Era fim de tarde quando dois dragões cortaram o céu de Westeros, beirando a região de Ponta Tempestade, Arrax voava mais baixo, levando consigo no dorso o Príncipe Lucerys Velaryon, um pouco mais acima, em sua guarnição, havia outro dragão, também de tom azulado, porém maior, carregando a Príncesa Drasilla Targaryen, que naquele voo lhe servia como escudo e espada, sua protetora. Eles sobrevoaram até o pátio maior, Arrax poderia voar e pousar em outro, mas o tamanho de Flarion impedia que ele fosse alocado em qualquer lugar.

As nuvens densas mostravam que aquela seria mais uma noite chuvosa, por mais que Drasilla quisesse pedir asilo para Borros, sabia que Lucerys concordaria que deixar os dragões na chuva não era o mais adequado, mesmo que tais criaturas se acostumassem a isso em Pedra do Dragão ou onde quer que seus montadores estivessem. Ambos os pares de pernas saltaram de suas celas quase ao mesmo tempo, ritmados, Drasilla acariciou a cabeça de Luke, pela parte de trás, oferecendo um pouco de carinho e acalento, junto a meio sorriso, já Flarion bateu com o rabo em Arrax, como se falasse para o mais jovem para o acompanhar.

── E se Lord Borros se negar a apoiar nossa causa? ── Luke nervoso olhava a tia. ── O que vamos fazer?

── Ok, vou ser prática com você, já que tem idade pra isso. ── Ela falou séria ao sobrinho. ── Vamos agradecer e sair, estamos em dois dragões, não há o que Lord Borros possa fazer contra o Flarion e o Arrax.

── Mas se eles nos prenderem no castelo? Com os guardas? ── Luke pensava em outras possibilidades. ── Nós estamos em menor número.

── Na minha deixa você sai primeiro e vai embora com o Arrax. ── Ela segurou o queixo dele, para olhá-la, Luke tinha quase sua altura. 

── Não vou deixar você para trás, tia. ── Os olhos dele tremiam.

── Eu sou sua espada e escudo, Príncipe Lucerys. ── Ela o lembrou. ── Assim que você chegar no pátio, monte o Arrax, volte para casa e fale com o Daemon.

── Se eles te matarem antes disso?

── Então eles vão queimar. ── Ela assentiu, Daemon sabia o que fazer. ── Vamos ...

Os relâmpagos deixavam o barulho do lado de fora bem alto e irritante, o clarão chamou a atenção dos dois, quando se viraram para olhar a silhueta de um enorme dragão chamou a sua atenção, só uma pessoa tinha em sua posse algo tão majestoso, Drasilla trincou os dentes, Lucerys olhou diretamente para a tia, ambos sabiam que se tratava de Vhagar, não precisavam falar mais nada e tinham em mente que lidariam com Aemond, mas ainda estavam em vantagem e não deveriam, de forma alguma, lutar sem necessidade.

Os guardas se aproximaram da dupla, Lucerys olhou para a tia, perguntando se ela não queria dizer algo, mas ela só acenou com a cabeça, deixando o sobrinho tomar a frente, os avisando que veio em nome de Rhaenyra para conversar com o Lord Borros Baratheon, os olhos de Drasilla sob o sobrinho permanecem o tempo todo, ainda mais quando são guiados fortaleza adentro, com a chuva eles teriam pouco tempo para resolver as coisas e retornar a Pedra do Dragão em segurança, mesmo que voar na chuva fosse uma certeza.

Quando quatro guardas entraram pelo salão, eles escoltavam uma dupla que chamou a atenção de outras pessoas, Lorde Borros foi o primeiro a se levantar, interrompendo a sua conversa com outro. O olho de Aemond foi diretamente nos dois, não dava para encarar só um deles, Lucerys vinha na frente, logo atrás Drasilla, como um cão de caça, com ambas as mãos para trás. Ele sabia que a encontraria logo, assim que deu falta da princesa na capital, já ela ignorava totalmente a presença dos outros, para encarar o marido.

── O Príncipe Lucerys Velaryon e a Princesa Drasilla Targaryen. ── Um dos guardas anunciou. ── A mando da Princesa Rhaenyra Targaryen.

── Lorde Borros... ── A voz de Lucerys estava trêmula, Drasilla então olhou para ele. ── Trago uma mensagem de minha mãe ... A Rainha.

