(04)«𝑷𝒐𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒆 𝑺𝒆𝒓𝒆𝒊𝒂𝒔»


☆꧁༒04༒꧂☆

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Lyra, point of view
Torre da Justiça - Enies Lobby

Era satisfatório ver a expressão no rosto do Spandam. Ele, com olhos tremilicando e sobrancelhas franzidas, apresentava um colapso emocional. Seu rosto pálido e suado revelava tensão, enquanto mastigava o lábio inferior rapidamente, em um tique nervoso. Era possível escutar sua respiração acelerada, ele permanecia imóvel, olhando para mim com um silêncio opressivo, contrastando com sua raiva interna. Seus dedos crispados e mãos trêmulas refletiam desespero e pânico.

A máscara finalmente caiu, foi? Ri com o desespero do homem. Ele havia se entregado todo, eu apenas dei a pitada de sal para completar o prato já servido. Spandam piscou atordado e me olhou novamente.

- Sua vadia! - esbravejou. Spandam vinha em minha direção possesso de raiva. Olhei de canto de olho, não havia onde me apoiar com os pulsos presos, ele realmente ia...

Sim....ele não só ia, como fez.

A sensação era de impotência, como se eu fosse uma boneca de pano sendo jogada para lá e para cá. Meu corpo batia nos degraus, produzindo um som surdo e doloroso. A dor era como uma onda que cresciam a cada rotação. Quando finalmente parei, fiquei atordoada, com dificuldade para respirar. A dor aguda, como se meu corpo estivesse em chamas. Eu sentia dor na cabeça, nas costas, nos braços... em todo lugar.

Como se já não bastasse as dores anteriores.

Outro barulho foi escutado. Robin estava agora ao meu lado, numa situação parecida a minha.

- Quem deu permissão pra falarem aquelas idiotices?! - ouvi a voz de Spandam se aproximando de Nico Robin.

- Até onde eu sei, você não é nada meu para eu ter que lhe pedir permissão, Cabrón de mierda. - esbravejei na tentativa dele não focar na mais velha. - Deus me livre ser alguma parente distante sua, se bem que é impossível, a beleza da minha família é algo que não chegaria ao seu nível. - provoquei.

Robin precisava ficar bem para fugir com os Chapéus de Palha. As algemas de oceanite certamente a deixavam fraca por sua akuma no mi. O estúpido do Spandam, resolveu colocar em mim também as algemas de Kairoseck, no caso de eu ter comido alguma akuma no mi em segredo. Mas como esse não era o caso, então não me afetavam.

Admirava muito os poderes sobre-humanos, e como ajudavam em combate. Mesmo não sendo um fruto muito "poderoso", você pode tornar o poder útil e vantajoso, podendo usar a desvantagem como vantagem. Apesar disso, confesso que não conseguiria comer alguma delas sabendo da probabilidade de eu mergulhar em uma piscina ou nadar no mar, seria alta em taxas de afogamento. Eu amava nadar ao lado do barco enquanto ele está ancorado, nem consigo imaginar em como seria se eu não pudesse fazer mais isso.

- Levantem logo! Ãn...que olhar é esse Nico Robin? - questiona Spandam.

- Cancele o Chamado da Destruição! Pode ser que ainda dê tempo! - implora a morena preocupada. A olhei triste.

Poxa Robin....

- Cale-se! Ainda insiste nisso?! - diz Spandam com raiva enquanto se agachava no degrau acima do dela. - Sabe o que aconteceria se eu, diretor da CP9 dissesse: "Oi, mandei um Chamado da Destruição por engano!". Se liga idiota! - a ergue pelo colarinho. - O que me importa se sofrermos baixas? Depois que entregá-lás ao Governo meu futuro estará feito. E só isso importa, não é? - ri. Era ridículo sua encenação, Spandam conseguia ser insuportável num nível extremo.

A vontade de acabar com aquele riso só crescia.

- Isso nunca vai acontecer. - responde Robin firmemente.

- O que? - pergunta ele virando a cabeça. É um culero mesmo.

- Luffy e os outros estão vindo....- continua Robin com dificuldade ao respirar pelo aperto na gola. - estão bem atrás de nós.

- Não me venha com essas ideias - desdenha. - Você não tem a menor chance de sobreviver! O Chapéu de Palha está enfrentando o mais poderoso membro da CP9. Rob Lucci, cujo o nível de poder é de 4000! Não me diga que acha mesmo que aquele pirralho pode vencê-lo. - ri Spandam. - Nem o Chamado da Destruição nem o Chapéu de Palha atrás de nós podem mudar a situação. Entendeu sua vagabunda?! - ele chutou Robin que caiu escada a baixo de novamente.

- Robin! - chamei preocupada. Voltei meu olhar para o diretorzinho idiota. - Bastardo ignorante!

- Cale a boca, Lharpy! - ele se aproximou de mim. - ou quer o mesmo destino da sua amiguinha?

- Você é podre... - grunhi com nojo. Ele levantou o olhar para acima de meus ombros e riu.

- O que pensa que está fazendo, Nico Robin? - Olhei Robin, agora de pé nas escadas, me encarando, me olhando firme....como se me chamasse junto. Ela se virou e saiu correndo. Aproveitei que Spandam estava distraído e me levantei. Quando ele notou, veio pra cima de mim e antes que chegasse, desviei o fazendo desequilibrar, e chutei o meio de suas pernas saindo correndo na mesma direção do que Robin. - V-Vagabundas - o ouvi gemer de joelhos.

