A princesa enfrenta ventos fortes quando migra de volta para Driftmark, isso prova que possivelmente terá que demorar pouco tempo por lá ou talvez até mesmo voltar de navio para a capital, uma vez que voar na chuva era algo preocupante e perigoso, ela mesmo tinha um histórico de quase quedas e até uma delas quando se fala se planar com Flarion por momentos como esse, achava que Sigmis tivesse mais experiência, mas obviamente a dragão não deixava a princesa sequer tocá-la direito, quem dirá subir em vosso dorso.

Ao chegar na morada dos Velaryon, no entanto, não encontrou Daemon, de acordo com os criados o príncipe estava lidando com negócios próprios nas cidades livres, mas que não demoraria mais do que poucos dias para estar de volta a Driftmark, ele tinha ido na companhia de Lord Corlys, isso era um acalento para o coração de Drasilla, Daemon sozinho era sempre um problema a parte. No lugar do príncipe encontrou Lady Laena, ainda com a saúde fragilizada pelo parto das gêmeas, mas ainda sim bela.

- Nenhuma notícia do meu irmão, algo concreto? - Drasilla ocupa um lugar ao lado da mulher mais velha em um sofá na sacada. - Os guardas são muito esquivos em suas respostas.

- Temo que não. - Ela riu ajeitando o vestido. - Como foi na capital? Viu o bebê da Rhaenyra?

- Sim, o Jace é muito fofo, tão fofo quanto as meninas. - Havia um brilho nos olhos de Drasilla, mas esse sumiu logo.

- O que foi, prima? - Para Laena a garota era como irmã e mesmo que fosse sua cunhada e tecnicamente prima de sua mãe, Drasilla era próxima a ela. - Tem algo que parece estar te deixando ansiosa.

- Viserys quer que eu me case em breve. - A morena olhou para o mar se estendendo no horizonte. - Já até tem um nome, me fez escolher.

Laena lia a apreenção nos olhos de Drasilla, sabia que ela era um espírito livre, se tivesse nascido um homem poderia nem se casar se não quisesse, poderia viver viajando depois de uma noite tendo dado os filhos que um contrato de casamento lhe exigiu, mas a mulher de cabelos pálidos sabia e como sabia que a posição da mulher da morena deixava tudo muito mais complicado e temeroso.

- Espero que seja com alguém bom. - Laena sorriu. - Se bem que eu sei que você vai domar quem quer que seja.

- Claro que vou. - A mais nova respondeu rindo, no fim das contas ela tinha domado dois dragões ou quase isso. - Vou te deixar descansar.

- Tudo bem. - Laena se virou para a prima. - Mas lembre-se, esse casamento é tanto seu, quanto do seu marido, não perca seu brilho. Nós ainda somos sua família, sempre poderá voar de volta para Driftmark.

Drasilla apenas concordou com a cabeça, o noivo escolhido parecia sim uma boa pessoa, mas todos pareciam a um longa distância, uns só mentiam melhor que outros, era isso que a fazia recear. Demorou um pouco para que Daemon retornasse de sua viagem, estava cansado, só queria não se meter nos problemas que deveriam ser resolvidos pelo rei, mas ele fazia, o irmão confiava em si e não poderia arriscar essa posição.

Na manhã seguinte, quase receosa com toda a situação, Drasilla encontrou Daemon junto de um pequeno grupo de homens em uma das salas da residência dos Velaryon, conversando e debatendo sobre algo, todos em pé em torno de uma mesa, ao verem a princesa os pares de olhos foram nela, o silêncio pairou por um tempo, ela apertava os dedos e olhava o loiro diretamente, Daemon entendeu o recado.

- Deixeim-nos a sós, preciso conversar com a princesa. - Ele ordenou e aos poucos os homens saíram, até que o último passou pela porta a fechando. - O que você fez dessa vez?

- Essa é a pergunta que eu deveria fazer a você. - Ela estreitou os olhos se aproximando. - Achei que fosse estar aqui quando eu voltasse da capital.

- Precisei sair para resolver algumas coisas. - O suspiro cansado dele mostrava que não era nada bom. - Como foi com nosso irmão?

Houve um silêncio, um incômodo, Drasilla passou por ele, ainda sem falar nada, parando próxima a grande janela que era virada para o litoral, mas de um lado diferente do que ela conversara com Laena tempos antes, na sua cabeça aquela conversa se desenhava de várias maneiras diferentes.

