#𝟏𝟗 - Os 𝐬𝐢𝐧𝐨𝐬 𝐝𝐚 𝐜𝐚𝐩𝐢𝐭𝐚𝐥 derretem pelas chamas
Cadmus já havia partido a dois dias quando Drasilla decidiu que era hora dela ir também, infelizmente não ao encontro do amado marido, mas sem para cumprir seus deveres em Pedra do Dragão como havia sido pedido por seu irmão, o rei. O tempo também foi o bastante para que um corvou rompesse os céus de Westeros e chegasse a Winterfell, avisando Cadmus que ela o esperava, a carta de Harwin também não detalhava muita coisa, como a princesa mesmo pouco descreveu, ele teria que ir até lá para saber o que a morena queria em pormenores.
Os ventos estavam ficando mais fortes a cada momento, por isso Drasilla prendeu a cela em Flarion com mais firmeza, o que causou um resmungo do dragão por meio de um barulho, ela já sabia que ele era maior que Syrax, os anos planando pelo reino e o tempo ao ar livre, fora do poço, ajudavam o dragão azulado em comparação com a sua irmã, só ficava mais óbvio que Flarion era mais velho que Syrax, mesmo que apenas 5 anos.
Ao alçar voo o corpo se colocou em posição de alerta, um frio na barriga que nunca mudava ao tomar o ar, Drasilla não sabia o que seria se não fosse uma montadora de dragão, aquilo era parte dela, Flarion era parte dela. À medida que a jovem, que já beirava seus vinte anos, se ergueu sobre o dorso do majestoso dragão branco azulado, uma onda de euforia a envolveu. A própria ideia de pairar sobre a vasta extensão do reino de Westeros, seu cabelo se agitando ao vento enquanto deixava o mundo mundano para trás, a preencheu com uma sensação indescritível de liberdade.
Enquanto as poderosas asas do dragão batiam ritmicamente, impulsionando-os para o alto no céu, a mulher sentiu como se as correntes da responsabilidade e do dever estivessem se desprendendo, era isso que Flarion sempre a proporcionava, o mais claro e límpido sentimento de liberdade. As preocupações do reino, as intrigas políticas e as expectativas sociais que a haviam prendido pareciam distantes e inconsequentes a partir deste novo ponto de vista. O mundo abaixo se transformou em um mosaico de campos, florestas e rios, com seus problemas reduzidos a pontos minúsculos na paisagem.
A corrente de vento contra sua pele e a sensação de leveza intensificaram sua conexão com o dragão sob ela. Era uma dança de confiança e harmonia, uma parceria formada por laços antigos entre humano e criatura, algo que vinha junto deles desde a antiga Valíria. Seu olhar varreu as paisagens variadas de Westeros abaixo de si, imaginando a extensão do continente, mesmo que não voasse sob eles agora, desde os picos cobertos de neve do Norte até as praias banhadas pelo sol de Dorne. A vastidão do reino estendida diante dela era uma tela de possibilidades, e por um breve momento, ela sentiu como se pudesse tocar as bordas do próprio mundo.
Enquanto deslizavam graciosamente pelo ar, a mulher não pôde deixar de soltar uma risada alegre, pela mente de Drasilla passou uma dúvida: E se ela nunca precisasse descer? Se Flarion fosse sua companhia no ar para sempre? Ela estendeu os braços, seus dedos roçando as correntes de ar, e abraçou a imensidão que se estendia diante dela, Daemon diria que era perigoso, que ela poderia cair dali, ele tinha ficado tão temeroso com ela depois de sua queda anos antes.
Neste momento, bem acima do reino de Westeros, sobre o dorso de seu leal dragão, a princesa mulher experimentou uma profunda sensação de liberdade que transcendeu as limitações de sua idade, gênero e posição. Foi um gostinho do extraordinário, um vislumbre de uma vida sem restrições convencionais e uma lembrança que ficaria para sempre gravada em seu coração e alma. Mas claro, todo aquele passeio gracioso e libertador teve que ser rompido, uma vez que ela só estava ali, agora, se dirigindo a aquele lugar, pois seus deveres dependiam dela, seu corpo se inclinou pra frente, tomando para si a visão do castelo de pedras escuras, finalmente Dragonstone a vista.