Ele logo iria dar algum jeito de nós pegar novamente, mas pelo menos conseguiria ganhar um tempo para Robin, e atrasar a execução. E como dito e feito, meu corpo foi bruscamente empurrado para a parede. Soltei um gemido alto de dor. Só nessa pancada, do jeito que minhas costelas estavam em ótimo estado, devo ter quebrado umas três. Como eu ainda tinha consciência, não sabia, cada músculo e osso do meu corpo doía, e ainda nem havíamos chegado na ponte.

- Não me subestimem! - ele para em minha frente e me soca no rosto. O apertando com a mão nas minhas bochechas. - Vai pagar por isso, vadia.

- Culeado - cuspo em sua cara e ele se afasta com nojo.

- Estúpida! - ele me pega pelos cabelos junto com Nico Robin e começa a nos levar para cima, passando pelos degraus com dificuldade.

Dor de cabeça? Jamais. Para piorar a situação para Spandam, fiz meu corpo de peso morto enquanto o via sofrer para nós carregar. Idiota, era só mudar o jeito de nós carregar, facilitaria para ele, e me daria menos enxaqueca.

- Vocês continuam me dando problemas, mulheres burras! Burras! Burras! Burras! - reclamava Spandam ridiculamente durante o trajeto. - Já estou me cansando de vocês. Andem logo vagabundas! - nos larga para frente entre os degraus, apontando a espada para nossos pescoços.

- Isso, vai. - incentivo para irrita-lô. - Nos mate aqui logo, e assim o Governo não terá quem executar e você perde tudo. - ele tosse. Não entendi o por que do ato, mas provável que havia sido algo natural, ou que fosse Spandam debochando da nossa cara.

- Sua vagabunda! Você me fez tossir. Burra! Burra! Burra! - ele reclamou.

Franzi o cenho.

O que o cu tinha haver com as calças?

...[💛]...


Durante o caminhar, Spandam parecida que só sabia fazer uma única coisa, reclamar e xingar sobre nós duas. Não sei se ele havia descoberto um novo hobby, mas por Deus, ele estava insuportável. Uma luz no fim do corredor vc começou a aparecer, os raios solares finalmente atingiram meu rosto, e uma explosão de cores e sensações me invadiu. Abri os olhos com dificuldade, revelando a ponte em que estávamos, envolvida com uma neblina. Atrás de nós, a Torre da Leu ainda conseguia ser vista.

- Finalmente chegamos á Ponte da Hesitação - disse Spandam animado. - Vejam!

Robin estava ao meu lado, em nossa frente era possível ver um enorme portão, e suas portas se abriam lentamente. Um arrepio se passou pela minha espinha, seu tamanho era amedrontador, davam a sensação de como se estivessem sugando a minha alma, cada esperança, cada relutância, ou algo do tipo. Não era a toa que estávamos na Ponte da Hesitação.

- Levou muito tempo....muito tempo. - começa Spandam. - Mas finalmente cheguei. Quando eu cruzar estes portões serei o herói do Governo....Aliás, o herói do mundo! - ele nos deixa para trás caminhando alguns passos para frente, admirando a vista dos portões. - a ponte que leva ao outro lado está subindo, e aguarda que o herói a cruze. Fabuloso! Veja o caminho do meu futuro brilhante! - gesticula.

Revirei os olhos.

Senhor, alguém faça esse homem calar a boca.

- Para vocês é caminho do inferno, não é. - aproxima seu rosto de mim. O olhei com raiva enquanto ele sorria. - Não concorda, Nico Robin? - a olha.

- Não. - respondeu ela. Spandam foi em direção de Nico Robin irritado.

- Ei o que você está fazendo? - questiona ele. E de surpresa, arregalou os olhos ao ver Robin dando uma cabeçada no mesmo e saindo correndo em seguida.

Ela realmente estava determinada.

Vendo Spandam grunhindo de dor, aproveitei que estava ao seu lado para lhe dar uma rasteira, o fazendo cair de costas no chão. Em um ato rápido, subi em cima dele e tentei tirar minhas espadas de sua cintura mexendo as mão para o lado, quando consegui pegar na bainha de uma delas, Spandam reagiu.

A cabeçada veio com tudo e eu cai para o lado rolando de dor.

- Vagabunda! - ele me empurra no chão e se levanta. - Pare de lutar contra o seu destino, Lharpy.

Pisquei os olhos meio atordoada. Levantando meu tronco lentamente, senti um líquido quente saindo do meu nariz, me sentei enquanto via pingos vermelhos caindo em meu colo.

Não...

"Lembre-se Lyra, a única pessoa que pode decidir seu destino, é você mesma. Você é uma Lharpy, se orgulhe de quem você é."

Mamãe...

Sinto um peso enorme me prender no chão novamente.

- Não terá como escapar enquanto eu pego Nico Robin. - Spandam correu atrás dela, foi aí que vi sua espada-elefante em cima de mim.

- Você tá me amando demais, não é amigo? - digo para o elefante, que me encara confuso. - só fica agarradinho em mim. - rio da minha própria piada, mesmo que agora o animal me encarasse com tédio. - sinto muito, no final de tudo isso vocês vão perder. - digo com firmeza. Escutava a discussão abafada de Spandam com Robin.

O céu azul, de um tom vibrante e radiante, se estendia infinitamente, pontuado por nuvens brancas e fofas, semelhantes a algodão ou lã. Elas tinham formas variadas e delicadas, amava como pareciam flutuar suavemente, como se dançassem ao sabor do vento. Era incrível como o céu conseguia ser belo até mesmo em uma situação como essa. Nem parece que essa ilha será destruída em menos de 5 horas.

