CAPÍTULO 25 - A DESCOBERTA

Ao ler o bilhete de Victória, suas palavras revelaram questões-chave que me ajudariam a desvendar mais segredos nesta casa:

"Amy, sei o quanto você está confusa agora, e detesto que Alex não te conte toda a verdade, mas eu não poderia passar por cima da vontade dele. E por isso, te deixo uma pista verdadeira de todas as coisas que a rodeiam. No gabinete do Simon, há um cofre secreto na última gaveta de sua mesa. Ali estarão todas as suas respostas, basta você encontrá-las. A senha é 070697.

Ps: Estamos em San Diego, Simon está conosco."

Após ler o bilhete, senti um misto de agradecimento por Victoria ter me ajudado e curiosidade para saber o que estava escondido naquele cofre e como aquilo influenciaria minha vida ou me abriria os olhos...

Eu não sabia por que Alex tentava me proteger escondendo as coisas de mim, mas sabia que talvez sua razão fosse mais forte do que a minha vontade de saber a verdade. Afinal, eu não tinha ideia de quais segredos estavam sendo guardados naquele lugar.

Com passos rápidos, me aproximei do gabinete de Simon e abri a porta devagar, adentrando o cômodo escuro iluminado apenas por um abajur azul com desenhos de gotejamento d'água. Sem dar mais importância ao objeto, segui até a mesa e me agachei para alcançar a última gaveta. A abri e vi o cofre de tamanho médio, todo preto, com uma combinação de seis dígitos. Então, digitei precisamente os números, e o cofre se abriu, fazendo um barulho eletrônico. No entanto, antes de abrir, percebi algo interessante: a combinação correspondia à data do meu aniversário, 7 de junho de 1997. Poderia ser uma coincidência, mas também poderia ser algo proposital.

Respirei fundo e decidi abrir o cofre, curiosa para descobrir o que ele guardava. Ao fazê-lo, deparei-me com um álbum rústico de fotos, uma caixa pequena e um saquinho guardando um cartão de memória.

Com as mãos trêmulas, peguei o álbum de fotos primeiro e comecei a folheá-lo lentamente. As imagens revelavam momentos da vida de Simon e Alex, todas antigas e aparentemente tiradas em sua infância. Ambos pareciam extremamente felizes quando mais novos; Alex com um sorriso contagiante e puro, e Simon sempre com aquele ar de protetor e responsável, abraçando o irmão. No entanto, antes de guardar o álbum de volta, algo chocante me paralisou: eu estava em uma das fotos, abraçando Alex e Simon quando crianças. Não entendia por que minha figura estava junto a eles. Eu nunca os conheci antes...

Aquela descoberta me deixou sem palavras, meu coração acelerou e uma série de perguntas começaram a surgir em minha mente. Como eu poderia estar naquela foto? O que aquilo significava? E por que eu não me lembrava disso?

Será que tínhamos alguma ligação especial? Será que o segredo que Alex não poderia me revelar era que tínhamos um passado juntos e nos conhecíamos?

Mesmo com a mente repleta de dúvidas, eu me forcei a continuar descobrindo tudo que ainda restava naquele cofre. Peguei a pequena caixa, e abri logo visualizando um lindo colar em forma de coração escrito "Amy".

A visão do colar com o meu nome gravado aumentou ainda mais o turbilhão de perguntas em minha mente. Como aquele colar tinha parado ali? Por que ele estava guardado junto com fotos de Alex e Simon da infância, e por que meu nome estava gravado nele?

Com as mãos tremendo, examinei o colar mais de perto, tentando encontrar alguma pista que pudesse explicar sua presença ali. Antes que pudesse tirar qualquer conclusão, meus olhos se voltaram para o cartão de memória.

Decidi que a melhor maneira de acessar o conteúdo do cartão de memória seria encontrar um notebook. Com a mente ainda repleta de perguntas e incertezas, lembrei-me de que Simon tinha um laptop bem aqui em seu escritório.

Com uma necessidade voraz, levantei-me e avistei o laptop em cima da mesa. Sentei-me na cadeira giratória de Simon e liguei-o ansiosamente, torcendo para que houvesse alguma informação no cartão de memória que pudesse esclarecer tudo.

Assim que o notebook inicializou, conectei o cartão de memória e esperei que os arquivos fossem abertos. Uma vez aberto, percebi que havia apenas arquivos de vídeos salvos. Apreensivamente, cliquei em um dos vídeos, e a tela abriu, começando a transmiti-lo. Era um vídeo capturado pela câmera de vigilância no dia 30 de dezembro. Olhei para a data atual na barra de tarefas do computador e vi que era dia 26 de janeiro. Ou seja, se eu me recordava corretamente, aquele dia foi o do assassinato dos pais de Simon e Alex.

Com o coração acelerado, assisti ao vídeo, observando atentamente cada detalhe em busca de pistas que pudessem me ajudar a entender o que realmente aconteceu naquela noite fatídica.

