Capítulo único
Alicent sempre gostou de observar o céu a noite. A imensidão escura, sendo iluminada por pequenos pontinhos de luz, a tranqulizava. Tudo era tão imenso, era como se ela pudesse se esconder nessa tranquilidade noturna, como se pudesse viajar pelas estrelas e esquecer de tudo que estava no solo.
— Vossa Graça não deveria estar aqui neste horário, principalmente depois dos ocorridos dessa noite — Alicent se vira, e encontra uma sombra de um homem na entrada da sacada, não conseguia enxergar seu rosto, mas o reconhecia pela voz, era Sor Criston.
— Eu prefiro observar as estrelas do que encarar minha realidade. — Alicent diz, e percebe a movimentação do guarda real, que se aproxima dela.
— Venha, rainha, irei levá-la para seus aposen... — Sor Criston é interrompido pela Hightower.
— Sor Criston, se lembra do casamento de Rhaenyra com Laenor Velaryon? — A rainha disse enquanto se virava bruscamente para ver o cavaleiro.
— Lembro sim, Vossa Graça. Mas não entendo o que isso...
— Se lembra de como todos os nobres ficaram horrorizados com o que fez com Sor Joffrey?
Criston suspira e apoia os braços no muro da sacada.
— Lembro-me sim, Vossa Graça.
Alicent se aproximou ainda mais do guarda, podendo sentir sua respiração batendo na pele dela.
— Eu lembro muito bem daquela noite. O vestido que eu usei, lembro da sensação de desconforto que o decote bem aberto me fazia ter. Lembro-me da raiva que sentia por Viserys — ela solta uma risadinha —, e do sentimento de desespero por não saber o que fazer, por me sentir sozinha, como uma torre sendo rodeada por fogo, sem saída para o ar. Me pergunto, Sor Criston — o homem suspirou e olhou para o lado ao ouvir seu nome —, foi isso que sentiu quando viu todas as pessoas naquela sala tremendo de medo do sangue em seu capacete, do sangue escorrendo pelo chão, e claro, da cabeça de Sor...
— Eu já entendi, Vossa Graça. —Criston olhou para baixo e se distanciou da rainha.
— Então me responda, foi isso que sentiu?
O cavaleiro começou a olhar o céu, tentando fugir daquela conversa desconfortável.
— Você viu o que eu iria fazer, acho que isso já basta para responder essa pergunta.
— Olhe para mim — Criston se vira e ambos ficam mais próximos do antes — exatamente, eu vi a cena, você ajoelhado no chão, com a espada apontada para o peito, e eu me lembro também de como você olhou para mim quando chamei seu nome, como se eu fosse sua esperança, o que separava seu coração da ponta afiada da espada.
— E era, Vossa Graça, e é até hoje. Você é minha esperança nesse mundo cheio de injúrias.
— Pois então, Sor Criston, saiba que você também é minha esperança, de que alguém está ao meu lado para ir contra esse mundo que pune os que cumprem seu dever, e que presenteia aqueles que o ignora completamente.
— Eu sempre estarei ao seu lado, Vossa Graça. Sou seu guarda juramentado, seu protetor, estarei aqui para tudo que vier fazer. — Criston olha nos olhos de Alicent como se estivesse de volta a juventude, quando olhava para o homem que o fez cavaleiro.
— Estará? Como saberei? Já conheci tantos homens que pareciam estar ao meu lado, mas no fundo só se importavam com seus próprios interesses.
— Vossa Graça sabe como sou leal desde do dia em que contei sobre meu caso com Rhaenyra, e você não me dispensou.
Alicent olhou para o chão, com o olhar vazio, e deu um suspiro pesado.
— Sor Criston, — a rainha voltou a olhar o guarda, dessa vez com mais intensidade — prometa-me, que você estará ao meu lado, mesmo quando todos estiverem contra mim, mesmo quando todos disserem que enlouqueci, mesmo quando até você comece a duvidar de meu caráter e sanidade, por favor, me prometa.
— Eu prometo Vossa Graça, que estarei aqui. Tudo pela minha rainha.
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