Quando a princesa chega e é recebida pelos empregados, nota que sir Cadmus ainda não havia chego em Dragonstone, ela pensa por pouco que calculara mal o tempo que ele levaria até lá, então decide que resolverá as coisas com os domadores presentes na ilha, não poderia deixar que aquele problema com o dragão se extendesse por mais tempo, por ela resolveriam isso de uma só vez, havia prometido ao rei.
— Então, me conte sobre a situação da ilha. — Ela pediu a um dos criados enquanto caminhava para dentro da fortaleza de pedras escuras. — O rei falou pouco sobre como estão as coisas.
— Bom alteza ... — O homem que a acompanhava de perto parecia nervoso. — Há escassez de comida na ilha, principalmente na vila próxima ao castelo e ao arquipélago, tudo que temos recebido pelo mar mal dá pra alimentar a criadagem do castelo, o dragão tem atacado sem motivos os arredores, mas é um dragão selvagem, sem montador.
— Certo, escreverei uma carta solicitando suprimentos a Campina, eles tem mais recursos do que a capital para disponibilizar, peça para mandarem o corvo mais veloz até lá com urgência. — Ela orientava o criado já entrando no castelo. — Eu vou ver os problemas que esse e outros dragões selvagens tem dado.
— É perigoso demais princesa. — O homem a alertou. — Além de selvagens eles são muito ariscos.
— Tudo bem, a situação precisa ser resolvida, se não lidarmos com ele, não tem recursos que tragamos que serão suficientes. — Ela suspirou olhando o criado. — Cedo ou tarde eles vão começar a atacar os navios também.
Aquela noite estava envolta em um manto de escuridão, as estrelas cintilavam no céu como pontos de luz distantes. A lua, apenas um fino crescente, lançava uma luz pálida sobre a paisagem. No meio de uma ampla campina, a relva ondulava suavemente com a brisa noturna. O silêncio era quase tangível, quebrado apenas pelo sussurro do vento nas folhas das árvores distantes.
Ela tinha pressa em subir a colina logo após a campina próxima ao castelo, Drasilla mais do que ninguém sabia como as coisas com dragões eram muito complicadas, então ela se aproximou sorrateiramente, esgueirando-se pela relva, a grama estava alta e ela deitou no chão em uma posição estretégica, não era muito longe de onde ela e Flarion - anos antes - ficaram presos por alguns dias quando conheceram Sigmis. No céu ela vê dois dragões próximos e trocando farpas, ela não sabia naquele momento se era uma briga ou se fazia parte de algum ritual só deles, mas levou longos minutos observando.
Ela não poderia constatar que só aquilo era o grande problema, então continuou andando pela vegetação em direção contrária ao castelo de Dragonstone, quando estava quase ao topo da colina que levava ao vale que terminava aos pés da montanha que ela arregalou os olhos, seu corpo estremeceu e foi como se ela ficasse paralisada, ela nunca tinha visto uma cena tão chocante e horrorível como aquela, ela ainda se escondia em meio a vegetação, sem acreditar no que via.
Foi então que uma figura solitária emergiu das sombras, passos cautelosos que quebraram o silêncio da noite. Drasilla de olhos arregalados, e expressão tensa, avançava devagar, guiada por uma mistura de curiosidade e apreensão. Ela seguiu um caminho irregular até um monte pequeno, onde a paisagem se abriu diante de seus olhos de forma mais clara e assustadora. O choque a transmitido como uma punhalada no peito quando a visão terrível se revelou. Duas carcaças de dragão, criaturas que outrora personificaram força e majestade, agora foram totalmente destruídas, seus corpos escamosos e fáceis de rasgar. Ondas de choque atingiram a mulher enquanto ela processava a magnitude da cena que tinha diante dela.
Os dragões, que por séculos foram símbolos de poder e mito imaculado, agora jaziam em um estado de destruição que parecia quase impossível. Drasilla estava rodeada pela aura de majestade caída e desolação. As escamas, que costumavam brilhar com cores iridescentes, estavam desbotadas e despedaçadas. As asas, que já tinham sustentado voos majestosos, estavam dilaceradas e encolhidas. Fragmentos de ossos expostos e rasgos nas carcaças eram como testemunhas silenciosas do que quer que tivesse ocorrido.