No vídeo, observei Simon e Alex conversando em voz baixa na sala de estar. Estavam tensos, trocando olhares nervosos enquanto discutiam algo que não conseguia entender totalmente. A cena estava carregada de uma energia pesada, como se algo terrível estivesse prestes a acontecer. Alex, estava segurando um copo de virdo, e pela primeira vez, eu pensei que ele iria quebrá-lo e jogá-lo em cima de Simob. No entanto, os pais de ambos surgiram, tentando acalmar o Alex, e nesse instante ele subiu para o quarto. Somente restaram Simon, e os seus pais, e os três inciaram uma discussão acalorada, visivelmente irritados uns com os outros. Sem poder captar o conteúdo da discussão, vi Simon pegar o seu material de trabalho e sair pela porta. O Sr. e a Sra. Hart ficaram na sala, sentaram-se no sofá e ligaram a TV para assistir a um reality show. A câmera então mudou para o quarto de Alex, onde ele estava deitado em sua cama com fones de ouvido, lendo um livro como de costume. A cena continuou a avançar, mostrando diversas posições em que Alex se encontrava na cama, até parar no horário das seis horas.

No meio da transmissão, a câmera voltou para a sala de estar onde os pais estavam, mas desta vez, algo terrível estava prestes a acontecer. Os pais de Alex e Simon rapidamente se levantaram do sofá, com seus olhos cheios de perturbação. O casal começou a dirigir palavras para alguém que não era revelado para a câmera. Estavam visivelmente nervosos, com o medo estampado em seus rostos. De repente, a pessoa apareceu, revelando-se como o mesmo homem de capuz que estava me perseguindo. Ele sacou uma faca da cintura e apunhalou o pai, enquanto a mãe gritava em desespero. Alex, por outro lado, não ouvira nada devido aos fones de ouvido. A mulher começou a gritar e tentou escapar, correndo em direção à porta da frente, mas o homem foi mais rápido, agarrou seus cabelos e desferiu sete facadas em suas costas. Horrorizada, eu assistia enquanto a mulher caía morta no chão, e o sangue escorria por todo o seu vestido. Sem pausa, o assassino voltou para o pai e desferiu mais algumas facadas, acabando com sua vida.

O assassino foi inteligente o suficiente para usar luvas durante o ataque. Com habilidade, ele pegou o copo que Alex havia tocado e transferiu suas digitais para a faca. Também pegou um dos tênis de Alex, molhando-o no sangue para criar uma cena que o incriminasse. Então, abandonou a faca na cena do crime e retirou as luvas, aparentemente dirigindo-se para a porta dos fundos da cozinha.

No mesmo instante em que a filmagem acabou, percebi que não havia mais nada naquele cartão de memória. Perplexa com tudo que descobri em um único dia, levantei-me da cadeira, tentando juntar as peças do quebra-cabeça que se formava em minha mente. Alex não era um assassino, mas sim a vítima de um assassinato, incriminado pelo verdadeiro culpado, aquele mesmo homem que me perseguia e encontrou-se com Simon. Victoria, aparentemente uma aliada, também parecia carregar seus próprios segredos. Quanto a Simon, ele talvez não fosse o assassino, mas poderia ser a mente por trás de toda essa trama. No entanto, eu ainda me perguntava por que ele queria me prejudicar. Além disso, parece que temos um passado juntos do qual não me lembro, e não tenho ideia de como começou. E o colar... De onde ele surgiu? E, acima de tudo, por que Alex vem guardando esses segredos de mim?

Determinada a resolver tudo isso, decidi que a escolha certa era levar todas essas provas para a polícia. Assim, aliviaria a situação de Alex e teria mais uma prova contra o suspeito que invadiu minha casa. Com agilidade, coloquei o cartão de memória de volta no saquinho e guardei-o no bolso da calça, saindo em seguida do escritório.

No entanto, ao começar a andar pelo corredor, ouvi o barulho do meu telefone tocar. Corri até o meu quarto e vi que era minha mãe ligando. Sabia que não tinha tempo para atendê-la naquele momento, pois tudo estava acontecendo rápido demais e precisava resolver aquele problema primeiro. Embora soubesse que a preocuparia, recusei a chamada e coloquei o telefone no silencioso, guardando-o no outro bolso da calça. Com o coração batendo forte, calcei meus tênis que estavam no armário do hall e saí da casa dos Hart.

Ao colocar os pés no lado de fora novamente, eu senti o vento puxar os meus cabelos e as folhagens secas do quintal também, o sol estava baixo e a rua estava vazia como sempre. E um certo sentimento de apreensão bateu no meu peito. Eu comecei a andar pelas ruas parecendo determinada, mas meu coração estava em alerta, caso algo acontecesse. Ficar sozinha, ainda mais na rua, e correndo perigo não era uma opção para mim... No entanto, eu não poderia ficar trancada naquela casa, e sem provar a verdade para a polícia.

