𖹭⠀࣭⠀ֹㅤ  Invasão, uma mini van e um coelho apressado ⊹ㅤ  ㅤ゜★
❛ Nós realmente deveríamos nos mudar, isso não é legal.  ❜
5.697 palavras

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A LUZ SUAVE DA MANHÃ COMEÇAVA A ENTRAR PELA JANELA, tingindo o quarto com tons dourados. Agatha estava aconchegada contra o peito de Rio, o calor de seu corpo proporcionando uma sensação de segurança e tranquilidade. O som suave da respiração de Rio, ainda dormindo profundamente, fazia Agatha se sentir completamente em paz. Ela sorriu, permitindo que seus dedos percorressem distraidamente os cabelos bagunçados de Rio, absorvendo a calmaria do momento.

A calma do quarto foi interrompida por vozes animadas vindas do andar de baixo. Agatha franziu a testa, confusa, enquanto Rio se remexia, acordando lentamente.

─── O que foi isso?

Agatha perguntou, erguendo a cabeça para ouvir melhor. Rio, ainda com os olhos fechados, murmurou sonolenta:

─── Provavelmente o fantasma do bom senso vindo chutar minha bunda por ter invadido a casa de Wanda e Natasha por uns 16 anos.

As vozes ficaram mais claras. Era impossível não reconhecer o tom energético de Natasha, seguido pelo riso abafado de Wanda e a voz levemente autoritária de Jennifer.

─── Como diabos elas entraram aqui? 

Agatha perguntou, jogando as pernas para fora da cama, seu tom já cheio de irritação. Rio abriu um olho preguiçoso e bufou.

─── Aquele riso? É da Alice. Aposto vinte dólares que Jen ainda tem aquela cópia da chave que roubou quando eu me mudei.

Antes que Agatha pudesse responder, ouviram passos subindo a escada e a porta do quarto abriu-se com um movimento teatral. Jennifer estava parada ali, com as mãos nos quadris, um sorriso satisfeito no rosto.

─── Bom dia, casal do ano! ─── Jennifer disse, ignorando completamente os olhares incrédulos das duas. ─── Achei que vocês já estariam prontos. Temos um passeio divertido planejado.

─── Passeio? ─── Agatha arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços. ─── E quem deu permissão para vocês invadirem a minha casa? Isso é um absurdo!

─── Eu. ─── Jennifer respondeu sem hesitar. ─── Achei que vocês precisassem de uma intervenção social depois de toda aquela competição que quase causou uma greve no quarto.

Rio suspirou, sentando-se na cama com os cabelos bagunçados e a camisa amassada.

─── Eu prefiro uma intervenção de café.

Jennifer fez um gesto dramático com as mãos, enquanto Agatha concordava com as palavras de Rio.

─── Sem tempo para isso. Natasha e Wanda estão lá embaixo esperando, e Yelena, Kate, Billy, Lilia e... ah, até Sharon, estão no carro. Vocês ainda precisam se arrumar, Alice vai cuidar do Nicky para não nos atrasarmos tanto.

Agatha piscou, confusa.

─── Quem diabos é Sharon?

Rio, ainda um pouco lenta, abriu um sorriso e respondeu com um tom cuidadosamente atencioso:

─── Sra. Heart, meu amor. Como você a chama.

Agatha revirou os olhos e murmurou algo inaudível, enquanto Jennifer batia palmas, claramente satisfeita com o caos que havia causado.

─── Agora, mexam-se! A diversão não espera ninguém.

Jennifer declarou, já saindo do quarto sem dar chance para respostas. Rio olhou para Agatha e soltou uma risada baixa.

─── Parece que fomos sequestradas, Harkness.

─── Fomos invadidas, Vidal. ─── Agatha respondeu, puxando o lençol com indignação. ─── E ainda assim, a culpa vai cair sobre você.

Rio apenas deu de ombros, jogando-se de volta na cama com um sorriso travesso.

─── Eu aceito o risco.

(...)

VINTE MINUTOS DEPOIS, Rio desceu as escadas já pronta para o dia, exibindo seu visual casual e confiante: jeans ajustados, uma camiseta branca e seu cabelo bagunçado de maneira charmosa, como ela fazia questão de destacar a Agatha. Quando chegou à sala, foi recebida por um cenário quase caótico de amigos espalhados pelo sofá e cadeiras, enquanto Nicky, ainda sonolento, estava enrolado em uma manta no canto.

Assim que viu Rio, ele abandonou a manta e correu até ela, braços estendidos.

─── Mãe... colo.

Rio sorriu, agachando-se para recebê-lo e erguendo-o com facilidade.

─── Bom dia, campeão. Dormiu bem?

─── Uhum.

Nicky respondeu, já aconchegado contra o ombro de Rio, o rosto descansando em seu pescoço. Wanda, que estava sentada próxima a Natasha, observou a cena com um sorriso suave.

