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    𖹭⠀࣭⠀ֹㅤUm grande jogo e uma visita ao McDonald's  ⊹ㅤ  ㅤ゜★
❛ Lésbicas não dão a minima para distância. Vinte horas é como descer a rua quando você está apaixonada. ❜
5.319 palavras


. ݁ ٬٬ 𝐌𝐄𝐓𝐀 ִ ֗ ៵ʾ ▎100 votos
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NAQUELA MANHÃ, Nicky encontrava-se simplesmente incontrolável. Agatha enfrentou dificuldades até mesmo para fazê-lo comer suas adoradas panquecas com gotas de chocolate. O garotinho estava tão ansioso pela possibilidade de ver Rio Vidal novamente, de assisti-la jogando, que até mesmo o apetite o faltava.

AGATHA OBSERVAVA NICKY, que a cada dois minutos perguntava se eles já estavam prontos para ir. A empolgação dele era contagiante, mas ao mesmo tempo, Agatha não sabia bem o que esperar desse encontro. Era só uma ida a um jogo, um passeio casual. E ainda assim, ela sentia aquele friozinho incômodo na barriga.

─── Mamãe, você acha que ela vai lembrar de mim?

Nicky perguntou, com os olhos arregalados de expectativa, enquanto apertava as mãos uma contra a outra como se estivesse tentando conter a própria animação. Agatha sorriu, acariciando o cabelo dele.

─── Claro que sim, Nicky. Como alguém poderia esquecer de você? Além do mais, ela nos convidou pessoalmente.

Nicky devolveu o sorriso com aquele brilho nos olhos, claramente satisfeito com a resposta.

─── E ela foi super legal com a gente, não foi? Você acha que a gente pode conversar com ela de novo depois do jogo?

Agatha hesitou um instante. Havia algo em Rio que a deixava desconcertada. A lembrança do sorriso dela, do jeito com que a olhou naquela tarde com uma mistura de provocação e curiosidade... era algo que insistia em permanecer em sua mente, mesmo quando ela tentava afastar.

─── Vamos com calma, pequeno. Acho que ela vai estar ocupada, sabe? Tem todo um time e... fãs...

Mas antes que pudesse terminar, Nicky já tinha saído da mesa, dando pulinhos de excitação pelo corredor. Ele estava praticamente vibrando de animação e, sinceramente, Agatha nunca o tinha visto assim antes.

Quando finalmente saíram de casa, Nicky estava praticamente pulando de animação. Ele não parava de apressar Agatha, segurando sua mão com força e quase a arrastando. Agatha tentava manter o ritmo, ao mesmo tempo que tentava se preparar para o encontro com Rio, que parecia mais inevitável a cada minuto.

─── Bom dia, Nicky! Bom dia, Agatha!

A vizinha da casa ao lado exclamou, sorrindo. Agatha sorriu levemente, ainda mantendo o aperto na mão de Nicky, garantindo que ele não corresse dela.

─── Bom dia, Sra. Davis!

─── Bom dia, Sra. Heart.

Nicky e Agatha cumprimentaram, arrancando um suspiro demorado da mulher. Harkness nunca conseguiu decorar o seu nome verdadeiro, sempre a chamando pela persona interpretada anos atrás na televisão aberta.

─── Sharon, querida. ─── Corrigiu educadamente, assistindo enquanto Nicky pulava animado ao lado da mulher. ─── A caminho de um passeio divertido, hum?

─── Sim! Estamos indo ver Rio Vidal jogar!

Nicky disse, sorrindo largo. Ele estava muito empolgado para ver o jogo, para conhecer Rio Vidal e, quem sabe, até conseguir uma outra foto.

─── Vejo que sim, divirtam-se!

Antes de seguirem para o estádio, passaram rapidamente para buscar Alice. Ela os esperava na frente de casa, carregando uma pequena bandeira e usando uma camisa esportiva com as cores do time de Rio. Parecia uma criança crescida. Ao ver Nicky, abriu um sorriso enorme e balançou a bandeira no ar.

─── Vamos torcer para a nossa estrela favorita?

Brincou Alice, piscando para Nicky, que respondeu com uma gargalhada.

Com Alice ao lado, Agatha se sentiu um pouco mais à vontade. Era bom ter a companhia de uma amiga com quem podia dividir a empolgação de Nicky — e, talvez, esconder seu próprio nervosismo em relação ao reencontro com Rio. Enquanto dirigiam para o estádio, ela observava Nicky e Alice conversando animadamente, trocando palpites sobre o jogo, e tentou relaxar. Afinal, era só uma tarde para assistir a um jogo, certo?