Os olhos da morena percorreram cada detalhe com uma mistura de horror e tristeza. Era como se ela tivesse tropeçado em um altar de desolação, onde a grandiosidade e a vida foram reduzidas a uma visão de destruição cruel. O peso da cena envolve, um vórtice de emoções que a deixou incapaz de desviar o olhar ou escapar do impacto avassalador.
Enquanto a brisa noturna sussurrava através da campina, a princesa permanecia imóvel, confrontada com a realidade brutal diante dela. O contraste entre a serenidade da noite e a cena de devastação criou um paradoxo quase insuportável. Naquele momento, ela sentiu o lamento silencioso daqueles seres majestosos, agora transformados em meras sombras do que costumavam ser, e o eco de suas asas desaparecendo na escuridão da noite a assombraria muito depois de ter deixado aquele lugar. Ela só se moveu quando ouviu o urro de outros dragões, embebida em medo de ser a próxima vítima, só um dragão faria aquilo com outro.
Enquanto voltava um barulho chamou a sua atenção, já estava acima da colina novamente quando o corpo se virou ouvindo um ganido em meio ao urro costumeiro dos dragões, para presenciar com horror a pior das cenas, um dragão menor, e selvagem, sendo devorado vivo em seus últimos momentos de vida, por outro maior e cheio de cicatrizes, ela lembrava de já tê-lo visto, ele emanava crueldade e raiva, era Cannibal, aquele tinha sido o banquete dele, brincando e se deleitando com a carne de seus semelhantes.
— Pelos deuses ... — Ela apenas conseguiu sussurrar isso antes de correr campina a baixo rumo ao castelo, aquela cena a assustaria por anos ainda.
Nos dias que se passaram ela ficou em torno da mesa com o mapa de westeros junto de outros domadores, alguns deles vindos da própria capital para ajudá-la com aquela situação, era imcabível que aquilo tomasse uma maior proporção, logo Pedra do Dragão não seria mais habitável e viraria um habitat selvagem de dragões, na visão de Drasilla isso até mesmo poderia representar algum perigo para o futuro dos dragões e do poder mais significativo da Dinastia Targaryen.
Um dos domadores reportou a princesa que Flarion havia sido realocado em outro ponto da ilha, para a segurança do mesmo, Flarion poderia ter experiência viajando por Westeros e ter crescido bastante nos últimos anos, mas perto dos outros ainda era um dragão pequeno, tinha um porte um pouco maior que Syrax, seria presa fácil, como os outros jovens dragões tinham sido tempos antes. Mas Flarion não era o único a preocupar a princesa.
— Então essa é uma região que eles não alcançam. — Ela moveu os dedos, colocando uma miniatura de dragão sob uma parte da ilha desenhada na pedra.
— Até conseguem, princesa. — O domador a sua direita explicou. — Mas não vão, teriam que passar sob ou em torno do castelo, de alguma maneira os dragões selvagens não mexem com a fortaleza de Pedra do Dragão, estamos seguros aqui e Flarion lá.
— Ótimo. — Drasilla comentou suspirando. — E a Sigmis? Não a vi quando fui até onde os outros estão e ela está aqui não é? Em Pedra do Dragão.
— Sim ... — O domador a respondeu, depois olhou os outros. — É que ...
— Que? — Ele perguntou e todos ficaram mudos. — FALEM!
— É por causa dela. — Outro domador da ponta oposta a mesa respondeu. — Ela botou ovos, os dragões selvagens ficaram alvoroçados, tem tempos que um dragão não põe ovos na montanha, normalmente eles fazem próximo ao castelo, nas grutas.
— Isso os deixa mais vulneráveis. — O que estava próximo a morena completou. — Não sabemos porque a Sigmis não quis vir até a fortaleza.
— Eu vou até ela. — Drasilla respondeu de pronto. — Ao anoitecer.
— Princesa ... — O domador a ponta da mesa interveio. — Isso é loucura, Sigmis é um dragão selvagem, sem montador a muito tempo, se ela não veio a fortaleza é porque não é seguro ir até ela.
— Ela já teve um montador? — Drasilla perguntou atenta ao que ele disse. — Bom, não importa. Ela está com medo, sozinha e acuada lá provavelmente, protegendo seus ovos, isso vai matar ela e eles, se não for de fome será outro genocídio draconiano, não vou deixá-la sozinha.