- Levante-se, Lharpy! - ordena Spandam segurando Robin pelos braços e recolhe a espada. Ele me puxa com a mão livre. - A ponte finalmente se conectou! - ri. - Não consigo parar de rir! Ei! Guardas dos Portões da Justiça. Estão preparados? - fala num den den mushi.

- Sim senhor! O navio de escolta já está na terceira coluna.

- Não é isso! Porque não vieram me prestar continência?! O grande herói, Spandam, está atravessando!

- Ah, sim! Imediatamente.

As reclamações de Spandam voltaram, chamando os guardas de incompetentes. Vendo melhor a ponte, vi o enorme símbolo do Governo em cima dela. Claro que ia ter. Quanto mais próximos chegavamos, a vista dos guardas nós esperando ficava nitida, e Spandam tentava nos apavorar para perder as esperanças, sempre com o discurso enorme e idiota, que não fazia mais efeito. Pena que ele não sabia disso.

A tensão do ar aumentava, e Robin sentiu também. Então essa era a sensação de ir direto para a boca da morte?

- Ei está fugindo para onde? - Spandam me soltou olhando Robin, ela havia recuado um pouco. - Estou começando a sentir pena de você. Mas não adianta, não é? - ri. - sua vida não tem valor, morra de uma vez. - ele sussurra algo para ela, mas não consegui escutar. Seja o que for, a fez fugir.

"Mamãe, e o que a gente faz se não tivermos como nos defender? Eu não consigo me imaginar sem minhas espadas!"

"Não se preocupe, Lyra. Nós sempre damos um jeito, você vai saber na hora."

É claro...sempre dávamos um jeito.

Me levantei e fui até Spandam lhe dando uma rasteira novamente. E quando ele se ajoelhou de dor, aproveitei para bater meu joelho em seu queixo, o fazendo desequilibrar para trás. Antes que o corpo dele caísse no chão, me abaixei de costas para pegar minhas espadas, quando finalmente senti meus dedos em contato com o cabo delas, um felicidade se fez presente. Segurei firme as duas, e as puxei para longe.

Virei para ele. Spandam resmungava enquanto ainda com as costas no chão. Eu havia conseguido tirar as bainhas das espadas. As segurava firmes mesmo com as mão presas. Para o azar de Spandam, isso não me impediria de fazer um belo estrago.

Sim mãe, você estava certa.

- Não dê mais um passo! - aviso e ele para me olhando apavorado. -
eu posso muito bem acabar com você mesmo assim. - atrás de mim, senti a presença de Robin. Ela havia voltado.

- Os portões já se abriram, Lharpy. Você está me atrasando! - fala furioso.

- E eu com isso? - arqueo as sobrancelhas. - se o prejudicado for você, eu não ligo.

Ele me encarava furioso. Vou fazer o que? Não tinha culpa da incompetência dele.

- Vou contar um segredinho para vocês. Antes de cruzarmos a ponte, eu plantei uma mina no topo da escada pela qual viemos. - diz Spandam. - se porventura, alguém tentar chegar aqui, vai explodir. Mas não se preocupe, isso não vai acontecer. - ri. - desistam logo, ninguém virá.

- Acho que preferimos tentar a sorte. - falo ainda em alerta.

- Sua idiota. - Spandam se levanta com dificuldade e dá um passo para frente. - SOLDADOS! - chama.

Os soldados começaram a vir. Empurrei levemente Robin para trás e virei de lado. Minhas espadas estavam em minhas mãos, meio desajeitadas, mas graças a todo o treinamento que recebi, sabia usá-las até mesmo em situações como essa.

Vai ter que ser assim.

- Técnica de dos espadas - deixei as espadas paralelas. - Garras de águila! - o vento se agitou e impulsionei meu corpo girando. Não havia como eu mexer os braços, o único jeito era mexer o corpo todo.

Como o nome do ataques dizia, eram como garras de águias, afiadas e rápidas que causavam uma dor insuportável caso atingisse uma pessoa. Assim que corte das lâminas foi intensificado pelo vento que passava na hora, passou pelas pernas de Spandam ele caiu de joelhos, de novo, resmungando de dor. O ataque continuou, atingiu alguns soldados que saíram voando, e não parou até atingir a estrutura alta da ponte, onde fez uma cratera no símbolo do governo mundial.

- Eu disse, nem mais um passo. - cerrei os olhos. - está tudo bem, Nico Robin? - perguntei para ela atrás de mim.

- Sim, obrigada. - fala dando um sorriso tranquilo.

- Não por isso. - os cantos dos meus lábios se ergueram levemente, retribuindo o gesto.

- Suas idiotas! Sabem quantos soldados estão logo atrás de mim, além desses palermas? Não vão sobreviver! Nico Robin, ainda tem esperanças mesmo? A destruição de Ohara não lhe traz memórias do que lhe pode acontecer? O que...

- Cale a Boca! - interrompi Spandam. - Por Dios! É tão obcecado pelo passado dela assim?! - reclamo protegendo Robin. - Não faz nem 9 horas que estamos aqui, juntos, e você não parou de falar sobre um passado que nem é seu! Isso é doentio sabia? - comento e ele me encara estressado. Como eu adorava irrita-lô.

Uma explosão foi ouvida em nossas costas....A mina.

Olhei para a direção de onde veio o barulho a tempo de ver o corpo de Franky caindo na água.

Ele veio! Sorri animada.

- Cutty Flam? Por que ele está aqui? - diz Spandam tentando se levantar com as pernas machucadas, mas falhou miseravelmente. - Não importa! Ele caiu na armadilha, aquele imbecil! - sorriu convencido.

Franky não iria ser derrotado assim tão fácil...bom, era o que eu esperava. Observei Robin, lágrimas escorriam de seu rosto.