(...)

DO OUTRO LADO DA CIDADE, Rio Vidal ajustava o uniforme com mais cuidado que o habitual. A tensão em ombros era visível, bem como o olhar perdido e as mãos suando. A ideia de encontrar Agatha e Nicky simplesmente estava dando-lhe calafrios por toda a semana. Wanda havia proibido-a de perseguir Harkness novamente, então Vidal só pôde esperar pelo encontro, o que não contribuiu para a acalmar.

Como se a situação já não fosse ruim o suficiente, é claro que  suas colegas de time haviam notado a ansiedade que a envolvia naquele fim de manhã. Natasha Romanoff, atenta e irritante como de costume, foi a primeira a quebrar o silêncio, observando-a com um sorrisinho de canto.

─── Quem diria, não? Rio Vidal, uma deusa entre as mulheres, nervosa para um encontro.

Natasha provocou, cruzando os braços e lançando um olhar divertido para Yelena, que já parecia pronta para se juntar à provocação. Rio, no entanto, foi mais rápida e revirou os olhos, mas não conseguiu conter o sorriso nervoso.

─── Nervosa? Imagina. Só estou… focada. É um jogo importante.

Ela tentou desviar o olhar, mas era difícil disfarçar. Kate Bishop, que estava amarrando os cadarços, arqueou uma sobrancelha.

─── Encontro? Quem foi a santa que conseguiu fisgar Rio Vidal?

Yelena sorriu largo, praticamente pulando para ocupar o lugar entre Rio e Kate. Ela nunca perderia a chance de provocar Vidal e, se de quebra ainda conseguisse um beijinho de Kate, bom… ela seria uma mulher realizada.

─── Você não soube, Bishop? Rio se apaixonou por uma mãe na sessão de autógrafos e agora é uma stalker.

Rio soltou um suspiro dramático, tentando manter a compostura.

─── Ok, ok, calma aí. Eu só... fui simpática com o filho dela, e acho que ela foi… simpática comigo também. Ou o mais perto de simpática que ela pode chegar. Enfim, nós flertamos.

Ela deu de ombros, tentando minimizar, mas o olhar de divertimento das amigas só aumentava. Kate riu, apoiando o cotovelo no ombro de Yelena.

─── Então, Rio Vidal, 𝘢 𝘯𝘰𝘴𝘴𝘢 𝘙𝘪𝘰 𝘝𝘪𝘥𝘢𝘭, está apaixonada? Ah, como o mundo dá voltas. Quem é essa mãe misteriosa, e por que eu não soube disso antes?

Yelena olhou para Rio com um sorriso travesso.

─── O que importa é que a nossa amiga aqui ficou tão apaixonada que basicamente acampou em frente ao colégio do menino pra ver a tal mãe de novo. Não é, Vidal?

Ela deu um tapinha teatral no ombro de Rio, fingindo limpá-lo com ar de falsa compaixão. Rio revirou os olhos, tentando conter a risada.

─── Exagero! Calúnia! Eu estava apenas... explorando um novo bairro. É, isso. Explorando o bairro.

Carol Danvers gargalhou, cruzando os braços e olhando com desdém brincalhão para Rio.

─── Explorando com binóculos, tenho certeza. Vai dizer que não levou também uns óculos escuros e um chapéu?

Natasha sorriu, com um toque de falsa empatia.

─── Bom, pelo menos ela não se apaixonou por uma psicopata dessa vez. Porque, convenhamos, Rio, você tem histórico.

─── Dessa vez, ela é a psicopata.

Danvers disse, rindo enquanto Rio levantou as mãos em rendição.

─── Ok, ok! Admito, foi um pouco... incomum, talvez, mas é que eu fiquei intrigada! Ela nem sabia quem eu era, gente! Foi… refrescante.

Kate tentou segurar o riso, mas cedeu.

─── Então é por isso? A mulher não sabe que você é a grande Rio Vidal, e você se apaixonou na hora?

─── Isso e… ─── Rio parou, o rosto ficando vermelho. ─── Ela elogiou minha bunda. O que posso fazer? Quero ter os filhos dela agora.

A gargalhada que seguiu foi tão alta que as paredes do vestiário quase tremeram. Carol quase engasgou, Yelena riu tanto que bateu as mãos nas coxas, e Kate se inclinou para dar um beijo na bochecha de Yelena, como recompensa pela provocação.

─── Aí, Vidal, minha nova heroína! Apaixonada por uma mulher que elogia bundas! Que história de amor épica.

