CAPÍTULO 9

CAPÍTULO 9:
Sentimentos Abertos

Nunca senti tanta paz. Alguns dias sem a presença de Cinco ao meu lado quase me fazem pular de alegria. Ele me evitou por uns cinco ou seis dias, acho que mesmo bêbado ele entendeu o recado. Esses dias deram lugar para muitos nados no lago, horas sentada nas árvores tendo muitas inspirações e até passar tempo brincando com o Oliver, e agora estamos mais ligados do que nunca. Não posso me esquecer de quando o Klaus teve a sua ressaca fortíssima no dia seguinte da festa, não podíamos sequer dizer uma palavra ao lado dele, era capaz de ele nos fazer comida de onça.

Luther insistiu para que comêssemos pizza hoje, embora estivéssemos há uns duzentos quilômetros da pizzaria mais próxima, ele faria essa pizza acontecer, ainda bem. Nem que precisássemos de um tutorial na Internet e ingredientes improvisados. Ele achou melhor que Allison, Cinco e Ben fizessem a pizza, e eu não vejo a utilidade de Cinco nisso.

Luther em sua mente brilhante achou que por eu ser filha de uma confeiteira impecável, eu teria os mesmos dons que ela. E mesmo as qualidades da minha mãe não se encaixando a mim ele me colocou na cozinha para o preparo da pizza.

— Caralho, Ben! São quatro xícaras de farinha, e não sete — Cinco exaltou a sua voz.

— Me dê aqui — Allison tomou o recipiente — Deixa que eu faço.

— Allison, como eu faço uma sopa de fermento? — Ben perguntou olhando para a receita.

— O quê? — nós dissemos em coral.

— Sim. Aqui diz que precisa de uma colher de sopa de fermento — Ben disse e só consegui levar minha mão à testa.

— Ben, você consegue ser pior que a Candace na cozinha — Cinco dispara. Escolhi fingir que não ouvi isso.

— Gente, mas eu ainda não entendi — Ben disse, ele realmente achava que teria que fazer uma sopa de fermento.

Eu ouvi dizer que você ficou quieto e sentado nessa cadeira — Allison apontou com os olhos e Ben instantaneamente se sentou, e não dizia uma palavra.

— Allison, como posso ajudar aqui? — eu disse esperando ser útil de alguma forma.

— An… você pode aquecer o forno — ela disse. Bom, pelo menos isso é útil.

Fiz o que Allison pediu, quase me queimei mas isso já é rotina. Após a massa ficar pronta e ir para o forno, começamos a preparar o recheio. Na verdade, Cinco preparou. Allison e eu ficamos pasmas observando de longe como ele fazia tudo tão rápido e mesmo assim acertava as medidas e os pontos. Acredito que quem já passou dezessete anos sozinho saiba fazer o básico de comida, para mim era a única explicação de como Cinco cozinhava tão bem. O que será que ele comia no mundo pós-apocalíptico? É muita ignorância da minha parte perguntar se ele comia baratas?

O forno apitou segundos depois de Cinco terminar o recheio, sem nem pedir nossa ajuda ele finalizou a pizza e a colocou num prato mais apresentável.

— VENHAM COMER! NÃO VOU CHAMAR OUTRA VEZ — Cinco gritou a presença dos irmãos que começaram a aparecer um de cada vez.

Todos se sentaram e se serviram, aquelas três pizzas foram desaparecendo conforme o tempo. Escolhi a minha favorita e ela estava realmente deliciosa. Não há uma pessoa na mesa que negasse isso.

— Obrigado, pessoal. Vocês realmente fizeram uma pizza — Luther disse, um tanto sentimental — Eu amo vocês.

— Cacete, que pizza boa. Quem foi que fez? — Klaus dizia de boca cheia — Allison? Ben?

— Foi praticamente o Cinco. Ele fez a maioria — Allison disse — Se fossemos depender do Ben, estaríamos agora comendo uma sopa de fermento.

Eu ri ao me lembrar da cena, mas acabei trazendo um pouco de atenção para mim.

— Você gostou da pizza, Candy? — perguntou Luther.

Eu não poderia mentir, nem se eu quisesse. Pude ver que os olhos de Cinco queriam minha resposta mais do que tudo. Ele queria o meu elogio, assim como eu ansiava pelo seu na noite da festa. Não sei explicar porquê nós desejamos isso. Cinco forçou os olhos e deu um sorriso quase tão imperceptível que eu não notei.