- Ele vai voltar. - digo olhando para o lado onde Franky caiu. - ele tem que voltar...

- PREPAREM O NAVIO, SOLDADOS! QUERO REFORÇOS AGORA PARA AS DERROTARMOS! - Spandam tenta novamente tenta se levantar, mais sem sucesso. - sua idiota! Por sua culpa não consigo mais ficar de pé direito! - eu ri o vendo, era engraçado ver suas tentativas e no final ele caia. - VENHAM LOGO SOLDADOS! - ele chama mais alguns que vem, apesar de serem muitos, ainda era notório que faltava soldados. - cadê aqueles idiotas?

...[💛]...


POV Autora

No outro lado da ponte.

Os cadetes da Marinha estavam perfilados em cada degrau da escada, prontos para escoltar duas criminosas de alta importância. No final da escadaria, encontrava-se um homem de estatura imponente, cerca de 1,95m, com cabelos loiros curtos penteados para trás de maneira levemente desalinhada. Seu rosto exibia traços rígidos e autoritários, com marcantes linhas de expressão e olhos cinzentos profundamente intimidantes. Uma cicatriz no lado esquerdo da bochecha conferia um charme peculiar à sua aparência austera. Vestia o uniforme de Vice-Almirante: uma camisa branca de mangas longas arregaçadas até abaixo dos cotovelos, calças igualmente brancas, uma jaqueta com ombreiras e insígnias indicativas de sua patente, além de um cinto largo com fivela dourada e botas pretas polidas que reforçavam sua figura imponente.

- Tem certeza disso, Vice-Almirante Ricky? - questionou um soldado visivelmente inseguro diante dele. - Diversos homens já subiram lá.

Ricky manteve-se impassível, a postura ereta e uma expressão firme que não demonstrava vestígio algum de hesitação ou receio. Durante anos naquela posição, jamais havia levantado suspeitas sobre suas verdadeiras intenções.

- Vamos logo com isso! Preparem-se para embarcar. E faremos isso com ou sem Spandam! Aquele incompetente já causou problemas o suficiente! - respondeu com irritação contida.

Controlar a movimentação dos soldados, diminuindo o número presente sem gerar desconfiança, não era tarefa fácil. Para piorar, Lyra estava agindo em total desacordo com o plano inicial. Ricky conseguia ouvir os sons caóticos vindos da ponte - certamente resultado da interferência desastrosa de Spandam -, e isso não lhe agradava. Embora fosse hábil em lidar com imprevistos, especialmente nas missões realizadas para o Exército Revolucionário, ele os desprezava profundamente.

- Sim, senhor! - respondeu o soldado com nervosismo, quase vacilando diante da autoridade inabalável que Ricky emanava. - Cadetes! Vocês aqui embaixo, para o navio, agora! - ordenou, fazendo com que a maioria dos soldados rapidamente se deslocasse.

Com um suspiro exausto, Ricky ergueu os olhos ao céu. Ártemis, sua fiel companheira, voava em círculos acima. Era uma harpia de cerca de um metro e meio, cuja plumagem predominantemente branca era intercalada por penas negras nas asas e na cauda, formando um contraste elegante. Seus olhos azul-cristalinos reluziam com uma sagacidade penetrante, enquanto seu bico poderoso e garras douradas evidenciavam sua letalidade. Leal como poucos, Ártemis carregava no pescoço um delicado colar dourado com uma pequena placa.

- Ártemis! - chamou a ave, que imediatamente desceu em um voo rápido, pousando em seu ombro direito. - A situação está pior do que eu imaginava. Que tal ajudar aquela pirralha teimosa? - sugeriu com firmeza.

Ártemis soltou um grito estridente como resposta afirmativa antes de abrir as asas e alçar voo novamente.

- Você acha que ela vai obedecer? - perguntou Finnley, aproximando-se com passos tranquilos. Ele era o braço direito de Ricky: um homem alto e atlético, de pele morena e olhos verdes intensos que naturalmente chamavam atenção de ambos os sexos. Seu uniforme de capitão da Marinha estava impecável apesar do vento que bagunçava seus cabelos curtos.

Ricky resmungou entre os dentes.

- Aquela garota não aprende nunca. - Virou-se em direção ao navio enquanto falava. - Algum dos nossos saiu, Finn?

- Nenhum sequer - respondeu Finnley enquanto admirava o esplendor do navio à sua frente. - Todos estão exatamente onde você mandou.

- E o barco reserva? Está disponível para caso Lyra precise escapar? - insistiu Ricky.

- Tudo conforme suas instruções. Mas precisamos nos apressar. O Chamado da Destruição logo chegará aqui - alertou

Ricky soltou um suspiro profundo enquanto limpava a poeira de seu casaco. Antes de prosseguir, voltou-se mais uma vez para observar a ponte. Havia conseguido reduzir significativamente o número de marinheiros adversários para o confronto, mas ainda restavam muitos.

Sentindo a brisa fresca roçar em seu rosto, dirigiu-se com passos firmes à rampa que levava ao navio. Ártemis o alcançaria em breve. Comandando a atenção de sua tripulação, ergueu a voz:

- Atenção! Levantem âncora! Soltem as amarras! Iniciem os motores! - Sua ordem ecoou pelo convés, e os marinheiros rapidamente entraram em ação. - Partiremos agora, rumo ao Quartel-General! - anunciou, enquanto a agitação no navio crescia a cada instante.

Enquanto Finn auxiliava na execução dos comandos, Ricky permitiu-se um instante de contemplação, erguendo os olhos ao céu antes de se retirar para o escritório.

Não faça nada de estúpido, hermana. Seu pensamento reverberou silenciosamente enquanto passava pela porta.