Yelena ainda se recuperava, limpando os olhos. Natasha deu um leve soco no ombro de Rio.

─── E aí? O que você planeja fazer? Vai jogar hoje pensando na tal Agatha? Ou vai tentar, sei lá, impressionar a plateia como se estivesse num desfile?

Rio respirou fundo, endireitando-se.

─── Vou fazer o que faço de melhor: jogar bem. Mas, se ela estiver lá… talvez eu tenha que caprichar, né? Quem sabe, jogar o cabelo, um sorrisinho aqui, outro ali…

─── Aham, e a próxima coisa que sabemos é que ela vai estar com um cartaz escrito “Case comigo, Rio Vidal”.

Carol balançou a cabeça, divertindo-se. Rio riu, com os ombros relaxando pela primeira vez. Por mais que as amigas brincassem, sabia que podia contar com elas para aliviar a tensão.

─── Bom, eu tenho um cartaz escrito “Agatha Harkness, me deixe carregar seus bebês” no porta malas do carro. Então estou pronta para essa hipótese.

(...)

NICKY E ALICE PARECIAM SIMPLESMENTE ESTAREM VIVENDO O MELHOR DIA DE SUAS VIDAS, a dupla corria animadamente de um lado para o outro, enquanto Agatha seguia calmamente em direção a fila de pessoas que entravam no estádio.

Assim que chegaram aos portões e mostraram seus ingressos, um atendente os saudou com um sorriso e gesticulou para que o seguissem.

─── A senhorita Vidal deixou instruções para levá-los ao camarote dela.

O rapaz explicou, com uma formalidade que parecia fazer Nicky inflar de orgulho, como se ele tivesse sido escolhido para uma missão especial. Agatha trocou um olhar de surpresa com Alice, que sorriu de volta, claramente se divertindo com a novidade. Nicky, por sua vez, ficou ainda mais empolgado, apertando a mão da mãe como se temesse que ela pudesse mudar de ideia e sair correndo.

─── Que chique! ─── Wu-Gullive exclamou, sorrindo. ─── Você precisa namorar gente rica mais vezes, Agatha.

─── Alice Wu-Gullive!

Agatha repreendeu, sabendo que nunca era uma boa ideia falar esse tipo de coisa na frente de Nicky. De qualquer forma, o garotinho parecia mais impressionado com a grandiosidade do estádio do que com o que a asiática e Harkness discutiam.

Finalmente, chegaram ao camarote reservado. Agatha esperava um espaço comum, talvez um pouco mais reservado, mas ficou impressionada com o luxo discreto do local. O ambiente era aconchegante, com sofás e cadeiras confortáveis que ofereciam uma vista privilegiada do campo. Mas, antes que ela pudesse absorver os detalhes, a voz de Nicky ecoou pelo ambiente.

─── Billy!

Nicky gritou, soltando a mão de Agatha e correndo para cumprimentar o amigo, cena a qual causou um sorrisinho em Harkness. Ele mal podia acreditar que veria o jogo em um camarote e, para melhorar, ainda teria a companhia de Billy, seu “irmão mais velho” do programa da escola.

─── Nicky!

Cumprimentou Billy, acenando entusiasmado para Agatha e Alice antes de abraçar Nicky e o entreter com a variedade de doces e besteiras dispostas para os convidados.

Agatha mal teve tempo de recuperar o fôlego quando uma figura de cabelos ruivos e expressão amável se aproximou, com uma mulher igualmente carismática ao lado.

─── Olá, sou Wanda, ─── disse a ruiva, estendendo a mão com um sorriso caloroso. ─── E esta é Lilia, a agente de Rio. Aparentemente, somos as designadas a testemunhar que você realmente existe.

Agatha piscou, confusa, antes de responder com um aperto de mão.

─── Eu sou Agatha. ─── respondeu, ainda de testa franzida. ─── Testemunhar… que eu existo?

Ela riu, um pouco incerta. Lilia, esparramada confortavelmente no sofá, deu uma risada debochada.

─── Exatamente. Você deveria ouvir a maneira como Rio descreve essa “desconhecida misteriosa” que encontrou. Começamos a pensar que ela tinha inventado, realmente consideramos a levar a um psiquiatra. Provavelmente deveríamos ter.

Alice riu, enquanto Agatha tentava disfarçar o constrangimento.

─── Bom, ela provavelmente precisa de um psiquiatra, ─── sorriu. ─── mas sou bem real. Então sem delírios sobre isso.

Agatha respondeu, entrando na brincadeira. Wanda assentiu, fazendo um gesto exagerado de alívio.