Porém, um passo surgiu atrás de mim, eu senti o barulho de botas pesadas andarem na mesma linha que eu, e um arrepio subiu pela a minha espinha, como se a minha mente gritasse - vire para trás - Mas, um medo começava a crescer dentro de mim, e a cena daquele assassino matando os pais de Alex, voltou na minha mente - foi terrível e assustador...

A sensação de estar sendo seguida fez o meu coração acelerar ainda mais. Cada passo que eu dava parecia ecoar como um eco assustador naquela rua deserta. O medo começou a tomar conta de mim, mas eu sabia que não podia ceder ao pânico. Respirando fundo, tentei manter a calma e continuar caminhando, enquanto lutava contra a vontade instintiva de olhar para trás.

No entanto, a sensação de que alguém estava me observando se tornou cada vez mais forte. Era como se uma presença sinistra pairasse sobre mim, fazendo com que cada célula do meu corpo gritasse para que eu me virasse e encarasse o perigo de frente.

Finalmente, incapaz de ignorar mais o medo que me consumia, dei uma olhada rápida por cima do ombro. O que vi fez meu coração gelar.

Lá, a alguns metros de distância, um homem encapuzado me observava com olhos frios e penetrantes. Seu rosto estava parcialmente oculto pelas sombras do capuz, mas pude ver o brilho sinistro em seu olhar. Instantaneamente, soube que ele não estava ali por acaso.

O terror me paralisou por um momento, mas logo a urgência de sobrevivência me impulsionou a agir. Sem hesitar, comecei a correr o mais rápido que pude, desviando-me dos obstáculos no caminho enquanto o som de meus passos ecoava pelas ruas desertas.

O homem, começou a me perseguir e cada passo dele parecia ser três dos meus, e a todo instante ele parecia que iria me alcançar. Eu corria sem direção, mas apenas louca para vê-lo longe de mim. Porém, como não estávamos no centro de Solvang, era impossível eu chamar a atenção com os meus gritos, já que a maioria dos moradores do bairro eram idosos, e que necessitavam de aparelhos auditivos, além disso, seria muito perigoso envolver qualquer pessoa, em uma coisa tão perigosa.

Sem ter para onde correr se não estrada, eu decidi entrar dentro da floresta que dava de encontro ao parque Nacional, a fim de sair de vista dele e principalmente alcançar mais pessoas a frente.

Cada segundo parecia uma eternidade, mas eu sabia que não podia desistir. A adrenalina pulsava em minhas veias enquanto eu atravessava um punhado de galhos quebrados, matos, plantas e lobos que brincavam com os meus pés em uma ida e vinda escorregadia e atrapalhada.

O som dos galhos quebrando sob meus pés ecoava pelo ar, misturando-se ao som das folhas sendo pisoteadas em minha fuga desesperada. O homem encapuzado, por incrível que pareça continuava em minha cola, com sua presença sinistra pairando como uma sombra ameaçadora por trás de mim.

Cada vez que eu olhava para trás, via apenas a figura escura se aproximando cada vez mais, como um predador determinado a capturar sua presa.

Minha respiração estava acelerada, meus músculos gritavam de exaustão, mas eu não podia parar. E finalmente eu encontrei uma cabana velha, na qual eu poderia me esconder, até que ele sumisse de vez.

Com uma última dose de energia, corri em direção à porta da cabana e entrei, fechando-a rapidamente atrás de mim. O interior estava escuro e empoeirado, com o cheiro característico de abandono, mas também como se um animal ou algo do tipo estivesse morto ali. Aquele cheiro, me fez da uma tossida, mas rapidamente, procurei um lugar para me esconder, optando por me esconder debaixo de uma lona atrás de uma sofá coberto por um lençol sujo. Ouvi o som dos passos do homem se aproximando do lado de fora da cabana, seu caminhar pesado ecoando pelos arredores. Meu coração batia tão forte que parecia prestes a sair pela boca, enquanto eu segurava a respiração, torcendo para que ele não me encontrasse ali.

Enquanto eu me encolhia sob a lona, meu coração martelava dentro do peito, ecoando o medo que se espalhava por cada fibra do meu ser. Cada passo do homem do lado de fora da cabana era como um trovão, reverberando na minha mente enquanto eu lutava para conter a respiração e permanecer o mais silenciosa possível.

O silêncio tenso que se seguiu foi ensurdecedor, interrompido apenas pelo som abafado da minha própria respiração. Minha mente estava em turbilhão, tentando encontrar uma solução para a situação desesperadora em que me encontrava.

Porém, assim que eu percebi um silêncio no ar, eu decidi que era hora de ir e correr o mais rápido possível, mas na tentativa desesperada de sair debaixo da lona, eu encostei em um armário de ferro, e o mesmo acabou abrindo as suas portas enferrujadas, e ao encarar o que estava dentro dele, eu não pude fazer nada a não ser gritar com os olhos lagrimados...

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