# 𝟒𝟐 - 𝖬𝖺𝗇𝗍𝗈𝗌 𝗇𝖾𝗀𝗋𝗈𝗌 𝐬𝐮𝐣𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐬𝐚𝐧𝐠𝐮𝐞
Drasilla ainda estava elétrica, a sua mente funcionava em automático algumas vezes e quando aquilo tudo dava uma esfriada, os pensamentos vinham a mil, dava um nó na garganta enquanto ela andava pelos corredores, por mais que agora soubesse que aquele castelo era de Rhaenyra, os fantasmas dos verdes ainda pareciam pairar por todo canto e de fato alguns deles ainda estavam lá, Alicent e Helaena eram mantidas em seus aposentos, vigiadas por guardas.
Cadmus, por outro lado, estava preocupado, porém, em um longo sentimento de alívio, saber que ela estava viva ainda parecia agir como água fria em um corpo quente, o deixava mais lento e cauteloso. Quando a viu sair, de imediato, ele olhou na direção e Daemon, o Stark era leal ao Príncipe Rebelde, a convivência com Drasilla fez que ele, aos poucos, buscasse em Daemon algum tipo de aprovação, o balançar de cabeça do consorte de Rhaenyra foi como o sinal que ele precisava para ir atrás da morena.
── Princesa ... ── Ele andava a passos largos, mas ela tinha saído antes e era rápida. ── Espere!
── Estou indo me lavar. ── Ela continuava andando, a cabeça latejava. ── Já retornarei ao conselho, pode avisar a rainha.
── Drasilla ... ── Ele então parou, chamando o nome dela. ── Por favor, vamos conversar.
As mãos da princesa tremiam, como sempre acontecia quando ela começava a se acalmar após ter agido no automático, a razão preenchia sua cabeça e fazia sua pele queimar, a lembrando do que Baela havia dito, foi loucura, Sigmis e ela não tinham nenhuma afinidade tão grande, elas poderiam ter sido surpreendidas por Aemond e Vhagar, não sabia onde Aegon estava ou sua condição, mas havia notícias sobre Sunfyre ainda estar vivo, até onde ela poderia ter estado exposta daquela maneira?
Quando ela parou finalmente de andar, foi a vez de Cadmus ir até ela, Drasilla movia os ombos de forma singela, quase calma, se não fosse pelo barulho baixo do choro, as mãos dela foram no rosto e o guarda se apressou, dando a volta nela e a abraçando, sem dizer nada, na maioria das vezes ela erguia na frente de si um muro muito alto, como a muralha no norte, a mantendo longe de qualquer um que pudesse vê-la vulnerável, insistindo em parecer forte demais o tempo todo, coisa que ela não era.
── Respira ... ── Ela falou baixo, na maioria das vezes ele não sabia bem como lidar com ela. ── Você está aqui agora, está segura.
── Sim, mas por quanto tempo? ── Ela se separou dele, mesmo ainda perto, com os olhos vermelhos. ── Quantos mais nós vamos perder nessa guerra.
── Conquistamos a capital, o Aemond está sozinho, não terá muitas opções a não ser se render. ── Cadmus tentava confortá-la, mas parte de sua mente tentava se convencer também.
── Ele não vai se render, ele vai nos arrastar para o fundo com ele. ── Os olhos dela tremiam. ── Talvez eu deva sair e caçar pelo Aemond e a Vhagar, garantir que ele e aquela vaca decadente caiam do céu.
── E cair junto? Não mesmo, e duvido que a rainha concorde com isso. ── Agora as mãos dele estavam nos ombros dela, enquanto parecia tentar trazer a princesa para o lado do bom senso. ── Não estamos na posição de nos desesperar e errar, ele está.
Drasilla sabia que aquele sussurro no seu ouvido era a sua mente tentando sabotá-la, mas, ao mesmo tempo ela queria, com muito de seu ímpeto, sair pela noite, pegar Aemond e Vhagar de surpresa, tomar Harrenhall de volta, essas eram as notícias, sentia culpa por não tomar algumas decisões, mas agora era tarde demais, saia inclusive que estariam a vigiando, passar por Cadmus não exigiria só esperteza, ele a conhecia, exigiria força, que em comparação a ele, ela não tinha.
── O que você quer que eu faça? ── Ela se afastou um passo, se livrando do toque dele. ── Me sente naquele conselho, veja as pessoas do reino morrendo? Que Westeros vai sobrar para Rhaenyra guiar?
── Eu quero que você me ame, pelo mesmo uma vez. ── Ele avançou na direção dela, tomando seu rosto com as duas mãos. ── Como eu amo você.
