#𝟑𝓞 - Um rei 𝐬𝐞𝐦 𝐜𝐨𝐫𝐨𝐚

Daemon, Rhaenyra e as crianças não estavam lá, Rhaenys mandou um corvo dizendo que Corlys não estava tão bem para que ela se ausentasse de Driftmark para alguma coisa e que os Velaryon ainda estavam de luto por Vaemond, então eventualmente só os verdes se encontravam na pequena cerimônia feita no salão do trono, meia dúzia de pessoas com semblante caído e um septão para fazer aquela união legítima de fato. Parecia mais um velório do que realmente um casamento.

Drasilla se sentia tão vazia e sozinha quando olhava em volta, que ela permanecia olhando apenas para Aemond, hora ou outra o silêncio era quebrado por uma tosse do Rei Viserys e todos olhavam-no, como se achassem que ele fosse desmanchar no segundo seguinte, mas não era nada. Quando os noivos falaram seus votos em Alto Valiriano e cumpriram todos os requisitos, o septão os abençoou, a princesa então olhou o irmão mais velho, Viserys não havia proferido nenhum barulho sequer, o vento frio da última lua de 129 d.c. atingira os cabelos da princesa morena enquanto o olhava, Viserys parecia conseguir ver dentro da alma dela e perguntava silenciosamente o que ela já sabia e ele também.

Os olhos dela então foram para o marido, um beijo curto, não eram de demonstrar tanta afeição em público, era o que poderiam dizer, mas a certeza maior girava em torno de mais uma crise de tosse de Viserys, que dessa vez fez todos se olharem, Alicent encarou suplicante aos recém casados, como se pedisse para que fosse encerrado logo, o rei não iria embora até que estivesse findado, Viserys era teimoso demais para isso, então concordaram silenciosos que a união já estava demasiadamente feita para ser continuada.

Quando os recém-casados se encaminharam para o quarto, uma batida ritmada foi o que os interrompeu, a figura de uma ama informou a princesa e o príncipe que o rei estava chamando por Aemond em seus aposentos e que se desculpava por interrompê-los em sua noite de núpcias, isso soou quase como um sopro de alívio para Drasilla, ela estava um pouco nervosa, não era como anos antes quando era uma menina assustada ao se casar com Rasmus, havia tantas amarras políticas naquela situação, ela gostava da companhia de Aemond, não teria aceitado se não nutrisse algum tipo de afeição por ele, mas ainda, sim, a sua vida parecia tão sombreada.

Mais batidas foram feitas na porta, a voz baixa da princesa pediu para que a pessoa entrasse, pensando ser uma das amas, já que seu marido não bateria, só voltaria para continuarem o que tinham nem começado graças ao rei o chamando. Quando a pessoa passou pela porta, no entanto, o barulho do metal chamou a atenção, era um guarda, mas não qualquer guarda. Quando Cadmus colocou os olhos sob ela, vestida de noiva, com um semblante preocupado, ele sentia os seus próprios lábios formigarem, cansado e estasiado ao mesmo tempo, mas apreciando a visão do que nunca teria, da noiva que nunca seria sua.

── Princesa ... ── Ele se curvou, como a situação pedia. ── Desculpe incomodá-la.

── Algo aconteceu? ── Ele não teria ido até ali de graça. ── A Aemma está bem?

── Sim, tem um guarda na porta do quarto dela. ── Ele mal conseguia encará-la. ── Vim pedir a vossa permissão para retornar a Winterfell.

── Minha? ── As sobrancelhas dela se uniram.

── Como residente integral em King's Landing e membro sênior da casa real, vossa alteza e o rei são as únicas pessoas que podem autorizar isso em relação a mim.

── Porque você quer ir embora? ── Ela deu um passo a frente, ele um atrás. ── Vai me deixar sem proteção?

── Você já tem toda a proteção que precisa, Drasilla. ── Ele a encarou, durou cinco segundos. ── Por favor, me deixe ir embora.

Houve um silêncio constrangedor entre eles, era como uma súplica, Cadmus via no rosto dela que a princesa não esperava por aquele pedido, ele jurou que seria leal a ela, ele fez votos, não importava o que ele sentisse, ele era um guarda real, alguém que servia a coroa, alguém que servia a ela, tudo poderia desabar, não sua lealdade, não sua servidão, Cadmus sabia disso. Ele se ajoelhou, como o servo que ela, implorando pela compaixão da princesa, já Drasilla tinha seus olhos marejados ao assistir aquilo, como ela fazia ele sofrer, seu maxilar tremia, segurando o choro.

