# 𝟐𝟕 - 𝗜𝘀𝘀𝗼 𝘁𝗲 𝗶𝗻𝗰𝗼𝗺𝗼𝗱𝗮, 𝒕𝒊𝒂?
Havia uma clara face de cansaço quando, dias depois, a princesa compareceu ao Conselho da Rosa, não foi permitido que Daemon ou Cadmus acompanhassem Drasilla, mas Carmine estava ao lado da princesa. Do lado dos Tyrell ainda tinha Leo, em torno da mesa de carvalho escuro havia outros 7 representantes do poderio da Campina, seis homens e uma mulher com uma carranca tão mais pesada que a face de qualquer homem, entre eles estavam: Raymun Fossoway, Ormund Hightower, Selyse Florent, Paxter Redwyne, Dickon Tarly, Gareth Caswell e Maves Oakheart, espalhados pela mesa com roupas com o brasão de suas casas, ostentados com orgulho, a única que não usava qualquer cor alusiva ou brasão era Drasilla, toda de preto.
── É com lástima que nos reunimos após décadas para resolver a questão da sucessão da principal casa da Campina. ── Lorde Raymun Fossoway se pronunciou, ele era o mais velho da mesa, já era lorde quando Lyonel se tornou, era velho o suficiente para não saberem a sua real idade. ── Princesa ofereço minhas condolências e desculpas por tirá-la de seu luto, mas como Lady da Campina, vossa presença era indispensável.
── Tudo bem, Lorde Fossoway. ── Drasilla moveu os olhos na direção dele. ── Para mim isso é óbvio, meu marido tem dois filhos, eles são os herdeiros.
── O jovem Lyonel é um bebê, alteza. ── Lorde Paxter Redwyne se pronunciou. ── Ele tem dias de vida.
── Eu sou a mãe dele, cabe a mim instruí-lo e cuidar dele até ter uma idade prudente. ── Drasilla o lembrou. ── Mas não falava sobre meu filho mais jovem, Aemma é a primogênita, ela deve suceder o pai.
── Uma garota? ── A voz rouca de Lady Selyse Florent chamou a atenção da princesa. ── Não precisamos mencionar que ela tem só 6 anos.
── Você não foi uma garota, Lady Selyse? ── A cabeça de Drasilla se inclinou, sentindo a mão de Carmine sob a sua.
A maioria ainda estava calado, mas concordavam que os filhos de Rasmus eram crianças, muito jovens, eles precisavam de um representante a altura da Campina, alguém com o porte de um Lorde, esse é o problema que os uniu ali, não era fácil decidir, por Carmine, a antiga Lady, deixaria Drasilla no comando enquanto seus filhos cresciam, mas para uma visão de fora, haviam mulheres demais na casa Tyrell, a frente dela, homens de menos, Lyonel foi fraco, Rasmus estava morto. De uma forma discreta, Leo e o Lorde Ormund Hightower se olharam por alguns segundos, enquanto o silêncio se formou por breve.
── Porque não pode ser a Princesa Drasilla a nossa senhora enquanto não há um herdeiro em idade adequada? ── Carmine se pronunciou, ela foi fuzilada por alguns deles e por seu enteado Leo. ── Ela estava ao lado de Rasmus desde antes dele ser Lorde, deu filhos a ele, provou sua lealdade a Campina.
── E é uma Targaryen. ── A voz rouca de Ormund Hightower se fez presente. ── Sua lealdade sempre será a coroa, no fim das contas.
── Isso diz muito sobre seu tio, Lorde Mão. ── Drasilla riu, em meio a dor, lembrando de Otto. ── Ou da sua prima, a rainha.
── Isso é uma heresia, ela é parte dessa família. ── Carmine insistiu.
── Lady Carmine, lembre-se que sua voz não vale muito agora que é só uma viúva que foi substituída por uma lady mais jovem. ── Lady Selyse a provocou. ── Você só fala nesse conselho quando é permitida, nem deveria estar aqui.