─── Parece que alguém já escolheu sua favorita.

Rio riu, ajustando Nicky em seus braços para que ele ficasse mais confortável.

─── Não é competição, Wanda. Mas, se fosse, acho que estaria ganhando.

Jennifer, que estava no sofá, olhou para Rio com uma expressão que misturava impaciência e humor.

─── E Agatha? Ainda se arrumando?

Rio suspirou, balançando a cabeça enquanto fazia carinho nos cabelos de Nicky.

─── Ela está se arrumando, sim. Você sabe como ela é. Quando disse que estávamos indo para um passeio, ela entendeu como um desfile.

Jennifer deu uma risada alta, provocativa.

─── Achei que depois de você ela já tivesse se acostumado a "ir de qualquer jeito".

Rio ergueu uma sobrancelha, fingindo indignação.

─── Ei, eu posso ser casual, mas nunca "qualquer jeito". Sou um charme ambulante, obrigado.

Wanda riu da troca entre as duas, enquanto Natasha acrescentava com um sorriso:

─── Jennifer, você não deveria provocar essa maluca, ela sabe onde você mora.

─── Ela não faria nada, Agatha não permitiria. ─── Jennifer respondeu, confiante. ─── Rio precisa de mim para salvar a bunda dela quando Agatha está irritada.

Rio fingiu pensar, mas antes que pudesse responder, Nicky murmurou sonolento contra o ombro dela:

─── Mãe Rio é melhor.

O comentário, embora inocente, fez todos, com exceção da própria Jennifer, rirem, e Rio deu um beijo rápido no topo da cabeça de Nicky.

─── É, Nicky sabe das coisas.

Trinta minutos depois, os passos de Agatha ecoaram pela escada. Quando ela apareceu, a sala ficou momentaneamente em silêncio. Vestida impecavelmente com uma calça de alfaiataria púrpura, uma blusa social branca e um blazer que parecia feito sob medida, ela era a imagem da sofisticação. Seus cabelos estavam perfeitamente modelados, caindo em ondas suaves, e sua maquiagem leve realçava sua beleza natural.

Jennifer foi a primeira a reagir, com um revirar de olhos exagerado.

─── Bem, agora eu entendo por que demorou tanto. Você veio para um passeio ou para uma sessão de fotos da Vogue?

Agatha lançou um olhar frio, mas com um sorriso brincando no canto dos lábios.

─── Nem todos podem sair por aí com jeans e camisetas, Jennifer. Alguns de nós tem um nome a defender.

Rio, que estava no sofá com Nicky no colo, ergueu os olhos para Agatha e deixou escapar um assobio baixo, mas genuíno.

─── Uau, mi amor. Você não está só linda, está deslumbrante.

Agatha sorriu com a sinceridade de Rio, inclinando-se ligeiramente para ajustar a camisa de banda da mais nova.

─── E você, como sempre, faz o "casual rebelde" parecer encantador.

Nicky, agora mais acordado e ainda no colo de Rio, olhou para a mãe com um sorriso largo.

─── Mamãe, você está muito bonita.

Agatha derreteu com o comentário, aproximando-se para beijar o topo da cabeça de Nicky.

─── Obrigada, meu amor. Acho que sua outra mãe não pode reclamar muito da minha demora, já que vocês dois estavam tão confortáveis aqui.

Rio deu um sorriso divertido, ajustando Nicky em seu colo.

─── Eu estava aproveitando o tempo com o campeão aqui. E, para ser justa, a gente meio que esperava isso.

Jennifer revirou os olhos, levantando-se do sofá dramaticamente.

─── Tudo bem, desfile concluído. Podemos ir agora ou você quer trocar de roupa mais uma vez?

─── Muito engraçada, Kale. ─── Agatha respondeu com falsa doçura, antes de se virar para Rio. ─── Pronta, meu amor?

Rio riu, levantando-se com Nicky ainda no colo.

─── Sempre.

Agatha pegou sua bolsa elegante e se dirigiu à porta com um aceno para os outros.

─── Vamos então, antes que alguém decida me culpar por qualquer outro atraso.

Enquanto todos se dirigiam para fora, Wanda cochichou para Natasha com um sorriso:

─── Eles parecem uma família de comercial de margarina, não parecem?

Natasha apenas sorriu, puxando Wanda pela mão para seguir o grupo.

Ao chegarem à garagem, o grupo foi recebido por um coro de vozes e risadas vindas da minivan de Wanda, já cheia de passageiros. A porta lateral estava aberta, revelando Yelena gesticulando exageradamente enquanto contava alguma história para Kate, que ria sem parar. Lilia estava no banco de trás, com óculos de sol extravagantes e um lenço de seda amarrado no pescoço, parecendo a personificação da elegância despreocupada.