─── Que bom saber! ─── Ela olhou para Alice com um sorriso cúmplice. ─── E você deve ser... a Alice? Ou será que estamos diante de outra “figura misteriosa”? Porque eu não consigo lidar com mais uma.

Alice riu e deu um leve aceno de cabeça.

─── Isso mesmo, Alice. A responsável por fazer Nicky amar softball e, aparentemente, por apresentar a futura namorada da Agatha.

Brincou, lançando um olhar divertido para a amiga. Lilia riu, cruzando as pernas e recostando-se ainda mais.

─── Bom, fico feliz em saber que você é real, Agatha. Mas confesso que metade de mim estava torcendo para que Rio tivesse inventado uma "musa imaginária". Seria tão... trágico-romântico.

Wanda revirou os olhos e deu uma leve cotovelada em Lilia.

─── Ignore Lilia, ela vive para o drama. Mas, honestamente, Agatha, se Rio te mencionou para nós, isso é sério. Ela nunca fica tão… empenhada assim. É até fofo de assistir. Bem, de um jeito estranho.

Agatha deu uma risadinha, sem saber bem como reagir. A ideia de ser o foco de tanta atenção por parte de Rio era ao mesmo tempo lisonjeira e desconcertante.

Nicky, que ouvia a conversa com um brilho de empolgação, puxou a mão de Alice.

─── Mamãe, tia Alice, vocês acham que a Rio vai nos ver daqui? Será que ela vai saber que viemos assistir?

Alice se abaixou até o nível dele, sorrindo.

─── Claro que vai, Nicky. E tenho certeza de que ela vai ficar super feliz em saber que tem uma torcida tão especial.

Billy riu, encostado na lateral do camarote.

─── A torcida oficial de Rio Vidal: um fã-clube de um garoto de seis anos e sua mãe com um senso de moda de arrasar. Ela realmente conquistou o público-alvo perfeito.

Nicky fez uma careta divertida para Billy, e o grupo riu mais uma vez, o clima leve e animado.

(...)

OS GRITOS DA TORCIDA ERAM INTENSOS, e uma música vibrante tomou conta do ambiente enquanto o time de Rio entrava no campo. Vidal não costumava sentir-se tão ansiosa por um jogo há anos, mas, naquele momento, quando ela sabia que Agatha a assistia, Rio queria desesperadamente impressioná-la.

Rio respirou fundo, tentando afastar a tensão enquanto se alinhava ao lado de suas colegas de time. Ela sempre jogava com paixão, mas agora sentia uma nova camada de nervosismo, uma necessidade quase avassaladora de dar o melhor de si – não para a torcida, mas para aquela pessoa específica assistindo do camarote.

─── Relaxa, Vidal, ─── murmurou para si mesma, flexionando os ombros. ─── É só mais um jogo…

Agatha, observando a reação de Nicky ao vê-la, sorriu. O garoto parecia hipnotizado. Alice inclinou-se para ela e murmurou:

─── Ele nunca esteve tão animado assim.

Lilia lançou um olhar divertido para Agatha.

─── Cuidado, Agatha. Uma vez que a Rio entra na vida de alguém, ela não sai fácil.

Enquanto o grupo ria, Rio acenava para a multidão, tendo a câmera principal focada em seu rosto enquanto Vidal mandava um beijo para a câmera.  Ela parecia completamente no seu elemento, e o sorriso que estampava seu rosto deixava claro que estava se divertindo.

Assim que a partida começou, Rio jogou com uma intensidade ainda maior que o habitual. Cada lance seu era preciso, calculado, e seu foco parecia absoluto, mas seus olhos, entre uma jogada e outra, insistiam em buscar o camarote onde Agatha, Nicky e a tal Alice estavam. Por mais que tentasse ignorar, sentia a pressão de impressionar, o que deixava seu coração batendo mais rápido do que deveria.

Nicky estava tão imerso no jogo que se levantava a cada lance, como se suas vibrações pudessem ajudar o time de Rio a marcar. Wanda sorriu para Agatha e comentou:

─── Não sabia que você e Nicky eram tão fãs de softball.

Agatha riu, tentando não parecer completamente domada.

─── Digamos que é um interesse recente para mim.

Em certo ponto, Vidal conseguiu um passe espetacular que levou seu time a marcar uma das primeiras pontuações do jogo. A torcida explodiu em gritos de celebração, e, por um momento, Rio ergueu os olhos para o camarote, tentando captar qualquer reação de Agatha. Quando viu Nicky pulando de alegria e Agatha aplaudindo com um sorriso surpreso, Rio sentiu o peito se encher de um orgulho genuíno – algo além da satisfação normal de uma boa jogada.

