CAPÍTULO 13 - CAMINHOS CRUZADOS

No dia seguinte, acordei como sempre, tomando um gole de água e engolindo os meus comprimidos. No entanto, os pensamentos da noite passada ainda giravam na minha cabeça. Ver Alex olhando para a minha janela, foi realmente uma surpresa. Além disso, nos deixou em um momento embaraçoso, que só de relembrar, meu rosto já cora e fica bobo!

Já estava de pé às 8h00 quando Rosa chegou e preparou meu café da manhã.

- Vou fazer torradas com manteiga de amendoim. - Ela afirmou.

- Está bem. Estou me esforçando para comer mais desta vez.

- Certinho. Você sabe o que os médicos fazem se você não se alimenta direito.

- Eu sei. Minha mãe me lembra disso o tempo todo.

Rosa concordou, sorrindo com o comportamento superprotetor da minha mãe.

Depois de alguns minutos, tomei meu café, vesti roupas quentes para o frio, incluindo um casaco longo marrom, calças pretas e um coturno da mesma cor, prendendo meu cabelo em um rabo de cavalo. Me despedi de Rosa e expliquei-lhe sobre o falso estágio que eu tinha supostamente com o Dr. Simon, em seguida, parti ligeiramente em direção à casa dos Hart.

Eu caminhava até lá, com passos rápidos, enquanto minha mente só pensava no ocorrido da noite passada e principalmente em como seria o nosso encontro depois da nossa discussão. Como eu deveria agir diante da sua frente, deveria ficar em silêncio? Fingir indiferença e ignorá-lo o dia todo? Porque viver ao lado dele é tão difícil.

Continuei o meu trajeto, e ao atravessar a entrada da casa dos Hart, algo atingiu minhas costas. Me virei apressada e vi que era uma pequena pedra. Só então me dei de frente com a pessoa que menos queria ver: Parker.

Ela me encarava com um olhar curioso e ameaçador enquanto se aproximava decidida.

- Ei, Amy! O que você pensa que está fazendo vindo até esta casa?

Fiquei em silêncio, pois ninguém poderia saber que Alex tinha voltado e que estava apenas em casa. Com as mãos já suadas, precisei inventar uma desculpa.

- Estou procurando o Dr. Simon, ele é meu médico agora e preciso falar com ele. - Respondi.

- Simon já foi, para sua informação. Se fosse você, daria meia volta... A menos que esteja escondendo algo?

Nesse mesmo momento, meu corpo gelou, eu fiquei paralisada, pensando cuidadosamente nas minhas respostas. Parker não era burra quando o assunto era meninos.

- O que eu estaria escondendo? - Fingi de boba.

- Que Alex voltou. É só impressão minha ou você quer mantê-lo só para você?

- O quê? Por que eu faria isso? - Exclamei rapidamente, sem parar para raciocinar nas minhas palavras.

- Você acha que não percebemos que você gosta dele? Você passava horas olhando para a janela dele. Sabemos que essa atitude não é à toa.

Fiz uma careta, demonstrando pela primeira vez irritação. Afinal, detestava esse jeito pretensioso e arrogante dela. Já não bastava sempre fazer horas com a minha cara, agora precisava destruir a única coisa que poderia me tornar diferente, o único sentimento que fazia eu me sentir viva? Com todas as forças do meu coração, me impus e disse:

- E se eu sentir, qual é o seu problema com isso?

Ela riu com sarcasmo, demonstrando deboche com a minha pergunta.

- Para sua informação, também me interesso por aquele cara. - Ela respondeu, enquanto eu lançava um olhar furioso em sua direção.

- Por quê? Você já tem namorado. Então, não precisa dele.

- Você é muito ingênua, Amy. Acha que os relacionamentos duram para sempre, mas não duram. Isso exige muita atração, e quando acaba, é só chutar a pessoa para fora.

- Além disso, o ego sempre fala mais alto, então quem eu quiser eu consigo. E o Alex não escapa disso.

- Mas isso está errado... E se o seu namorado realmente te amar?

Ela gargalhou.

- Ele não me ama. Assim como Alex também não vai te amar. Homens como eles só querem o seu corpo e não você de verdade.

- Mas ainda existem homens que podem ser verdadeiros... Como também você está fazendo o mesmo agindo dessa forma. Você nem conhece o Alex, e quer brincar desse jeito com ele, você é terrível. - Eu disse, enquanto meus olhos se tornavam molhados.

Parker me encarou com os olhos surpresos, como se a minha última frase, "Você é terrível", tivesse tocado em seu coração. No entanto, eu também me sentia tocada, afinal, a sua personalidade havia se tornado algo que eu detestaria ter, seu jeito não era mais o mesmo, eu não via mais a minha amiga de infância naquela garota... Além disso, o modo que ela se referiu ao Alex foi extremamente ruim. Ele pode ser rude e muitas vezes confuso, mas ele nunca me desrespeitou como mulher. E ver alguém tentando desrespeitá-lo mexeu com o meu coração, porque somos uma dupla de leprosos, e devemos nos proteger mutuamente...