Depois daquilo o caos se instaura no Conselho da Rosa, nenhum deles parece opinar por uma saída fácil e rápida, se pudessem trazer Rasmus de volta, todos eles, sem exceção, mesmo Drasilla encolhida em sua cadeira de madeira ao lado da sogra e do cunhado, como uma criança perdida. Ela queria correr de volta para os braços de Viserys ou Daemon, o segundo parecia mais fácil, estava lá fora, esperando só um sinal para invadir se preciso, ele não tinha medo da Campina e seus lordes fracos, ele queria proteger a sua irmã, sempre.
Na saída do Conselho da Rosa, Daemon logo cercou a irmã, levando Drasilla para um lugar mais calmo, a conversa deles ali durou horas, até que o príncipe convencesse a irmã a se afastar daquele ambiente, levar seu luto para outro lugar onde ela estivesse mais cercada de sangue de dragão como ela, não com ervas daninhas como na Campina, a princesa ficou receosa no começo, mas logo aceitou, seria ótimo, se não houvesse um problema: Não queriam deixar que ela levasse seus filhos.
── São meus filhos, Carmine! ── Ela insistiu com a sogra. ── Não são propriedade dos Tyrell ou de ninguém, sem o pai deles aqui, eles são só MEUS filhos.
── Eu entendo querida. ── Carmine segurou as mãos de Drasilla, para tentar acalmá-la. ── Mas são os herdeiros de Jardim de Cima.
── Eu vou levar meus filhos. ── A princesa puxou a mão. ── Eu tenho dois dragões, espero que a Campina não esqueça que eu posso usá-los.
── Drasilla, não. ── Carmine a censurou com o olhar. ── Você não quer seguir por esse caminho, não quer ser um segundo Maegor.
── Eu serei se tirarem a Aemma e o Lyonel de mim. ── Havia uma seriedade desenhada no rosto dela.
── Deixe a Aemma conosco e leve o Lyonel, ele precisa da mãe, é um bebê recém-nascido. ── Carmine tentava achar uma saída. ── Aemma é a herdeira, eu e a Alys vamos cuidar dela, você confia em nós, não confia?
── Sim, mas ...
── Por favor, é um meio-termo, você vai voltar, só precisa da sua família um pouco. ── Haviam traços de cansaço no rosto tão bem cuidado de Carmine. ── Não deixaremos a Aemma só um segundo sequer.
── Promete que vai cuidar dela como se fosse sua filha?
── Claro. ── A loira afirmou soltando o ar. ── Mas volta, ok? Jardim de Cima precisa da sua lady.
── Você sabe como ser uma. ── Drasilla rebateu sentando na poltrona próxima.
── Mas você é a nossa lady, princesa. ── Carmine a lembrou.
Daemon foi categórico em não sair de perto da irmã em nenhum momento, ele deixou que Caraxes voasse junto de Flarion para a capital, onde Rhaenyra e os filhos estavam os esperando e foi de carruagem junto a Drasilla, o pequeno Lyonel e Cadmus, uma vez que Aemma ficou na Campina com a avó e a tia, chorando com a partida da mãe. Drasilla precisava sair daquele ambiente, precisava da sua casa, da sua família, mesmo que sentisse que às vezes a capital estava longe de ser realmente um lugar que ela poderia chamar de seu agora.
Na ausência da princesa na Campina e com o assunto do novo lorde não resolvido, o Conselho da Rosa colocou Leo Tyrell, a contragosto de vários, como lorde interino até que o assunto fosse definido e o período de luto da princesa por seu marido passasse, eles pareciam só querer que a poeira abaixasse. Alys prometeu a Drasilla que escreveria sempre que pudesse, contando sobre Aemma, sobre como estavam as coisas, para não deixar a princesa sem notícias da filha e com peso na consciência.
