#𝓞𝟗 - 𝖢𝖺𝗌𝖺𝗆𝖾𝗇𝗍𝗈 𝗩𝗮𝗹𝘆𝗿𝗶𝗮𝗻𝗼
Drasilla não tinha ido a nenhum casamento recentemente, o último que se lembrava era o de Viserys e Alicent, mas ela tinha se trancado no quarto e fugido depois, então não era uma memória tão boa ou que ela quisesse repassar, por ela nem teria acontecido. Falar do casamento do irmão, inclusive, a lembrava das perguntas quando estava em uma das Cidades Livres: Porque o rei não se casou com você? Não é uma tradição valiriana casar com seus próprios parentes? Drasilla fez cara de nojo, Viserys era velho demais pra ela, ele era como seu pai e antes que falassem sobre Daemon, pelos deuses ... Já imaginaram quão perigosos ela e Daemon seriam juntos? Não mesmo.
Mas aquela ocasião era diferente, aquele casamento era atípico, a última vez que um Velaryon e um Targaryen se uniram fora no casamento de Rhaenys e Corlys e agora novamente isso acontecia entre Rhaenyra e Laenor, Drasilla amava os dois e saber que Laena também estaria lá a deixava mais animada ainda, ela amava a companhia da prima. Antes que as festividades começacem de fato, Rhaenyra e Drasilla tinham seus cabelos arrumados após o banho por algumas amas.
- Que bom que você está aqui comigo. - Rhaenyra apertava os dedos da tia. - Queria que minha mãe estivesse aqui, me acompanhando em um momento como esse.
- Nunca te deixaria sozinha. - A morena respondeu segurando firme a mão da loira. - Outch! Vai devagar aí.
- Desculpa princesa. - A ama falou afoita. - Mas tudo bem, eu já terminei seu cabelo, vossa alteza pode se dirigir ao seu quarto e vestir suas roupas.
- Certo, Nyra te vejo depois ok? - Drasilla sorriu de levantando.
- Não se atrase, nada de voar no Flarion para relaxar. - A loira meneou a mão a morena a vendo se afastar. - Seu vestido foi trago de Jardim de Cima, feito a mão como presente da Casa Tyrell, não estrague isso, o Senhor Rasmus Tyrell que mandou pra você.
- Eu não vou me casar com ele. - As duas mãos de Drasilla estavam na cintura. - Não vou morar colada na sede da casa Hightower, eu enlouqueceria.
- Vá se trocar. - Rhaenyra ria.
Drasilla sabia que um pouco daquilo tudo doía em Rhaenyra, não só a ocasião do casamento, Laenor é um rapaz legal, conhecido e muito gentil, com um bom acordo eles teriam vidas agradáveis, melhor que a maioria dos casamentos, Nyra teria no seu a tranquilidade e felicidade que Drasilla só vira uma vez em Aemma e Viserys, ela não achava que fosse ter tanta sorte. Outra coisa também permeava sua mente, o distanciamento de Nyra e Alicent deixava marcas na loira, se não fossem tantos conflitos nos últimos tempos, era possível que a Hightower também estivesse lá com elas.
Quando a morena ultrapassa a porta de seus aposentos haviam duas criadas a sua espera, nem se quisesse poderia fugir para dar uma volta de dragão, com bem sugeriu Rhaenyra. Ela odiava roupas apertadas e vestidos chiques, coisas que a lembravam que ela deveria ser uma dama, era um puxa daqui e empurra de lá, a pertando como um produto. Após ficar pronta e se encarar no espelho, se sentindo completamente estranha, Drasilla teve que se encaminhar ao salão, sob os olhares dos lordes e ocupa um lugar entre duas cadeiras vazias, mas ao lado de Viserys.
- Você está linda, sabia? - O rei comenta e ela sorri em agradecimento.
- Obrigada. - Drasilla retribui, o silêncio se forma no salão e todos olham para a porta de entrada, era Alicent. - Ela realmente gosta de chamar a atenção.
Os olhares novamente se direcionam a rainha, até a morena tinha que admitir como a ruiva era bonita e como o verde saltava em sua pele, as cores da sua casa, justo em um casamento valyriano como aquele, todos os Velaryon e acompanhantes usavam verde água e prata, as cos da casa, os Targaryen deveriam seguir a tradição e usarem preto e vermelho, suas cores, com excessão de Rhaenyra, que apesar de adornos vermelhos, usava um belo vestido palha, Drasilla não sabia que tipo de afronta a rainha queria promover, então ficou em silêncio, tomando uma taça de suco em mãos.