Parker depois disso, se recompôs com um suspiro e disse:

- Eu não dou a mínima para o que você pensa de mim. - Ela disse caminhando em minha direção. - Mas como uma amiga, te aconselho a ir embora... - ela tocou com uma mão no meu ombro. - E deixá-lo comigo. - completou, colocando força o suficiente na mão, me empurrando no chão.

Após eu bater as costas no solo, a neve, graças a Deus, amorteceu a minha queda. Encarei-a, me sentindo nervosa. Eu poderia ter feito algo a respeito, mas naquele momento eu me senti impotente e vulnerável. Pois, o meu coração estava triste ao perceber como ela se transformou de uma garota doce para uma deplorável.

Continuei ali, sentada naquela superfície branca, com os olhos presos à neve que declinava sobre a terra e de repente uma lágrima escorreu do meu rosto, e eu não pude segurá-las mais.

- Éramos amigas... Mas por que você me abandonou assim?

- As coisas mudam depois do colegial, Amy. E também, eu detestava criar laços com você e sentir que você poderia ir embora a qualquer momento. Então, só adiantei as coisas para você.

- Adiantou? - Eu sorri, em meio às lágrimas.

- Você só piorou, porque no momento em que eu mais precisava de você, você me abandonou. Assim como todo mundo fez e faz até hoje.

- Não adianta se fazer de coitada. Você sempre será a Amy perdedora se não morrer logo. - Ela enfatizou, enquanto eu me segurava para não chorar ainda mais.

Eu queria ser forte, mas eu nunca conseguiria competir com essas pessoas, o mundo é mal, e eu nunca poderei pagar este mal com a mesma moeda, e eu sempre serei deixada para trás e esquecida por todos. Preciso amadurecer quanto antes e ter coragem de enfrentar as coisas ao meu redor, se não nunca crescerei na minha vida, se um dia eu for a ter...

- Bem, voltando ao que interessa, onde está o Alex? - Ela questionou.

No entanto, antes que eu pudesse dizer alguma desculpa, a porta atrás de mim se abriu, e logo o semblante de Parker mudou para um totalmente sério. Curiosa, eu virei a minha cabeça para trás e me encontrei com Alex de pé encostado à madeira da vinca, com a mesma postura enigmática de sempre.

Ele estava mais decidido do que o normal e caminhou até nós com passos pesados, sua aura emanava um perigo eminente, seus olhos estavam frios e sérios como nunca e seu cabelo estava mais brilhante enquanto seus fios rebeldes aumentavam a sua beleza. Eu o olhava fixamente, aguardando o que ele faria em seguida... Porém, ele passou diretamente por mim, com os olhos fixos em direção a Parker. Alex se aproximou o suficiente dela e, sem hesitar, agarrou o colarinho do uniforme dela e a encarou com os seus olhos azuis por alguns segundos, enquanto ela abria os lábios surpresa.

- Olha... eu não costumo encostar em mulheres, mas se você encostar um dedo na Amy de novo, eu vou cortá-lo fora. Ouviu? - Disse num tom ameaçador, enquanto Parker arregalava os olhos, assustada.

Eu tremi, pois até mesmo eu, havia ficado assustada com aquilo e principalmente surpresa e confusa. Por que o que se passava na mente dele para agir assim, na verdade, por que ele me defendeu? Não esperava que ele me protegesse, especialmente depois do que disse dois dias atrás, quando queria se manter longe de mim. O que mudou?

De repente, ele a soltou abruptamente, enquanto a mesma se afastava com medo.

- Eu não entendo... por que está defendendo ela? - Parker questionou confusa.

- Isso não é da sua conta. Pare de importuná-la com os seus amigos. Ou todos vocês sofreram. - Ele respondeu.

Após isso, Alex ignorou a presença de Parker e veio até mim, inclinando-se, enquanto eu permanecia sem ao menos piscar e com um nervosismo incontrolável por dentro. Eu abri a minha boca e o chamei:

- Alex...

Ele apenas me olhou nos olhos, com os seus azuis e, ao mesmo tempo, carinhosos e surpreendentemente, me pegou no colo com as suas mãos finas e pálidas, deslizando-as pela minha cintura e coxas. Fiquei vermelha e naquele mesmo instante esqueci completamente a presença de Parker entre nós. Apenas apreciei aquele momento inesperado.

Olhei para o seu rosto atraente, observando cada detalhe de suas expressões, maravilhada com o sentimento que ele fazia sentir, era como uma hipnose passageira, mas que me deixaria em um completo transe. Sem esperar mais, Alex me levou para dentro, carregando-me em seus braços. Apertei suas costas com força, segurando-me, enquanto seu perfume invadia minhas narinas, com aquele cheiro de campina que me encantava. Pela primeira vez, senti seu coração acelerado quando coloquei uma mão em seu peito. O que essas batidas rápidas significam?

Entramos na casa, e ele fechou a porta com o pé, enquanto Parker continuava plantada como uma árvore, perplexa com a atitude de Alex. Mas ela não era a única. Afinal, o que se passava na mente dele? Por que ele agia assim? Por que parecia se importar e às vezes não? Alex Hart, quem é você de verdade?

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