Na capital, no entanto, não era só Rhaenyra e Cadmus companhias recorrentes de Drasilla, outra pessoa estava sempre perto da princesa morena no seu dia a dia, mesmo quando ela estava tão apática a ponto de não conseguir sequer amamentar Lyonel, algo que Rhaenyra fazia, uma vez que ela ainda amamentava o seu filho caçula, o jovem Viserys. A pessoa que cercava Drasilla sempre que podia era Aemond, com olhos de águia e um senso de proteção, ele via o desenho da dor no semblante dela nas semanas que passaram.
── Eu trouxe bolo e ... ── O príncipe de 19 anos olhou o livro que tinha pego na biblioteca. ── Um livro para você.
── É muito gentil da sua parte. ── Ela sorriu, por poucos segundos, olhando pela janela, estava sem seu vestido costumeiro, mas parecia limpa. ── Mas estou cansada de ler ou de ficar presa nesse quarto.
── Podemos treinar um pouco. ── Aemond ofereceu com as mãos as costas. ── Onde está sua espada?
── Eu estou cuidando da espada da princesa. ── A voz grossa de Cadmus Stark chamou a atenção, passando pela porta. ── Trouxe as cartas de lady Alys e da Sarah, Drasilla.
── Vossa Alteza. ── Aemond o corrigiu. ── Ela não é Drasilla para um guarda.
── Ele é um amigo. ── Drasilla disse, tocando o ombro de Aemond. ── Acho que vou cavalgar um pouco.
── Eu vou acompanhá-la. ── Aemond se ofereceu vendo a princesa passar por Cadmus.
── Não precisa, alteza. ── Cadmus segurou o braço dele. ── Eu fui designado para cuidar e acompanhar a princesa, eu a acompanho, a cavalgada pode representar algum perigo e não quero que mais um membro da família real seja exposto a isso.
Aemond olhou Cadmus de cima a baixo com seu olho, pensando se puxava o braço ou não, ele não gostava do guarda e era claro para qualquer um que passasse mais tempo do que o normal ao lado de Drasilla que havia um interesse claro de Cadmus nela, o guarda sequer escondia, Aemond por sua vez sentia pena, sabia que havia certas circunstâncias impediam que um guarda se envolvesse com a princesa apropriadamente, mas ia muito além de seus votos, a posição de Drasilla e tudo que ela representava, ela como um todo, ter o maior desejo a alcance da mão e não poder pegá-lo, no mínimo deprimente viver assim, pensava o caolho.
── Deixe-nos a sós, guarda. ── O príncipe o lembrou que no fim das contas, ele era a realeza, ele mandava. ── Eu sou bem treinado nas espadas, saberei protegê-la, obrigado.
Não havia muito mais o que discutir com um membro da família real, Aemond tinha razão em pensar que poderia mandar em Cadmus em algumas situações, ele poderia, ainda mais com Drasilla saindo na frente e indo em direção ao seu cavalo nos estábulos, seria pior ainda se ela decidisse voar com Flarion e o sobrinho a acompanhar com Vhagar, eles eram Targaryens, haviam coisas em sua vida e suas decisões que ele nunca poderia entender ou seguir, eles estavam além da compreensão.
Drasilla sentia só uma forte vontade de gritar quando montou no cavalo, esperou que Cadmus a acompanhasse, como ele normalmente faria, a seguindo quase silencioso a uma distância, mas quando já montava em seu cavalo foi Aemond que viu, emergindo das sombras pra montar um cavalo cor marrom claro e tinha uma crina bonita e olhos bicolores. A princesa só o olhou, sem expressar nenhuma emoção, indo em direção a trilha da floresta que cobria o campo atrás da Fortaleza Vermelha perto da montanha.
O caminho por um tempo foi silencioso, Drasilla só ia um pouco a frente, já que o caminho não comportava duas pessoas de uma só vez, esperando para ver se ele falava algo ou se ia embora, talvez quando ela estivesse na beira do penhasco que ia sempre, ela pulasse dessa vez, com ou sem o cavalo ela não decidiu, mas só queria que aquela dor fosse embora, mas não sabia como, não sabia se ele a alcançaria se ela corresse, não queria correr também, seu coração batendo forte não tiraria a angústia.