Billy estava ao lado dela, com um fone de ouvido em um ouvido e o outro solto, aparentemente dividindo sua atenção entre a conversa e sua música. Sharon estava no assento do meio, tranquilamente passando protetor solar nos braços e ignorando o caos ao redor. Alice, por sua vez, estava no banco do passageiro, virada para trás, rindo da performance dramática de Yelena.

─── Finalmente! ─── Yelena exclamou ao ver Rio e Agatha se aproximando com Nicky. ─── Achei que vocês tinham decidido cancelar.

─── Foi a Agatha, né? ─── Alice provocou, apoiando o queixo na mão enquanto sorria. ─── Aposto que precisou de um desfile antes de sairmos.

─── Muito engraçado, Wu-Gullive.

Agatha respondeu com um tom afiado, mas sem esconder o sorriso.

─── Nada disso, gente, foi culpa minha. ─── Rio interveio, lançando um olhar apaixonado para Agatha. ─── Eu estava ocupada admirando o quanto minha namorada é perfeita.

Os ocupantes da van explodiram em zombarias e risadas, com Yelena sendo a mais barulhenta.

─── Ah, pelo amor de Deus, Vidal. Alguém precisa te dar um prêmio por ser a maior puxa-saco do mundo.

─── Você só está com ciúmes pois eu não tenho vergonha de admitir minha adoração pela minha mulher. ─── Rio rebateu com um sorriso. ─── Vai dizer que a Kate não merece o mesmo tratamento?

Kate se endireitou no banco, fingindo indignação.

─── Eu? Tratamento especial? Eu sou uma guerreira independente, obrigada.

Yelena revirou os olhos.

─── Guerreira, claro. Você me fez ir buscar o café mais cedo.

Enquanto o grupo ria e trocava provocações, Rio colocou Nicky no banco traseiro, garantindo que ele estivesse confortável e preso no cinto de segurança. Agatha, ainda elegante, subiu logo depois e sentou-se ao lado dele, mantendo uma mão protetora no pequeno.

Wanda, que estava no banco do motorista, virou-se para o grupo.

─── Certo, todos prontos?

─── Mais do que nunca. ─── Lilia respondeu, ajustando os óculos de sol. ─── Vamos antes que alguém mude de ideia.

Com todos acomodados e a van lotada de energia, Wanda ligou o motor e partiu. No meio da conversa animada, Agatha virou-se no banco, olhando para Rio com uma expressão casual, Nicky apoiado sobre ela, voltando a cochilar.

─── Não podemos parar no drive-thru do McDonald's? Eu preciso um café da manhã.

A van inteira ficou em silêncio por um segundo, antes de Rio soltar uma gargalhada que chamou a atenção de todos.

─── Você tá falando sério, Harkness? Porque, se não me engano, no começo do nosso relacionamento, você zombou de mim por parar no McDonald's. Algo sobre "alimentos processados e nada sofisticados"? Você riu do meu Lanche Feliz!

Agatha revirou os olhos dramaticamente, ajustando o cabelo.

─── E, se não me engano, você disse que faria qualquer coisa por mim. Isso inclui um café da manhã.

A provocação fez Kate e Yelena trocarem olhares divertidos no banco de trás, enquanto Sharon tentava segurar o riso.

─── Isso vai atrasar todo mundo. ─── Natasha comentou do banco do passageiro, cruzando os braços com um olhar sério para Wanda. ─── Já estamos no limite com o cronograma.

Rio deu um sorriso confiante, inclinando-se para a frente enquanto olhava para Natasha.

─── Se minha mulher quer McDonald's, ela vai conseguir McDonald's.

A declaração foi seguida por um coro de risadas e protestos, principalmente de Yelena.

─── Oh, pelo amor de Deus, Vidal, você vai mimar tanto a Harkness que ela nunca mais vai querer levantar da cama.

─── Pelo menos eu levanto para buscar café para ela, Belova.

Rio rebateu com um tom zombeteiro. Wanda, suspirando com um sorriso, olhou para Natasha antes de voltar a atenção para o GPS.

─── Certo, um desvio rápido. Mas é bom que isso não vire um hábito.

Agatha sorriu vitoriosa, inclinando-se para beijar a bochecha de Rio enquanto dizia baixinho:

─── É bom ter você do meu lado, Vidal.

Rio sorriu de volta, cheia de confiança.

─── Sempre, meu amor.

(...)

A VAN SEGUIA SEU CAMINHO, agora com um leve aroma de McMuffins e hash browns permeando o ar. Todos estavam envolvidos em conversas animadas ou provocando uns aos outros.

Yelena, como esperado, resmungava baixinho sobre o atraso causado pelo "capricho burguês" de Agatha, enquanto Kate ria de sua irritação.