- Eu vou me casar em breve. - Foi o que ela conseguiu dizer, ainda olhando o horizonte. - E eu preferia ser queimada viva.

- Aposto que o Caraxes amaria fazer isso. - Daemon riu se aproximando dela e parando ao lado. - Quem o conselho escolheu?

- Rasmus Tyrell e fui eu quem escolheu ele. - Ela bate com o ombro no braço dele. - Aquela salamandra raivosa que não ouse.

- O herdeiro da campina, hmm.

- Hmm o que? - Ela se virou para o irmão com as mãos na cintura. - Fala, você sabe de algo.

- Eu não sei de nada. - Ele riu, como normalmente não ria, estar com Drasilla sempre era ótimo. - Sempre soube que seria ele, desde quando ele te cortejou no casamento da Rhaenyra, já estava de olho em você a tempos. Quem eram as outras opções?

- Eu sei. - Ela trincou os dentes. - Borros Baratheon e Cregan Stark, imagina?

- Velho demais e novo demais. - O loiro riu. - Escolheu bem, além de ganharmos posição política na Campina, já temos Baratheons por perto e eu não desejaria o Norte pra nenhuma pessoa próxima a mim.

- Sim, imagina meus dragões em Winterfell! - Ela parecia claramente indignada, não que o clima da Campina fosse perfeito, mas era ideal e ela odiava Ponta Tempestade.

- Dragões? - Daemon perguntou a olhando e cruzando os braços. - No plural?

Naquele exato momento foi como se um estalo acontecesse na mente de Drasilla e ela ficasse paralisada, ela percebeu que nunca tinha contado a Daemon sobre Sigmis, mesmo que não soubesse se a dragão iria seguir a ela e Flarion até a campina ou se o seu dragão iria se adaptar, tudo era um problema e estranho, mas ainda sim repassava a quem tinha dito, Rhaenys, Laena, Rhanyera e Viserys, ninguém mais, nem seu irmão favorito.

- Eu tenho que te contar uma coisa. - Ela apertava os dedos, novamente apreensiva. - Eu meio que domei um segundo dragão?

- Meio? Segundo? - O loiro não parecia compreender 100% a irmã. - Explique isso direito.

- Meio porque ele não me deixa montá-lo, mas tem me deixado aproximar cada vez mais e segue eu e o Flarion a um tempo, um bom tempo, desde quando eu fugi. - Ela ia cuspindo as palavras rapidamente. - Não fica bravo comigo, eu queria ter contado, mas não sabia como fazê-lo.

- E o Flarion? - A sobrancelha dele estava erguida. - Você sabe que esse dragão pode só estar esperando pra matar vocês dois, não sabe?

- O Flarion está bem com isso, eles se dão bem ... Na medida do possível. - Ela estava visivelmente ficando cada vez mais nervosa. - Eu não vou trocar meu dragão e ...

- Drasilla...

- Não Daemon, eu posso lidar com isso, eu venho lidando delicadamente, mas talvez na Campina ...

- Drasilla ...

- Oi?

- Eu estou orgulhoso de você. - Ele sorriu tocando o ombro dela. - Ele pode ficar aqui com os outros dragões, se quiser, vai ser uma boa desculpa para sempre ter você de volta.

Se havia uma coisa que Drasilla não poderia reclamar era do apoio que seus irmãos lhe davam, se um dia sentia falta do seu pai e do pouco que lembrava de Baelon com certeza ela se sentia mais acalentada ao lembrar de como Daemon e Viserys cuidaram dela, mesmo com os atritos que eles tiveram com a princesa e vice versa, ela podia dizer que tinha três pais, se tudo tivesse se encaminhado direito realmente Daemon poderia ter sido o pai dela, já que primeiramente Madlyn, sua mãe, estava prometida ao príncipe e não ao seu pai.

As coisas se acalmaram nos dias seguintes, quando já completava um mês que a princesa havia retornado da capital, ela voltou a Kings Landing no dorso de seu dragão Flarion para dar a notícia que Viserys esperava dela, sabia que dali para o altar e ter que dar um filho para ser o herdeiro da Campina no futuro era apenas um passo, havia um nó em sua garganta quando o dragão pousou no pátio lateral do castelo. Dois guardas escoltaram a princesa até o rei, novamente nenhum sinal de Cadmus, talvez fosse melhor não vê-lo.

