmus, partiram rápido, deixando a princesa dragão, o seu lorde e lady Alys para trás, não houveram despedidas emocionadas, ninguém queria aceitar que eles poderiam não voltar, Drasilla e Cadmus apenas trocaram olhares, querendo se convencer que logo estariam juntos. De fato, Vaegon os ajudou, usando as passagens, vindos dos esgotos, mesmo que tivesse os deixado a sua sorte após os ensinar a adentrar em Torralta, as marcas de queimado e o cheiro podre dos corpos ainda pareciam grudar nas paredes junto ao lodo, lembrança de Flarion e Drasilla, tanto tempo antes.
Dentro da edificação, eles se dividem para tomar mais terreno, não é um grupo grande de homens, o Norte não tinha mais um contingente tão grande e nem poderiam se mover com muitos homens. Cadmus é quem lidera o grupo de outros quatro homens, enquanto passam por salas vazias e entradas mal iluminadas, descendo mais ainda para encontrar Sara. Em um dos vãos, onde a luz da lua mal iluminava, eles viram a figura acorrentada no chão, presa como um animal, os olhos de Cadmus tremeram ao reconhecer a mulher, partindo primeiro para dentro e ouvindo portão travar não muito atrás de si, os gritos do lado de fora deixaram claro que era uma armadilha e que seus homens lutavam agora com outros guardas Hightower, mas ele e Sara não estavam a sós lá dentro.
Das sombras, próximos a uma pilastra quebrada, dois guardas emergiram, então um terceiro homem surgiu, usando uma armadura prateada, tinha uma barba um pouco maior, o cabelo preso atrás e olheiras que era possível ver de longe, era Gwayne. Ele passou por Sara e os guardas pararam perto dela, deitada encolhida e desacordada, ele tinha no rosto um sorriso, segurando uma espada, ter Cadmus ali era um vislumbre que lhe tirava um sorriso.
── Vocês nortenhos são tão previsíveis. ── Ele ponderou com a cabeça. ── Quando nós pegamos a garota, poderíamos só ter matado ela, mas eu falei ... Não, precisamos ensinar uma lição a eles. Agora você está preso aqui comigo.
── Não. ── Cadmus ergueu a espada. ── Você que está preso aqui comigo, Gwayne.
── Eu estou em vantagem, 3 contra 1, guarda. ── Ele ponderou com a cabeça. ── Vou fazer você pagar pelo que aquela vadia fez com o Leo e meu sobrinho Daeron.
── Ficou difícil para você depois que aquela escória da Campina virou churrasco não é? ── O nortenho riu. ── Não tem mais um pau nobre pra você chupar enquanto se esgueira como o verme que você é.
── Eu tenho status, o que mesmo o sobrenome Stark nunca vai te dar. ── Gwayne deu passos a frente, erguendo a espada. ── Você vai sofrer, vou garantir que isso aconteça.
A cela estava mergulhada na penumbra, apenas os raios pálidos da lua filtrando-se pelas grades lançavam sombras longas e traiçoeiras sobre as pedras úmidas do chão. Gwayne e Cadmus, ambos sentindo as mãos pinicando, travavam um duelo feroz, suas espadas reluzindo ocasionalmente sob a luz prateada, eles sabiam que bastava uma falha e tudo estaria perdido para sua causa. O som do metal se chocando ecoava pela cela, um sinistro prelúdio para a morte que se avizinhava, como uma serpente. Nas sombras, dois guardas observavam com olhos atentos, vigiando Sara, que permanecia presa e aparentemente desacordada no chão frio, presa a uma corrente fina.
Cadmus, guiado pela precisão de sues movimentos, encontrou a abertura que procurava, com um giro preciso e brutal, ele atravessou o corpo de Gwayne com sua espada, o grito sufocado do Hightower encheu a cela, e Cadmus manteve seu olhar fixo nos olhos do oponente, observando a vida lentamente abandonar seu corpo, depois encarando os dois guardas que se moviam lentamente das sombras para a luz. O momento parecia se estender para a eternidade, até que Gwayne caiu, deixando cair sua espada com um estrondo metálico. Com um gesto rápido, Stark se voltou para Sara, libertando-a das correntes que a mantinham presa, com um baque surdo da espada. Porém, o alívio durou pouco, pois os guardas nas sombras avançaram, prontos para retaliar.
Se havia uma coisa que Sara Stark havia aprendido com a vida, era lidar com situações desfavoráveis a si, quando percebeu a forma como estava, as circunstâncias que fora colocada, a mulher se fingiu de fraca e desacordada, era a ideia perfeita. Com uma agilidade inesperada, ela se levantou e agarrou a espada caída de Gwayne, ainda com as algemas nos pulsos, mas sem estar presa agora. Em um movimento fluido e letal, ela enfrentou um dos guardas, desferindo golpes precisos que logo o derrubaram, ela era mais baixa, então mais rápida. Cadmus, não menos eficiente, encarou o outro guarda, sua espada se movendo como uma extensão de seu próprio corpo. Em questão de momentos, os dois guardas estavam no chão, suas vidas extintas tão rapidamente quanto a luz que entrava pela cela. Cadmus e Sara, agora livres, trocaram um olhar para logo depois se abraçarem.