— Alteza ... — O rapaz próximo a Drasilla tocou seu ombro, mas ela o afastou.
— Não vou deixá-la sozinha. — Drasilla repetiu séria a ele aos outros.
Naquela noite, a princesa se aventurou ousadamente até a montanha do dragão, tomando cuidado para não encontrar com um dos outros que bailavam nos céus durante o dia. A lua lançava um brilho prateado sobre o cenário, enquanto ela avançava silenciosamente, esgueirando-se pelas sombras da vegetação. Seu coração batia apressado, uma mistura de ansiedade e determinação a impulsionava adiante. Ao chegar à relva alta, encontrou um esconderijo, em uma entrada sob as pedras da montanha, onde poderia observar sem ser vista a priori.
A cena que se desdobrou diante de seus olhos a deixou maravilhada e cautelosamente fascinada. Sigmis, o majestoso dragão, dormia profundamente dentro do monte, protegendo seus preciosos ovos. A luz fraca da lua dava à cena uma aura mágica, e a visão dos ovos brilhantes ao lado de Sigmis inspirava um senso de reverência. No entanto, a admiração foi abruptamente interrompida quando o dragão notou a presença da princesa, com um rugido feroz, Sigmis soltou uma rajada de fogo que lambeu perigosamente perto da princesa, fazendo com que ela recuasse em pânico.
— Por favor, não. — A fumaça pairava no ar, Drasilla dirigiu-se a Sigmis em Alto Valiriano, as palavras soando como uma dança de sons exóticos. — Vim lhe ajudar, sei que está com medo e protegendo seus ovos.
Sigmis se afastou dos ovos, seus olhos enormes fixados na princesa com cautela e suspeita. As chamas ardiam em seus olhos, uma mistura de proteção maternal e instinto selvagem. Com um movimento de reverência e respeito pela outra, Drasilla pediu permissão para se aproximar, para mostrar que não era uma ameaça. Os olhos de Sigmis observaram atentamente, analisando a sinceridade nos olhos da princesa.
— Não vou deixá-la sozinha nesse momento. — A morena se mantinha com as mãos erguidas, onde a dragão poderia ver. — Você não precisa estar.
Devagar, com movimentos calculados para não provocar, a princesa se aproximou do dragão adormecido e dos ovos cintilantes. A cada passo, ela sentia o coração pulsar em um ritmo frenético. Sigmis recuou um pouco, permitindo que a princesa se aproximasse dos ovos que guardava com tanto cuidado.
O silêncio pairava no ar, apenas os sons noturnos da natureza preenchiam o espaço. Com a respiração presa, a princesa estendeu a mão com delicadeza, tocando a casca brilhante de um dos ovos. Era um gesto de respeito, ela via dragões como seres mágicos e únicos, mesmo se sentindo completamente ligada a Flarion, Drasilla sentia uma conexão com Sigmis, uma espécie estranha de ímã que a puxava para perto, com preocupação.
— Me permite cuidar deles? — Ela perguntou olhando para dragão, Sigmis rosnou com a ideia. — Serão como meus filhos.
A dragão hesita, estava cansada, dolorida, mas confiava na princesa, de uma forma estranha via aqueles olhos como algo familiar, como se tivesse se lembrando de outra pessoa. Apenas se afastou, deixando que com cuidado a morena guardasse os ovos na mochila que estava consigo, eles eram pesados, Drasilla teria uma longa caminhada, mas com isso Sigmis teria mais espaço apra caçar, a princesa até mesmo arrastou para dentro da caverna a ovelha que havia trago com cuidado e medo a ela, tinha receio de atrair os outros dragões pelo caminho.
A rota de volta a fortaleza de Dragonstone foi feita de forma mais lenta e cuidadosa, mas ela precisava ser rápida, ovos de dragão precisavam ser mantidos em uma alta temperatura e ela tinha esse conhecimento. Na sua cabeça já pensava no que escreveria a Viserys, a situação com os outros dragões ainda não estava resolvida, mas precisava estar em breve, pelo menos o caso com Sigmis tinha tido algum avanço, ela estava ansiosa para conversar com Rasmus sobre aquilo.
