CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 53:
Sob os cuidados dos tios.
Meu corpo inteiro doía. Minha cabeça, meus quadris, meu pescoço, e por algum motivo, até meus braços. Acordei sem sono, dormimos bastante relaxando com o som do mar e as gaivotas. É bom dormir muito, sem hora para acordar, sem deveres e sem um bebê chorando, após uma noite que ouso dizer a melhor da minha vida.
Meu marido pode não ser o mais romântico mas é com certeza o mais sedutor. Estamos há três anos juntos, ele sabe exatamente do que eu gosto e usa a medida certa para que eu peça ainda mais por isso. Não dá pra enjoar. É impossível. Cada toque seu parece novo e me arrepia como nunca.
Foi uma noite diversa. Começamos devagar e aproveitando o momento, e foi maravilhoso. Quando nos recuperamos, estávamos com mais vontade um do outro, instigados pelo efeito do vinho. Fomos mais frenéticos dessa vez, e só paramos quando nossos músculos já não aguentavam mais a pressão. Deitamos de frente um para o outro, desfrutando dos carinhos que fazíamos. Ele passava seu polegar sobre minha bochecha, tão atencioso, tão afetuoso. Ele me fez dormir em segundos.
Mesmo depois de acordar, fiquei na cama me lembrando de tudo o que aconteceu ontem. Os votos, a noite, tudo. Eu não poderia imaginar algo melhor que isso.
Passei a mão pelo rosto e olhei para cima. Cinco ainda estava dormindo e eu estava deitada em seu peito, ouvindo seu coração bater calmo. Eu gostava de vê-lo tranquilo. Levantei um pouco a cabeça, o suficiente para lhe dar um beijo em seu pescoço. Levantei o lençol e vi que nada mais nos cobria além dele. Queria passar horas assim, apenas descansando.
O quarto estava iluminado, e o relógio na parede marcava quase 11h, três horas antes de Ben vir trazer Lily. Ainda posso aproveitar o meu marido antes que ela chegue.
Minutos depois, Cinco acordou, tão desorientado quanto eu tentando se lembrar do que aconteceu. Passou as mãos pelo meu cabelo e levantou meu queixo, me dando um beijo antes de mais nada.
— Bom dia, esposa. — A voz dele grave e mais rouca que o normal vibrou em seu peito.
Ele arrancou o meu primeiro sorriso do dia.
— Bom dia.
Cinco pegou minha mão e começou a fazer um carinho entre os dedos, de vez em quando, brincando com a nova e última aliança.
— Como você tá? — sua mão seguiu o caminho do meu braço e pousou em minha cintura, sem nenhum tecido que possa o impedir.
— Fisicamente destruída. — Levantei a cabeça para poder vê-lo — E você?
— Dor de cabeça — respondeu de olhos fechados.
Uma ressaca dupla, que maravilha. Eu evitei o máximo me mexer, aqui estava confortável, mas meu corpo já começava a formigar. Então sai de cima dele e me deitei ao seu lado, mirando o teto e aproveitando o silêncio, junto com sua companhia que é a melhor forma de apreciar nosso tempo de qualidade.
Ele se ajeitou e deitou em cima de mim, aconchegando sua cabeça em meu pescoço. E assim passamos vários minutos. Em silêncio. Eu passando meus dedos pelo seu cabelo e sentindo sua respiração no meu pescoço. Estava perfeito.
— Precisamos levantar — Eu disse. Não sabia se ele havia dormido de novo, pois desde então não falamos nada. Já era meio-dia e precisávamos arrumar nossa bagunça para quando Lily chegar.
— Eu sei — respondeu ele. Só o tom de sua voz já dizia que queria mais alguns minutos deitado, e eu não me atrevo a reclamar.
Dei um beijo em sua cabeça, ele retribuiu com um em meu pescoço. Me arrepiei com aquilo e ele gostou. Começou a distribuir mais beijos em toda extensão do meu pescoço, depois subiu para a minha boca e então desceu de novo. Nós dois sabíamos onde isso terminaria.
— Espera um pouco, eu já volto. — Empurrei para que ele saísse de cima de mim e peguei uma toalha que estava jogada no chão.