Billy e Nicky agora estavam no banco de trás, compartilhando um pacote de batatas hash, com Nicky ocasionalmente oferecendo um pedaço para Alice, que estava sentada ao lado dele. Sharon aproveitava a vista pela janela, enquanto Jen conversava animadamente com Lilia sobre os melhores lugares para tirar fotos assim que chegassem.

Agatha, satisfeita e revigorada com seu café da manhã, relaxava contra o banco, as pernas cruzadas com elegância, enquanto olhava para Rio, que dirigia com um sorriso sereno.

─── Você parece muito orgulhosa de si mesma.

Agatha comentou suavemente, observando o sorriso de Rio.

─── E não deveria? ─── Rio respondeu, lançando-lhe um olhar rápido. ─── Dei à minha mulher o que ela queria, mantive a paz na van, e ainda vamos chegar a tempo. Isso é o que chamamos de um hat-trick, querida.

─── Mais modesta, impossível.

Agatha murmurou, embora o sorriso nos lábios entregasse seu divertimento. Após quase duas horas de viagem, a van finalmente começou a desacelerar ao entrar em um estacionamento cheio de árvores floridas e trilhas que serpenteavam em direção a colinas suaves.

O destino era um parque turístico famoso por suas paisagens deslumbrantes durante a primavera. Flores de cores vivas cobriam os campos, enquanto o som de pássaros e o cheiro de terra fresca tornavam o lugar ainda mais encantador.

─── Uau! ─── Nicky exclamou, pressionando o rosto contra o vidro da janela para ver melhor. ─── Parece um lugar de filme!

─── Eu diria que você está certo, pequeno.

Lilia respondeu, ajustando os óculos de sol enquanto espiava pela janela. Wanda estacionou a van, e todos começaram a descer, espreguiçando-se após a viagem. Agatha ajustou os óculos escuros e inspirou fundo, admirando a vista ao redor.

─── Realmente bonito. Um pouco bucólico, mas bonito.

─── Bucólico? ─── Yelena repetiu, arqueando as sobrancelhas. ─── Você não pode simplesmente dizer que gostou?

─── Desculpe se meu vocabulário é mais amplo do que "bonito" e "legal", Belova.

Agatha respondeu com um sorriso irônico. Rio colocou um braço ao redor da cintura de Agatha, puxando-a suavemente.

─── Vamos lá, amor. Não arruine o dia de Yelena com palavras de mais de três sílabas.

Kate, já carregando uma mochila com lanches, riu.

─── Alguém sabe onde fica o mirante?

─── A placa ali aponta para a trilha principal. ─── Sharon disse, indicando um caminho de pedras alinhadas que desaparecia no meio das árvores. ─── Parece que é uma caminhada curta até o primeiro ponto.

─── Então vamos lá antes que o sol fique mais forte.

Natasha anunciou, já liderando o grupo, enquanto todos começavam a caminhar juntos, rindo e provocando uns aos outros.

A trilha principal estava bem marcada e cercada por árvores e arbustos vibrantes. O grupo avançava a um ritmo descontraído, com Billy e Nicky correndo à frente para explorar, seguidos de perto por Alice, que mantinha um olhar atento sobre Nicky. Yelena e Kate discutiam sobre quem era a mais rápida, enquanto Sharon, Jennifer e Lilia caminhavam lado a lado, discutindo sobre os algo que nenhuma das outras conseguia identificar.

Agatha, por outro lado, já estava começando a se arrepender profundamente de ter concordado com aquele passeio. Suas botas de grife, embora impecáveis, não foram feitas para trilhas, e cada passo parecia uma pequena tortura. Ela suspirou dramaticamente, ajustando o blazer que usava, apesar do leve calor.

─── É oficial. Eu odeio isso. Quem achou que andar na terra fosse uma boa ideia?

─── Oh, vamos, Harkness. ─── Yelena respondeu com um sorriso travesso. ─── A vida é mais do que saltos altos e cafés de vinte dólares.

─── Com o que você pode contribuir, Belova? Você é praticamente uma criança adulta.

Agatha retrucou, mas o tom era mais exausto do que afiado. Rio, que caminhava tranquilamente ao lado dela, parou e cruzou os braços, claramente divertida.

─── Olha só para você, minha dama da cidade enfrentando a selva. Estou orgulhosa.

─── Selva? ─── Agatha ergueu uma sobrancelha. ─── Se acha que isso aqui é selva, Vidal, você precisa rever sua ideia. Eu já estive em um Safári, não é assim.

Nicky voltou correndo, segurando uma flor que ele achou no caminho.

─── Olha, mamãe! Eu peguei pra você!

Agatha se abaixou com dificuldade, sorrindo para o filho.

─── É linda, querido. Obrigada.

Rio olhou para a cena, com um sorriso orgulhoso.