── Vá para Jardim de Cima. ── Ela falou limpando uma lágrima que quase escorreu. ── Proteja Aemma e Lyonel.

── Princesa ... ── Ele ergueu o olhar. ── Por favor...

── Você não quer ir para Winterfell, para perto da sua mãe, para um conflito que você evita há anos, você quer ficar longe de mim. ── Ela soltou o ar pesado, se afastando dele. ── Estou te dando um meio-termo.

── Porque você é tão egoísta? ── Ele se levantou devagar. ── Porque não me deixa ir embora?

── Porque você não vai embora? ── Ela rebateu, novamente com os olhos marejados.

── Eu sou leal a você. ── Ele olhava fixamente a ela agora. ── Eu te amo.

── E eu ... preciso de você. ── A voz dela falhou, como se a mente por breve estivesse em conflito. ── Leve a Aemma para Jardim de Cima, os visitarei em breve, diga a Alys para me escrever toda semana.

── Ok, princesa ... ── Ele falou se retirando, foi só então que Drasilla começou a chorar de fato.

Deixar que sua filha mais velha fosse para Jardim de Cima sem ela foi um custo a princesa, por mais que Aemond tentasse animar Drasilla todos os dias com sua companhia, ele genuinamente tinha um sentimento pela princesa, atrás de todo o desejo que sentia por ela, mais do que ninguém sabia como era nebuloso viver naquele lugar, tentava acompanhá-la em seus afazeres, quando ela estava em reunião com Viserys se fazia presente, sempre que o pai permitia, Aemond entendeu rápido que a posição de Drasilla em relação ao rei e a corte era superior à sua, mas não a culpava, Viserys tinha decidido isso.

Com certo custo, o príncipe caolho conseguiu convencer a princesa a treinar espadas com ele, muitos poderiam ficar incertos com a situação, nenhum homem gostaria de ver uma mulher lhe vencer nas justas de espadas, mas Aemond pensava que se conseguisse derrotar ela, não seria qualquer mulher, seria ela, que todos sabiam que usava uma espada melhor do que a maioria dos cavaleiros da guarda real, pelo menos eram os boatos, Daemon havia a ensinado, mas talvez os anos tenham a amolecido, talvez dar a ela a espada de um conquistador não tenha sido a melhor escolha, Viserys era cheio de escolhas ruins ao ver do príncipe.

Drasilla sabia como iria acabar antes mesmo de começar, então não usou a Coração de Valíria, prometeu ao irmão que só iria usá-la em um combate sério de verdade, treinos poderiam ser feitos com outras espadas de peso semelhante, então foi o que ela fez. Aemond era bom, ela tinha que encarar isso, tinha um porte agressivo as espadas e ela entendia o motivo, tinha sido treinado por Criston Cole, quem ela tinha que reconhecer que era bom, um dos melhores da guarda, não gostar dele não significava não ver o óbvio ou subestimá-lo. Mas talvez, só talvez, Aemond que estivesse subestimando ela, quando a princesa o desarmou. 

── Vamos de novo. ── Ele pegou a espada no chão. ── Você me distraiu com a sua beleza, dräokori. 

── Então vai ter que fechar o olho e lutar as cegas. ── Ela brincou rondando ele. ── Ok, mas dessa vez tente me matar de verdade.

── O quê? ── Ele parou, unindo as sobrancelhas em uma expressão confusa. ── Eu não vou machucar você.

── Se você for lutar com ressalvas, eu vou te deixar lutando com um dos guardas. ── Ela abaixou a própria espada. ── Você nunca sabe de onde será traído ou quem precisará matar, se ficar pensando em como é afeiçoado por quem está do outro lado da espada, vai acabar morto.

── Você planeja me trair, esposa? ── Ele apoiou a espada no chão a encarando.

── Eu não te diria se fosse. ── Ela piscou. ── Em posição, vamos de novo.