Rio estava no ápice de sua performance quando a partida entrou na reta final, e ela fez uma jogada, uma manobra que sabia ser arriscada, mas que tinha potencial para marcar um ponto decisivo. Quando tudo deu certo e ela cruzou o campo como um raio, finalizando a jogada com maestria, o estádio irrompeu em um rugido de aplausos. Mesmo para alguém acostumada a multidões, aquilo a deixou energizada – e, claro, ela não resistiu a lançar um rápido olhar para o camarote. Viu Nicky pulando e vibrando, quem ela imaginava ser Alice rindo, e, por um breve instante, o olhar de Agatha cruzou o dela.

A sensação foi arrebatadora.

Quando o apito final soou e a vitória foi assegurada, Rio quase se esqueceu das formalidades e dos cumprimentos obrigatórios com o time adversário. Naquele instante, tudo o que ela queria era saber o que Agatha e Nicky tinham achado do jogo – e, talvez, sentir que tinha deixado uma boa impressão em Agatha.

(...)

COMO DE COSTUME, após a partida uma série de jornalistas enfileiram-se para colher alguns depoimentos das jogadoras. Rio fez o possível para manter a postura e responder algumas perguntas rápidas, não querendo passar muito tempo ali para não dar a chance de Agatha fugir sem que antes tenham uma conversa.

Ela trocou algumas palavras apressadas com um jornalista, mal ouviu a última pergunta de outro e, por fim, conseguiu se desvencilhar com um sorriso e um aceno rápido. Assim que virou o corredor, apressou o passo, praticamente correndo.

Desviando de um ou outro cidadão infortunado que a reconhecia, Rio se esgueirava com o máximo de rapidez que a situação permitia. Cada passo ecoava nos corredores, e ela sentia como se fosse uma criança escapando para encontrar seus amigos. Qualquer coisa para chegar logo ao camarote sem ser interrompida.

Quando finalmente avistou a porta do camarote, Rio respirou fundo para tentar recuperar um pouco de dignidade. Limpou o suor da testa e passou a mão pelos cabelos para ajeitá-los. Queria parecer tranquila e casual, mas o coração estava acelerado e, no fundo, ela sabia que a ideia de casualidade já tinha ficado para trás a muito tempo.

Ela deu uma última ajeitada na camisa do uniforme, e então, com um sorriso que tentava disfarçar sua animação e entrou no camarote, encontrando todos os olhares fixos nela – especialmente o de Agatha.

─── Hey! Grande jogo hoje.

Rio comentou, tentando parecer casual, mas seu olhar seguia grudado na Harkness, e um sorriso ainda maior surgiu quando viu Nicky correndo na sua direção.

─── Rio! Você fez aquele lance incrível! Como conseguiu lançar tão alto? E a jogadora do outro time, você achou que ia conseguir rebater a bola dela? Ela é boa!

Nicky tagarelava, os olhos brilhando de admiração. Rio se abaixou para ficar na altura dele e começou a responder com entusiasmo.

─── Ah, aquele lance? Foi tudo prática, Nicky. E, honestamente, eu nem pensei muito – apenas fui com tudo. E a outra jogadora? Eu sabia que ela não tinha chance.

Ela piscou para o garoto, que estava praticamente explodindo de animação, e então, se endireitou, voltando seu olhar para Agatha, agora tentando manter a calma.

─── Oi, Agatha. Espero que você tenha gostado do jogo, foi… especial ter vocês aqui. ─── Rio sorriu levemente, virando seu olhar para a mulher ao lado de Agatha. ─── E você deve ser Alice, namorada da Agatha.

─── Bom, Alice sim. Namorada da Agatha? Não mesmo. ─── Alice respondeu, apertando a mão de Rio. ─── Sou uma grande fã!

─── Ah, obrigada por ter vindo Alice. E por não ser a namorada da Agatha.

Agatha sorriu, um pouco surpresa pela sinceridade de Rio. Mas antes que Agatha pudesse dizer mais alguma coisa, Lilia, que observava a cena com um olhar malicioso, não perdeu a oportunidade de provocar.

─── Nossa, Rio, é impressão minha ou você esqueceu completamente que tinha um camarote inteiro te esperando, em favor de Nicky e de Agatha?

Lilia disse, com um sorriso provocador. Rio ficou vermelha, tentando rir e disfarçar o nervosismo.

─── Ei, Lilia, não exagera. Eu só… priorizei o que era mais importante, ok?