Ses olhos tentavam não entregá-la, enquanto acompanhava Alicent até a cadeira ao seu lado, entre Viserys e ela, a taça a boca servia para disfarçar, quando ouviu um elogio da rainha apenas concordou com a cabeça, forçando a ter o mínimo de compostura que prometeu a Rhaenyra e Viserys. Seu corpo se inclinou para frente, buscando Laena com os olhos, encontrou a morena e o mover de sobrancelhas de Drasilla entregava que ela estava falando sobre a entrada de Alicent, Laena sorriu levando a mão de leve a boca, Rhaenys ao notar a cena deu leves tapinhas no colo da filha, Drasilla mal pode reagir, já que outra chegada chamou a atenção de todos.
Deamon estava com cabelos curtos, da última vez que o vira, que todos viram, Viserys tinha o enxotado de volta para o Vale, para resolver seus assuntos inacabados com a casa Royce, de sua falecida esposa Rhea. O sorriso se desenhou no rosto de Drasilla, maior ainda ao notar que Daemon sentou ao seu lado, passando o braço em volta dos ombros dela, na ponta da mesa, todos os lugares agora estavam ocupados e os lordes finalmente poderiam vir falar com o rei.
- Custava mandar um corvo para avisar que vinha? - Drasilla falou baixo, sequer olhando o irmão.
- E perder seu belo rostinho de felicidade ao me ver, irmãzinha. - Ele riu e ambos notaram a aproximação de Jason Lannister.
- Tire seu braço dos meus ombros, os lordes já estão nos olhando estranho. - Ela pediu minimamente vendo a piada de mal gosto feita pelo loiro a frente do rei, Lannisters e seu ego. - Vão achar que me prometeram a você em casamento.
- Isso é tão ruim? - Daemon riu dando um beijo no rosto da irmã e tirando o braço. - Mas aposto que vão tentar casar você com ele.
Ambos olharam na direção de um jovem cavalheiro que passou depois que Jason Lannister e sua tentativa fracassada de fazer Viserys rir se afastaram, ele tinha a altura semelhante a Laenor, mas era mais musculoso, com um cabelo curto, mas um belo topete, cor castanho médio, com alguns fios mais claros, a barba estava curta, parecia ter sido feita dias antes daquele momento, era o filho mais velho do Lorde Lyonel Tyrell, o jovem Rasmus, o Senhor da Campina ainda tinha um outro filho e uma filha, respectivamente Leo e Alys.
- É um prazer poder presenciar um momento tão importante e bonito como essa união, Vossa Majestade. Minha família fica agradecida por nos permitir embelezar o lugar com as mais belas flores de Jardim de Cima. - Ele mantinha as mãos atrás das costas e sorria, um belo sorriso, olhando para o rei e depois para Drasilla. - O vestido ficou muito bem em você, princesa.
- A Casa Tyrell é sempre bem vinda em King's Landing. - Viserys respondeu erguendo a sua taça.
- Não poderia usar outra coisa depois de receber o presente, é lindo. E olha que eu não sou fã de vestidos. - Drasilla comentou bem humorada, fazendo Rasmus rir e recebeu um olhar torto de Viserys. - Fico agradecida por sua gentileza.
- Espero que possa nos visitar para ver como eles são feitos. - Rasmus respondeu voltando a olhar o rei. - Obrigada por seu tempo Majestade ... Altezas ... - Então ele se afastou.
- Não poderia usar outra coisa depois de receber o presente, é lindo. - Daemon falou ao pé do ouvido de Drasilla imitando sua voz.
- Cala a boca! - A garota resmungou dando uma cotovelada nele.
Todos prestam a atenção no rei, Viserys agradece aos presentes e chama os noivos para uma dança, os olhos finalmente se recaem aos protagonistas daquela cerimônia, Daemon o tempo todo fica olhando para Rhaenyra, mas Drasilla não deixa de perceber os olhares do irmão. Quando finalmente as danças são liberadas para os demais, a jovem princesa se levanta, encontrando Laena, as primas dão os braços, e dançam juntas no meio de outras pessoas, despreocupadas com os problemas, pelo menos por uma noite.
Em um outro ponto, de armadura e braços para trás, uma dupla observava o movimento, estrategicamente posicionada, Sor Harrold e Cadmus acompanham a cerimônia, como a maioria da guarda, eles faziam duplas, para que qualquer problema fosse contido mais rapidamente, aliavam a experiência do comandante da guarda com o ímpeto e disposição do mais jovem. Cadmus não perdia a princesa Drasilla de vista, ele não sabia muito bem porque ela parecia magnética ou se era apenas por ele dever protegê-la, como jurou fazer.
- Lorde Rasmus né? - Laena riu, girando com a morena. - Esse vai ser o próximo casamento que viremos na capital? Ou será em Jardim de Cima?
- Não fale besteira, só agradeci o presente. - Drasilla riu dando as mãos a ela de novo. - Tenho outros interesses.