Enquanto se aproximava do castelo ela pensava que logo levaria os dois ovos para capital, não permitiria que os domadores entregassem em seu nome, ela queria ver o briho nos olhos do irmão quando ela contasse que foi ela que os pegou, como Viserys contou que ele, o pai e Daemon fizeram por ela quando a garota estava por nascer. Ela já sabia também a quem os ovos se direcionavam, não abririam mão de entregar um deles a Rhaenyra, como guardiã de Lucerys ela não via outra pessoa lhe dando um ovo de dragão se não ela, o outro ovo seria entregue ao irmão, independente de suas inimizades com Alicent, o quarto filho deles, que o irmão havia confidenciado que se chamaria Daeron ou Daella, receberia o outro ovo.
[ NOTA DA AUTORA: Os ovos tempos depois se chocariam e se tornariam Arrax, o dragão de Lucerys, e Tessarion, o dragão de Daeron :) ]
Ao retornar ao castelo, no entanto, a princesa não encontrou apenas os meistres e os domadores de dragão, haviam duas figuras a sua espera, a primeira delas colocou os olhos em Drasilla antes dela os ver, era Cadmus Stark, quem ela esperava a uns dias, do lado dele e de porte menor estava sua prima, Lady Sarah Stark, primogênita do Lord de Winterfell, mas não sua herdeira, mulheres perdiam tanto só por serem mulheres, a princesa pensou.
— Finalmente você chegou. — Ela sorriu se aproximando deles, estava imunda. — Deixem-me só me limpar e os encontro no jantar, tudo bem?
— Claro. — Cadmus respondeu rápido e Sarah só balançou a cabeça positivamente.
Drasilla estava cansada, deixou os ovos com os domadores e depois foi se limpar, levaria um bom tempo, mas tendo convidados no castelo e como Senhora de Pedra do Dragão, ela tratou de fazer isso rapidamente com ajuda de duas amas, o sono e o cansaço poderiam esperar para depois que ela recebesse seus convidados.
Quando ela retornou, os dois a pouco esperavam a morena no salão de jantar, todos olhavam pra ela, de convidados a mesa a até mesmo os empregados colocados em alguma parte do salão que ela completamente iluminado por velas, como se fossem a alma de um dragão flamejando por Pedra do Dragão, era belíssimo, para completar a mesa estava farta, mas o que chamava a atenção nela era o vestido.
O vestido preto, vermelho e prateado vestido pela princesa carregava em si a típica herança Targaryen, algo que ela não usava na Campina, mesmo que não se ajoelhasse para o verde dos Tyrell e Vassalos.O corpete do vestido, em um preto profundo como a meia-noite, envolvia o corpo da princesa com graça. Era adornado com padrões sutis de dragões em prateado reluzente, traçando linhas sinuosas que remetiam à majestade das criaturas aladas. As mangas caíam em um estilo ligeiramente aberto, revelando os ombros delicados de Drasilla.
A saia vermelha exibia uma suave fluidez, contrastando com o corpete escuro. O vermelho intenso, lembrando a cor das chamas dos dragões, dava vida à indumentária. A saia fluía em camadas leves, permitindo que a princesa se movesse com graciosidade. Detalhes prateados em forma de escamas emolduravam a borda da saia, criando um contraste sutil e evocativo.
O toque final do vestido era o cinto, em prata reluzente, que se ajustava perfeitamente à cintura da morena. O cinto estava ornamentado com pequenas representações estilizadas de dragões em relevo, era um detalhe discreto, mas significativo, que ligava a realeza da princesa ao legado de sua família.
O cabelo de Drasilla estava solto, com algumas mechas presas em delicados broches prateados em forma de chamas, ela achava aquilo um pouco exagerado, mas as amas insistiram, elas acompanhavam a princesa sempre que podia, quase nunca Drasilla as deixava vestir assim. O vestido não requeria jóias opulentas ou enfeites extravagantes. Era a simplicidade em sua forma mais elegante.
Mas é claro que em outro ponto, principalmente os convidados, não perdiam a chance de admirá-la, Drasilla não havia ganho o apelido de Fascínio de Valíria apenas por suas habilidades como montadora de dragão, mas por sua beleza, os traços poderiam se enconder atrás dos cabelos escuros, mas não deixavam de ser notados.
Em pé ao lado de Sara, Cadmus não mexia um só músculo após de levantar, apenas olhando pra ela. A luz suave das candelabros do salão capturava cada detalhe do vestido que ela usava, revelando a combinação perfeita de preto, vermelho e prateado.O homem podia sentir seu coração acelerando enquanto a observava.