Wanda riu junto, e Alice trocou um olhar cúmplice com Agatha, enquanto todos no camarote se divertiam com o jeito desajeitado de Rio.

─── O jogo foi incrível, Rio.

Billy disse sorrindo, dando um abraço rápido na Vidal antes de se retirar com Wanda, em busca de Natasha e Yelena.

Rio respirou fundo, percebendo que aquela era a oportunidade perfeita – e, antes que o nervosismo pudesse fazê-la hesitar, ela se virou para Agatha.

─── Agatha… ─── começou, com um sorriso nervoso. ─── Eu sei que provavelmente pareço meio impulsiva, mas será que… você aceitaria sair comigo agora? Podemos pegar algo para comer ou… só conversar, sem toda essa plateia?

Agatha pareceu pega de surpresa. Ela olhou rapidamente para Nicky, e a expressão de dúvida tomou conta de seu rosto.

─── Eu não sei, Rio… Nicky está aqui, e ele…

Antes que ela pudesse terminar a frase, Alice deu um passo à frente, com um sorriso cheio de animação.

─── Pode deixar o Nicky comigo, Agatha. Nós dois vamos nos divertir, não é, Nicky? Eu o levo para casa e te devolvo amanhã de manhã.

Nicky não pareceu muito satisfeito em ser deixado de lado, mas Alice sorriu e se abaixou para sussurrar algo que soou como suborno para ele, que assentiu animadamente, lançando um olhar de cumplicidade para Alice.

─── Claro, mama! Vai ser muito legal.

Agatha mordeu o lábio, claramente ainda hesitante, mas os olhares esperançosos de Rio e o entusiasmo de Nicky finalmente a convenceram. Ela sorriu, resignada, e deu um leve aceno para Rio.

─── Ok, acho que um jantar não fará mal.

Rio quase não conseguiu conter a felicidade e sorriu, radiante, enquanto Alice acenava para os dois com um olhar malicioso.

─── Divirtam-se! Faça tudo o que eu não faria!

(...)

QUANDO RIO VIDAL A CONVIDOU PARA SAIR, Agatha Harkness esperou um lugar luxuoso e cheio de pompa. Era o que a maioria das mulheres com quem ela saiu faziam para conquistá-la, provavelmente pensando que o luxo a impressionaria. Bom, não impressionava.

A Harkness cresceu cercada de luxo, como a herdeira de uma grande exploradora de pedras preciosas que é. Ela conhecia o luxo, as portas que seu sobrenome abriam e, bom, ela também conhecia bajuladores. Nada disso a atrai, nunca atraiu, talvez esse seja o grande motivo pelo o qual ela acabou se tornando uma mãe solteira.

Rio Vidal, no entanto, mostrou-se bem difícil de ler. Ela não era o tipo convencional – nem de longe. A própria ideia de uma estrela do esporte a levando para um jantar luxuoso parecia quase cômica, e parte de Agatha esperava por essa surpresa previsível, como um restaurante chique ou, se Vidal pensasse ser criativa, um food truck gourmet. Mas Rio, com seu sorriso despreocupado e seu jeito confiante, a fez perceber que o que quer que ela tivesse planejado, seria tudo, menos comum.

Quando Rio sugeriu uma “voltinha”, Agatha arqueou uma sobrancelha, intrigada, mas aceitou. Elas passaram por ruas agitadas e bairros que iam ficando cada vez mais tranquilos, até que o carro começou a subir uma estrada sinuosa que Agatha nunca havia percorrido.

No caminho para seu destino, Agatha observava a cidade passando pela janela, com uma mistura de curiosidade e expectativa pelo que Rio havia planejado. Ela ainda não sabia para onde estavam indo, mas esperava algum restaurante sofisticado ou um lugar exclusivo — afinal, era o tipo de coisa com que ela estava acostumada.

Quando, de repente, Rio virou o volante e entrou na fila do drive-thru do McDonald's, Agatha piscou, incrédula.

─── Você está... você está falando sério?

Agatha perguntou, levantando uma sobrancelha, tentando disfarçar o tom de irritação. Rio olhou para ela, divertindo-se com a reação surpresa de Agatha.

─── E qual o problema com McDonald's? Está com cara de quem vai me julgar pelo meu lanche preferido, Harkness.

Agatha respirou fundo, tentando conter uma risada.

─── Nada contra, Rio... mas eu esperava algo... diferente, digamos assim. Não é exatamente o que imaginei para... ─── ela hesitou, escolhendo as palavras, ─── um primeiro encontro.