Era aquilo que ele amava nela, Drasilla nunca deixou de ser selvagem, mesmo com o casamento, mesmo com o que teve que fazer, ela nunca deixou de ser um dragão, alguém imprevisível, ele poderia não tê-la conhecido na sua idade direito ou mais jovem, mas sabia que ela era fogo que queimava forte e quente. Ele prestou a atenção nela, como ela movia os pés, observação era a base do que você poderia prever no seu inimigo, ele tinha que ser rápido, seu olho de movia entre ela e o que ele fazia, dessa vea dando mais trabalho para a princesa, ela tinha que reconhecer. Até que ela abriu uma brecha e ele consegui derrubar a espada dela, a morena estava desarmada.

── Desista e eu oferecerei misericórdia. ── Ele riu. ── Mas só hoje e terás que aquecer o minha cama como recompensa por sua vida, milady.

Ele só havia esquecido uma coisa naquele momento, ela foi treinada por Daemon, não era qualquer cavaleiro, quando ela disse para que ele a atacasse para matar, ela também assumiu a posição de fazer o mesmo, ele vacilou, era o que ela queria, ganhar na soberba dele. A morena estapeou a lâmina da espada, graças a luva de couro, a mão não havia tocado a parte cortante, houve só o impacto, ela avançou pra cima do príncipe, dando um chute meu no meio do peito, o barulho da bota no metal chamou a atenção do outros guardas, quando Aemond vacilou dois passos ela o derrubou com uma rasteira, como se não bastasse o prendeu no chão, com o joelho esquerdo sob o braço direito dele e o pé esquerdo apertando o punho direito do príncipe que ainda segurava a espada.

── Eu não sei se deveria te oferecer misericórdia. ── Ela pressionou os lábios. ── Mas aceito a parte do aquecer a cama.

── Nós vamos continuar treinando. ── Ele tentou se soltar e ela apertou. ── Isso foi vergonhoso.

── Isso foi o bastante por hoje. ── Ele se levantou devagar, estendendo a mão pra ele, mas Aemond negou. ── Querido ...

── Eu não posso falhar assim em uma luta con...

── Contra uma mulher? ── Ela o cortou na hora, pronta pra brigar com ele, mas entendia a situação. ── Eu não sou uma garota, eu sou A Drasilla, fica tranquilo, nós vamos treinar mais e mais e mais, todas as vezes que você quiser, até você ter uma pequena chance contra mim.

── Muito engraçado da sua parte. ── Ele revirou os olhos. ── Pode ir se quiser, vou pedir ao Cole pra me ajudar.

── Você não vai melhorar treinando com aquele fracassado. ── Ela deu de ombros se afastando.

── Drasilla ...── Ele mesmo segurou o riso. ── Pegue a espada então.

Os dois estavam prestes a continuar o treino, quando a movimentação da guarda chamou a atenção de Drasilla, Aemond chegou a erguer a espada para ela, mas ao notar tal desatenção da esposa em olhar deliberadamente pro lado, ele também olhou em companhia, vendo o grupo se aproximar. Não era apenas uma pessoa, seguida por três guardas, mas também duas amas junto dela, o casal pensava o mesmo, porque tanta gente junta, mas apenas abaixaram suas espadas enquanto a figura de Alicent Hightower estava cada vez mais próxima deles.

── Encontrei vocês dois. ── Ela itnha um sorriso amarelo no rosto. ── Treinando como guardas.

── Saber usar espada é sábio para a própria proteção, mãe. ── Aemond respondeu ainda sério.

── Os guardas podem fazer isso por vocês, é pra isso que são treinados. ── Os olhos dela foram de Aemond para Drasilla e voltaram no filho. ── Enfim, mas não foi isso que vim falar com ambos.

── E a que devemos a presença de vossa graça? ── Drasilla estreitou os olhos.

──  Eu e o Lord Mão estivemos conversando e pensamos que seria interessante oferecer um jantar para os recém casados, em algumas semanas é claro. ── Ela poderou com a cabeça com meio sorriso. ── Quando acabar o período de núpcias que vocês estão aproveitando bastante como um casal.

── Bom ... ── Aemond olhou para Drasilla ainda meio séria, então ela confirmou com a cabeça. ── Quem estará aqui? Não queremos uma celebração grande.

── Oh não, apenas a família, sabemos que a saúde do rei não permite compromissos com muitos curiosos. ── A ruiva confirmou apertando as próprias mãos. ── Mandaremos corvos para Dragonstone e Driftmark.