── Para onde estamos indo? ── A voz de Aemond quebrou o silêncio de cascos e grilhos. ── Você pensou em algum lugar?
── Não, só estou deixando o cavalo me levar. ── A voz dela saiu baixa. ── Se estiver longe demais ou cansativo pra você, pode voltar, Aemond.
── Não vou te deixar sozinha. ── Ele respondeu de pronto.
── Se na sua cabeça passa alguma necessidade de me proteger, já te peço para ir embora. ── Ela soltou o ar de seus pulmões.
── Eu me preocupo com você. ── Ele também fez um silêncio. ── De verdade.
── Não preciso da sua pena.
── Eu me preocupo com você, não sinto pena. ── Ele insistiu. ── É difícil acreditar que me preocupo com alguém da minha família?
── Essa família é complicada demais para acreditar assim. ── Ela falou descendo do cavalo.
Aemond repetiu o movimento, caminhando atrás da princesa, sempre próximo a Drasilla, passando por entre as árvores, o lugar ali era silencioso como King's Landing não era, calmo, límpido, fresco, dava uma sensação de leveza diferente de todos os outros, Aemond nunca tinha de fato ido até ali e se sentia um pouco estranho, mas bem, isso só mudou quando a viu caminhando na direção do penhasco, ele parou, chamou a princesa duas vezes e ela não parou, então ele correu na direção dela, segurando Drasilla pelo braço direito, com o olho arregalado.
── O que você ia fazer? ── Ele estava alarmado. ── Ia pular daqui? Quem voa é o seu dragão, não você.
── Oi? ── Ela olhou séria, puxando o braço. ── Eu não ia pular, só ia observar a natureza ... Em silêncio.
── ... ── Aemond ainda a olhava. ── Claro.
Eles ficaram ali, sentados perto do penhasco por um tempo, olhando para os pássaros voando, se olhassem para direita podiam ver a capital, de onde tinham vindo, para a esquerda mais floresta e as árvores se perdiam a vista, tão longe que quase chegavam ao mar, Drasilla evitava olhar para direção onde vinham da Campina para capital, como se uma dor ainda ficasse latente por lá. Eles ficaram em silêncio por um tempo, Aemond queria falar algo, mas era como se uma palavra pudesse estragar tudo.
Drasilla gostava da companhia dele, de como o príncipe só ficou em silêncio, olhando o vazio a sua frente com ela, ofertando apenas o fato de estar lá, não precisando se justificar ou falar algo, a dor não ia passar, Rasmus não ia voltar e aquela sensação de dor no corpo muito menos, demoraria até que ela se acostumasse, mas superar era impossível. Eles ficaram lá tempo o suficiente para esquecerem do caos do castelo, mas a luz que diminuía aos poucos os lembrou disso.
Nas semanas seguintes era comum que Aemond estivesse com Drasilla, ainda mais porque Rhaenyra teve que voltar para sua casa em Dragonstone, com Daemon viajando para resolver conflitos em nome de Viserys, não tinha ninguém que ficasse cuidando da fortaleza draconiana e a princesa-herdeira teve que retornar. Luke queria ficar, ele insistiu para que a mãe permitisse, ele tinha medo que a tia fizesse algo contra a própria vida, ele era sensível, gentil e empático, observava Lyonel dormindo, fazia com ele as mesmas brincadeiras que fazia com Viserys e Aegon, mas Rhaenyra não queria se separar de suas proles.
Com Drasilla ficando sem o irmão, os sobrinhos e Rhaenyra, Aemond gastava parte do seu tempo a acompanhando, mesmo que ela ainda se recusasse a treinar espadas, mas gostava de observá-lo, quando ela só queria se esconder no interior do quarto e não queria nem ver o pequeno Lyonel, que agora tinha uma ama de leite só dele, era Aemond que não a deixava só, o que aos olhos de Cadmus era uma aproximação desagradável.