── Ainda hoje mais cedo recebi uma mensagem do emissário do rei ... ── A voz de Borros ecoava no salão do castelo. ── Qual dos dois será? Rei ou Rainha? A casa do dragão não parece ter decretado isso.

── Rhaenyra é a primogênita, primo. ── Drasilla respondeu, antes de Lucerys. ── A herdeira por quem seu pai se ajoelhou.

── Qual a mensagem de sua mãe? ── Borros olhava para Drasilla, mas perguntava para Lucerys.

O jovem príncipe ergueu o papel que Rhaenyra havia escrito ao punho, a mensagem para o Lorde de Ponta Tempestade, que um guarda levou e o entregou em mãos. O silêncio se fez no salão, Drasilla olhava diretamente para Borros, parte de si ainda guardava um pouco de rancor da recusa dela em um casamento, onde estava seu amado Rasmus Tyrell agora? Já havia virado adubo para as plantas de Jardim de Cima, já ela vinha suplicar seu apoio. Um meistre tomou do lorde a mensagem de Rhaenyra, lendo em silêncio e o informando ao ouvido, a face séria de Borros se tornou de raiva em segundos.

── Lembrar a mim do juramento de meu pai? Dos laços sanguíneos de minha casa e vossa causa? ── Borros quase gritou. ── O rei Aegon pelo menos tinha uma proposta, minhas espadas e vassalos por um pacto de casamento. Se eu aceitar o pacto de sua mãe, com qual de minhas filhas você se casará, garoto?

Os olhos de Lucerys foram a Drasilla, ao lado dele agora, a Princesa via como o jovem Príncipe estava nervoso, seu olhar foi a Aemond, Lucerys não suplicava pela ajuda dela, não, ele perguntava até onde ele poderia falar ou agir, pois aquela situação a envolvia tanto quanto ele, não por estarem noivos, mas por outras questões matrimoniais da tia e de outros presentes naquele salão. A mão de Drasilla segurava forte a Coração de Valíria, ela prometeu que deixaria Luke tomar a frente, mas ela estava lá não apenas como um guarda real.

── O Príncipe Aemond não pode com uma de suas filhas, Lorde Borros. ── Ela falou encarando o loiro. ── É comigo que ele divide a cama, fomos unidos pelos deuses e até que um de nós morra e o outro cumpra seu período de luto, o outro não poderá se casar, pelo que sei o rei Aegon também possui uma esposa.

── O Conquistador tinha duas esposas. ── Aemond respondeu, sendo ouvido pela primeira vez.

── Você não é o Conquistador. ── Drasilla rebateu.

── Meu Lorde ... Eu não estou livre para me casar, eu já estou noivo. ── Lucerys interrompeu, respondendo diretamente a Borros. 

── Então veio de mãos vazias? ── Borros respondeu, com meio sorriso. ── O filho da Princesa então? Ele não é o herdeiro de Jardim de Cima?

── Meu filho também já está prometido em casamento, Lorde Borros. ── Drasilla respondeu, desviando o olhar, lembrando-se dos Martell.

── Voltem para casa! ── Borros gritou para Lucerys e Drasilla. ── E digam a Rhaenyra que o Lord de Ponta Tempestade não é um cachorro que ela pode assoviar para lutar contra seus inimigos.

── Eu levarei a sua mensagem a rainha, meu Lorde. ── Lucerys falou, trocando olhares com Drasilla.

O príncipe deu as costas primeiro, em seguida Drasilla foi quem o seguiu logo após, eles tinham que fazer uma viagem rápida até Pedra do Dragão, comunicar Rhaenyra que os Baratheon estavam contra sua causa, reorganizar as ideias e ver quem eles tinham ou não ao seu lado. Aemond só olhava a mulher que desejou e cobiçou por tanto tempo, seguindo por um lado que ele não queria que ela fosse, mas não tinha como, Drasilla era fiel a uma causa, a uma pessoa, não era a ele, seu casamento foi por desejá-la demais, mas para a morena isso era apenas um trato político.

── Espere! ── A voz de Aemond os chamou. ── Meu Lorde Strong. Vocês dois acharam mesmo que voariam pelo reino, tentando roubar o trono do meu irmão, sem nenhum custo?

── Não vou lutar com você, estamos aqui como mensageiros e não como guerreiros. ── Lucerys respondeu direto a Aemond e depois olhou a tia ao seu lado.

── Porque ela carrega uma espada então? ── O caolho quis saber, direcionado a tia.