Vesti a toalha e ao me levantar da cama, minhas pernas vacilaram, quase me fizeram cair. Já faz horas desde ontem à noite, mas elas ainda estão tremendo. Cinco se sentou na cama apoiado na cabeceira, e colocou a mão em seu queixo, querendo rir do que aconteceu.
— Para — Eu disse antes de ele falar alguma coisa.
— Quer que eu te ajude a andar? — ele começou a dizer, num tom sarcástico — Eu te ajudo.
— Cala a boca.
— Tem certeza que não vai cair no caminho?
— Cinco.
— Quer uma muleta?
Bufei e fui até o banheiro. Não sei se essas provocações me deixam mais estressada ou com mais vontade de beijá-lo. Ele causa essa sensação em mim constantemente. Tomei um banho rápido pois não ia conseguir fazer nada antes de lavar meu corpo.
Cinco me viu chegar perto da cama e arrancou a toalha como se não fosse nada, depois me puxou para cima dele. Eu ia começar a beijá-lo quando ele me afastou para perguntar:
— E um andador? Você quer também?
Virei os olhos e encostei minha testa em seu ombro.
— Te irritar é bom pra cacete — ele começou a rir. Depois virou a minha cabeça para que pudesse encostar nossas bocas — Eu vou com carinho agora, tá bom?
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Ok, vou admitir: somos péssimos pais, desorganizados, irresponsáveis e desnaturados.
Exagerei nos adjetivos, mas temos um pouco de cada coisa.
Nós não podíamos, de maneira alguma, ter dormido. O quarto estava uma bagunça três vezes maior do que estava hoje cedo. E agora a campainha tocou e precisamos arrumar tudo as pressas e passar a impressão de que não estávamos dormindo à essa hora da tarde.
— JÁ VAI! — gritei porque algum idiota não parava de tocar a campainha. Não duvido que seja o Klaus.
Vesti minha roupa rápido e troquei os lençóis. Cinco também se vestiu e guardou as taças de vinho.
— Tá do avesso, amor. — Cinco tirou minha camisa e desdobrou, colocando em mim de novo.
Joguei as toalhas e embalagens de preservativos dentro do banheiro e tranquei a porta, pensando em engolir a chave. Não tínhamos tempo para deixar tudo devidamente organizado, então qualquer bagunça ficou no banheiro.
— Que fome — passei minha mão pela barriga, enquanto íamos até a porta — Não comemos nada.
— Eu comi.
Dei um leve empurrão em seu ombro e abri a porta. Antes que eu pudesse cumprimentar qualquer um deles, eles entraram, reclamando de tanto esperar.
— Achei que ficariamos na porta até Lily fazer 1 ano de idade — disse Klaus.
— O que vocês estavam fazendo? — Ben perguntou. Não estava sendo intrusivo, apenas estressado com a demora.
— Tomando banho — Cinco mentiu. Era melhor do que dizer o que realmente estávamos fazendo.
— Hum, safados — Klaus semicerrou os olhos, mirando meu pescoço e braços — Só banho?
Cinco e eu preferimos ignorar a pergunta.
Me aproximei de Ben e peguei Lily de seu colo, quando me viu ela já estendeu os braços para mim. Abracei ela e dei vários beijinhos, sentindo seu perfume de bebê.
— Oi, meu amor. Que saudade de você, abelhinha. — Mimei ela, que deitou em meu ombro e escondeu sua cabeça. Não sei o motivo, mas parecia aliviada de estar comigo.
— Está entregue — disse Ben ao me ver perder a sanidade só por ter minha filha nos braços.
— Ah, vem com o papai — Cinco pegou ela de mim e deu um beijo em sua cabeça. Lily, novamente, escondeu sua cabeça no pescoço dele. Poderia ser só saudade dos pais, mas conheço minha filha e sei que ela está diferente.
Encostei meu rosto no ombro de Cinco e fiz carinho no braço de Lily. Ela estava com um conjunto lilás e uma chupeta de carros que o pai dela comprou, suas bochechas estavam vermelhas e ela começava a lacrimejar no peito de Cinco.
— Por que vocês chamam ela de abelha? Posso chamar de pinguim? — Klaus disse.
— Eu quero chamar de joaninha — falou Viktor.
— E eu de panda — foi a vez de Ben.
— Não. Ela é uma abelha. E só uma abelha — disse Cinco com ciúmes.