- Você voltou! - O rei abriu um sorriso ao ver a irmã. - Venha aqui, o que decidiu? O Conselho está agitado.

- Vai ser Rasmus Tyrell. - Ela respondeu com um curto sorriso nervoso se abaixando perto do rei. - Cregan é jovem demais pra mim e eu prefiro pular dessa janela ao me casar com o Borros.

- Drasilla ... - O rei segurou o riso. - Certo, vou pedir que preparem nossa viagem para a Campina, partiremos em dois dias, Flarion está no fosso?

- Não, ainda está no pátio lateral, vou pedir que o levem pra lá. - Ela se levantou devagar. Queria ver a Nyra e o Jace, precisa de mim para mais algo?

- No momento não, descanse. - Ele apertou a mão dela por breve, até soltá-la. - Obrigado por fazer o que é preciso, querida.

- Obrigada por cuidar de mim, irmão. - Ela respondeu se afastando.

Os passos da princesa eram rápidos, só de pensar que em breve iria ter que viver usando um vestido como uma dama apropriada já deixava Drasilla enjoada, ela não queria nem pensar que logo seria ela portando um barrigão ou parindo como a loira que ia visitar, sentia nauseas só de pensar na possibilidade. Já alcançava o quarto da princesa quando ouviu o choro do bebê, abriu as portas ela mesma, ignorando os guardas, quando os olhos de ambas se encontraram havia um alívio desenhado nos olhos de Rhaenyra.

- O ouço chorar a corredores de distância. - A morena falou rindo. - Jace tem ótimas cordas vocais.

- E como ele chora. - A loira tinha olheiras abaixo dos olhos. - Pega ele um pouco? Estou cansada e as criadas não fazem direito.

- Claro, mas não acho que eu seja muito melhor que você. - A morena riu tomando o garotinho também moreno em seus braços.

- Ele até parece seu. - Rhaenyra riu enquanto se deitava na cama, exausta.

- Nyra ...

- Eu não disse nada. - A loira resmungou olhando o teto. - Então, quem vai ser? Não se fala se outra coisa que não seja quem será seu marido nesse castelo a dias.

- Vai ser o Rasmus. - Drasilla não estava 100% feliz com aquela escolha, mas era o melhor pra si.

- O Príncipe dos Cravos e das Rosas? - Nyra se levantou devagar olhando a tia e lembrando a ela do apelido que Rasmus tinha na Campina. - É uma boa escolha, visto os outros.

- É, mas não é o que eu quero. - Ela ainda ninava Jace, agora finalmente calado e começando a dormir. - Na verdade eu ainda me sinto confusa nesse mundo, até onde eu posso ir ou o que posso fazer. E se a Campina não for meu lugar?

- Esse é um mundo de homens, nunca haverá o nosso lugar, Drasilla. - Rhaenyra olhava o teto, pensando um pouco. - Cabe a nós conquistar o espaço que queremos que seja nosso.

- Como eu vou saber qual é o meu lugar?

- Isso eu não sei dizer. - Havia confusão nos olhos da loira ao pensar nisto. -- Mas você vai descobrir, você sabe como ver as coisas além das vistas.

- Você acha? - A morena questionou a sobrinha. - E você Jace? Acha isso também?

- Ele vai chorar em um sonoro sim daqui a pouco. - Rhaenyra resmungou rindo e olhando os dois. - Quando vocês partem para Jardim de Cima?

- Em dois dias, dois malditos dias. - Drasilla respondeu visivelmente nervosa.

Era como se a princesa soubesse como o tempo se arrastaria até a viagem, os minutos pareciam horas e as horas dias, até que a comitiva real saísse rumo a Jardim de Cima, para serem recebidos pelos Tyrell. Era uma região grande e farta, se casando com o herdeiro da Campina a coroa teria laços ainda mais fortes com a região. Enquanto a carruagem real chacoalhava pela Estrada da Rosa, Drasilla pensava em como odiava aquela sensação e que preferia ter ido voando.