─── Você é um bom garoto, pequeno. Sabia que sua mãe gosta de flores?

─── Mamãe gosta de flores nos vasos, não na natureza.

Nicky respondeu inocentemente, fazendo todos rirem. Enquanto isso, Natasha liderava o grupo com seu GPS, andando com determinação e ignorando o olhar impaciente de Wanda.

─── Sabe, Natasha, seria legal se você pelo menos segurasse a minha mão. Rio faz isso o tempo todo com Agatha.

Natasha parou e se virou, claramente confusa.

─── Segurar sua mão? Pra quê? Você não vai se perder.

─── Não é sobre me perder, é sobre ser romântico!

Wanda disse, cruzando os braços.

─── Mas estamos numa trilha! ─── Natasha gesticulou ao redor. ─── Não posso ser romântica mais tarde?

Rio, ouvindo a discussão, virou-se e levantou Agatha nos braços sem esforço, como se ela não pesasse nada.

─── E é assim que se faz, Romanoff. Tome notas.

Agatha soltou um pequeno grito de surpresa antes de rir.

─── Rio! Me coloca no chão!

─── Nunca. Minha rainha não pisa na lama.

Wanda olhou para Natasha, apontando para Rio e Agatha.

─── Tá vendo? É disso que eu tô falando.

Natasha suspirou, claramente derrotada.

─── Tá bom, vai. Me dá sua mão.

─── Era o mínimo. ─── Wanda respondeu, pegando a mão dela com um sorriso satisfeito.

O grupo finalmente chegou ao mirante, com Agatha confortavelmente nos braços de Rio. A vista era realmente deslumbrante: colinas cobertas de flores coloridas e um rio sinuoso ao fundo.

─── Valeu a pena? ─── Rio perguntou, olhando para Agatha.

Agatha olhou para o cenário, depois para Rio, e sorriu.

─── Com você me carregando? Sempre.

Yelena revirou os olhos, mas Kate lhe deu um leve empurrão no ombro.

─── Admita, é bonitinho.

─── É insuportável. ─── Yelena resmungou, mas havia um sorriso escondido em seu rosto.

O grupo começou a tirar fotos e aproveitar a vista, com Nicky correndo de um lado para o outro com Billy, enquanto os adultos finalmente relaxavam. Rio continuava com Agatha nos braços, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo, enquanto Natasha tentava inutilmente posar romanticamente para as selfies de Wanda.

O clima estava leve e descontraído no mirante. Alice inclinou-se para Nicky, que estava animado apontando as flores que avistava lá embaixo.

─── Ei, campeão, o que acha de descermos um pouco para explorar? Podemos procurar pedras legais ou talvez bichinhos escondidos.

Nicky, com os olhos brilhando, olhou para Agatha, que ainda estava confortavelmente sentada no colo de Rio.

─── Posso, mamãe?

Agatha suspirou, ajustando os óculos de sol com um gesto elegante.

─── Desde que você não volte coberto de lama ou coisas vivas...

Alice deu uma piscadela para Nicky.

─── Prometo que volto com ele limpinho, mas não posso garantir sobre as coisas vivas.

Kate imediatamente se aproximou, interessada.

─── Espere aí, vocês vão explorar? Estou dentro! Adoro achar pedras que parecem ovos de dinossauro.

─── Isso não é uma coisa.

Billy comentou, já caminhando para se juntar ao grupo.

─── Claro que é. ─── Kate respondeu com convicção. ─── Você só não encontrou ainda.

─── Porque não existem!

Billy rebateu, mas seus passos acelerados o entregavam. Alice olhou para os dois idiotas discutindo e para Nicky, que estava radiante de felicidade.

─── Vamos lá, pessoal. Hora de começar nossa expedição.

Sharon tirou os óculos escuros e colocou as mãos na cintura, olhando para Agatha com um sorriso.

─── Parece que seu filho já escolheu sua próxima babá. Alice realmente leva jeito.

─── Ela é ótima com crianças. ─── Jennifer comentou, erguendo uma sobrancelha. ─── Mas alguém avisa a Agatha que Rio vai ficar com ciúmes.

Rio riu, apertando Agatha de leve em seus braços.

─── Nicky tem espaço no coração para todas as pessoas incríveis da vida dele. Mas ele sabe quem sempre vai apoiar as loucuras dele, não é?

─── Claro. Porque nenhuma outra adulta aqui veste pijamas de tubarão.

Yelena retrucou, recebendo risadas do grupo.

─── Ainda assim, nenhum de vocês pode competir. ─── Wanda disse, piscando para Rio antes de se virar para Natasha. ─── Você, por exemplo, não se voluntaria para nada. Quando foi a última vez que se ofereceu para brincar com as crianças?

Natasha revirou os olhos.