— Sim, gostei. Parabéns, Cinco — lutei contra o meu orgulho e minhas palavras finalmente tomaram forma. Não pude deixar de ver seu rosto relaxar e seu sorriso aumentar. Não pelo meu elogio, mas pela minha agonia de dizer algo bom sobre ele.

— Obrigado — ele disse, mantendo a pose na frente dos irmãos — Sabia que eu usei o seu gato para fazer o frango?

— O QUÊ? — falei apavorada, me levantando rapidamente da mesa.

Cinco não seria capaz de fazer isso. Ou seria? Ele começava a rir ao passo que eu ficava mais desesperada, não conseguia decifrar se aquela risada era de uma brincadeira ou ele realmente matou o meu gato. O que não seria muito difícil acontecer quando se fala em Cinco Hargreeves. Saí da cozinha a todo vapor em busca do meu gato. Procurei ele pelo chalé inteiro, apesar de ser enorme. Cinco vinha atrás de mim quando finalmente me encontrou, ele andava tão rápido quanto eu para me alcançar.

— Ô idiota? — ele chamou a minha atenção mas não parei de andar — Candace!

— O QUE FOI? — me virei para trás, dando de cara com seu peitoral. Quando percebi, dei um passo para trás, envergonhada. Cinco notou meu desespero, e ter esbarrado com ele agora só mostrou o nível que estou.

— Eu não matei o Oliver — ele disse com tranquilidade — Tá louca?

— Onde ele está então? Procurei por todo lugar…

— Não faço ideia… — ele fitou o chão — Já procurou lá fora? — perguntou e eu apenas balancei a cabeça negando.

Ao mesmo tempo corremos para fora de casa, me deparei com um vasto campo de grama baixa e um pôr do sol alaranjado. Precisamos encontrá-lo até o anoitecer, Bucky se esconde bem à noite e seria bem mais difícil encontrá-lo. Cinco procurava de um lado enquanto eu procurava do outro, ambos chamando por nomes diferentes. Escurecia cada vez mais quando Cinco me chamou:

— CANDACE!

Corri em direção a voz.

— Veja — Cinco disse.

Ele apontava para um balde com água avermelhada. Me desesperei. Haviam manchas vermelhas em volta do balde e por toda grama.

— Mas… como foi que… — minhas lágrimas lutaram para não cair e acreditar que aquilo era mentira.

— Eu não sei… — Cinco se mostrava pelo menos um pouco abalado, mas poderia ser encenação — Que merda, eu gostava desse gato idiota.

Cheguei mais perto do balde e comecei a analisá-lo.

— Não tem cheiro de sangue — eu disse e Cinco tentou sentir o cheiro.

— Talvez não seja sangue — ele pegou um pouco da água em suas mãos — Parece tinta… mas ainda há pêlos na água.

Me sentei na grama para ligar as poucas pistas que tinha, Bucky tinha sido uma ótima e única companhia dos últimos dias. Ele não pode ter ido agora. Onde ele estaria? Esse balde, essa água, esses pêlos… Cinco ao ver meu semblante cabisbaixo disse:

— Ei… fica calma, a gente vai encont… — ele mal terminou a frase, apontou para frente onde Bucky vinha com passos lentos. Bucky estava… vermelho, de tinta — Olha só quem está vindo.

— BUCKY! — Corri para pegá-lo.

Oliver. — Cinco me corrigiu, vindo atrás de mim e acariciando o gato no meu colo.

— Acho que isso não importa agora — sentei no chão novamente, me apoiando em uma das várias árvores que tinha.

— Seu pestinha! — Cinco brincou com o gato, que manchava a grama de vermelho — Caiu no balde de tinta?

Cinco parecia já ter formado um laço com o gato, muito diferente daquele Cinco que queria deixar o gato na rua. A noite já havia chegado por completo e ainda estávamos na grama brincando com o gato.

— Achei que não quisesse mais falar comigo — Cinco solta o que parecia estar lhe incomodando.

— E não quero — eu disse — Mas o Bucky precisava.

— Candace, vamos combinar que Oliver soa muito mais bonito.