Era notável que o príncipe e o guarda não gostavam um do outro, mas na frente de Drasilla ambos se tratavam educadamente, Cadmus estava sempre no canto do quarto, de pé, esperando que Drasilla falasse algo, mas em vezes era obrigado a deixá-los a sós, por ordem dela ou de Aemond e os ouvia conversar por horas do lado de fora, parte de si estava um pouco enciumado, mas como ele mesmo escrevia a Sarah em suas cartas, o dever vinha antes de qualquer sentimento.
── Eu acho que ele dormiu. ── Aemond quase sussurrou, olhando Lyonel em seus braços. ── Sem chorar dessa vez.
── Ele gosta do seu cheiro, eu acho. ── Drasilla comentou pegando o bebê do colo dele e colocando no berço, depois pegando uma taça de vinho sob o móvel ao lado do berço, depois de perder Rasmus, beber virou um costume maior que o normal. ── Obrigada por isso, mas uma das amas poderia ter ninado ele.
── Eu gosto da companhia de vocês. ── O loiro ri, olhando para ela e para o vinho. ── Se eu preferiria treinar espadas com você? Talvez, mas eu concordei em esperar seu tempo.
── Logo as pessoas vão começar a falar. ── Ela ponderou com a cabeça, se apoiando no berço e bebendo da taça. ── Uma viúva passando tempo demais com seu jovem sobrinho.
── Somos família. ── Ele respondeu se levantando e caminhando na direção dela.
── Essa família pode ser bem estranha, Aemond. ── Ela retrucou, notando que ele já estava bem próximo. ── As pessoas podem interpretar diferente.
── Isso te incomoda, tia? ── Ele sorriu, colocando as mãos no berço, em volta dela, sentia o aroma de vinho dornês no hálito dela, tão perto.
Drasilla não sabia muito bem como se sentia nas últimas semanas, entre dor, choro, conforto e todas as coisas que ela podia sentir, ele sempre estava lá, por perto, ajudando, mas como ela bem tinha o lembrado a pouco tempo, aquela família era estranha e ele estava tão perto que ela podia sentir o ar saindo dos lábios dele, claro, ela podia só empurrar Aemond para trás, mas passou a analisar a face e a expressão do sobrinho enquanto ele estava perto e como no alto dos seus 19, quase 20, anos, ele era um rapaz forte e bonito.
Aemond não cansava de admirá-la, desde quando colocou os olhos nela, seu fascínio e admiração pela tia só aumentaram com os anos, sua habilidade como montadora, sua personalidade forte, sua beleza, no começo Aemond até cogitou que ele estivesse não obcecado por ela justamente por Drasilla ter a proximidade e admiração de Viserys que ele e seus irmãos, com exceção de Rhaenyra, nunca tiveram, mas de tanto desejar ter o que ela tinha, ser o que ela era, em certos pontos, ele acabou a desejando, esperando, arquitetando, indo atrás do que queria.
── Você não me respondeu. ── Ele falou baixo, mirando o olho nos dela. ── Incomoda?
── Não. ── Ela comentou tocando o queixo do príncipe com a destra. ── Mas estamos em posições diferentes aqui.
── Acha que o rei seria contra? ── Ele sabia o quão Drasilla levava as palavras de Viserys a sério.
── Você sabe que não é sobre ele. ── Ela sorriu de canto, acariciando a bochecha dele, de leve.
O barulho da porta rangendo e se abrindo chamou a atenção dos dois, Aemond se afastou de pronto, antes que a figura de Cadmus Stark atravessasse a porta, ainda em silêncio, Aemond não gostava dele, de nenhuma maneira, isso era mais do que óbvio. Cadmus parou no canto, quando o príncipe passou por ele, logo depois de se despedir de Drasilla com um aceno de cabeça, quando a figura do loiro já não estava entre eles o silêncio ainda permanecia.
── Quer falar algo? ── Ela conhecia a expressão do guarda. ── Nós ainda somos amigos.
── Não sei se devo, princesa. ── Ele falou com as mãos atrás do corpo.
── Sério? ── Ela o encarou estreitando os olhos. ── Ok.
── Você sabe minha opinião sobre ... Isso. ── Ele girou o indicador. ── Sobre ele.