── Claro, será um prazer pra nós, minha rainha. ── Drasilla concordou com a cabeça. ── Treinar foi ótimo, marido, mas preciso escrever cartas antes que fique tarde para que os corvos sejam mandados, se me dão licença ...

Os dois acompanham com o olhar a princesa se afastar, Aemond censura qualquer palavra que a rainha possa pensar em falar, apenas se afastando e deixando a sua espada com um dos outros guardas, para ele o treinamento também tinha sido encerrado. As semanas seguintes pareciam correr como lebre no descampado, 130d.c. parecia voar em seus dias e Alicent se apressou para mandar os corvos a aqueles que desejava convidar, aos que receberam, caretas e trocas de olhares, mas tanto Dragonstone quanto Driftmark responderam positivamente ao convite, já que todos tinham recebido avisos prévios da própria Drasilla sobre o jantar e se sentiam culpados pela ausência na cerimônia.

Rhaenys foi a primeira a chegar em King's Landing, como estava sozinha, voou em Meleys até a capital, seus assuntos com o rei iam além do jantar que a rainha estava organizando para sua prima, esse do qual Drasilla também insistiu que Rhaenys fosse, ela queria se sentir acompanhada e protegida pelos seus, a prima mais velha aceitou a quase súplica da mais nova, Rhaenys tinha saudades de Drasilla, mas na ocasião, diante do rei moribundo e da outra princesa, a Lady de Driftmark tinha que manter a compostura.

── Fico agradecido que tenha vindo até mim, prima. ── O rei parecia cansado e Drasilla olhou a mais velha esperando que a mesma também a encarasse. ── Como está a saúde do Serpente Marinha?

── Meu marido se recupera bem, Majestade. ── Ela não queria entrar em detalhes. ── Tem sido eu a lidar com os conflitos em torno da ausência dele, da legitimidade dos filhos da Princesa Rhaenyra e da morte recente de Sir. Vaemond.

── Peço desculpas pelo incomodo que criei a você. ── As sobrancelhas de Drasilla estavam unidas e a expressão tristonha.

── Você só defendeu os seus sobrinhos, não é como se tivesse me atacado pessoalmente. ── Rhaenys odiava o cunhado. ── Mas preciso do apoio da casa real sobre isso, também preciso saber quando poderemos contar com a presença da Senhora de Pedra do Dragão para o Conselho das Ilhas.

── Pensei que a Rhaenyra deveria comparecer. ── Drasilla uniu as mãos atrás das costas. ── Como Princesa de Pedra do Dragão.

── Ela também irá, mas você é como sua mão ou general de armas. ── A voz de Viserys chamou a atenção das duas. ── A pauta principal deve ser os problemas com a Triarquia, suponho. Quem comanda a Frota Velaryon?

── O filho mais velho do Sir. Vaemond, Daemion. — Rhaenys olhou para ambos. ── Mas isso muito me preocupa, com Corlys ainda em recuperação, se algo ocorrer com ele, Daemion tem a reivindicação mais forte, sem Laenor aqui, com a legitimidade dos filhos da princesa ainda questionada, com o Príncipe Daemon só tendo filhas com a Laena e com Daemion sob o controle da Frota Velaryon...

── Se não resolvermos essa situação com a Triarquia, forçarão o Lord Corlys a mudar de herdeiro. ── Drasilla a interrompeu. ── Ou pior, usurparão o direito de nascença do Luke.

── Fale com o Daemon, ele já lidou com a Triarquia uma vez, vai saber como fazer. ── Viserys olhou a irmã e a prima. 

── Ele não vai conseguir sozinho, antes ele contava com meu marido, Laenor e Vaemond na linha de frente. ── Rhaenys encolheu os ombros. ── Talvez eu deva ir com ele.

── Eu vou. ── Drasilla cortou a conversa. ── Levarei Jacaerys e Vermax comigo.

── Será prudente de sua parte ir e levar o futuro herdeiro do trono? ── Havia uma preocupação latente em Viserys, Daemon era experiente em batalha, Drasilla voava bem, mas nem ela e nem Jace tinham estado naquele tipo de combate.