— Acho que precisamos fazer uma votação.

— Fechado! — ele disse sorrindo.

Cinco se levantou e caminhou até um certo ponto.

— Só um minuto, me espere aqui. — ele disse e saiu com pressa.

Não faço a menor ideia do que ele iria fazer, mas fiquei um bom tempo esperando. Pela demora, achei que não faria diferença se eu levasse o Oliver para dentro de casa, só por precaução. Ao entrar em casa, Klaus diz:

— Aí está você, meu amigo! — ele veio em direção do gato — Ah, a tinta não secou ainda.

— Você pintou o gato? — interroguei com os olhos furiosos.

— An… talvez — ele disse e minha cara não estava nada boa — Venha Oliver, ela está muito brava — Klaus tomou o gato do meu colo e correu.

Voltei para o campo e esperei por mais algum tempo. Já devia ser umas dez horas da noite e Cinco ainda não aparecia. Não sei se durmo aqui no chão esperando ele ou se volto para o chalé deixando ele sozinho, onde quer que esteja. Foi só eu tocar no nome dele para escutar a sua voz atrás de mim.

— Ei, psiu! Aqui atrás da moita, idiota!

— O quê você está fazendo? — perguntei a Cinco.

— Não tenho tempo para explicar — ele tinha dificuldade para respirar.

— Está tudo bem?

— Sim.

— Não me diga que está tudo bem! Eu estou vendo o sangue. — ele tentou esconder mas ainda sim eu vi.

— Então por que perguntou, caralho?

— Eu quero saber o que aconteceu.

— Aquele escorpião… — ele fez uma pausa — É mais esperto do que parece.

— O quê?! — exclamei ao descobrir que ele foi atacado, ele imediatamente tapou a minha boca.

— Venha comigo.

Cinco com muita dificuldade nos teletransportou para o mesmo lugar escuro e afastado que já me levou uma vez. Mal tive tempo de perceber que estava lá e logo senti o corpo de Cinco pesar em cima de mim, ele estava quase desmaiando. Com meus braços debaixo dos seus o levei para um canto onde ele poderia deitar. Afastei algumas folhas secas do chão e abri sua camisa, a picada não era tão grave mas fez um estrago. Apenas com a pouca iluminação pude ver que a ferida sangrava mais a cada vez que Cinco respirava.

— Merda, Cinco.

— Como está? — sua voz saiu fraca enquanto ele respirava fundo.

— Não está muito legal.

— Cacete, eu não deveria ter ido lá… — ele resmungou.

— Não é novidade que desde sempre você faz as escolhas erradas — provoquei — Não tenho o que preciso para fazer um curativo… ou evitar que você morra.

Eu disse apenas para assustá-lo, ele não morreria disso. Apenas se eu não ajudá-lo em até duas horas, depois disso, ele morre por asfixia.

— Vai me deixar morrer aqui então? — Cinco disse um tanto dramático.

— Não é uma má ideia.

— PORRA, CANDACE! — ele gritou, mais pela dor do que pela minha provocação.

— Eu não tenho como voltar ao chalé para buscar a caixa de primeiros socorros. Você e sua brilhante ideia de nos trazer para cá…

— Faça o que você puder.

— Não posso fazer nada — eu não podia continuar cuidando dele como uma enfermeira particular.

— Por favor… — ele suspirou, quase chorando — Essa merda arde pra caralho. Meu corpo inteiro tá doendo.

No único instante que senti empatia, procurei ao redor algo que pudesse servir de antídoto, mas não encontrei. Levantei um pouco a sua camisa e percebi que a ferida estava muito pior, tenho dúvidas se foi mesmo um escorpião que fez tudo isso.

— Cinco…? — perguntei olhando para o local.

— Ah, já levei um tiro aí, ignora — ele disse simples, mas ofegante pelos sintomas.

— Me fala o que aconteceu lá, meu bem — falei sarcástica.

— Depois do escorpião, eu fiquei um pouco tonto, estava tudo girando…devia ser o veneno. Acabei caindo em uns galhos que tinham no chão. O problema é que esses galhos eram pontiagudos.   Isso ajudou a fazer um estrago.