— Ela se comportou? — perguntei sem esperar grandes revelações. Lily sempre foi tranquila comigo e com o Cinco.
— Sim, ela…
— Ela comeu areia — Klaus falou. Arregalei os olhos e eles se deram tapas, pelo visto não era para ter me contado isso.
— Por que vocês deixaram, seus merdas? — Cinco se estressou.
— A gente não viu. Só depois, quando ela já tinha comido.
Agora preocupada, comecei a olhar o corpinho de Lily para ver se encontro alguma coisa. Infelizmente encontrei. Ela estava com o joelho ralado e um pequeno galo na cabeça, embaixo da sua faixa de cabelo. Mostrei para Cinco. Ele tentou esconder mas eu vi ele apertar os punhos e travar o maxilar, por dentro ele estava furioso.
— Vocês podem explicar isso? — apontei para os machucados dela.
— Olha, o joelho é porque ela tava andando e se apoiando nas árvores da rua, daí ela caiu e ralou o joelho no chão. Não foi nada demais — disse Allison.
— E a cabeça dela? — interroguei.
— O Stanley e ela estavam brincando e do nada começaram a brigar, ele bateu o controle na cabeça dela. Mas não fica preocupada, ela chorou só um pouquinho e depois parou. Foi sem querer, a gente jura. — Ben explicou. Eles só faltavam pedir desculpas de joelhos.
Lily estava tão agarrada em Cinco, parecia não querer sair dos braços dele. Da proteção de seu pai. Sei que as intenções dos nossos irmãos eram boas, mas também teve falta de responsabilidade. Lily nunca se machucou comigo e com o Cinco até hoje, porque sempre cuidamos dela para que isso não aconteça.
O controle, por exemplo, não devia estar na altura dos bebês, e Lily não podia andar sozinha.
Eu pensei em desculpar porque não fizeram de propósito e estavam arrependidos, mas Cinco estava fora de si. Ele estava olhando para um ponto fixo e apertava seu próprio punho, só não conseguia esconder a raiva que tinha em seus olhos. Há tempos eu não o via tão nervoso.
Ele saiu da sala em que estávamos e foi para o quarto deixar Lily. Voltou segundos depois. Eu sabia exatamente o que ele iria fazer.
— Cinco, são seus irmãos…
Ele passou na minha frente, me ignorando. Olhou para os irmãos e começou a levantar o tom de voz.
— Ela é minha filha, tá?! E é a única que eu tenho. Vocês deviam ser adultos por um dia e cuidar dela sem que ela comesse a porra da areia!
— Ela se divertiu bastante — Ben tentou ver o lado bom. Mas não existe.
— Ela tem dez meses, caralho!
— Não é só porque ela gostou de comer areia que isso seja divertido ou aceitável. Ela não sabe o que é certo ou o que é errado. Vocês, sim. — acrescentei.
— Desculpa, Candace. Eu deveria ter prestado mais atenção. Nesses momentos eu não estava por perto, então quem cuidou foi os meninos. — Allison assumiu.
Era justamente por esse motivo que eu queria me casar depois de Lily estar mais velha. Ela ainda é muito pequena e seus tios são os menos cuidadosos possíveis.
— Vocês nunca mais vão vê-la na vida de vocês. Nunca! — Cinco apontou o dedo — Quando ela aprender a se cuidar sozinha, eu volto a pensar no assunto.
Cinco, furioso, saiu da sala, com passos pesados. Vi que ele foi para o quarto ficar com Lily, então tentei tranquilizar os seus irmãos que estavam apavorados.
— Ele só está nervoso. Sempre protegeu Lily até dos mosquitos, por isso está assim. Não dá pra deixar ela intacta até os dezoito anos, ela vai se machucar. Vocês deram azar de ser com vocês.
— Muito azar — Ben balançou a cabeça.
— Fiquem tranquilos, vocês vão ver ela sim — sorri e passei a mão pelo ombro de Klaus. — Mas não vão ficar sozinhos com ela.
Fui para o quarto e Cinco estava deitado na cama do lado de Lily, conversando baixinho, eu nem entendia o que ele falava. Ela estava fechando os olhos, quase dormindo, e ele olhava para ela como se estivesse falhado na missão de protegê-la
— Vou fazer um curativo — falei para deixar o clima mais leve e peguei um algodão na bolsa.