─── Não sou o tipo que brinca com pedras. Sou mais útil para mantê-las fora de perigo.

─── Exceto quando está tentando seguir o GPS. Seu senso de localização é péssimo.

Lilia comentou, ganhando uma gargalhada geral. Jennifer pegou seu telefone e tirou algumas fotos do grupo, aproveitando o contraste entre as brincadeiras e as piadas.

─── Bom, com Kate liderando lá embaixo e Rio sendo a heroína do dia aqui, acho que temos um ótimo material para o álbum.

Agatha, ainda no colo de Rio, suspirou dramaticamente.

─── Contanto que ninguém me peça para descer outra trilha, estou satisfeita.

Rio inclinou-se para beijar o topo de sua cabeça.

─── Nunca vou deixar você pisar na lama, meu amor.

(...)

BILLY, Kate, Nicky e Alice avançavam pela trilha com passos leves e curiosos, explorando cada canto à medida que se afastavam do mirante. O caminho era coberto por um tapete de folhas secas e pequenas flores coloridas, com borboletas flutuando de uma planta a outra, como se estivessem participando da expedição.

─── Olhem! Uma borboleta roxa!

Nicky exclamou, correndo um pouco mais à frente e apontando com entusiasmo para o inseto que dançava ao redor de uma flor. Alice, que estava com o olhar atento para tudo ao redor, se agachou na frente dele e apontou para as pedras na trilha.

─── Sabe o que essas pedras me lembram? ─── Ela perguntou com um sorriso travesso. ─── De vez em quando, eu gosto de fingir que elas são ovos de dragão...

Kate, com seu estilo sempre excêntrico e um pouco competitiva quando se tratava de suas invenções, bateu no ombro de Alice.

─── Ha! Eu também gosto de brincar com isso! Mas eu aposto que já vi uma pedra que parecia um ovo de dinossauro de verdade, da próxima vez vou trazer ela para mostrar.

Billy, que até então estava mais interessado no caminho à frente, olhou para as duas com um olhar de quem não queria perder a conversa, mas não queria dar o braço a torcer.

─── Não existe pedra que pareça ovo de dinossauro, Kate. Não é possível.

Alice se virou rapidamente para ele, sua expressão brincalhona.

─── Você nunca procurou direito, Billy. O que você sabe sobre pedras e ovos de dinossauro?

Kate, por sua vez, continuou apontando para as flores ao redor.

─── E nem me venha com essa história de “não existem ovos de dinossauro". Não me venha com essa onda de "realidade científica", eles realmente existiram. Olha, eu vi na televisão! Jurassic Park!

Nicky, observando a interação dos mais velhos, com uma carinha curiosa e uma risada suave, pegou uma pedra no caminho e olhou para Alice, perguntando:

─── Eu posso levar essa?

Alice sorriu e assentiu, se afastando um pouco para dar espaço à criança.

─── Claro, pode levar! Acho que vai fazer um ótimo "ovo de dragão".

Billy olhou para Nicky, observando a pedra com um sorriso divertido.

─── E aí, Nicky, vai ser um dragão ou um dinossauro?

Nicky, pensativo por um momento, ergueu os ombros.

─── Talvez os dois! O dragossauro!

As risadas ecoaram entre as árvores, enquanto os quatro continuavam sua jornada. Os animais e plantas da floresta pareciam ganhar vida com a imaginação deles.

Enquanto Kate, Billy e Alice estavam concentrados na tentativa de achar algo legal.  Nicky, com seus pequenos pés leves, desviou da trilha sem que os mais velhos percebessem. Seus olhos brilharam ao avistar outro coelho branco, saltando pela vegetação, e sem pensar duas vezes, ele se lançou atrás dele.

─── Ei, eu te pego!

Nicky exclamou para si mesmo, a excitação estampada no rosto enquanto corria, com o vento batendo em seu cabelo.

Ele não percebeu que, ao se afastar, os outros estavam tão envolvidos na conversa que não o notaram desaparecer pela trilha. Kate, que estava à frente, observando o movimento rápido de Alice e Billy, foi a primeira a perceber que algo estava errado.

─── Onde está o Nicky?

Ela perguntou, parando abruptamente, seus olhos se movendo de um lado para o outro, tentando encontrar o pequeno.

─── Nicky? ─── Billy também começou a olhar ao redor, sua expressão preocupada substituindo a diversão de antes. ─── Ele não estava tão atrás de nós, estava?

─── Nicky! ─── Alice chamou, e os três começaram a olhar ansiosamente para todos os lados, mas não viam o garotinho.

A sensação de desconforto rapidamente tomou conta deles. Kate foi a primeira a dar um passo rápido na direção oposta, tomando a dianteira.

─── Ele deve ter ido por ali. Vamos!