Ela não esperava por isso, não esperava por ele, mais uma vez, clamando pelo amor que ela lutava para enfiar dentro de si, parte de Drasilla sempre se sentia traindo alguém, seu amado Rasmus, de certa forma a Aemond, mesmo depois dos crimes que ele havia cometido, traindo os votos que Cadmus tinha feito ao entrar na guarda, mesmo que ele pudesse dizer que a amava tanto que os deuses o perdoariam, ela era repleta de culpa.
── Westeros vai sobreviver. ── Ele sussurrou, ela sentia o calor saindo dos lábios dele, ainda mais quando o Stark tocou sua testa na dela. ── Mas eu não vou se perder você de novo.
── É egoísta da nossa parte não estar na guerra. ── As lágrimas escorriam dos olhos lilás dela.
── Nós já demos muito para a guerra, nosso corpo, nossa mente. ── Ele não conseguia soltá-la enquanto falava. ── Podemos não ter mais muito tempo aqui, então por favor, só me ame pelo tempo que estamos aqui, você pode fazer isso?
── Cadmus ... ── Ela repousou ambas as mãos sob as dele. ── Não me peça para te colocar na frente do reino, eu nunca te pediria isso.
── Não foi isso que te perguntei. ── Ele se afastou um pouco, a olhando nos olhos. ── Eu nunca te pediria o que não posso te dar.
── É claro que eu posso amar você. ── Ela respondeu, pressionando os lábios, encarando os olhos verde-azulado dele. ── Tenho te amado há tanto tempo que nem sei dizer como ou quando começou.
A mente teve vivia temerosa por ela, agora mais ainda, quando saiu de Dragonstone achou que pudesse confiar nela, que ficaria em segurança, mas a princesa montou em um dragão novo e voou para uma possível batalha, o guarda vivia em alerta para mantê-la segura, mesmo que soubesse que se ela quisesse alçar aos céus, pouco poderia ser feito. A cabeça de Drasilla queria ser um soldado, se provar a todo momento, como ela tinha feito a viva toda, seja mais rápido, mais forte, mais habilidosa, nem sempre conseguia, ma sempre tentava, para que te amem, para que te queiram por perto, seja mais do que suficiente, o coração dela queria estar com ele, com Rhaenyra e Daemon, mas não achava que os merecia.
Mesmo que a capital tenha sido tomada, a guerra ainda continuava entre aliados de verdes e negros pelo reino, em Tumbleton, no extremo nordeste da Campina, Rhaenyra mantinha 9000 homens defendendo a região e a sede da casa Footly de investidas dos Lannister, para impedí-los de tomar espaço na região, quase o mesmo número estava próximo a Jardim de Cima a pedido de Carmine Lannister, já que mesmo após a morte de Leo Tyrell e Ormund Hightower, ainda havia forças rebeldes apoiando os verdes na região, o que a deixava instável, sua importância para Westeros fazia com que a rainha não pudesse ignorá-lo.
Em grande número, o que sobrara na Campina do exército Hightower marchava para atacar Tumbleton, visto o cerco que impedia os Lannister de adentrar o território, em contrapartida, os negros ofereciam forte resistência, o exército nortenho liderado por Roderick Dustin e Sara Stark havia se juntado a alguns dos homens de Dorne, eles lutavam contra os inimigos liderados por Gwayne Hightower, a cabeça do exército de Vila Velha no lugar de seu primo - e novo lorde - Lorcan Hightower, jovem demais para um campo de batalha e Sor Bryndon.
O conflito entre os exércitos seguia apertado, Roderick conseguira matar Bryndon com sua espada e feriu Gwayne, mas o homem de honra não havia como sobreviver por muito, mesmo com sua façanha, parte para proteger a retaguarda de Sara que lutava com dois ao mesmo tempo, ele tivera seu braço arrancado pelo machado de Bryndon, caindo sem vida próximo a Sara. A irmã de Cregan tinha Gwayne na sua mira, pronto para finalizá-lo, quando duas sombras pairaram sob o céu, Sara conhecia os dragões, ela e Cregan passaram horas estudando quem era inimigo e quem era aliado.
── Finalmente. ── Ela suspirou aliviada, sabendo que eram os dragões dos antigos reis, Vermithor e Silverwing, agora montados por dois sementes de dragão, era o apoio que a rainha prometeu.
O que Sara não contava é que Vermithor foi o primeiro a descer, queimando parte do exército Stark e voando rasante perto de onde ela estava, dando uma brecha para que Gwayne fugisse, ali ela se deparou com uma traição a frente de seus olhos, Hugh e Ulf tinham trocado de lado e o exército que apoiava os negros em vantagem se viu tendo que fugir, mas não havia muito para onde ir, se viram encurralados entre o castelo e os dragões.