── Obrigada por não desistir de me buscar ── Ela o apertava, vendo um punhado de soldados Stark abrir a cela. ── Como estão as coisas lá fora?
── Teremos toda a viagem de volta para te contar. ── Ele assinalou com a cabeça, se afastando. ── Vamos!
Pelo menos metade dos homens dos Stark ficaram pelo caminho no resgate de Sara, mas conseguiram sair pelos mesmos meios que entraram, dando aos negros mais uma pequena vitória na dança e a garantia que os Stark permeneceriam do lado da coroa, o que naquele ponto do confronto, poderia ser considerada sim uma vitória grande para a causa de Rhaenyra, perder mais pessoas era inaceitável.
Em Winterfell, enquanto o grupo não retornava, que levaria alguns dias, Drasilla dava a Alys o descanso que ela merecia, em uma conversa das duas ficou certo que a princesa cuidaria dos filhos naqueles dias dela lá, mas que era a hora de Alys voltar para a Campina, com as coisas mais calmas e Carmine finalmente tendo as rédeas da situação, Alys precisava voltar, antes que os ânimos ficassem mais inflamados, para assumir o seu lugar de direito, como lady Tyrell, tndo Lyonel como seu sucessor, visto que ele não possuía a idade para ser lorde, não agora, era uma criança.
Havia outra pessoa, no entanto, bastante furiosa com o caminho que as coisas estavam tomando, Cregan tinha perdido muitas pessoas, perder Sara não seria uma possibilidade, sua irmã e braço direito, ele não tinha uma pretenção de casamento, mas isso não o importava agora, era jovem, poderia casar-se com qualquer um, mas não poderia seguir sem sua irmã. A raiva dele o fazia se isolar e Alys percebeu isso, cada vez mais distante dos outros, mal comendo, tempo demais a frente das reuniões do conselho nortenho. Naquela noite em especial os gritos interromperam a reunião, Cregan e os lordes não entravam em acordo, então a audiência foi suspensa, sem Sara e Cadmus, acalmá-lo era complicado, mas Alys achou que ele precisava não só comer algo, mas de companhia.
── O que acha de fazer uma pausa? ── Ela encostou o corpo no beiral da porta, vendo-o atrás da mesa, perto da lareira. ── Comer ou descansar, logo terems notícias do Cadmus e da Sara.
── Os problemas do Norte não dormem. ── Ele a respondeu, se virando para vê-la. ── Não posso parar.
── Você vai parar uma hora e vai ser da pior forma. ── Ela depositou a vasilha de engrossado sob a mesa e se aproximou, parando perto dele. ── Isso vai esgotar você.
── Se eu parar, todos vão embora. ── Ele sentia as bochechas queimarem a olhá-la. ── E eu vou ficar sozinho.
── Eu vou retornar com os filhos da Drasilla para a Campina. ── Ela revelou, temendo o olhar dele. ── Não me encare assim, sabia que aconteceria uma hora ou outra.
── Fique aqui, case-se comigo e seja minha lady. ── Cregan se ajoelhou aos pés dela, implorado. ── Prometo que seus dias serão cheios de amor e sua cama será quente, mesmo que lá fora esteja frio.
── Você abandonaria o Norte por mim? ── Ela se abaixou, ficando na altura dele e vendo seu silêncio. ── Eu não posso abandonar a Campina, é meu dever. Seria tudo muito mais fácil com o Rasmus aqui ou se o Leo não tivesse feito as escolhas erradas.
── Alys ...
── Você vai ser um marido formidável, um pai ótimo e um grande lorde. ── Ela levou a mão até o rosto dele e depois e levantou devagar. ── Mas não o meu marido ou pai dos meus filhos. Mas você sabe que a Campina sempre estará lá para você e que eu vou responder todas as suas cartas.
── Eu a...── Os olhos dele tremeram, se levantando devagar. ── amo você.
── Eu também te amo. ── Ela sussurrou sentindo as lágrimas descerem pelo rosto. ── Seria uma honra ser sua lady, mas minha casa precisa e mim, você entende o que isso significa. Mas você não vai ficar sozinho.
Ele sentia uma dor no meio do peito, como vidro se quebrando entre seus dedos, não ter Alys para ser sua esposa era cruel, logo ele que a admirou por anos, a desejou e a teve em seu teto por tempos, perdê-la justamente para a honra de seu nome, de sua casa, uma dor que ele sabia mais do que ninguém o que significava, mas isso não importou ou o conteve ao se aproximar dela e tomá-la em seus braços, era a emergência de garantir que não havia perdido tudo, a mulher que amava ainda estava no alcance de um último - e primeiro - beijo ardente entre ambos, no frio de Winterfell, a frente do fogo da lareira. Ali Cregan Stark amou Alys Tyrell e seguiria amando pelo resto da vida, mesmo que cada um estivesse honrando a sua própria família.
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