── Quando a Princesa Rhaenys ainda era a herdeira do Príncipe Aemon, ela montou em Meleys e ajudou a lidar com conflitos em mais de uma ocasião em nome do rei Jaehaerys. ── Os olhos das princesas se encontraram. ── Jace precisa conhecer os conflitos e aprender a lidar com eles, as vezes com um pouco de fogo.

── Então temos isso? ── Rhaenys olhou os dois. ── Daemon, Jace e Drasilla vão lidar com a Triarquia e espero que ela e Jace se juntem a Rhaenyra no Conselho das Ilhas, será bom para ele.

── Está certo. ── Viserys relaxou um pouco na poltrona. ── Ficará para o jantar que a rainha oferecerá aos recém casados?

── Claro. ── Rhaenys sorriu. ── Alguém me escreveu um pedido de socorro.

── Achei só que estivesse com saudades dos seus netos. ── Ela bateu no ombro de Rhaenys com o seu.

Lidar com toda a pompa que o jantar obrigava deixava a princesa nervosa, de fato, esse eram o grande motivo pelo qual ela tinha escrito pessoalmente para Driftmark e Pedra do Dragão, queria estar cercada pelos seus, apesar de sentir o conforto na presença de Viserys e nos braços de seu novo marido, a princesa ainda sentia a dor da perda de Rasmus, sua mente não o esquecia, não havia como, oficialmente seu período de luto tinha terminado, mas ainda sentia que permanecia lá, o que é o luto se não o amor que persevera?

Se pegou pensando naquilo e quando deu por si estava parada na frente que sua pequena Aemma ocupava até pouco tempo, assim como aquela que fora homanageada, Drasilla sentia sua falta em momentos como esse, como quando tudo parecia cinza, nem preto, nem branco, só sem cor, enquanto ela tentava colocar tudo nos eixos, ela nem notou uma aproximação silenciosa.

── Está sentindo falta dela? ── A voz doce se fez presente. ── Também sinto falta dos meus quando saem do campo de visão.

── É época de chuvas na Campina, ela tem medo dos trovões. ── Drasilla falou, ainda olhando pra dentro do quarto, não precisava olhar pra saber que se tratava de Helaena. ── Ela corria pra minha cama, costumava deitar entre mim e o Rasmus, ele abraçava ela...

── Coloco as crianças na minha cama também, os três, pra ficar bem cheia. ── A loira falou olhando o quarto, mas Drasilla a encarou. ── O suficiente pra me sentir bem.

── Vazios diferentes, mas ainda vazios. ── Drasilla falou com a voz baixa, mas a sobrinha-cunhada a entendeu. Ela tinha 17 anos, a mesma idade que a morena quando se casou pela primeira vez, mas Drasilla acreditava na sorte que tinha ao encontrar Rasmus. ── Você pode me chamar pra deitar com você se não quiser ficar sozinha, eu costumava fazer companhia a Rhaenyra.

── Você é recém casada, porque deixaria seu marido de lado? ── Os olhos lilás de Helaena brilhavam como se lágrimas formassem neles.

── As vezes nós precisamos ter a certeza que a cama está cheia o suficiente pra se sentir bem. ── Drasilla emitiu um pequeno sorriso. ── E o Aemond pode ficar um pouco com os sobrinhos, ele se deu bem com meus filhos, aposto que também se dará com os seus.

Drasilla reconhecia todos os privilégios que havia carregado consigo durante a vida, ser a irmã mais nova do rei, estar longe das obrigaçõs do trono, ter cativado os irmãos a ponto deles serem mais flexíveis consigo, ter uma grande amiga e parceira que era Rhaenyra, se casar com quem decidiu fazê-lo, Rasmus era um homem cortês e um marido doce, a entendeu até em seu pior momento. Pode viajar com Daemon, conhecer Westeros, fora permitido a ela mais do que a alguns homens, quem dirá a jovens damas, então todas as vezes que ela se deparava com alguma lady tão frágil e machucada como Helaena, ela se via na obrigação de apoiá-la. Proteja as flores e verás o jardim florescer, Carmine lhe disse uma vez.

O jantar havia chegado dias depois, quando todos já estavam na capital, Drasilla não saía de perto de Rhaenyra e Daemon, ela sentia um alívio ter a princesa e os sobrinhos lá, a mesma coisa de Rhaenys, ela só queria voar até Pedra do Dragão depois daquilo e ficar com eles, treinar em sua companhia, trazer Aemma e Lyonel as vezes, pois também entendia o lado dos Tyrell, apesar de não se arrepender de ter entrelaçado sua vida a de Aemond, ela não queria ficar naquela castelo, talvez pudesse convencê-lo a viajar e estar em alguns lugares novos, mas era uma conversa para outro momento.