...[💛]...

Lyra P.O.V

Me distrai ao ouvir um grito agudo pelos céus. Logo, uma enorme ave pousou em minha frente, eu a conhecia muito bem.

Ártemis.

- Olá, lindona - a olhei, e ela piou de volta animada. - Aposto que ele não está nada feliz. - ri. Notei que Robin observava a ave com curiosidade. - Não se preocupe, ela está do nosso lado. - respondi sorrindo.

- Que harpia bonita. - Comentou ela se aproximando devagar de Ártemis.

Spandam com certeza estava bravo. Não estavam chegando mais soldados, e agora eu entendi o motivo. Ricky....

- Seus id...

Antes que Spandam pudesse terminar, um tiro foi direto em sua cara. Ártemis se colocou pronta para atacar e eu tentava de algum modo, dar um jeito de ficar numa posição em que algum ataque seria eficaz.

- Direto...- os marinheiros começaram a ser atingidos também. Um por um, cada um foi desabando no chão.

- É o narigudo! - vi Robin sorrir olhando para cima. Desviei o olhar para a mesma direção, para conseguir enxergar realmente de longe, usei o Haki da Observação. Era o doido que havia colocado fogo na bandeira do governo. Os tiros passavam por nós, mas sem nos atingir. O narigudo era muito bom de mira. Estava impressionada, aquela torre não ficava nem um pouco perto de onde estávamos.

- Cadê ele?! - Spandam finalmente se levantou, mais com ajuda de alguns soldados. - Na Torre da Justiça? O que ele acha que vai conseguir fazer dali?! - questionou assustado.

No andar de baixo consegui ver Sanji machucado ao lado do Zoro. Apesar dos ferimentos, ele parecia bem. O narigudo continuou atingindo os marinheiros e Spandam novamente. Aproveitamos a distração, e eu e Robin começamos a correr, seguidas por Ártemis que voava acima de nós. Robin sorria e ria de leve enquanto corríamos. Era bom vê-la assim. Já eu, estava me sentindo uma criança correndo de valentões, mesmo que estivesse segurando as espadas de forma totalmente desajeitada. Gritos e o som de armas sendo engatilhadas começaram a vir e Ártemis se preparava para atacar.

- Fogo!!

Me coloquei na frente de Robin e Ártemis ficava na minha frente. Ambas esperando as balas nós alcançarem.

Mas elas nunca chegaram.

O som de metal sendo atingido foi a única coisa que era possível escutar.

Calma...

Foquei a vista, vendo na frente de Ártemis um ser de cuequinha azul com blusa havaiana e coqueiros verdes.

- Franky! - sorri animada.

- Oi maninha! - ele sorri - Relaxa, eu sou forte porque sou feito de ferro. - se explicou - E que ideia de mina é essa, Spanaca? - disse irritado para o homem em sua frente.Spandam tremeu de medo. E quando eu penso que não, Ártemis veio até mim com uma trouxinha vermelha em suas garras.

- O que é isso? - questionei.

- Tem duas chaves aí. Juntando com as outras duas chaves que você tem, temos todas elas. - disse o den den mushi que Franky havia acabado de pegar.

- Ah, entendi - disse Franky. - Número Um - ele pega uma chave e se vira para Robin, que havia se aproximado depois de ver que era o Franky.

Não encaixou nas algemas de Robin.

- Franky, testa nessas daqui também? Pelo jeito são do mesmo modelo. - pedi vendo o tipo das algemas da Robin, eram semelhantes as minhas.

E eram mesmo, encaixaram certinho.

Era tão bom a sensação de liberdade, não consegui esconder o grande sorriso quando senti aquelas algemas se abrindo.

- Como é bom ter as mãos livres. - girei meus punhos os alongando.

- Porque colocaram algemas de Kairoseck em você também? - perguntou Franky confuso quando as algemas de Robin se soltaram com uma das outras chaves que ele estava testando. - Consegui!

- Ideia de gente desprovida de inteligência. - respondo simples pegando minhas espadas novamente, que eu havia deixado no chão. - Oi, minhas bebês. - sorri.

- Não pode ser! Todas as chaves são verdadeiras!? - escutamos os gritos desesperados de Spandam.

- Não. Nós duas estamos algemadas ainda, não tá vendo não? - respondi com ironia encarando sua cara toda acabada. Ao meu lado, Robin quase caiu, imagino que pelo cansaço, mais foi segurada por Franky antes de chegar ao chão.

- Não vai agora, não, filha! Segura a emoção! - disse Franky brincando.

- Narigudo, muito obrigada! - agradece Robin no den den mushi.

- Pode agradecer a todos que lutaram pelas chaves quando tudo acabar. Você é um legítima companheira do meu amigo Luffy! Está livre agora.

Com um sorriso no rosto, ela olhou para mim e em seguida para Spandam. Mãos começaram a brotar do corpo do diretor que começou a gritar em desespero.

- Seis Fleur! - mais surgiram no corpo de Spandam. E eu sorri. Finalmente estava vendo a akuma no mi da Robin. - Slap! - elas lhe batiam com rapidez e até que finalmente o fizeram desmaiar.

A mais velha se virou para mim e sorriu.

- Obrigada Lyra - disse gentilmente. - Por me ajudar a persistir. - explica.

Respira Lyra, não surta.

- Não precisa agradecer. Só fiz o que imaginei que seria o certo. - retribui o sorriso.

- Franky, Robinzita, a gente tá bem aqui. Fiquem tranquilos, já estamos indo aí - um voz familiar ecoou do Den den mushi.

Sanji.

Soltei um suspiro de alívio que nem sabia que estava preso. Eu o havia visto, mais ouvir a voz dele era diferente.