O olhar dele seguiu os detalhes, Cadmus não podia deixar de sentir um profundo respeito e admiração pela presença da princesa. Os olhos do nortenho permaneceram presos a ela enquanto ela se aproximava, seu olhar revelando uma mistura de admiração e reverência pela mulher diante dele. Sara cutucou o primo ao perceber a cena e riu, se sentando em seguida.
— Espero que não tenha sido um problema trazer a minha prima, princesa. — Ela sorriu amarelo olhando para garota Stark. — Ela estava ansiosa para te conhecer pessoalmente.
— Não foi problema algum. — Drasilla já ocupava um lugar a mesa e apoiou os cotovelos e o rosto sob as mãos. — Me conhecer pessoalmente?
— Ei, não foi assim... — Claramente em rubor Sara jogou um pãozinho em Cadmus. — Só que esse aqui não parava de falar da princesa.
— Com certeza ele se referia a Rhaenyra. — Drasilla levemente avermelhada riu disfarçando a situação.
— Claro que é. — Cadmus completou. — O Deleite do Reino que não me meteu em nenhuma confusão.
— Senti uma pontada de indireta aqui. — As sobrancelhas de Drasilla se uniram. — Ele é tão mole, isso porque é meu guarda juramentado.
— Isso porque você não o viu acordar de uma bebedeira. — Sara comentou e as duas riram.
Apesar de sem graça com as falas da prima, Cadmus ficou feliz de tê-la trago, Sara era de longe a amiga mais antiga e leal que ele tinha, mesmo com a diferença de idade de antes, por ser mulher e por ser a primogênita caía sob ela muitas coisas, muitas responsabilidades, era de se aceitar que ela amadurecesse rápido e pelo jeito espirituoso que a jovem Stark tinha, ele sabia que combinaria com a princesa, queria tê-las apresentado antes.
Eles ficaram ali, por um bom tempo, conversando, contando histórias, envergonhando Cadmus na maior parte do tempo, foi um clima agradável para afastar todas as coisas que estivessem presentes de forma pesada em suas vidas nos últimos tempos, falaram sobre dragões, sobre Winterfell e como Flarion estava se adaptando a Campina, não era muito diferente da capital, talvez só mais calmo.
— Você buscou sozinha os dois ovos de dragão? — Sara parecia animada, nunca tinha visto um. — Podemos ver?
— Sara! — Cadmus ralhou com ela. — Dragões não são brinquedo para ficar olhando.
— Tudo bem, eu entendo a curiosidade dela, a maioria das pessoas nascem e morrem sem conhecer um dragão. — Ela comentou se erguendo. — Vamos lá, eu levo vocês até onde os dois ovos estão sendo mantidos aquecidos.
Os três caminham quase juntos, Sara vai a frente, ao lado de Drasilla, caminhando animada e trocando uma conversa que parecia de duas amigas de anos, já Cadmus vinha passos atrás, mais lento propositalmente, ficava feliz de as ver feliz, também observava as paredes escuras e estandartes Targaryen por toda fortaleza, aquilo não deixava de ser menos assustador.
Quando chegaram ao grande salão e as portas foram abertas, ele puderam sentir uma lufada quente de ar tocar suas faces, viam no centro uma pira, com dois ovos em meio as brasas, o local logo faria qualquer pessoa suar, mesmo com o frio lá fora, a temperatura para se manter um dragão chocando deveria ser alta constantemente.
Drasilla contava algo para Sara sobre dragões e aqueles dois por um tempo, Cadmus as olhava ainda um pouco atrás e foi o primeiro a ver os domadores se aproximando, eram dois homens, os mesmos que estavam com Drasilla anteriormente a sua ida a montanha, eles chamam a princesa para uma conversa sobre o dragão selvagem, Drasilla insiste que Cadmus venha junto, visto que ela o chamou ali por um motivo. Já Sara fica a sós no salão com o outro domador.
— Nós precisamos eliminar o dragão selvagem, princesa. — O homem alertou. — Ele está insticando os outros dragões e pode ser um perigo até para vila em breve.
— É complicado, Flarion é pequeno demais para usá-lo para afastar ou afugentar os outros, seríamos presas fáceis. — Drasilla fazia uma face pensativa analisando a situação. — E se usarmos a Sigmis?