Os três começaram a andar mais rápido, apressados, chamando o nome de Nicky. A floresta, que antes parecia um cenário acolhedor, agora se tornava um lugar confuso, com as árvores bloqueando a visão e a sensação de estar perdido no meio de uma vastidão verde.

─── Nicky! Onde você está?

Billy chamou, o tom de preocupação na voz mais do que evidente. Kate, agora em pânico, olhou para Alice com os olhos arregalados.

─── Ele pode ter corrido muito longe, e nós nem percebemos! O que a gente faz?

─── Não se preocupe, ele deve estar por perto, ele não pode ter ido tão longe! ─── Alice tentou manter a calma, mas a tensão estava clara em sua expressão.

Enquanto isso, Nicky, de fato, estava mais longe do que eles imaginavam. Ele tinha corrido por uma pequena curva da trilha, tentando alcançar o coelho, e ao virar um canto, se viu afastado do caminho principal. Ao perceber que não estava mais vendo os outros, seu rosto se franziu de preocupação.

─── Mamãe? Mãe?

Nicky chamou, mas a floresta parecia ter engolido sua voz. Ele parou por um momento, respirando fundo, tentando ouvir qualquer som que pudesse indicá-lo sobre onde os outros estavam, mas nada. Só o som das folhas e o canto distante dos pássaros. Sua respiração começou a ficar mais apressada, e ele deu um passo hesitante para frente, sentindo uma pontada de medo.

Nicky olhou ao redor, os olhos grandes e assustados enquanto tentava discernir qualquer movimento na floresta densa. Ele franziu a testa, sentindo o pânico começar a se instalar, mas, ao fundo, entre as árvores, ele imaginou ver uma figura se movendo.

─── Mamãe?

Ele chamou novamente, mas sua voz soou fraca, como se estivesse sendo engolida pela imensidão da floresta. Ele se animou, achando que poderia ser alguém, e sem pensar, correu em direção à silhueta que ele pensava ter visto entre as árvores.

Mas, em sua pressa, Nicky não viu a raiz que se erguia no chão, e, em um movimento repentino, seus pés se enroscaram nela. Ele tropeçou, os braços flutuando no ar enquanto tentava se equilibrar, mas não conseguiu. O pequeno corpo foi ao chão com um estrondo, sua cabeça batendo contra uma pedra de forma cruel.

A dor foi instantânea, como uma onda quente e espessa que tomou sua mente. Nicky tentou gritar, mas o som não saiu. Seu corpo ficou tenso e então, sem mais forças, ele simplesmente desmaiou, seus olhos se fechando lentamente.

A alguns metros dali, Kate, Billy e Alice haviam começado a ficar verdadeiramente preocupados quando ouviram o chamado de Nicky sumir sem resposta. A sensação de pânico começou a se espalhar novamente, e agora estavam correndo pela trilha, gritando seu nome.

─── Nicky! Nicky!

Kate chamou, sua voz agora quebrando com a crescente ansiedade.

─── Ele não pode ter ido tão longe, ele não pode!

Billy disse, o medo evidente em sua voz, enquanto seus olhos procuravam freneticamente por qualquer sinal do garotinho.

─── Nicky!

Alice gritou, agora desesperada. O medo de ter se afastado dele por tanto tempo começava a pesar.

Eles estavam prestes a voltar para a trilha principal, quando Kate, com os olhos bem abertos e um coração acelerado, ouviu um som distinto.

─── Espere… escutem!

Ela parou, sua respiração pesada enquanto tentava distinguir o som que tinha acabado de perceber. Era um som abafado, mas familiar.

─── Nicky?

Ela chamou, a voz hesitante, mas esperançosa. Ela deu um passo à frente, e logo percebeu o corpo pequeno de Nicky estendido no chão, parcialmente escondido entre a vegetação.

─── Nicky!

Kate gritou, correndo até ele com o coração disparado. Ela se ajoelhou ao lado dele, rapidamente virando o pequeno corpo de lado, os olhos fixando a cabeça dele, onde um corte começava a se sangrar na testa.

─── Nicky…

Billy e Alice chegaram logo atrás, e Alice imediatamente se agachou ao lado de Kate, tocando a testa do garoto com as mãos tremendo.

─── Meu Deus…

Alice disse, o pânico agora totalmente visível em seu rosto.

─── Ele… ele está respirando, mas está desacordado…

Kate disse, seus olhos procurando por qualquer movimento, por qualquer sinal de que Nicky poderia estar apenas inconsciente.

─── A gente precisa levá-lo de volta.

Billy falou, a voz tensa e cheia de urgência. Alice, agora com o coração apertado, assentiu rapidamente.

─── Vamos, agora!

Kate, com cuidado, colocou as mãos ao redor de Nicky, tentando levantá-lo de forma gentil, mas ele estava pesado e seu corpo mole não ajudava.