- Que bom - disse Robin. Estavamos em um tipo de roda em volta do den den mushi na mão do Franky

- Lyra...- Sanji disse novamente me chamando a atenção. O que ele estava fazendo? - por favor... não saia correndo. - sua voz saiu....ele parecia.. envergonhado?

Olhei desacreditada para o den den mushi.

Franky e Robin nesse momento me encaravam confusos. Estava surpresa, confesso. Mas só dei uma risada leve e respondi:

- Não se preocupe, ainda temos que botar o papo em dia, não se esqueça, cozinheiro. - sorri com ternura.

Escutei uma risada gostosa vindo através da chamada. Acho que consegui o deixar mais calmo. Aquela risada dele.... me fazia ficar com um sorriso bobo no rosto.

- Pode apostar, ma chérie. - ele respondeu e desligou. Sorri. Fazia tempo que não escutava seus apelidos, e confesso que sentia falta deles.

Só não estava preparada para o rosto de Franky que apareceu na minha frente. Não havia dado cinco segundos que a ligação havia se encerrado.

- Ih maninha, conhece os chapéus de palha?! - Franky perguntou. Provavelmente curiosa pela pequena conversa.

- Isso não vem ao caso agora. - desvio o olhar sentindo meu rosto ficar quente. Virei meu corpo para frente, desmontando a roda que tinhamos criado. - Olha só o problemão que temos agora.- mudo de assunto apontando para os soldados.

- Tentando desviar o assunto, é? - provoca Franky aproximando seu rosto do meu. Droga, eu não queria falar sobre isso agora. - Mas você tem razão, q gente tem que limpar essa área. - disse se afastando de mim, suspirei aliviada por um segundo. - Cês tem maior cara de faxineira, posso contar com vocês ?

- É claro. - respondeu Robin sorrindo.

- Lá em casa sempre tinha o dia de faxina geral. - disse sorrindo desabinhando minhas espadas gemeas.

- Rápido, soldados! Antes que o ataque se intensifique! - gritava Spandam.

Os soldados começaram a vir para cima de nós sem dó nem piedade. As dores em minhas costelas prevaleciam, mas de algum modo uma adrenalina e excitação percorriam pelo meu corpo em um ritmo selvagem. Era como se cada fibra do meu corpo vibrasse com a necessidade de lutar. Minhas mãos formigavam em contato com minhas espadas, e uma eforia foi se acumulando em meu ser. Soltei um sorrindo feroz, animada por finalmente estar com minhas bebês novamente, prestes a lutar de verdade.

- Tem um navio de escolta do outro lado da ponte. Será que aquilo pode ser uma chave para nossa fuga? - perguntou Franky.

- Temos outra opção? - perguntei.

- Eu acho que só vamos conseguir sair daqui se tomarmos aquele navio - disse Robin .

- Ártemis! - chamei a enorme ave de rapina que pousou em minha frente. - Avise Ricky que ele pode partir. Se ele ficar aqui tera riscos, ah, e de preferencia, diga para deixar um navio para nós roubarmos, por favor. - disse.

Ela voou majestosamente, até que a perdi de vista pela velocidade enorme que a mesma possuia. Escutei as armas sendo engatilhadas, e me coloquei em posição.

- Dessesseis Fleur. - Robin iniciou com um movimento. Mãos nos ombros dos soldados começaram a surgir, causando um certo desespero entre eles. Levantaram os canos das armas para o alto, e num segundo foram disparadas. Todas as balas desviadas de nós.

Franky começou a atacar também. Enquanto isso, eu me preparava para lutar. Oito soldados começaram a vir para cima de mim com suas armas em mãos. Me coloquei em uma postura defensiva, com um pé para frente e outro atrás, e segurei uma espada em cada mão.

- Técnica de dos espadas - comecei a mover as espadas em movimentos circulares, simulando um bater de asas. - Alas y garra! - avancei contra os soldados, que começaram a atirar em minha direção. Em minha mão esquerda, me defendia com a espada que cortava as balas que passavam. Enquanto isso, dava cortes rápidos e profundos com a da direita. Fiquei alternando entre ataques e defesas, era como uma dança mortal. Outros soldados começaram a vir para cima, e continuei a atacar precisamente cada um. Era uma dança que nunca acabava.

Apesar disso, eu sentia como se estivesse deslizando. Isso que eu amava, que eu precisava.

Encerrei dando um giro no último soldado, e sorrindo satisfeita comigo mesma.

- Eita lasqueira, menina! - ri ouvindo o comentário de Franky. - Tu é rápida, não é?!

- Um pouquinho só. - respondi rindo indo na direção dele, que estava junto com Robin usando sua akuma no mi para derrotar alguns soldados atrás deles.

- "Um pouquinho"?! Maninha, foram 20 soldados em menos de 10 segundos! - disse o ciborgue espantado.

- Para mim parecia que havia durado mais tempo. - disse. Eu sabia que, mesmo que parecesse que durasse mais tempo para mim, passava num segundo para quem assistia.

- Terceiro, quarto, quinto esquadrão! - vi Spandam desesperado com apoio de soldados. - inferno, cadê todo mudo?! Todos que tiverem, vão pra cima!

- Na boa, eu nunca vi tanta gente maluquinha ao mesmo tempo. - disse Franky me empurrando levemente para atrás dele. - Acho bom vocês ficarem longe queridinhas.

Franky começou a lançar inúmeros ataques, um atrás do outro. Olhei para Robin, ela estava tranquila, mr olhou de volta sorrindo. Era engraçado ver os ataques do Franky, eu quis cair na risada quando ele do nada fez um tipo de transformação em centauro. Ele apelidou de "Franky Centauro".