Rio não conseguiu conter uma risada ao ver a expressão indecisa de Agatha.

─── E eu imaginando que você fosse gostar de um clássico, ─── ela brincou, dando uma piscadela enquanto avançavam na fila. ─── Mas não se preocupe, eu não vim só para te dar um cheeseburger e acabar a noite.

Agatha bufou, sem saber se levava aquilo como uma piada ou se questionava a sanidade de Rio. Afinal, ela era uma dama refinada.

O que exatamente estava fazendo, saindo com uma estrela do esporte que parava no McDonald's?

─── Você sabe que…

Agatha começou, hesitante, mas logo foi interrompida pelo atendente no alto-falante.

─── Olá, boa noite!

Cumprimentou o atendente, despreocupado. Rio fez o pedido com naturalidade, sem tirar o sorriso do rosto.

─── Olá! Vamos querer dois Milkshakes, duas batatas grandes, um McLanche Feliz para mim e... hmm, Agatha, o que vai querer? ─── ela perguntou, mal escondendo o riso ao notar o rosto surpreso de Agatha.

Agatha respirou fundo, ainda indignada, mas, de alguma forma, o olhar brincalhão de Rio a fez ceder. Ela resolveu não comentar o fato de que Rio Vidal estava comendo um lanche infantil.

─── Eu não acredito que estou dizendo isso, mas... eu vou querer um Big Mac. ─── Ela suspirou, meio que se rendendo.

Rio sorriu, satisfeita com o pequeno passo.

─── Agora estamos falando a mesma língua, Harkness.

Enquanto aguardavam o pedido, Rio percebeu que, apesar da resistência inicial, Agatha começava a relaxar. Talvez a noite não estivesse exatamente dentro do que ela planejava, mas Rio já sabia que fazer Agatha sair de sua zona de conforto seria, afinal, uma aventura por si só.

Uma vez que receberam os pedidos, elas dirigiram um pouco em silêncio, enquanto a cidade cintilava lá fora, cada uma imersa em pensamentos próprios. Rio, no entanto, estava mais nervosa do que queria admitir. A ideia de impressionar Agatha a deixava ansiosa, mas algo em sua mente dizia que um momento simples e verdadeiro seria mais significativo do que qualquer evento elaborado.

Após alguns minutos, alcançaram um mirante isolado. Enquanto desciam do carro, Agatha se surpreendeu com a simplicidade do local. Havia algo puro e quase romântico naquele espaço, longe do glamour e do barulho.

Ali, a cidade inteira se estendia à frente delas, um mar de luzes brilhantes e movimento que parecia até mesmo mágico sob o céu estrelado. Agatha soltou um leve “uau”, olhando maravilhada para a vista, e Rio, pegando o entusiasmo, apenas sorriu.

Rio se recostou no capô do carro, segurando o milkshake, e apontou para o horizonte.

─── Bom, você disse que esperava algo diferente para o primeiro encontro, mas me diga se a vista não compensa.

Ela disse, dando um gole no milkshake e observando Agatha, que ainda parecia imersa nas luzes da cidade.

Agatha riu baixinho, tentando esconder que, apesar de toda a sua resistência, estava genuinamente encantada.

─── Está certo, Vidal, vou te dar um ponto. A vista é realmente linda, mas comer um hambúrguer realmente não me encanta.

Ela se encostou ao lado de Rio, segurando o Big Mac e desviando o olhar para a cidade. Rio gargalhou, dando um leve empurrão em Agatha com o ombro.

─── Bom, eu acho que você está gostando mais do que quer admitir, Harkness. Esse Big Mac aí não mente!

Agatha revirou os olhos, mas seu sorriso a traiu. Ela observou Rio por um instante, sentindo a espontaneidade dela se sobrepor ao próprio estilo mais reservado.

─── Talvez eu esteja, mas não vá se acostumando. Eu sou uma mulher de alto custo de manutenção, okay? ─── Ela fez um gesto teatral com a mão, fingindo arrogância. ─── Mas, falando sério... é bom encontrar alguém que não se intimide comigo.

Rio a olhou, surpresa, e então sorriu, inclinando a cabeça.

─── Não sou o tipo que se intimida, mas sou o tipo que valoriza o que importa. E de verdade, Agatha, acho que tem muito mais nessa tal “mulher de alto custo” do que jóias caras e reservas exclusivas.

Agatha desviou o olhar, meio que se perguntando como Rio enxergava tão facilmente suas camadas. Depois de alguns segundos em silêncio, ela finalmente disse:

─── Nem todo mundo vê as coisas desse jeito. Acho que cresci acostumada a esconder muito de mim mesma. Principalmente agora, sendo mãe do Nicky. Ser mãe solteira é… difícil.