── Westeros é um lugar muito perigoso. ── Ela respondeu séria.

── Uma luta seria desafiadora, mas não ... ── Aemond tirou o tapa-olho mostrando a pedra azulada. ── Quero que tire um dos seus olhos, como pagamento pelo meu, um só vai servir, não quero cegar você, planejo dar esse olho de presente pra mina mãe.

── Aemond ... ── Drasilla falou baixo.

── Encare princesa ... ── Aemond disse se aproximando rápido da dupla, e jogando a daga na direção de ambos. ── O que seu doce sobrinho me fez.

As mãos de Drasilla tremiam um pouco, ainda pensando em como as coisas seriam resolvidas entre eles, os últimos meses na Fortaleza Vermelha tinha estreitado ainda mais os laços entre ela e o caolho e o encarando ali, sob aquela luz, ela só conseguia pensar em como a coz azul combinava com a pele dele. O balançar de cabeça a afastou de quaisquer pensamentos, estavam de lados opostos em uma guerra sangrenta que se aproximava.

── Não! ── A voz de Luke resoou ao silêncio.

── Então você é tão covarde quanto traidor. ── Aemond falou encarando a esposa e Lucerys.

── Aqui não! ── Borros exclamou alto e claro.

── Entregue seu olho ou tirarei ele de você, seu bastardo! ── Aemond gritou indo na direção dos dois, pegando a adaga que havia jogado no chão.

── NA MINHA CASA NÃO! ── Borros berrou se erguendo de seu trono.

── Já chega! ── Drasilla passou a frente de Lucerys, com a mão sob a Coração de Valíria.

── Não! ── Aemond exclamou parando onde estava.

── Você vai matar todos nós. ── A morena censurou o marido. ── E eu sei que você não quer isso, eu conheço você.

── Você esqueceu que eu também te conheço. ── Aemond falou baixo, segurando e guardando a adaga.

── O garoto veio como mensageiro, não terei sangue derramado sob o meu teto. ── Borros os fez parar com sua voz imponente. ── Levem o principe Lucerys e a Princesa Drasilla de volta a seus dragões, agora!

Os guardas continuaram no encalço do principe Velaryon e da princesa, os levando para fora do castelo, como Drasilla bem priviu a água caía com força sob suas cabeças, molhando tudo que tocava, o clima em Ponta Tempestade era sempre assim, arredio e tempestuoso, como o nome bem indicava. Lucerys se aproximou de Arrax, o acalmando com algumas palavras em Alto Valiriano, ele era um dragão jovem, nunca tinha enfrentado uma chuva como aquela com seu montador, já Drasilla tateou a cabeça de Flarion com a mão direita, tirando a luva, queria que o animal sentisse pele com pele, Flarion balançou a cabeça e eles assistiram Arrax e Luke tomarem o ar em meio a tempestade.

Ainda estavam lá de pé, sem subir voo, montadora e dragão, completamente encharcados, Daemon ficaria irado com o desempenho deles ali, mas voltar a salvo para Pedra do Dragão era a prioridade deles, além da negativa de Borros e da hostilidade de Aemond, Drasilla sabia os perigos de voar na chuva, mas saindo de perto das Terras da Tempestade seria mais tranquilo planar até a residência que Rhaenyra se reunia com seus aliados. Antes que pudesse planar atrás de seu afilhado, ela viu a figura de Aemond, ainda seco, as portas do castelo, a encarando.

Ela não precisava saber que seria difícil, a situação se desenhava, ela subiu no dorso de Flarion, apertando a fivela da cela, fazendo com que ele tomasse o ar logo em seguida, via Aemond correndo no pátio quando olhou para trás. Foram poucos segundos, mas o necessário para que ela perdesse Lucerys de vista, ela subiu, sobrevoando em torno do castelo e da formação rochosa, Flarion soltava pequenas labaredas em meio a chuva, como um sinal para Arrax e Lucerys, mas de início nada foi visto.

Drasilla tinha se inclinado para perder altitude, quando uma grande sombra se fez próxima dela, não precisava ser esperta demais para saber que era Vhagar. A princesa nunca tinha precisado de fato fugir de outro dragão, em Pedra do Dragão os animais selvagens respeitavam muito bem o espaço uns dos outros, ela nunca expôs Flarion em um conflito, quando estava com Daemon, Caraxes era bem protetor com o dragão mais jovem e sua montadora, agora eles realmente fugiam de Vhagar e Aemond.