── É, eu sei. ── Ela soltou o ar pesado, deixando o vinho sob o móvel de novo. ── Porque entrou?
── O rei. ── Ele respondeu cedendo espaço. ── Quer ver você.
── Agora?
── Sim. ── Ele se limitou a dizer.
── Fica com o Lyonel pra mim? ── Ela pediu com meio sorriso.
── Esse nem é o filho que gosta de mim. ── Cadmus deu de ombros. ── Tem certeza?
── É só não deixar ele pular da janela e fica tudo bem, Cadmus. ── Drasilla comentou passando por ele. ── Já volto.
Mais tarde naquele dia e imerso em vinho e música, Aemond acompanhava um homem mais velho em um dos estabelecimentos de Porto Real, ele já não tinha mais tanta paciência quanto antes para essas coisas, tinha outros focos, não queria acabar como Aegon, o filho problemático, que ele não sabia onde estava, se bebendo, se fazendo o que seus pais condenariam ou coisa pior. Gwayne notava claramente a expressão de Aemond, ignorando totalmente a dançarina seminua a poucos metros e mal tendo tomado da sua taça.
── Se eu pudesse ler mentes e eu não leio. ── O ruivo iniciou. ── Diria que você está aqui, mas sua mente está em outro lugar.
── Eu só estou ... ── Pareceu faltar ar ao príncipe. ── Sem muitas ideias para um problema.
── Esse problema tem nome? ── Gwayne relaxou, afastando a dançarina perto de si com um empurrão. ── Uma cara amarrada e um belo traseiro?
── ... ── O silêncio permeou do príncipe, encarando desgostoso o tio ao ouvir o comentário.
── Desculpa. ── O Hightower ergueu as mãos. ── Com tantas mulheres em King's Landing, porque ela?
── Você não entenderia. ── Aemond se forçou a beber.
── Claro que não, vocês são Targaryens. ── Gwayne riu, lembrando o que Alicent já havia o dito e porque ele odiava aquela cidade. ── Pensei que não seria tão difícil agora, pra você, sabe ... Sem ele e como ela parece frágil e desamparada, ainda mais sem o irmão.
── Ela nunca é frágil de verdade. ── O olho de Aemond seguia na taça de vinho meio cheia. ── E também o problema não é o falecido.
── Oh! ── Os lábios de Gwayne formaram um O. ── O guarda.
Aemond grunhiu, insatisfeito, a mera menção a Cadmus Stark o deixava um pouco irritado, ele era como um fantasma pairando ao seu redor, era óbvio pra ele, como parecia até para Gwayne, o afeto que o guarda sentia pela princesa, não, o amor que ele sentia, Aemond se sentia impotente, não queria confrontar Drasilla a ponto de deixá-la desagradável ou com raiva dele, então afastar o Stark dela era um trabalho complicado.
── Ela precisa odiá-lo. ── Gwayne sugeriu, como se fosse óbvio.
── Ela confia nele, não vai acontecer, também não posso arriscar um conflito com o Norte. ── Aemond bufou. ── Ele é primo do lorde e também ele não sai da linha.
── Então você precisa garantir que ele saia. ── Gwayne riu se inclinando pra frente e sentando direito. ── Na verdade vou fazer isso por você, mas só porque ela claramente vai estar melhor ao seu lado, com alguém do nível dela.
── Sim, eu só quero o bem da princesa. ── Aemond olhou o tio. ── Não quero que ela se machuque.
── Eu vejo isso nos seus ... ── Gwayne hesitou, ao ver a expressão dele. ── Seu olho.
── Certo ...
── Então aqui o que vai acontecer. ── A mente do ruivo funcionava como engrenagens. ── Você vai demonstrar ao Viserys seu interesse nela, já eu ...
Os dois ficaram ali, por horas, conversando, bebendo, Gwayne até aproveitou uma ou duas dançarinas, Aemond estava cansado e focado demais em Drasilla para se distrair com outra coisa que não fosse ela. Ela seria dele!
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