Os lugares estavam marcados e a morena agradeceu imensamente por Alicent ter a colocado entre Aemond e Daemon, na sua milimétrica divisão de lugares na mesa, antes do encontro familiar Drasilla e o marido tiveram uma longa conversa, ao se lembrar do ocorrido tempos antes, no último jantar familiar deles, o loiro concordou em se conter, por ela, era inegável como a morena exercia sob ele uma espécie de feitiço, ele não a perdia de vista praticamente, estava sempre ao seu lado e embaixo da mesa fazia questão que seus pés se tocassem, sempre perto.

── Quero fazer um anúncio. ── Rhaenyra se ergueu devagar, com uma taça. ── Já é de conhecimento familiar, mas quero oficializar, a união de meu filho Jace e lady Baela, assim que ambos completarem 16 anos, também do meu filho Lucerys, com a jovem lady Vhaera Celtigar, já foi acordado com o pai dela que também esperaremos que ela complete seus 16 anos para que a união aconteça.

── Quantos casamentos. ── Aegon riu, bebendo da sua taça, ele estava logo ao lado de Aemond. ── Logo vão querer casar meu filho mais novo, Maelor, com a filha da princesa Drasilla.

── É de conhecimento geral que ela preferiria o Joffrey. ── A língua de chicote da princesa não se conteve, tendo marido a olhado com meio sorriso. ── Mas fiquei sabendo que Lord Leo tem uma filha, aposto que ele ficaria honrado com a possibilidade.

Aquela conversa logo foi dispersada, os olhos de Rhaenyra faziam uma clara menção a um agradecimento a Drasilla. O resto da noite o grupo conversou, riu e se divertiu, nem parecia a mesma família calejada e incomodada com os acontecimentos dos últimos anos, por algumas horas eles realmente deixaram de lado toda a confusão que um dia os separou. Na manhã seguinte, no entanto, havia uma urgência em Daemon para retornar a Pedra do Dragão, apesar de não querer deixar o pai, Rhaenyra concordava.

── Você deve ir com eles, querida. ── Rhaenys estava na biblioteca com Drasilla, mas era o rosto de Baela que segurava entre as mãos. ── Volte com seu pai e seus irmãos, fique com a Rhaena, ela sente sua falta.

── Mas e você, vovó? ── Baela segurava as mãos dela, seus olhos foram rapidamente em Drasilla que as olhava enquanto procurava um livro pra Lucerys. ── Não quero te deixar sozinha.

── Ela não vai estar, eu prometo. ── Drasilla sorriu de lado se aproximando das duas. ── Eu também estarei na reunião dela com o rei, ficarei aqui por dias até partir para a Campina para uma reunião, voaremos no mesmo dia. Ah! Entregue isso ao Luke.

── Ok, se ela vai ficar também... ── Baela sorriu enquanto pegava o livro, gostava de Drasilla, confiava nela.

Rhaenys e Drasilla olharam juntas a figura de Baela se afastando, nervosa, mas apressada. Naquele dia, por algumas horas, Rhaenys e Drasilla se reuniram com Viserys e outros membros do Pequeno Conselho para algumas conversas necessárias, com Corlys ainda se recuperando, foi permitido a Princesa Rhaenys que ocupasse seu lugar na reunião, como ela já fazia no trono de madeira, esperando a ausência de seu marido acabar.

Naquela noite, no entanto, enquanto todos se recolhiam em seus aposentos, uma movimentação estranha se fez entre os criados, algumas batidas ritmadas na porta da rainha Alicent chamaram a sua atenção, uma criada se desculpou por interromper o seu leito, mas viera para trazer uma notícia triste e alarmante, depois de uma crise de alguns minutos e incessantes tentativas de um grupo de meistres, Viserys Targaryen, o primeiro de seu nome, estava morto.

Alicent tinha um nó na sua garganta ao receber a informação, a primeira pessoa que contassem foi a seu pai, a quem mais confiava, o choque da rainha fora tamanho que ela sequer conseguia chorar, só pensava em como as coisas ficariam potencialmente problemáticas agora. Foi Otto que reuniu o Pequeno Conselho em meio a madrugada, para decidirem como as coisas seriam passadas posteriormente.