- Ou outro interesse. - Laena riu e ambas olharam para Cadmus, Sor Harrold também percebeu e fez o jovem olhar outra coisa. - Ele não tira os olhos de você.
- Deixe de ser boba, ele é parte da guarda, meu guarda juramentado. - Drasilla girava a prima. - Por isso está de olho em mim, o Cole também não tira os olhos da Nyra.
- E o Daemon também é guarda dela? - Laena pergunta baixo e as duas se olham em silêncio.
Antes que Drasilla possa responder uma confusão é formada, as pessoas começam a empurrar umas as outras, forçando as duas a se separar, no meio do desespero Drasilla cai no chão, levando as duas mãos a cabeça. A balbúrdia e confusão a deixavam ansiosa e ela nem tentou se levantar, sentiu-se puxada e quando abriu os olhos Harwin abria espaço em meio a algumas pessoas, já segurando Rhaenyra em um ombro, para jogar Drasilla - que ainda tampava os ouvidos - no outro, a tirando da multidão.
Cadmus ficou desesperado quando perdeu a princesa de vista no caos, iria se embrenhar entre as pessoas, mas Sor. Harrold o segurou, impedindo ao ver Harwin Strong tirar as princesas do caos. As pessoas se afastam e o guarda mais velho troca olhares com o mais jovem, ambos andam entre as pessoas, mas param a uma certa distância, ninguém faz nada com a violência em pleno jantar de casamento, assistem atônitos a Criston Cole matar a socos na face o jovem Joffrey Lonmouth, amigo próximo do noivo.
Durou pouco mais de dois minutos até que todos, que pareciam hipnotizados por tal barbárbie, se movessem, a guarda guiava as pessoas para fora dos salão, para que evitasse mais confusão, não havia nenhum clima para comemorações ali, os membros da casa real foram guiados para seus aposentos, os nobres presentes alocados também cada qual em seus quartos, aquele silêncio sepulcral parecia uma sentença estranha no resto da noite em que ninguém dormiu.
Drasilla havia assistido de longe e não completamente a cena, não conseguiu sequer desviar o olhar, ela e Rhaenyra tremiam vendo a brutalidade de mãos dadas, com Harwin em pé atrás de ambas, como uma sombra-segurança. No quarto da loira elas ficavam em silêncio, de mãos dadas por um longo tempo, nenhum delas dormiu, Drasilla comeu um pouco, diferente de Nyra. Os raios do sol mal banhavam a fortaleza quando uma criada avisou ambas que o rei chamava a princesa ao salão de banquete, o casamento seria realizado.
Rhaenyra claou com o olhar para que Drasilla fosse com ela, de mãos dadas elas partiram para o salão, a mancha de sangue ainda estava no chão e olhar aquilo causou arrepios na dupla. Quando soltou a mão da sobrinha, Drasilla sentiu como se o peso caísse sob si, uma amargura e tristeza, ela tremia, não conseguia deixar de olhar para o sangue. No salão, além dos noivos, estavam o rei, Lord Corlys, a Princesa Rhaenys, Drasilla e um meister, a morena desejou que Laena estivesse lá com ela, a própria Rhaenyra via que ela queria fugir de lá.
Ao fim da cerimônia Drasilla é a primeira a sair pelas portas recém abertas pelos guardas, seus olhos encontram primeiro com Daemon, encostado em uma parede lá fora, ele acolhe a irmã em seus braços em um longo abraço silencioso, ele não precisava dizer nada, estava lá o tempo todo durante o massacre, estava ouvindo as palavras do meistre, só não teve coragem de entrar.
- Só estava esperando você sair para me despedir. - Ele anunciou quando se separaram.
- O que? Achei que fosse ficar. - Ela unia as sobrancelas incrédula. - Me leva com você!
- Drasilla ... - Ele era receoso. - Não poderei te proteger por Westeros.
- E nem vai precisar. - Ela parecia valente, uma das mentiras que contava melhor. - Eu não posso ficar aqui, nesse lugar, esse castelinho de cartas e ansiedade não me faz bem.
- Não vai adiantar fugir, vão achar você e te forçar a casar, espero que o seu casamento seja menos movimentado ... - Ele riu anasalado.
- Daemon ...
- Ok. - Ele ergueu as mãos em desistência. - Você e o Flarion podem vir conosco. Vai ser bom ter vocês em Lys ou talvez Volantis.
- Você não pode escolher uma cidade mais interessante e menos problemática. - Ela suspirou e parecia cansada. - Tipo Myr?
- É, o litoral parece bom. - O principe ponderou com a cabeça. - Vá se trocar e arrumar suas coisas.
A princesa corre pela escadaria até os andares acima, normalmente estaria radiante que o sorriso mal caberia em seu rosto, sair em uma viagem com Daemon? Ela sempre quis isso e ele tinha aceitado, agora seriam os dois juntos bem longe de Viserys e os problemas da corte, ela sabia que não demoraria muito até que o rei a fizesse voltar, mas agora mais que nunca ela precisava disso.