Ele tinha dificuldade para respirar, transpirava descontroladamente e reclamava do calor que sentia. O que era estranho pois eu estava sentindo frio. Estou levemente surpresa com a velocidade desses sintomas. O veneno deve ter atingido o sistema nervoso dele, e os comandos que controlam a sua respiração estão ficando cada vez mais bloqueados, isso me preocupa. O calor que ele sente é apenas um dos sintomas do veneno. Segundo ele, eu não tinha outra opção a não ser tirar a sua camisa, esse calor que ele sentia devia ser terrível. Foi difícil mas finalmente consegui.

— Em outra circunstância, isso seria muito atraente — Cinco disse com um sorriso malicioso e com mais falta de ar. Ele conseguia me irritar até envenenado.

— Quer parar de flertar comigo? — lhe dei um tapa e o mesmo gemeu pela dor.

Eu precisava de água e não tinha água por perto, nem sequer uma poça, mas eu poderia fazer. Criei um pequeno corredor de água para passar pela lateral de sua barriga. Aparentemente isso aliviou um pouco a sua dor. Coloquei um pano em cima de seu machucado e Cinco me xingou de todos os nomes possíveis. Ele sangrava muito, esses galhos fizeram um bom trabalho.

— Vai devagar, filha da puta — ele reclamou.

— Fala direito comigo — exigi, ele fazia algumas caretas de dor enquanto com um pano pressionava a ferida.

— Como sabe que o quê está fazendo é certo? — ele perguntou.

— Enquanto você não enchia o meu saco, eu estudei sobre aquele escorpião e pelo o que eu li estou fazendo o certo — falei.

— Tem certeza, gata? — ele perguntou desconfiado, mas ainda irônico.

— Sim, e isso com certeza vai infeccionar — eu disse.

— Não tem outro jeito? — sua voz era mansa.

— Tem. É uma técnica bem dolorosa, mas eu acho que você aguenta já que é o "fodão".

— Que técnica é essa? — ele ignorou minha provocação.

— Posso queimar a sua pele para cicatrizá-la mais rápido, ficando assim livre de qualquer infecção — eu disse tranquilamente.

— Nem fodendo.

— Por enquanto não tem outro jeito.

— Não! Pode tirar essas suas mãozinhas mágicas de cima de mim — ele disse.

— Como quiser — me afastei.

Ele resmungava de dor enquanto eu procurava algo que pudesse pelo menos ajudar no curativo. No escuro total, vi que a melhor maneira de encontrar algo era começar a buscar por alguma luz. Vi alguns galhos finos caídos no chão e peguei o máximo que pude, juntei todos eles numa pequena montanha e lancei fogo das minhas mãos. A chama viva entre aquelas madeiras produzia uma luz tão calma e serena que quase me esqueci do que estava fazendo.

No fim, isso não adiantou de nada, só haviam folhas, árvores e terra. Precisei rasgar um pedaço da minha camisa para finalizar seu improvisado curativo, pelo menos o tecido era macio e confortável para ele.

Por alguns segundos meus olhos vacilaram e olharam para os de Cinco, que brilhavam à luz alaranjada do fogo. Ele parecia tão exausto, tão vazio, mas ainda sim algo lhe dava forças e o motivava, não só naquele momento. Desviei meu olhar. Tenho que parar de tentar ler ele, nunca dá certo.

— Terminei — eu disse.

Cinco não disse uma palavra. Ele apenas me olhava, parecia que iria dizer um milhão de palavras mas nada saia de sua boca. Já tive essa sensação antes. Seu olhar queria um pouco mais do que só uma ajuda para fazer um curativo, ele quer algo. Mas eu ainda não sei.

Sua aparência frágil por conta dos machucados me deu liberdade de chegar mais perto dele. E ele não negou. Seus olhos ainda lutavam para se manterem abertos quando sentei ao seu lado. Com o corpo estirado no chão, Cinco às vezes reclamava da dor enquanto eu colocava sua cabeça no meu colo. Preciso que ele fique bem o quanto antes para que eu possa voltar para casa. Pela primeira vez, vejo Cinco sem sua máscara de perigoso e arrogante que ele costuma usar. Ele era só o Cinco.

Ele se aconchegou em meu colo conforme eu o puxava para mim.

— O que aconteceu lá? — perguntei baixinho mexendo em seu cabelo.

— Alguns dias atrás eu consegui prender aquele escorpião — ele disse simples e no mesmo tom, mas tirando minha mão do seu cabelo.