Já era fim de tarde e começo de noite quando foram recebidos por uma quantidade significativa de guardas e duas figuras com vestes mais ricas, Lyonel Tyrell é seu filho Rasmus, o futuro noivo, o grupo escoltou o rei e a princesa para deus aposentos no grande e perfumado castelo que mesmo a noite era lindo, mas pela manhã com certeza seria mais bonito ainda.

Ao adentrar em seus aposentos a primeira coisa que Drasilla faz é vomitar no lavabo. Aquele chacoalhar fez com que seu corpo reagisse de uma forma péssima, após retornar ao aposento que era seu a princesa pode ver a bela decoração, o que pensou que seria só um pequeno vislumbre do que realmente seria sua vida morando lá. Sob a cama havia um belo vestido esverdeado com um bilhete.

" Um presente para Vossa Alteza, com os cumprimentos de Jardim de Cima - RASMUS "

Rhaenyra já havia dito a Drasilla um pouco como os Tyrell eram, eles gostavam de presentear, de de vestir bem e serem agradáveis, para morena tudo aquilo era de fato um excesso sem tamanho, as vezes ela entendia Viserys mais do que queria, quando o rei lhe confideciava que preferia ser um historiador, ter vivido na cidadela, não como herdeiro, ela sentia a pressão nos ombros dele para seguir o legado que deveria ter sido do pai de ambos, Drasilla compartilhava isso, queria ser um soldado e não uma dama na corte.

As amas vieram para ajudá-la a se vestir após o banho, ela se sentia estranha, era retraída quando se tratava do próprio corpo e já havia se acostumado com as que a acompanhavam normalmente, mesmo que passasse longos períodos longe de Kings Landing, quando voltava era sempre as mesmas que a ajudava, será que os Tyrell achariam insulto trazê-las após o casamento?

Um guarda a escoltou pelos corredores em direção ao belo salão de jantar, ela olhava o homem de canto de olho, parte de si, a parte doida, torcia para que fosse Cadmus, mas era puro delírio, ela precisaria falar com ele se ainda estivesse lá quando voltasse. Ao adentrar o salão os olhares se viraram para a princesa, notou que o rei já estava lá, o que demonstrava que Drasilla estava atrasada, um pecado terrível, todos se ergueram quando ela chegou, menos Viserys que acenou com a cabeça, ela se sentou ao lado do irmão e próxima a lady Alys, irmã de Rasmus.

- O vestido ficou ótimo em você, princesa. - Alys timidamente falou, ela tinha cabelos claros, quase loiros, presos atrás da cabeça e os cachos caíam sob os ombros. - Eu falei pro meu irmão que essa cor combinaria com você.

- Então é você a mente perspicaz que escolhe os vestido que ele me manda de presente? - Drasilla respondeu.

- Alys! - O ralhar baixo da voz de Leo Tyrell, o filho do meio, fez com que a princesa e a irmã o olhassem. - Pare de conversar besteiras e encher a princesa.

- Ela só está sendo agradável. - Drasilla sorriu. - Sinto que seremos amigas e será ótimo ter uma amiga aqui em Jardim de Cima.

- Você não vai querer ser amiga dela, minha irmã tem medo de tudo. - O filho do meio se gabou, eles olharam de relance para Rasmus conversando com o rei e seu pai ao mesmo tempo. - Até da própria sombra.

- Medo é bom. - Drasilla tocou a mão de Alys, que se encolhia. - Nos deixa cautelosos.

Eles não conversaram mais naquela noite, por vezes Drasilla tocava a mão de Alys para que ela se acalmasse, a loira parecia um bichinho assustado, a princesa entendia aquilo. Ali todos festejavam e comemoravam em família que o acerto do casamento estava dando certo, Lord Lyonell enchia a princesa de elogios e falava sobre como eles estavam honrados de ter um Targaryen em sua linhagem, ressaltava inclusive que a Campina era extensa e Drasilla teria muito espaço para voar com seu dragão.

Durante toda a refeição uma pessoa não tirava os olhos dela, Rasmus parecia encantado em como ela se portava e falava, tinha segurança, conhecia o reino, falava das viagens que fez com Daemon e como aquele tempo foi bom para que ela entendesse seu lugar e conhecesse o reino, todos deveriam fazer o mesmo, ela reiterou, o jovem cavalheiro tinha mais certeza que tinha feito a melhor escolha em querê-la como sua esposa.