Ela não sabia qual era a ideia do marido, se amedrontar ela e Luke ou se de acabar com eles, mas ela mergulhou com Flarion, rodopiando como um pião de madeira, entre as formações rochosas, quando mais fundo ia, mais perto parecia que Vhagar estava, tinha medo da velha dragão os encurralar na saída, eles eram rápidos, mas ela era maior, então um clarão se fez sob suas cabeças, e a grande sombra sob as rochas que os esperava sair tomou outro rumo, ali Drasilla sabia que Lucerys tinha a desobedecido.

A corrida atrás da princesa se tornou uma perseguição ao jovem Príncipe, com um dragão menor e menos experiente, Lucerys quase foi abochanhado por Vhagar ao subir mais e mais afim de sair de meio as nuvens de chuvas e raios, Drasilla também temia que eles fossem acertados por uma força da natureza. Vendo as sombras dos dragão planarem cada vez mais alto, a princesa instigou Flarion a repetir o movimento, fora da chuva eles teriam uma visão melhor, mas seria alto demais, voar em grandes altitudes cansava dragões e montadores, mas ela sabia que Vhagar não sustentaria seu peso tão alto e por tanto tempo, então em vez de instigar Flarion a soltar fogo para chamar a atenção da dragão, ela se inclinou para tomar maior velocidade.

Flarion era maior que Arrax, mais experiente que ele e consequentemente mais rápido, Vhagar poderia ter mais tamanho e poderio de força, mas Flarion era mais jovem, tinha mais tempo voando com Drasilla do que Aemond e Vhagar, então foi a morena que passou pelas nuvens de chuva, tomando o céu limpo com um sol próximo de se pôr, Drasilla olhou para os lados, procurando por eles, ambos subiam, então já deveriam ter estourado o limite das nuvens de chuva, ela estava certa, viu Lucerys e Arrax segundos depois, soltou o ar aliviada, balançando a mão, sua expressão mudou de alívio para horror em segundos, quando Vhagar emergiu das nuvens de chuva e abocanhou montador e dragão.

Drasilla nada pode fazer a não ser assistir em puro choque o que tinha acontecido, era como se sua alma saísse de seu corpo, pairando ao seu redor, ela não conseguiu investir contra Aemond e Vhagar, que planaram mais um pouco a olhando, o caolho não sabia muito bem o que fazer também, ele queria aterrorizar os dois, saíra de seu controle. Ali todos entendiam o que Viserys falava a muito tempo: Dragões não são controláveis e não possuem donos. Dragões são seres selvagens, agem por conta própria e seguem a sua vontade, ninguém manda neles, se eles não quiserem ser mandados.

Aemond e Vhagar sumiram no horizonte, Flarion e Drasilla seguiram planando enquanto a princesa estava em completo choque pelo que vira, só um solavanco de Flarion a fez se mover, ele soltava labaredas de fogo, Drasilla nunca tinha o visto se comportar assim, mas quando deu por si estava sozinha e o sol já tinha quase se posto. Flarion desceu, passando pelas nuvens de chuva, já era mais guiado por seus instintos do que por uma Drasilla quase catatônica, ela só tinha forças para se segurar na cela. 

Juntos eles vagueram por horas por cima da Baía dos Naufrágios, aos poucos Flarion foi perdendo altitude, cansado, com fome e frio. Eles ficaram naquilo por dois dias ininterruptos, Ela olhava cada centímetro das águas em movimento, cansada, dolorida, mas não havia dor maior do que aceitar a verdade: Lucerys estava morto. Eventualmente ela achou algumas partes de Arrax, sua asa e pernas, mas a maioria estava desaparecido, possivelmente dentro de Vhagar agora, mas nada de Lucerys. 

Quando Flarion não mais aguentava voar ele pousou nos areias escuras da praia, o corpo de Drasilla doía, dois dias sob a cela de seu dragão, estava esgotada, mas ainda sim praticamente se arrastou na areia, até perto da água, quando ela começou a entrar, caiu de joelhos, em pranto e despero, Flarion, ao perceber que ela possivelmente se afogaria, soltou labaredas de fogo, como um aviso a ela, para que saísse de sua estato de choque e aceitasse a dor, o primeiro estágio do luto tinha ido embora rápido para a princesa, ela agora estava em negação, caída de joelhos as margens, sentindo a água fria tocar seu corpo.