— Devo alertar a princesa que e dragão pariu a pouco, está muito fraca. — O domador alertou e Drasilla sentiu o toque de Cadmus no seu braço direito.
— Você conseguiu montar nela? — Ele quis saber, ela nunca mencionou sobre.
— Ainda não, ainda tem isso. — Ela toca a face duas vezes com o indicador, é uma decisão difícil. — Acho melhor não intervir por hora, não tenho experiência com tal, mas sei quem tem. Escreva ao Daemon, peça que ele venha a Pedra do Dragão com Caraxes, seja bem explicativo com a situação, ele vira ajudar.
O domador toma aquela decisão por final, era melhor deixar Daemon intervir, quando o assunto era dragões ele e Rhaenys eram os que melhor entendiam a situação. Quando o domador se afastou Drasilla e Cadmus finalmente ficaram sozinhos, como ele tanto almejou e pensou enquanto vinham de Winterfell até Pedra do Dragão, como ele pediu uma vez, quase silencioso que Sara saísse do recinto discretamente se estivessem só os três, a lady Stark era boa em saídas silenciosas.
— Obrigada por se deslocar até aqui. — Ela sorriu, ainda desconfortável com todo o problema. — Pena não termos nos visto em melhores termos.
— Não sei se você lembra que eu prometi ir até onde você estivesse. — Ele sorriu dando um passo a frente.
Cadmus estava elétrico em trê-la finalmente a sós e por perto, tão bonita, com um perfume tão agradável, de uma forma tão única que ele nunca parecia ou se lembrava de tê-la antes. Uma de suas mãos cutucava a dela devagar e o silêncio sepulcral se formou entre os dois, como se ambos não soubessem que palavras usarem, só olhando um para o outro, vendo os detalhes do desenhos de suas faces.
— Eu gosto quando você está por perto. — Ela fala baixo, como um segredo ou se fosse errado. — O que acha de se mudar para Pedra do Dragão? Cuidar das coisas quando eu não estou aqui? Estarei quase sempre, mas bom ... Tem vezes que não consigo.
Ele queria negar, como queria, não queria ser o substituto para quando o marido dela não estivesse por perto, ou o bonequinho que ela poderia mover da forma que quisesse e para onde quisesse, não, ele desejava a princesa, mas queria tê-la por inteiro, não por metades, mas o desejo era tão grande que ele não conseguiu colocar o orgulho a frente e dizer não, apenas acenou positivamente com a cabeça, num avançar silencioso para mais perto dela. Ele estava tão bonita, ele mal conseguia - ou melhor não conseguiu - resistir a presença dela.
O momento estav carregado de uma tensão palpável que flutuava entre eles. O olhar deles se mantinha conectado, uma troca de sentimentos e entendimento que preencheu o espaço entre ambos. Em um gesto de coragem, ele levou a mão ao rosto dela, acariciando de leve a pele macia como se estivesse tocando um sonho há muito acalentado. Ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha enquanto seus olhos violeta refletiam a imagem dele. Seu coração pulsava em um ritmo acelerado, ecoando o som suave da música que pairava no ar. Ela ergueu a mão para tocar a mão dele, temerosa com o que seu corpo a faria fazer.
Ele se aproximou lentamente, sentindo a respiração dela contra seus lábios. O tempo parecia diminuir, cada segundo se estendendo em uma eternidade compartilhada. Finalmente, seus lábios se encontraram em um beijo suave, um toque tão doce e intenso que os fez esquecer de tudo o que estava ao seu redor. A sensação era como se o mundo tivesse desaparecido, deixando apenas os dois, unidos por um sentimento que não podia mais ser contido.
Cadmus segurou o rosto dela com ambas as mãos, como se quisesse memorizar cada detalhe, cada sensação que aquele beijo trazia consigo, aquele que havia desejado a anos e idealizado mais de uma vez, era como ele pensava que fosse, não, era melhor. Ela se entregou por um momento, permitindo que os sentimentos que haviam escondido por tanto tempo fluíssem livremente.
Foi quando ela caiu em si, se lembrando do que era, de quem era, do que estava fazendo, Drasilla não poderia se dar aos luxos de viver aquele tipo de situação, ela era uma mulher casada, com um homem que amava, então se desvencilhou dele, com olhos arregalados, como se o julgasse também por sentir algo por ela.