Rio se inclinou um pouco, interessada.

─── Ele é um garoto legal, deu pra perceber. E parece que te adora, o que não é surpresa.

Agatha sorriu, um sorriso que era mais do que orgulho. Era um alívio por ter encontrado alguém que não via a maternidade como um obstáculo.

─── Nicky é... meu mundo inteiro, ─── ela admitiu suavemente. ─── Ele trouxe uma luz que eu não sabia que precisava. Às vezes, sinto que eu não vivia de verdade antes dele.

Rio assentiu, com um olhar pensativo.

─── Então ele é como a mãe.

Ela sorriu e pegou a mão de Agatha, entrelaçando os dedos de forma espontânea e natural.

Agatha olhou para as mãos unidas, sentindo uma faísca inesperada percorrer seus dedos. Era raro alguém conseguir ultrapassar suas defesas, mas Rio parecia fazer isso sem esforço.

─── Não esperava que você fosse tão… direta.

Murmurou Agatha, um toque de hesitação em sua voz. Rio deu de ombros, sorrindo de um jeito despreocupado, mas honesto.

─── Bom, talvez eu só seja um pouco imprudente. E talvez… eu só saiba que vale a pena tentar.

Rio, sentindo a brisa suave da noite, olhou para Agatha com uma curiosidade genuína.

─── Então, me conte. Como foi que você acabou tendo um garoto tão incrível como o Nicky?

Agatha suspirou, sorrindo levemente enquanto olhava para as luzes da cidade abaixo. Ela não falava sobre isso com muita frequência, mas algo em Rio a fez sentir que poderia compartilhar.

─── Bem, aos 45, depois de uma série de relacionamentos que não levaram a lugar algum… e com a ideia de uma família sempre ficando para depois… decidi que estava na hora. Não tinha uma parceira, ninguém com quem eu realmente quisesse dividir essa jornada. Então, decidi fazer isso sozinha.

Rio olhou para ela, surpresa, mas com admiração.

─── Uau. Isso é… corajoso.

Agatha deu uma risada curta, balançando a cabeça.

─── Às vezes me pergunto se foi coragem ou teimosia. Mas eu sabia que, se ficasse esperando o momento perfeito ou a pessoa perfeita, talvez isso nunca acontecesse. E eu queria um filho.

Rio se aproximou um pouco mais, seus olhos brilhando com a sinceridade de Agatha.

─── E você definitivamente conseguiu. Nicky é incrível. Ele tem muito de você.

Agatha sorriu, sentindo-se um pouco mais à vontade ao falar sobre sua escolha. Era uma parte dela que muitas vezes ficava escondida, mas naquele momento, parecia natural compartilhar.

─── Obrigada. Ele é realmente o melhor de mim. E, sabe, eu sempre quis que ele crescesse vendo que a vida não precisa seguir um padrão. Que ele pode ser o que quiser.

Rio a observou, refletindo sobre aquelas palavras.

─── Isso é lindo, Agatha. A maioria das pessoas passa a vida inteira se perguntando o que os outros vão pensar ou tentando se encaixar em alguma expectativa. Você está criando ele para ser livre.

Agatha riu, um toque de emoção em sua voz.

─── Talvez eu tenha aprendido isso tarde, mas quero que ele cresça sabendo desde cedo. E é curioso, porque às vezes, ele acaba ensinando mais para mim do que eu para ele.

Rio assentiu, compreendendo bem a profundidade do que Agatha dizia.

Elas ficaram ali, em silêncio, observando as luzes e sentindo a quietude daquele momento. Naquele mirante simples, Agatha começou a perceber que talvez, por trás do seu jeito maluco e espontâneo, Rio Vidal pudesse ser exatamente o que ela precisava: alguém que a enxergava como ela realmente era.

E pela primeira vez em muito tempo, Agatha sentiu que poderia permitir isso.
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• ⚾ . . OO1 ❜ Esse capítulo deveria ser dividido em dois? Sim, mas eu estou me sentindo caridosa hoje (e escrevi mais capítulos do que o planejado ontem), então aqui está. 

• ⚾ . . OO2 ❜ Queria aproveitar a oportunidade para agradecer pelos 3K e pedir que me sigam no Tik Tok (god_lalaa). Sempre posto vídeos da história lá e acho que vocês vão gostar.

• ⚾ . . OO3 ❜ No próximo capítulo: Rio Vidal vai do céu ao inferno em questão de horas.

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