— Você o quê?

— Ele estava distraído e sem querer acabei assustando ele para uma casa velha de concreto — ele gesticulava com as mãos — Fechei a porta de ferro e ele ficou preso lá.

— E como ganhou essa picada? — eu ri fraco.

— Hoje, eu saí para ver se ele ainda estava lá, e ele me atacou. Um monte deles me atacaram. Eu iria mostrar eles para você — suas palavras me deram uma estranha sensação de culpa.

— Você é idiota — foi a única coisa que saiu da minha boca.

— Eu sei.

Não sei se por sono ou desmaio, mas Cinco fechou seus olhos e não respondia mais quando eu o chamava. Estava tudo bem com o seu machucado então não entendi o que estava acontecendo, sua respiração estava normal, seus batimentos também. Ele deve ter caído no sono.

Seus cabelos eram tão macios, poderia admirar por horas mas me lembrei que ele é o Cinco. Seu sono era pesado, porém manso, e isso trazia uma bela cena para mim. Preciso afastar esses pensamentos.

Passei um certo tempo pensando em tudo. Pensando como vou voltar para casa se Cinco nem sequer acorda. Pensando que ele está assim por minha culpa. Não posso negar que no fundo eu queria mesmo era dizer "bem feito" e largá-lo como estava. Mas conhecendo Cinco, ele não me daria opções. Eu estava presa a ajudá-lo como ele quisesse. E eu odeio isso. Odeio o Cinco.

— Cinco — chamei — Acorda!

— O que foi? — sua voz sonolenta finalmente saiu.

— Vamos embora.

— Eu não consigo.

— Consegue sim, vamos! — ajudei ele a levantar.

Cinco apertava os pulsos e uma luz azul saia deles, mas não funcionava. Não nos teletransportamos. Ele continuava tentando, porém nada acontecia.

— Eu não consigo — ele disse decepcionado.

Sentei no chão com minhas mãos na cabeça.

— E se irmos andando? — sugeri a última das minhas ideias.

— Eu tô com uma porra de uma picada do lado do meu rim e você quer que andemos quase 2 quilômetros? — ele exaltou sua voz.

— Tem outra ideia? — falei alto, até demais.

— Vamos ficar por enquanto… até eu ter mais forças. — ele se deitou no chão colocando sua cabeça na minha perna. Folgadinho!

Dava para ver que ele estava quase desabando. Juntar minha pouca empatia por Cinco para mantê-lo acordado e positivo era difícil. E depois de dias sem trocar uma palavra, estar do lado dele e ajudá-lo com algo tão importante era estranho. Com o passar dos minutos, percebi que Cinco tremia, o vento gelado que batia em seu rosto deixava suas bochechas vermelhas. Coloquei mais fogo na pequena fogueira, mas parece que não adiantou.

— Acho que você é minha cúmplice agora. — ele disse para me provocar, nem ele acha isso.

— Sou tudo, menos isso. — eu disse.

— Sabia que eu nunca fui com a sua cara.

— Sério? Não reparei. — um tom sarcástico tomou minha voz. Ele riu.

— Você nunca repara…

Ele disse num tom estranho. O que será que quer dizer com isso?

— Droga! — eu disse, fazendo Cinco levar um susto.

— O que foi, louca?

— Eu e Ben íamos assistir um filme hoje, ele deve estar esperando — deitei no chão tapando meu rosto, arrependida.

— E o que eu tenho a ver com isso? — ele se deitou ao meu lado.

— TUDO!

— TUDO?

— Sim!

— Ah, me desculpa por ter atrapalhado o filminho de vocês — ele disse irônico — Talvez um dia eu te leve ao cinema para recompensar.

Ele é um completo idiota. Tentei deixar o local, mas eu não tinha para onde ir. Cinco apenas ria, essa porra deve ser algum tipo de efeito colateral.

— Garota, eu só não te mato agora porque eu tô com preguiça.

— Você tá é fraco. Vai dormir, vai.

— Vem dormir comigo. — ele falou com malícia.

— Eu vou tacar essa pedra na sua cabeça — ameacei, pegando uma pedra no chão.

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Cinco cozinheiro chamando os irmãos:

votem, comentem e não aceitem drogas de estranhos 😘<3

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