Ao fim da refeição todos se recolheram, o rei e a princesa deveriam voltar logo para Kings Landing, todos poderiam comemorar na capital quando ambos retornassem e o casamento fosse realizado, agora precisavam descansar. Drasilla por outro lado não tinha sono, na verdade parecia enérgica, foi só necessário que ela tirasse o vestido pesado e usasse suas vestes mais adequadas para sair do quarto, driblar alguns guardas e encontrar um pátio entre os jardins para observar a lua.

- O Flarion amaria ver a lua daqui. - Ela falou sentando em um dos bancos de pedra cinzenta. - Será que ele vai se acostumar?

- Podemos construir um fosso para o seu dragão, princesa. - Uma voz masculina a fez olhar em sua direção. - O que quiser para minha esposa ficar confortável.

- Está me perseguindo? - Ela perguntou o encarando agora. - Ou com medo de que eu fuja?

- Ah não, sem seu dragão eu sei não iria longe. - Ele deu de ombros. - Apesar da sua fama de fugitiva.

- Eu tenho uma fama? - Ela riu curiosa.

- Você me despertou muita curiosidade, assumo. Queria ter um tempo para ficar a sós com você antes do casamento para saber se era verdade. - Ele não conseguia não olhar os olhos violeta dela, eram mais bonitos do que pensava. - As pessoas dizem que você é indomável.

- E você saberia lidar com isso?

- Claro, dragões são como flores princesa. - Ele comparou e ela ficou curiosa. - Sensíveis, delicados e precisam de atenção e cuidado.

- Um dragão é delicado? Ele pode comer você numa bocada. - Ela ria é claro.

- Eles são almas singulares. - Rasmus deu de ombros.

Os dois ainda permaneceram conversando por mais um tempo, Drasilla não se sentia confortável perto de alguém a muito tempo, ela fica feliz pois passará sua vida com Rasmus, terão uma família que é algo que ainda a assusta, pelo menos seria ao lado de alguém que a deixava confortável. Na manhã seguinte a comitiva real deixou Jardim de Cima rumo a capital, uma viagem longa que o rei passou mal a maior parte do tempo e fez com que Drasilla ficasse ao seu lado, acalentando Viserys, ela via a saúde do irmão cada dia mais delicada.

Uma vez na Fortaleza Vermelha eles se separaram, o rei precisava de descanso, já Drasilla queria ver Rhaenyra, o que impediu a princesa era o fato de que haviam viajado o dia todo, já era quase noite quando chegaram, naquela noite todos se recolheram em seus quartos e jantaram por lá, na manhã seguinte aquele ato se repetiu, então a morena foi atrás da loira e de seu bebê.

- Pode parar de chorar, eu voltei! - Drasilla disse as portas do cômodo abrindo os braços. - Não sentiram muito minha falta né?

- Shhhiu, o Jace acabou de dormir. - Nyra sinalizou. - Como foi lá?

- Cansativo, mas interessante. - Drasilla deu de ombros. - Ele não é um babaca completo.

- Isso é ótimo, é difícil encontrar bons homens. - A loira confidenciou.

- Para casamento talvez. - Essa foi a vez de Drasilla provocá-la e Rhaenyra empurrou a tia com a mão livre. - Não menti, espero que eu e ele tenhamos gostos semelhantes ... De preferência um pelo outro.

- Eu já entendi. - A loira resmungou caminhando até sua cama. - É uma pena a Laena não poder vir por causa das gêmeas.

- É, a saúde dela tem estado sensível. - O suspiro de Drasilla era de lamento. - Eu vou deixar o Jace dormir e você descansar, volto depois.

Ela saiu pela porta fazendo o mínimo barulho possível, desceu as escadas pensando em como Rhaenyra parecia sempre cuidar de Jace, não queria que as amas o fizesse, seria assim com sua cria também? Migrava para o pátio lateral, queria ir ver como Flarion estava, foi quando dobrou um corredor e ergueu a cabeça que o viu. Ele parecia ter crescido alguns centímetros, mas ela não sabia se era possível, mas algo claro é que ele estav mais forte, musculoso, seus cabelos caíam quase nos ombros, maiores que os de Harwin e também tinha uma barba, não poderia comparar a corpulência com a de Strong, mas Cadmus estava ótimo.