Robin começou a bater nas cabeças dos soldados e eu apenas atacava com minhas duas espadas, liberando espaço. Os soldados começaram a fugir, alguns pulavam da ponte e caiam na água, outros, saiam correndo na direção contraria. E a raiva de Spandam só aumentava por tais atos.

- É sério que esses caras não vão desistir? - perguntou Franky indignado.

- São um bando de covardes. - respondi guardando minhas espadas na bainha em minhas costas.

- Apesar disso, são muitos soldados. É mesmo uma força militar de primeira. - disse Robin ao meu lado.

E olha que Ricky havia reduzido bastante o número de soldados.

- Vão rápido peguem a Robin e vão para o navio. Parem de encher o saco, os navios de guerra estão chegando! - gritava Spandam sem forças.

O mar começou a se agitar, notei as águas se movendo rapidamente.

Algo estava errado.

Mais soldados começaram a fugir. Havia entendido o motivo conforme a vista de navios da marinha foram aparecendo.

Era o Chamado da Destruição.

Robin vacilou ao meu lado.

- Não pode ser....

Me agachei em sua frente, colocando as mãos em seus ombros. Seus olhos estavam arregalados, conseguia sentir sua respiração rápida e superficial.

- Robin...- a chamei. Ela não respondeu.

Canhões começaram a ser disparados, não chegavam ainda em nós, mas somente na Torre da Justiça....por enquanto. O corpo de Robin começou a tremer. Ela estava tendo um ataque de pânico.

- Robin...está me escutando....? - tentei novamente, minha voz saiu em um tom de preocupação.

- Não consigo... não posso... - ela murmurou cobrindo o rosto com as mãos.

O Chamado da Destruição...deve estar lhe trazendo memórias ruins. Ela precisava de ajuda. Antes que o pânico a consuma. Spandam e Franky estavam discutindo mais á frente. Sabia que ele daria conta, então precisava me concentrar na mais velha em minha frente.

- Robin....olha para mim. - tirei suas mãos delicadamente do rosto. - Não vai ser igual a aquele dia.

- Eles....vão destruir tu-tudo. - sua voz saiu tremendo. Lágrimas escorriam de seus olhos. Ela não merecia isso.

- Você não está sozinha. - olhei no fundo de seus olhos escuros segurando suas mãos.

Um estrondo veio na torre em nossas costas. Alguém saiu atravessando as paredes, atingindo um dos barcos da marinha que estava na costa. Luffy.

- Olhe. - apontei para a direção do ataque. - Seu capitão está aqui, ele vai derrotar Lucci. - vi o mencionado em sua forma de tigre indo em direção do barco. - Seus outros companheiros estão vindo, lembra? - ela acenou com a cabeça. - Anos atrás você não tinha esses companheiros, hoje você tem. Não pense que será como antes.

Senti um arrepio na nuca. Me levantei rapidamente tirando as espadas das minhas costas, as colocando em um X para me defender. E foi bem na hora da espada-elefante de Spandam chegar e vir com tudo para cima da minha defesa. Me mantive firme, segurando o ataque junto com Franky que segurava perto da cabeça do objeto.

- Aí, como eu sou tolo, pensando que tu tem salvação, né? - Franky disse apontando um canhão de seu braço para a cara do elefante. - faz esse nariz voltar ao normal elefante, pode ser? Faz o que eu mando ou vai levar chumbo. - ameaçou.

Nunca fui a favor de violência contra animais, mais estava difícil continuar com a defesa. O elefante voltou ao "normal" assustado, e eu respirei aliviada guardando novamente as espadas.

Me virei para Robin, que piscou os olhos atordoada, me olhou novamente e eu a ajudei a se levantar. Robin sorriu me olhando.

- Robin, o pessoal do chapéu de palha vai chegar aqui, não é? - perguntou Franky respirando ofegante.

- Todos virão, com certeza. - respondeu ela sorrindo.

- Eu acho que já falei que resolvi apostar tudo que tenho neles, Spanaca. - disse Franky segurando ainda a espada-elefante, mesmo que tivesse diminuido de tamanho aquele bicho continuava enorme. - E eu pensando que esse dia nunca fosse chegar todos conheciam lendas contadas sobre Enies Lobby, todos conheciam o poder do governo mundial. E ao msm tempo, o chapéu de palha continuou em frente e quebrou todos as regras. Por uma unica companheira, eles resolveram comprar briga com o mundo inteiro. - fui ao lado do ciborgue, colocando a mão em seu braço, num sinal de apoio. - Mas que emocionante. Até hoje eu não consigo esquecer da morte do Senhor Tom. - Franky devolveu o elefante em cima de Spandam.

- Como que tá a perna? - perguntei vendo a mesma com um corte, sangue escorria e caia no chão.

- Nada que eu não possa aguentar. - respondeu Franky me olhando. - e você, Nico Robin?

- Estou bem. - respondeu simples. - obrigada, aos dois. - agradeceu, os cantos de seus lábios se ergueram.

- Bom. - digo e olhamos para os navios da marinha se aproximando. - Vamos roubar um barco! - sorri determinada.

- Isso ae, maninha! - disse Franky feliz batendo um soquinho comigo.

...[💛]...

- Foi mal ai pessoal da marinha! Mas a gente vai ter que usar esse navio de escolta para fugir daqui! - gritou Franky na borda do navio para os marinheiros caidos na água.

Verifiquei o navio mais uma última vez. Ele era grande, e até que bom, de ótima qualidade.

- Tudo limpo! - afirmo. - só falta o resto do povo chegar e a gente mete o pé. - coloco as mãos na cintura vendo Robin feliz em cima de um caixote.

