six

sabíamos viver


- O que está fazendo? - questionou quando sentiu seus fios negros serem arrastados por sua pele alva.

- Nada - deixou um selar na nuca da garota.

Sukuna deitava-se de forma engraçada atrás da bela jovem, seu braço tatuado escondido pelo kimono branco serpenteava pela derme arrepiada dela e vez ou outra brincava com as madeixas escuras de sua cabeleira. Ren virou seu rosto para ele, encontrando a magnífica face desenhada de Ryomen e suas orbes avermelhadas que acentuavam sua beleza. Sentiu-se tonta, não sabendo o que esperar vindo dele já que era sua primeira vez estando atraída por alguém. Depois daquele beijo, a garota ficou insegura em como deveria se comportar perto de Sukuna, todos suas ações tornando-se bobas e desastradas.

Com ele não era diferente, o Rei das Maldições simplesmente estava em uma confusão interna entre continuar as provocações ou parar e deixa-la
processar seus próprios sentimentos. Outros fenômenos usufruíam da atenção de Sukuna, um leve formigamento se intensificava no barriga dele enquanto uma preocupação eminente rondava suas inseguranças. Ryomen não tinha as certezas sobre o que aquela mulher lhe fazia sentir, porém lutava continuamente para não se afastar dela.

- A propósito - ela chamou, uma das mãos coçando gentilmente a bochecha por estar envergonhada - Nunca lhe perguntei, pois achava invasivo demais.... Todavia, o que são essas marcas em seu rosto?

Indicou às tatuagens que circulavam o contorno de Sukuna e desciam pelos ombros largos. Ryomen respirou fundo, pensando se diria as origens delas ou se dava uma desculpa esfarrapada. De qualquer forma, a garota o perdoaria por toda crueldade que já havia feito ao mundo? Continuaria o procurando e chamando-o para piqueniques? Ainda permitiria que Sukuna beijasse seus lábios?

- É uma longa história - falou, sentando-se de forma correta na manta.

O sol esquentava minimamente a vegetação da clareira, batendo na pele diáfana da menina e refletindo os raios solares. Ela se aproximou para escutar melhor o que Sukuna dizia.

- Você acredita em demônios, Ren? - a citada concordou, lembrando-se das milhares de histórias que já leu - Você me aceitaria se eu fosse um?

Claro que sim! Foi o que pensou, já que também considerava-se um demônio por conta de seus olhos. Percebeu que Ryomen esperava uma resposta de si, logo dizendo algo:

- Sim.

Ren era tão bondosa que o Rei das Maldições se impressionava com tal magnitude, sentindo-se indigno de sua presença pura.

- Mesmo sabendo que eu matei milhares de pessoas por séculos? - encarava as orbes bicolores dela, o azul e marrom dançando com o escarlate de Sukuna.

- Sim - respondeu sem medo.

Ren sabia que o homem falava sério e realmente estava acreditando em suas palavras. Pouco se importava com o passado maldoso dele, o Ryomen de agora era uma pessoa que se preocupava e importava-se com ela, era a pessoa que a ajudou em uma noite escura e em partes desconhecidas da floresta. Não tinha receio e hesitação sobre quem ele era.

- Pois bem - suspirou, levantando-se e tirando o kimono.

A morena explodiu ao ver o abdômen malhado e tatuado de Sukuna, tampando o rosto automaticamente por pura vergonha e atração que sentiu.

- Olhe para mim - mandou, chamando a atenção dela.

Ren subiu o olhar por todo o corpo marcado do homem, vendo apenas o tecido branco tampar sua parte íntima marcada. O peito largo tinha severos desenhos pretos que acompanhavam o mesmo formato das tatuagens no rosto, acontecia o mesmo nos braços estruturais e longos.

- Essa não é minha verdadeira forma - sussurrou.

Dois braços surgiram próximos aos outros, juntamente com as unhas longas e pretas. Pequenos olhos formavam-se abaixo dos originais enquanto um mantra vermelho circulava o corpo do homem. Ren ficou assustada, as pálpebras arregalando-se e a boca transformando-se em um perfeito O aterrorizado. Sukuna havia virado uma criatura desconhecida por ela, deixando com que um sentimento de medo brincasse pelo peito da garota. Quis correr, porém um pensamento se passou por sua mente antes mesmo de cometer tal ato. Ele ficaria entristecido se eu fugisse? Suspirou, tentando ignorar a presença anormal em sua frente.

- V-você é um demônio? - encarou as próprias mãos trêmulas.

- Espírito amaldiçoado - voltou para sua forma que usava na aldeia e na frente dela - Pode me chamar de demônio, se preferir.

- O que é isso? - buscou pelo rosto dele, encontrando a face que tanto amava naquela vastidão de confusões.

- Um monstro, apenas isto que deve saber - agachou-se na frente de Ren, colocando a palma em sua bochecha gelada e fazendo uma carícia gentil - Você não precisa se preocupar com nada.

Ela tocou a mão dele que encostava em sua face, abraçando a mesma enquanto ainda sentia os toques aconchegantes de Ryomen.

- Sukuna-san - suas sobrancelhas tremeram assim como a voz - Essas mortes na aldeia, são sua culpa?

- Tecnicamente - não se surpreendeu com a pergunta - Infelizmente, maldições se atraem por mim. Sou seguido continuamente, fazendo com que elas vêm comigo para onde quer que eu for.

- Maldições? - Ren claramente estava confusa e agarrava-se urgentemente no pulso de Sukuna, assustada com tudo aquilo.

- Energias negativas - explicou - Que comem humanos.

Observou o rosto dela torna-se horrorizado. Imaginou se a morena o deixaria depois de compreender tudo o que dissera. Tocando ainda sua pele, desejou saber o que se passava naquela mente honesta que Ren tinha, a ansiedade de não saber o que ela faria tomava conta do interior de Sukuna e o deixava agonizado. Foi surpreendido por um abraço da mais nova, a cabeça dela se afundando no pescoço de Ryomen e a respiração ofegante batendo contra sua derme quente. O aperto que Ren fazia no entorno do homem intensificava a cada segundo, seus braços rodeando a clavícula dele e os dedos enfiando-se pelo cabelo rosado, ela obviamente estava assustada, porém continuava ao lado de Sukuna.

- Eu te aceito de qualquer forma.

O Rei das Maldições percebeu o quanto aquela mulher lhe fazia bem e completava seu dia. Desejando com todas suas forças que pudesse passar o resto de sua vida sentindo o mesmo que ela o fazia sentir.


[08/06/21]
sem revisão

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