— Você ficou louco? — Ela falou baixo, um pouco ofegante, estava nervosa. — Porque fez isso?
— Eu amo você, Drasilla... — Ele soltou, como se aquilo estivesse entalado na garganta a tempos. — A muito tempo.
— Por favor, não faz isso. — Ela pediu com olhos marejados, se afastou um passo, mas ele se aproximou de novo. — Não aqui, não agora. Não faça isso.
— Cada dia que passei a seu lado, como seu fiel guarda juramentado, apenas fortaleceu o que sinto por você. Eu jurei te proteger, ser leal a você e ignorei cada lampejo desse sentimento, todas as vezes. — Ele também tinha olhos marejados, palavras pareciam de alguém cansado de esconder a verdade.— No entanto, não posso mais negar o que me consome. Você é a luz que ilumina meus dias, a inspiração que me guia e a força que me sustenta. Cada riso seu, cada olhar que compartilhamos, são tesouros que guardei em meu coração e que acalentam meus dias mais sombrios.
— Para, por favor. — Ela pediu sentindo as lágrimas escorrerem pelo rosto. — Me escuta, por favor. Você não quer fazer isso, está sendo desleal a você mesmo, a sua posição e a minha.
— A coragem que reuni para confessar meu amor não é uma prova de deslealdade ao meu juramento, mas um testemunho de que meus sentimentos são reais e profundos. — Ele insistiu com ela, sabia que Drasilla estava fazendo aquilo de novo, erguendo um muro entre eles. — Minha lealdade a você nunca vacilou, mesmo quando meu coração batalhava com as emoções que escondia. Entendo que minhas palavras podem vir como uma surpresa, mas não quero que elas abalem a confiança que depositou em mim. Independentemente do que aconteça, minha lealdade e dedicação permanecerão inabaláveis. Sei que minhas palavras podem não mudar o curso do destino, mas não posso mais esconder o que sinto.
Ela sentia o queixo tremer, só queria fazer como fez no casamento de Viserys, subir no dorso de Flarion e ir embora, para longe, fugindo das responsabilidades, de qualquer coisa que pudesse afugentá-la, daquele sentimento que a consumia, da incerteza.
— Eu não posso dar o que você quer. — Ela hesitou em se aproximar. — O que você merece.
— Você não sabe o que eu mereço ou quero, princesa. — Os olhos dele desviaram dos dela. — Por favor, só dessa vez, não vai embora, não me deixa pra trás te esperando.
— Desculpa ... — Ela se afastou alguns passos. — Eu não posso, você não pode.
Enquanoto ele via Drasilla se afastando e sumindo de seu campo de visão, ficando solitário, ele pensou po breve em Sara dentro daquela sala por tanto tempo. A garota ficava observando os ovos de várias formas, tentada em tocá-los, mas o domador a todo tempo intervinha. O domador que estava com Drasilla e Cadmus chega chamando o outro e por um momento a jovem Stark fica sozinha, como queria admirando os dois ovos na brasa.
Ela sabia que estavam quentes, que era burrice tocá-los, mas podia ouvir sussurros e era como se algo refletisse em seus olhos escuros. Ela foi seduzida por algo a tocar em um dos ovos, o que daria vida a Arrax, na hora não sentiu a dor do calor, só ele a abraçando, como chamas, mas não foi ruim. Naquele instante ela tem uma visão de várias chamas e dragões lutando sob sua cabeça, era uma visão turva e eles batalhavam com violência, ao olhar pra frente via o Fosso dos Dragões localizado em Kings Landing caindo, entre chamas e destroços, ouvia os urros dos dragões presos na dentro, como um pedido de socorro, também via pessoas da capital correndo queimadas e clamando por ajuda, os sinos da capital tocavam alto, como se o grito por socorro fosse longe demais.
Nessa hora, já assustada com o que vira, Sara puxou a mão de volta, a trazendo para perto do corpo, ao olhar a palma estava queimada, mas não tanto pelo tempo que passou tocando o ovo, ela não sabia direito o que tinha visto, que tipo de delírio era aquele, parte de si queria tocar o ovo de novo, o bom senso a fez se afastar rumo a fora do salão.
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