- Meninas, tem algo de errado. - Franky se afastava da borda meio incerto. - as águas estão...

Ele foi interrompido por algo enorme saindo da água e caindo dentro do barco. O que era aquilo? Cauda de peixe?....mais por cima....aquela....era a...

- DONA KOKORO?! - gritamos eu e Franky juntos.

Como que ela estava aqui?

- Ah, oi crianças! - cumprimentou ela normalmente. - como vocês estão?

O pano vermelho que ela carregava, foi aberto, revelando a ruiva dos chapéus de palha, o narigudo, Zoro, e por fim....Sanji. Todos estavam com caras acabadas, como se tivessem acabado de ver algo horrível.

- Acho que eles viram alguma coisa horripilante, viram algo extremamente chocante, que ficaram semimortos, então quase nem engoliram água. - falou Franky analisando eles.

- Que maravilha! Só que... o que será que foi tão grande que causou um choque? - perguntou Dona Kokoro, sorridente como sempre.

Dei um olhar ameaçador para Franky antes que ele pudesse falar qualquer coisa. Ele me olhou suando frio, e desviou o olhar. Me aproximei dos "semimortos", mais especificamente da ruiva.

De fato, era uma linda mulher. Agachei ao seu lado e bem nesse instante ela se virou para me olhar. Seus olhos alaranjados se arregalaram e ela se sentou rapidamente se afastando de mim.

- Ei, calma. - disse calmamente colocando as mãos na frente do meu corpo para acalmar o clima. - eu não tenho nenhuma doença contagiosa, nem nada. - tentei descontrair.

- Você... - ela disse confusa.

- Eu..?

- Você é aquela prisioneira junto com a Robin, não é? - perguntou se aproximando de mim.

- Eu mesma. - afirmei. - muito prazer...- estendi minha mão direita pra cumprimentar ela.

- Nami. Pode me chamar de Nami. - ela retribuiu.

- Senhorita Nami, você está bem? - escutei a voz familiar atrás de mim.

- Sim. - Nami respondeu e ambas nos levantamos.

- Viram uma visão do inferno, mais ainda estão vivos. - disse Franky rindo.

- Franky! - fui até ele e lhe deu um tapão no braço.

- Que foi, tô mentindo, maninha?

- Você...é irmã do Franky?! - perguntou Nami confusa.

Quando fui responder, um grito foi solto. Era o narigudo olhando a Dona Kokoro, que agora estava com um pano em volta de si.

- É verdade, sereias não existem!

- Quer dizer que isso é um gnomo? - Zoro chorava jogado no chão. - Pensei que fosse uma sereia, mas na verdade era um dugong!

- Seu imbecil, a própria ainda não disse que é uma sereia! - vi o cozinheiro conhecido chorando decepcionado no chão. - Não desista dos seus sonhos!

- Eu sou uma seria do tipo peixe branco. - respondeu Dona Kokoro sorrindo.

Comecei a rir junto com Robin pelo drama feito por Sanji batendo na madeira e pelos outros.

- Para, não diga peixe branco. Eu não aceito isso. - ele batia na madeira a cada frase. - ser...

- Deixe de drama, berinjelinha. - o interrompi chamando pelo apelido que Zeff tinha dado para ele.

Sanji se levantou de imediato, demonstrando uma leve hesitação. Com tranquilidade, ele direcionou o olhar para mim. Seus olhos cinzentos se cruzaram com os meus azuis, e, por um instante, parecia que o tempo havia parado, como se nossos olhares se fundissem em um só. Senti meu coração disparar e minhas bochechas se aquecerem, enquanto um sorriso tímido surgia em meu rosto. Ele começou a vir em minha direção com os olhos arregalados e, em poucos passos, estava bem diante de mim. Com delicadeza, Sanji passou a mão pela minha bochecha antes de segurar meu rosto com firmeza.

- Lyra... - murmurou com um sorriso e a voz ligeiramente embargada.

- Como vai, tonto? - respondi com um sorriso que mal conseguia controlar.

De forma inesperada, ele me puxou para um abraço apertado pela minha cintura, enterrando o rosto na curva do meu pescoço enquanto respirava fundo. Sem pensar, retribuí o gesto, envolvendo meus braços ao redor dele e apertando com força, como se temesse que ele escapasse. Naquele momento, parecia que tudo ao nosso redor deixara de existir. Não pensávamos na sujeira, nos machucados, no mau cheiro ou na dor; nada disso tinha relevância. Tudo o que importava era aquela sensação avassaladora de conexão.

Nossas respirações se sincronizaram, assim como os batimentos de nossos corações, criando uma atmosfera de segurança e conforto que era quase indescritível. O calor que surgia entre nós evocava algo familiar, algo que parecia ter sido deixado para trás... algo nostálgico.

- Eu falei que ia te encontrar. — Sanji disse se afastando um pouco, mas ainda mantendo as mãos firmes em minha cintura.

- E você me encontrou, não foi? - brinquei arqueando a sobrancelha e dando um sorriso.

E então, no meio disso tudo, começamos a rir. Ele me ergueu no ar, andando comigo pelo navio como se fôssemos crianças outra vez, gargalhando sem motivo além da alegria pura.

E assim era.

Éramos amigos de infância.

Apenas felizes por estarmos juntos novamente.

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» Esse capítulo ficou ENORME, sim eu sei skskskksks

» Eu realmente queria escrever logo esse momento, então espero que tenham gostado💛 demorou, mais chegou.

» Não se esqueçam de curtir o capítulo e comentar o que acharam💛

» Vejo vocês no próximo capítulo💛💛

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