── O que houve que não poderia esperar mais uma hora? Dorne foi invadida? ── A voz de Jason Lannister chamou a atenção de todos no silêncio do pequeno conselho. ── Onde estão as princesas Drasilla e Rhaenys? Eu sei que mulheres demoram um pouco mais para se arrumar, mas a rainha já está aqui.

── O rei está morto. ── A voz melancólica de Otto Hightower em pé ao lado de Alicent cortou o clima, fazendo que o silêncio permeasse pelo recinto por segundos, em um pleno choque. ── Estamos de luto por Viserys, o pacífico, nosso soberano, nosso amigo. Mas ele nos deixou um presente, em seu último suspiro ele entregou seu último desejo a rainha, que o seu filho Aegon fosse seu sucessor, como Lorde dos Sete Reinos. 

── Então podemos seguir agora com a certeza de suas bençãos em nossos planos? ── O choque ainda estava estampado na face de todos quando Jason falou, ainda meio aéreo com a notícia. 

── Sim. ── Otto deu a volta, colocando a sua bola no círculo. ── A muito a se fazer como discutimo anteriormente, temos dois entre os capitães da Patrulha da Cidade que permanecem fiéis ao Daemon, vamos substituí-los, Lord Lannister ...

── O tesouro real está bem gerenciado, o ouro será dividido por segurança. ── Jason falou enquanto apertava suas mãos por baixo da mesa.

── Enviem corvos para nossos aliados, Riverrun e Highgarden. ── Otto continuava a comandar enquanto os outros calavam perplexos.

── Devo entender que os membros do Pequeno Conselho planejavam coroar meu filho sem mim? ── A voz de Alicent saiu desconfortável ao notar os planos encaminhados. ── Não é algo a qual me oponho, porém a forma como se desenhou me desagrada.

── Minha rainha. ── A voz de Jasper Wylde chamou a atenção de Alicent próxima a si. ── Não era necessário maculá-la com conspirações sombrias.

── Eu não aceito isso! Ouvir que vocês planejam substituir a herdeira escolhida pelo rei pelo impostor! ── Lyman Beesbury cortou a conversa. ── E você nem deveria estar aí, se bem me lembro, essa cadeira pertence a princesa Drasilla agora, onde ela está? Duvido que apoie esse absurdo.

── Um filho homem não é um impostor. ── Jason Lannister cortou Lyman.

── Centenas de Lordes e cavaleiros juraram fidelidade a princesa! ── Lyman rebateu.

── Isso foi a mais de vinte anos, a maioria já morreu. ── O Lannister insistiu.

── Você ouviu o Lord Mão. ── Jasper cortou a outra discussão. ── Planejando ou não o rei mudou de ideia.

── Eu tenho 76 anos, eu conheci o Viserys a mais tempo que qualquer um nessa mesa, desde que ele era um menino. ── Lyman se ergueu devagar. ── E não acredito que ele disse isso no leito de morte, sozinho, apesar com a mãe do rapaz como testemunha. Isso é um ataque, um roubou, traição no mínimo, que seja ...

── Cuidado com a palavra que vai falar, Lyman ... ── O meistre Orwyle interveio.

── O rei estava bem noite passada. ── Beesburry seguia de pé, mas Criston Cole sorrateiramente parava próximo a cadeira dele. ── Como vocês podem jurar que ele morreu naturalmente?

── E qual de nós você acusa de regicídio, Lorde Beesbury? ── Jasper falou em tom passivo agressivo ao mais velho.

── Foi uma de vocês. ── Lyman gritou. ── Ou todos vocês, eu não posso ...

── SENTA AGORA! ── Criston Cole o empurrou de volta a sua cadeira.

A força usada pelo guarda fez com que Lyman tivesse seu corpo jogado sob a mesa e a cabeça batida contra sua própria pedra do Pequeno Conselho, o silêncio permeou entre os grupo de pessoas ao notar que o sangue escorria por sua cabeça, os olhos trêmulos de susto ao ver que o velho lorde agora estava morto a frente de todos, deixando claro a falta de escrúpulos do guarda, se assim precisasse.