Chegou no quarto já tirando aquele vestido, ao olhá-lo sob a cama lembrou-se de Rasmus Tyrell e também como ele parecia gentil e um bom partido, sua nova fuga com certeza causaria problemas para ela e nessa possível união, a princesa não queria pensar em possivelmente como seria, não agora, mas decidiu que não iria embora sem falar com Viserys. Já havia arrumado tudo, se trocado, pego algumas roupas e saía pelo corredor quando encontrou um jovem guarda aliviado por achá-la.
- Aí esta você. - Ele parecia afoito. - Queria me desculpar por não ter protegido você no que aconteceu no casamento.
- Cadmus, realmente, tudo bem. - Ela sorriu tocando o ombro dele. - Você não tem o tamanho ou a força do Harwin, não ia conseguir chegar lá.
- Mesmo assim, é o meu dever, princesa. - Ele logo percebeu a bolsa dela. - Vai fugir de novo?
Drasilla pensou em dar a ele uma resposta bem adiada, mas empurrou o ar pesadamente pelo nariz e sorriu de canto, ele não merecia ser tratado assim.
- Eu vou viajar com o Daemon, conhecer Westeros, se eu quero um dia ser a mão da Rhaenyra, apoiar ela, eu tenho que sair da frente dos livros e conhecer o povo. - Ela queria saber tudo. - Você pode ir com a gente se quiser, o Flarion não vai gostar muito de carregar duas pessoas, mas eu convenço ele e o Daemon ...
- Drasilla. - Ele a interrompeu. - Não.
- Eu vou ficar aqui, me tornar forte o suficiente para proteger você quando precisar de mim, eu posso não ter um dragão, mas tenho muito a treinar ainda. - Pela primeira vez ele não sentia um misto de decepção, rancor e tristeza com a partida dela.
- Você é uma pessoa muito forte e leal. - Ela confirma com a cabeça. - Sempre foi muito leal a mim nesse tempo e eu fiquei pensando muito sobre isso depois do que houve com seu pai....
- Pensando em mim? - Ele arqueou a sobrancelha.
- Não, quer dizer ... Sim, mas não desse jeito. - Ela engasga com as palavras.
Drasilla é ansiosa e impulsiva por natureza, avança sob Cadmus e o abraça, por um momento o guarda fica sem reação, nunca sabe o que esperar dela, de verdade, mas naquele momento ele se permitiu retribuir sem alguma tristeza, longe de Winterfell e tentando ser uma pessoa melhor para sua mãe e irmãs, mesmo longe, ele não achou que encontraria bons amigos, menos ainda em alguém da família real.
- Obrigada por ser um bom amigo. - Ela fala baixo ao se afastar dele.
- Boa viagem, princesa. - Ele responde.
Os dois se afastam, Drasilla caminha rápido entre os corredores, rumo a ala principal dos guardos, ela mordia os lábios de forma ansiosa, olhando para frente, tentava não correr, só andar mais rápido, mas era inviável, quando viu estava ofegante a frente dos aposentos do rei, prendeu a respiração, recuperou o fôlego e entrou, encontrando Viserys olhando o fogo na lareira, o rei nem mexia na sua maquete, que era o que fazia quando precisava espairecer.
- Eu achei que deveria vir falar com você. - Ela colocou a bolsa no chão, ele logo entendeu. - Não é justo repetir um erro.
- Não vai, por favor. - Ele suplicou, se movendo devagar para direção da morena. - Fica aqui com a gente, alguns de nós precisam de você.
- E eu preciso de um pouco longe disso ... - Ela falava com palavras mas seus olhos diziam mais. - Se eu quero aprender as coisas, preciso conhecer o mundo, mas eu prometo que volto, de verdade.
- Eu confio em você. - O rei tomou as mãos dela com as suas. - Você é formidável pequena, tome cuidado, sabe? O mundo é incrível, mas é perigoso.
- Tudo bem, eu estarei com o Daemon. - Ela respondeu sorridente.
- Isso não me faz ficar mais aliviado, talvez mais preocupado. - Ele respondeu rindo. - Cuide dele também, ok? Não o deixe fazer nada errado.
- Você sabe que isso é impossível. - Ela riu também. - Os problemas sempre correm em direção ao Daemon.
Viserys a abraçou com força, Drasilla retribuiu, ele queria protegê-la em uma redoma, como queria fazer com Rhaenyra, mas diferente da filha, sua irmã caçula pertencia ao mundo, trancafiar Drasilla ou impedir que ela voe - no sentido figurado ou literal - é como matá-la aos poucos e ele faria tudo para vê-la florescer.
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