── Dracarys, Flarion. ── Ela pediu, encarando o dragão cansado, Flarion parecia ofegante. ── DRACARYS! ── Dessa vez ela berrou.

Flarion nada fez, o dragão azulado abaixou sua cabeça, tocando a areia, ele poderia não ser tão racional como um humano, mas ele conhecia a sua Drasilla, a sua irmã, era como ele se sentia, ele a via assim, desde quando se conheceram, ela sabia que ele se sentia como ela, mas se um dos dois precisava surtar, Flarion deixou que fosse Drasilla, mesmo que não entendesse tão bem como ela estava. A princesa desejava morrer, por inúmeros fatores, o estágio da ira se misturava a negação e ela gritou sozinha na praia, que ecoava sua dor e fúria, até que não houvesse mais ar, ali a dor seguia, mas a raiva era um sentimento maior.

Ela demorou mais um tempo para se levantar, sentindo seu corpço doendo e pesado demais, Flarion seguia com a cabeça abaixada, esperando apenas por ela, em seu momento, mesmo que o corpo do dragão estivesse cansado e dolorido também. Aquela volta para Pedra do Dragão foi mais longa do que eles queriam, parte de Drasilla queria estar lá e sabia a urgência, mas havia dor e cansaço, tudo em um nível tão grande que ela sequer conseguia imaginar. Por uma das janelas, Daemon avista um dragãoo se aproximando do castelo, ele conhecia Flarion, ali ele soube que algo deu errado. A morena e o dragão pousaram na praia, ao redor do castelo, não demora muito para que, sozinho, um Daemon ofegante pela corrida apareça entre as pedras da enseada.

── Drasilla? ── Ele se aproxima, tenso, via em Flarion o cansaço, o dragão sequer voou e a montadora parecia péssima. ── Porque demorou? Qual a resposta do Lorde Borros?

── Daemon ... ── A voz dela mal saía.

── Onde está o Príncipe Lucerys? ── Ele olhou pra cima procurando outro dragão vindo ao encalço da irmã e Flarion, mas nada havia. 

── O Luke ... ── As lágrimas voltam a ela, Drasilla cai na areia da praia, cansada. ── Eu não consegui proteger ele.

── Quem foi? ── Daemon falou entre espanto e ódio. ── Quem fez isso com vocês.

── ... Havia silêncio por parte dela.

── QUEM MATOU O LUCERYS? ── Daemon gritou, se aproximando dela. ── Quem você está acobertando?

── FOI O AEMOND! ── Ela grita de volta, imponente caída nas areias da praia. ── Está doendo em mim, não vê? Eu fiquei dias procurando por ele, não sobrou nada, Vhagar abocanhou ele e o dragão de uma vez.

── Sua dor não vai mudar as coisas. ── Havia uma sombra no olhar do Príncipe quando ele apoiou a irmã no ombro. ── Vamos vingá-lo.

── Eu vou falar com a Rhaenyra. ── Drasilla se apoiava no irmão, mal conseguindo andar.

── Não. ── Ele a censurou, pegando no colo, ela não conseguria subir pelas pedras. ── Eu vou.

O Príncipe Rebelde carregou a irmã até dentro do castelo, por mais que Daemon quisesse que ela descansasse, já que não seria útil estando assim visivelmente cansado e abatida, ele também sabia que ela não se esconderia, então deixou que ela andasse em seu encalço. Drasilla parou perto da ponta da mesa onde os negros se reuniam em Pedra do Dragão, moribunda e cansada, Daemon avançou para próximo de Rhaenyra, captando a rainha pela mão, os olhos lilás da loira a verem a tia, mesmo sem o marido ter dito nada, tremiam, temendo o pior, o que só foi confirmado quando Daemon preferiu aquelas palavras.

Drasilla repassava na mente a cena, desde quando chegaram a pedra do dragão, exausta e trêmula, teve que se apoiar na mesa, vomitando no chão ao seu lado, havia apenas espuma amarelada, uma vez que seu estõmago estava vazio. Os olhos de Rhaenyra carregavam raiva e dor, mirando em Drasilla, quando a morena olhou a loira sabia que não era ódio de si, mas elas compartilhavam a mesma dor, de perder um filho, era isso que Lucerys representava para morena.

Naquele fim de tarde, sob a Baía dos Naufrágios, dragões dançaram na chuva e a Rainha Rhaenyra perdia mais um filho, o seu doce menino Lucerys Velaryon.