── Meu deus ... ── Alicent sussurrou de imediato, levando as mãos a boca.

── Abaixe sua espada e retire seu manto, Sir. Criston. ── Harrold Westerling, Chefe da Guarda real, apontava sua espada ao outro guarda, enquanto Jason Lannister se levantava rápido da sua cadeira para não ficar entre os dois. ── Eu sou seu lorde comandante, abaixe sua espada.

── Eu não aceitaria insultos a sua graça, a rainha. ── Cole mantinha a espada erguida para seu chefe.

── Não me insultaram Sir. Criston, pode abaixar a sua espada. ── Alicent pediu em voz baixa e Criston obedeceu.

── Precisava chegar a isso? ── Harrold se afastou abaixando a espada, claramente descontente.

── Lorde Comandante, já basta! ── Otto se ergueu. 

── Vamos remover o Lorde Beesbury. ── O meistre Orwyle se ergueu devagar.

── Não! ── Foi a voz de Otto que o impediu, grave e direta. ── A porta ficará fechada até encerrarmos esse assunto. ── Ele anunciou enquanto todos se sentavam de novo. 

── Ponta Tempestade é preocupação. ── Jason quebrou o silêncio constrangedor que se formou. ── Não podemos prever a lealdade de Lord Borros, mas ele tem quatro filhas, todas solteiras, a proposta certa ...

── E a Rhaneyra? ── Alicent impaciente os questionou. 

── A antiga herdeira claro não pode, é claro, ter permissão de parmanecer livre e obter apoio para sua reivindicação. ── Otto respondeu a filha.

── Quer dizer prendê-la? ── Alicent se preocupava não apenas com a figura de Rhaenyra, mas o que vinha com ela. ── A princesa não é nosso único problema.

── Ela e a família terão a oportunidade de jurar publicamente a obediência ao novo rei. ── Otto declarou em seguida, mas Alicent deu uma risada impaciente. 

── Ela nunca se curvará, nem o Daemon, você sabe. ── Alicent o advertiu. ── Muito menos a Drasilla. Vocês planejam matá-los e todos aqui concentem.

── O seu pai está certo, vossa graça. ── Orwyle se pronunciou. ── Um opositor vivo é um convite a batalha e a carnificina.

── E repugnante eu sei, mas temos que nos sacrificar para garantir a sucessão do Aegon. ── Otto continuava a falar. ── E temos que considerar o Daemon e a Drasilla, o rei não desejaria que ...

── O REI NÃO DESEJAVA O GENOCÍDIO DE SUA PRÓPRIA FAMÍLIA! ── Alicent gritou, suas preocupações não eram sobre algum sentimento positivo em relação a Rhaenyra ou Daemon, mas as consequências de seguir por esse caminho. ── Isso vai colocar as nossas cabeças em risco, é um mal que pode deve ser evitado e ...

── Mesmo assim e ... ── Jasper Wylde começou a se pronunciar.

── Mais uma palavra e eu te mando para a muralha! ── Alicent vociferou ao homem ao se levantar. 

Todos ficaram calados e perplexos, os olhos de Alicent tremiam, havia raiva, mas também medo, ela não nutria carinho ou resiliência com os outros, mas ela não era burra, sabia que seu lado também sofreria se esse fosse o caminho a ser seguido, algo que ela definitivamente queria evitar, lutava pela própria segurança, perante ao ódio claro de alguns com aquela decisão. 

── O que sugera, majestade? ── Jason Lannister quebrou o silêncio que se formou.

── O tempo é essencial. ── Otto olgava diretamente para a filha. ── Lorde Comandante Westerling, leve seus cavaleiros a Pedra do Dragão, seja rápido e preciso.

── Sou Lord Comandante da Guarda Real. ── Harold tirou o manto branco, o colocando sob a mesa. ── Não reconheço outra autoridade que não seja a do rei, até que aja um não há lugar pra mim aqui. ── E então se retirou do recinto.

── Tranquem as princesas em seus quartos. ── A rainha pediu olhando para Criston Cole, seus olhos lacrimejavam. ── Assim como seus dragões no Fosso, até que isso seja resolvido de forma pacífica.

── Claro minha rainha. ── O guarda respondeu com um aceno de cabeça, se afastando pelas mesmas portas que Harold tinha seguido momentos antes.

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