O sorriso no rosto de um Gwayne machucado era quase incontrolável, ao ver Sara cercada por seus homens, tanto ela, quanto os homens dos Footly, tiveram que se render, naquele momento Gwayne pensou em matá-la, mas ela era valiosa demais para ser só tirada do tabuleiro, então ele resolveu tomá-la como sua refém e levá-la de volta para Vila Velha, Sara seria um pequeno poder que ele teria com os Stark, Cregan e os negros teriam que recuar, isso causaria uma rachadura na causa de Rhaenyra.
As notícias da traição de Ulf e Hugh chegam em Porto Real dois dias depois, o pequeno conselho de Rhaenyra se reúne em meio a madrugada mais uma vez, com Drasilla como Mestre das Leis, Corlys como Lorde Mão da Rainha, Bartimos Celtigar como Mestre dos Navios, Sttefon Darklyn como Mestre da Moeda - posição anteriormente oferecida a Lady Carmine Lannister que preferiu ficar na Campina - , Lady Mysaria como Mestre dos Sussuros e Cadmus Stark como Lorde Comandante da Guarda Real, a cadeira do Grande Meistre ainda estava vazia. As tensões tinham ficado além do necessário, com Daemon nas ruas da cidade lidando com os revoltosos, coube a Drasilla sentar-se mais próxima a rainha para tentar acalmá-la.
── Vocês me prometeram que não havia porque temer agora, já que eles só tinham o Aemond com um dragão. ── Rhaenyra vociferou com seu conselho, apoiando as mãos no encosto de sua cadeira, ainda de pé. ── Agora eles tem os 3 maiores dragões em seu julgo.
── Vermithor e Asaprata são montados por pessoas inexperientes, vossa graça. ── Bartimos a respondeu. ── Nós ainda temos pelo menos três dragões grandes do nosso lado, a Princesa Drasilla e o Príncipe Daemon são montadores experientes, sob seu comando os dois dragões derrubarão quem precisar, sem contar que o jovem Addam tem voado bem no dragão do vosso falecido marido e lady Baela tem pleno domínio de Moondancer, mesmo ele sendo menor.
── Corrigindo você, Lorde Celtigar. ── A rainha virou a cabeça o encarando. ── Drasilla monta um dragão que não conhece, Baela não sobreviveria em uma luta contra nenhum dos outros e Daemon precisaria de ajuda contra Vhagar, quem dirá se foram os três contra ele, quem me garante que Addam não será o próximo a nos trair.
── Majestade? ── A voz de Corlys foi ouvida. ── Ele e Alyn são herdeiros legítimos de Driftmark, são feitos de sal e água, apoiam vossa causa.
── Desgraçado! ── Drasilla afasta a cadeira e se levanta, mas Rhaenyra move a cabeça para que Cadmus se mova e o guarda agarra o braço da princesa. ── Manchando a imagem da Rhaenys com seus bastardos.
── Nós estamos em uma guerra e a história não se lembra de sangue. ── Ele falou sentado e calmo olhando a morena. ── Mas de nomes, eles possuem o nome Velaryon agora, eles são meus herdeiros como quis a rainha.
── Sor. Cadmus ... ── Rhaenyra mordia o lábio inferior e olhou para Corlys. ── Prenda Addam Velaryon e seu dragão.
── O que? ── Corlys finalmente se levanta, batendo as mãos na mesa. ── Isso é um absurdo, uma traição para com a minha casa, Rhaenyra.
── Majestade, nesse conselho eu sou majestade. ── Ela o lembrou. ── Se Addam não é culpado e não pretende agir contra sua rainha, ele não terá o que temer.
Corlys devolve a sua bola para o centro da mesa, enfurecido, saindo da sede do conselho, Cadmus solta Drasilla e tanto o guarda, quanto a princesa olham para Rhaenyra, a morena sabia que aquela decisão era totalmente errônea, mas Rhaenyra vinha tomando algumas bem questionáveis, ela não sabia até onde Daemon tinha influência ou onde a paranóia começava a se instaurar na cabeça dela, mas isso poderia conseumí-la bem rápido e de uma forma bastante perigosa, do jeito que acabaria com Rhaenyra num piscar de olhos.