Foi um curativo improvisado, mas foi.
— Ela é tão pequena pra sentir essas merdas — Cinco falou ao me ver colocar água no algodão para passar no joelho dela.
Seu machucado não era recente, então não foi hoje. Provavelmente se machucou ontem, e mesmo assim, nenhum de seus tios fizeram um simples curativo.
Passei o algodão sobre o joelho dela, ela começou a chorar baixinho. Coloquei um outro algodão e por fim passei uma fita por cima.
— Ela ainda vai se machucar muito. Só precisa aprender a lidar com a dor — dei um beijo em sua cabeça. Cinco tentou distraí-la da dor e começou a conversar.
— Sabia que eu e a sua mãe fazíamos isso direto? Toda semana precisávamos de curativos.
— Você é quem mais se machucava — Eu ri pelo nariz.
— Eu fico vulnerável perto de você.
Sorri de canto, apertando meus lábios. Peguei Lily e a coloquei no colo de Cinco.
— Faz ela dormir, eu vou falar com eles.
Eu já sabia que ele não iria, então nem pedi.
Voltei para a sala e encarei eles, que estavam cabisbaixos, se sentindo culpados. E eram.
— Obrigada por cuidarem dela. Não cuidaram tanto, mas obrigada.
— Desculpa, Candy — Ben levantou sem olhar em meu rosto e me deu um abraço. Ele é o que mais se sentia culpado.
— Essas coisas acontecem, bebês descobrem coisas e se machucam. Mas se depender do Cinco vocês não vão mais cuidar dela sozinhos.
— O Diego já colocou o Stanley de castigo, então essa parte tá resolvida — disse Viktor.
Duvido que Stanley tenha idade de entender o que fez e o porquê do castigo, mas gostei da notícia pois foi ele quem bateu na minha filha. Dei um abraço em cada um e agradeci por — não — cuidarem de Lily.
Voltei para o quarto com a bolsa dela, e ao chegar lá, vi que Cinco fez exatamente o oposto do que pedi. Ele ficava soprando a barriga dela para fazer um barulho engraçado e ela se acabava de rir.
— Lily, sabia que eu me casei com a sua mãe?
— Mama.
— É, ela mesma. Ela me obrigou.
— É o quê?! — questionei. Cinco não viu que eu estava na porta.
— Quer dizer, eu pedi.
— Papa!
— O que foi? — Cinco virou para Lily. Ela mexeu os bracinhos, pedindo para ele continuar soprando sua barriga. Ele fez e ela voltou a gargalhar — Você não quer mais ver os merdas dos seus tios, não é, pequena?
— Ela vai, sim.
— Só quando eu morrer.
— Foi a primeira vez deles, meu bem. Tenta entender. Você também não era tão habilidoso.
— Já está decidido, sou eu quem toma as decisões nessa família — Cinco disse. Cruzei os braços e cerrei os olhos. — Algumas.
— Imagina se a Allison não nos deixasse chegar perto da Claire só porque um dia fizemos ela falar palavrão e nos beijamos na frente dela.
— Eu ia sentir falta daquela pirralha…
— Acho que isso já explica.
Me sentei na cama e deixei Lily nas minhas pernas, enquanto eu encostava minhas costas no peito do meu marido. Lily ficava em pé na minha barriga, comigo segurando seus braços, e ela balbuciava uma música. Quando ela sorria, já dava para ver a ponta de seus dentinhos nascendo, era o sorriso banguela mais fofo que já vi.
— Hum, vai ser cantora igual a sua mãe?
Lily respondeu, só consegui entender a palavra Klaus, que era um pouco embaralhada. Acho que foi ele quem apresentou essa música para Lily.
— Lily, estou adorando o show, mas agora eu quero descansar. Sua mãe deu trabalho pra mim — Cinco disse e eu lhe dei uma cotovelada pela sua frase com duplo sentido.
— Não fala essas coisas, ela está começando a aprender.
Mesmo comigo em cima dele e com Lily em cima de mim, ele dormiu. Não demorou muito para eu fazer o mesmo. Podemos descansar para a longa viagem de volta para casa.
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Candy tomando um banhozinho antes do thubiraudaundaun
Lily e Stanley com relação de amor e ódio tão linda😻 primos são mais que irmãos
beijão minhas maridas 💋
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