- Oi? - Ela chamou a atenção dele que parou na hora. - A quanto tempo, Stark.

Cadmus não esperava vê-la lá, na verdade várias vezes ensaiou o que diria ou faria quando a encontrasse, tinha planejado saber que ela viria de volta a Fortaleza Vermelha com antecedência, parte de si até mesmo o obrigou a ficar mais tempo fora da capital para evitá-la, mas nada o preparou para o real momento que fosse encontrá-la. Drasilla estava mais alta, mais bonita também, os cabelos estavam soltos e maiores, ela quase nunca deixava assim, os mantinha presos pra sempre estar pronta para voar, ela já perdia a feição de menina no alto de seus 18 anos.

- Princesa. - Ele respondeu timidamente. - Realmente, a quanto tempo, achei que ainda estaria conquistando os Sete Reinos com seu irmão.

- Foram dois anos, deu tempo de ver muita coisa e eu adoraria te contar cada detalhe. - Ela riu ponderando com a cabeça. - Conhecemos muitos lugares e as cidades livres são incríveis.

- Vocês não foram pro Norte ou eu saberia. - Ele ergueu e abaixou os ombros. - Ou teria os visto.

- Os dragões não são muito fãs do frio e bom ... Era o Daemon que definia a rota. - Ela podia escolher uma vez ou outra mas seu irmão é quem tinha a palavra final. - A Nyra me contou que você tem agido como diplomata quase, acompanhando o chefe da guarda, representando meu irmão.

- Não é grande coisa...

- Claro que é. - Ele moveu as mãos se aproximando. - Isso merece um abraço.

Ela não tinha notado como um ato tão simples e impulsivo poderia mexer tanto com ambos, ela passou os braços por cima dos ombros dele e o guarda a abraçou pela cintura, a apertando, era confortável como ela não imaginava que seria, como ela não queria que fosse, permaneceram assim por alguns segundos, que pareciam horas para ambos, Cadmus sentia o cheiro doce do cabelo dela, algo raro, como moleca Drasilla sempre estava mais suja que limpa, mais algo que parecia comprovar o quanto ela amadurecia. O abraço dos dois, no entanto, não escapava dos olhos de Larys Strong, escondido perto de uma parede a observá-los.

- Obrigado pelo seu carinho. - Cadmus ainda parecia mexido quando a soltou, ainda perto. - Mas e você, fez algo interessante? Vai voltar pra cá de fato?

- Bom, fiz muitas coisas. - Ela parecia visivelmente sem graça de imediato, ainda mais por se sentir assim. - Eu devo me mudar em breve.

- Outra viagem incrível? Talvez eu possa te acompanhar dessa vez. - Ele ponderou com a cabeça. - Por terra é claro, se der.

- Eu vou me casar, Cadmus. - Ela soltou a bomba. - Com Rasmus Tyrell, o herdeiro da Campina e me mudar para Jardim de Cima, será em breve.

Foi como sentir o corpo ser puxado para o chão com força, ele não era iludido a ponto de achar que ela sempre estaria lá disponível para seus sonhos ou o que quer que ele pudesse sentir por ela ou tivesse maturado nesse tempo que a conhecia, mas presenciar a dura e cruel verdade que ela seria de outro e nunca dele, talvez de ninguém o deixou estático.

- Oh, isso é ótimo. - Ele disse se afastando dois passos. - Você vai ter alguém agora, para envelhecer e ficar junto.

- É, eu vou... - Ela tinha um tom de melancolia na voz.

- Princesa. - Um guarda a chamou. - O rei quer vê-la.

- Claro. - Ela o olhou rápido, queria tirar os olhos de Cadmus o mais de pressa. - Enfim, preciso ir, espero te ver de novo, no casamento quem sabe.

- Eu sou só um guarda, Drasilla. - Ele riu levando as mãos as costas, lembrando do seu lugar naquele castelo e na vida dela.

- Não só um guarda. - Ela se afastou uns passos, ainda o olhando. - O meu guarda juramentado ou isso mudou?

- Não mudou. - Ele confirmou ainda a olhando. - Te vejo lá então.

- Serei a idiota de branco. - Ela fez uma última piada antes de dar as costas.

- Não a minha idiota de branco. - Ele sussurrou encolhendo os ombros e seguindo seu caminho.