─── Eu levo ele. ─── Alice disse rapidamente, colocando-se ao lado dela. ─── Vou ficar com ele.

Kate e Billy não hesitaram em deixá-lo assumir o controle. Alice pegou Nicky nos braços, levando-o com agilidade, mas com cuidado, enquanto os outros a seguiam de perto.

─── Estou com a chave da Van. ─── Alice disse para Kate. ─── Vou com Billy para lá, avise os outros. Rápido.

(...)

O GRUPO NO MIRANTE ESTAVA APROVEITANDO A TRANQUILIDADE DA NATUREZA AO REDOR, rindo e conversando enquanto observavam a paisagem. Rio estava com um sorriso relaxado, aproveitando o momento de calma após a manhã agitada. Wanda e Natasha trocavam piadas enquanto Sharon, Jennifer e Lilia discutiam animadamente sobre as vantagens de certos tipos de plantas para cuidados com a pele.

Agatha, no entanto, sentia algo diferente. Uma sensação que não conseguia explicar, mas que vinha crescendo no fundo de seu peito. Seu sorriso foi aos poucos se dissipando, e ela olhou ao redor, sentindo a leve brisa nas árvores, mas algo parecia não estar certo. A angústia começou a aumentar, uma sensação de aperto no coração que não poderia ignorar.

─── Agatha?

Rio percebeu a mudança no comportamento de Agatha, os olhos da mais velha se distanciando enquanto ela parecia absorta em seus próprios pensamentos.

─── Agatha? O que foi?

Wanda perguntou, notando a expressão preocupada da amiga.

A dor no peito de Agatha aumentou, e ela se sentiu tonta por um momento. Seus olhos se fixaram no horizonte, e a sensação de desespero tomou conta dela.

─── Nicky… ─── Ela murmurou, sua voz baixa, mas firme, como se tivesse dado voz ao medo que estava crescendo dentro dela. ─── Algo não está certo com ele…

O ar ao redor parecia ficar mais denso, e sua respiração se tornou mais pesada. As palavras de Agatha causaram uma onda de inquietação no grupo.

─── Agatha, calma. O que está acontecendo?

Rio perguntou, com um olhar preocupado, já se levantando e colocando uma mão sobre o ombro da mulher.

─── Eu não sei… é só que… eu sinto… algo, eu não posso explicar. Algo aconteceu com Nicky.

Agatha disse, sua voz quebrando um pouco, enquanto sua mão ia até seu peito como se tentasse aliviar a dor que parecia alastrar por seu corpo.

─── Respira, Agatha. Acalme-se. ─── Lilia disse, tentando tranquilizá-la, passando um copo de água para ela. ─── Talvez tenha sido só um susto. Beba um pouco disso.

Agatha pegou o copo, mas não conseguiu engolir direito, o estômago apertado e o coração acelerado. Sua mente não conseguia se acalmar, e tudo o que ela conseguia pensar era em Nicky.

─── Eu tenho que ir… eu… preciso ir até ele.

Agatha falou, já se levantando sem mais explicações, seu corpo parecendo se mover em piloto automático, sem se importar com as palavras das amigas. Mas, naquele momento, uma figura apareceu ao longe. Kate estava correndo em direção ao grupo, seus olhos cheios de preocupação.

─── Agatha! Rio! ─── Kate gritou, com a respiração pesada. ─── Nicky… ele se machucou, ele caiu na trilha. Ele está desacordado, mas está respirando! Eu… eu não sei o que fazer, ele está ferido!

Agatha imediatamente congelou no lugar. As palavras de Kate atravessaram sua mente como um soco, e o desespero finalmente tomou conta dela. O mundo ao seu redor parecia ficar em câmera lenta.

─── O que aconteceu?

Rio perguntou, já se preparando para agir, mas a expressão de Agatha era de puro pavor.

─── Eu… eu preciso dele. Eu preciso ver meu filho.

Agatha disse, a voz quebrada, o pânico claro em seus olhos. A angústia que sentia era quase palpável.

─── Alice está o levando para o carro. ─── Kate explicou rapidamente, tentando manter a calma. ─── Ele… ele está com eles agora.

Agatha não hesitou. Com um impulso, ela correu na direção do caminho, suas pernas pesando como se a terra sob ela estivesse tentando segurá-la. Rio a seguiu imediatamente, colocando uma mão no ombro dela enquanto as duas se apressavam em direção ao local onde Nicky estava.

A única coisa que Agatha sabia naquele momento era que ela precisava estar com Nicky, e nada mais importava.

• ⚾ . . OO1 ❜  Olá, pessoal! Tudo o que tenho a dizer é que é necessário. Crianças se machucam, mas elas também se recuperam mais rápido que os adultos.

• ⚾ . . OO2 ❜ No próximo capítulo: Agatha e Rio apoiam uma a outra.