Cadmus sabia que teria que fazer coisas que não concordava muito bem, quando Rhaenyra ordenou que ele prendesse Addam, ele repensou algumas vezes, não estava na posição de trair ninguém, não queria colocar um alvo nas suas costas, ele era a garantia que Addam ficaria bem, só apenas preso, outro poderia abusar disso para punir de forma errônea o rapaz. No entanto, o jovem Velaryon não foi encontrado, ao ser informada, Rhaenyra ficou furiosa, do tipo que nem Drasilla pode contê-la, mesmo que tentasse, a rainha ordenou a prisão imediata e punição de Lorde Corlys Velaryon, o tirando do seu pequeno conselho.
O Lorde de Driftmark não foi apenas preso, mas também foi espancado, até que assumisse que havia sim ajudado Addam, mas não foi dito para onde o novo montador de Seasmoke fugiu, aliados de Corlys ajudaram a libertá-lo e quando a notícia do que Rhaenyra havia feito chegou ao povo, a rainha perdeu um de seus poderes mais fortes, a Tropa Velaryon. Isso deixou Drasilla nervosa, ela precisava acalmar Rhaenyra, antes que tudo piorasse.
── Nós podemos conversar? ── A morena a encontrou na sede do Pequeno Conselho, estava sozinha. ── Nyra, nós precisamos repensar nossas ações, essa guerra está acabando conosco.
── Eu só preciso que me obedeçam, como posso confiar nos meus aliados quando eles me traem o tempo todo? ── Os olhos dela estavam vermelhos. ── Como posso me mostrar digna se não consigo controlá-los.
── Você nunca vai controlar ninguém, Rhaenyra. ── Drasilla parou a uma certa distância dela. ── Eles vão respeitar e seguir você, já é difícil com uma guerra, mas quando você ordena crueldade contra um dos seus principais aliados ...
── É difícil por eu ser mulher, esse sempre foi meu maior erro. ── Ela vociferou, indo na direção da tia, mas Drasilla não vacilou.
── Também, por isso precisamos ser mais cautelosos, se eles nos traem, nós mudamos a estratégia e seguimos de pé. ── Drasilla ponderou com a cabeça.
── Eu não sou como Jaehaerys, não vou conseguir levar esse reino por 50 anos de paz. ── A loira parecia quase desabar a frente da morena.
── Eu já te disse, não seja a próxima ninguém, seja a primeira de seu nome. ── Ela esticou a mão, tocando a da rainha. ── E também...
── Majestade ... ── A voz masculina preencheu o ambiente. ── Desculpa incomodá-las, um corvo chegou do Norte, do lorde Cregan.
── O que houve, Sor. Cadmus? ── Rhaenyra quis saber.
── A irmã dele sua General de Armas, Sara, ela foi presa pelas forças dos verdes. ── Cadmus estava ofegante. ── Eu precisarei retornar até lá, planejar com ele como resgatá-la, peço seu perdão majestade, mas nós não podemos perder a Sara.
── Ele está certo, não mandar ajuda para resgatá-la causará uma rachadura na aliança com os nortenhos, precisamos manter o Lorde Stark ao nosso lado. ── Drasilla aconselhou a rainha. ── Eu vou voar com ele para lá, será rápido.
── Vai deixar a capital desprotegida? ── As sobrancelhas de Rhaenyra se uniram.
── Não é necessário, princesa. ── Cadmus batia a carta recebida entre seus dedos.
── Nós não temos tempo. ── A morena o respondeu, olhando a rainha. ── Daemon está aqui, eles não vão arriscar invadir a capital, tem balisas que derrubariam um dragão do céu, prometo voltar em breve.
── Ok, espero seu retorno em segurança. ── Rhaenyra apertou a mão da tia.
── Então guarda ... ── A princesa sorriu caminhando para perto de Cadmus. ── Já voou de dragão alguma vez?
Drasilla tinha planos de retornar logo do Norte, Rhaenyra estava ficando paranoica, Daemon não era a pessoa mais estável do reino, ele poderia facilmente levá-la a um caminho sem volta, mas ainda precisava lidar com aquilo, como sua emissária, evitar que o Norte fosse ao colapso, não poderiam perder mais ninguém e ela verdadeiramente se preocupava com Sara e em ter Cregan como aliado, sem falar que queria ver seus filhos. Antes que pudessem alcançar o fosso dos dragões eles haviam sido interceptados por alguém, Daemon já sabia das notícias, elas correm como vento, sabia que a irmã e o guarda estavam indo ao Norte, ele tinha seus próprios planos, mas precisava dela também, antes que fosse ele só a pediu uma coisa, fique no Norte até receber um corvo dele, a morena tinha planos para retornar, não queria deixar Rhaenyra a sós, mas Daemon também tinha os seus, ela via em seus olhos, aquele pedido ela obedeceria, confiava nele.
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