CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 48
Adaptações.
Pela complicação no parto, tive que ficar 48h no hospital com, de vez em quando, vários médicos em cima de mim. Se eles me dessem alta, eu me recuperaria muito melhor na minha casa. As dores já não eram tão fortes, eram mais um desconforto, e vamos ser sinceros: já passei por coisa pior.
Os dias aqui no hospital passavam devagar e eu ficava esperando para quando vou ver minha filha de novo. Ela fez alguns exames e estava perfeitamente saudável. Pelas minhas contas, no dia que Cinco e eu fomos a uma pizzaria para resgatar o Alphonso, eu já estava grávida. Fiquei todos esses meses me perguntando se os socos que os capangas deram na minha barriga naquele dia poderia afetar a Lily. Esse era o meu maior medo.
Cinco só vai para casa para tomar banho e comer. Qualquer coisa que não seja isso, ele faz aqui. Fica o dia inteiro do meu lado, me contando o que acontece no mundo lá fora e hipnotizado quando Lily está no meu colo. Uma das notícias é que o bebê de Lila nasceu nessa madrugada. Por pouco, nossos filhos nascem no mesmo dia.
Hoje era dia de ir embora daqui. Cinco trouxe roupas para mim e eu vesti um conjunto de moletom cinza, que era a coisa mais confortável do meu guarda-roupa. Prendi um coque no topo da cabeça, como algumas mães conseguem sair da maternidade tão lindas? Estou saindo mais acabada do que quando entrei.
Lily estava engraçada com a roupa que o pai dela escolheu. Na pressa, Cinco pegou qualquer roupa que viu, e agora ela veste um macacão verde com uma touca azul, um sapatinho de pano roxo, e em volta, várias mantinhas e cobertas rosas. Ela estava o próprio arco-íris.
Passamos pela porta do hospital e eu pude respirar um ar diferente. Eu segurava Lily no colo e Cinco estava do meu lado, com uma bolsa rosa claro atravessada em seu peitoral. Adoro ver Cinco com sua típica cara de marrento e arrogante com uma bolsa rosa da sua filha em seu corpo. Meio que quebra o gelo e faz ele não parecer tão prepotente.
— Vamos pra casa, minhas garotas — ele abriu a porta para mim e colocou a bolsa no banco de trás, depois me ajudou a entrar.
O caminho para casa foi muito mais tranquilo e lento dessa vez. Lily estava dormindo, inclusive, ela está sempre dormindo. Raridade mesmo é encontrá-la acordada.
— Eu tô morta — deitei minha cabeça no apoio do banco. Já fazem dois dias desde a minha sensação de morte com as contrações? Sim. Mas ainda sinto algum peso me deixando cansada. Ainda mais porque quando estou em pé, eu sinto como se meus órgãos estivessem perdidos e soltos dentro de mim, com o vazio da Lily.
Cinco desviou o olhar da estrada para me conferir e segurou a minha mão esquerda. Não há muito que ele possa fazer aqui no carro, mas isso já ajudou bastante.
Chegamos em casa. Que saudade da minha casa. Cinco me ajudou a sair do carro e levou a bolsa de Lily para dentro. O problema é que ele entrou em casa com seu teletransporte, e a porta estava trancada. Não queria gritar por ele porque poderia acabar acordando a Lily.
O que ele queria que eu fizesse? Tudo bem, vou só pôr minha filha recém nascida nesse banco do jardim enquanto procuro a porcaria da chave.
Com dificuldade, alcancei a campainha. Escutei seus passos descer as escadas e logo abriu a porta. Se surpreendeu quando me viu.
— Oi, vim fazer uma visita. Posso entrar? — falei, como quem não estava xingando-o mentalmente.
— Meu bem, me desculpe. Eu esqueci. Pensei que a porta estava aberta — ele deu passagem para mim.
Pude finalmente entrar em casa. Subi as escadas morrendo de medo de tropeçar, e fui até o quarto dela. A verdade é que eu não sei o que eu faço agora. Acho que só tenho que pôr ela no berço e vir aqui toda vez que ela chorar.
— Que bagunça, Cinco — olhei para as gavetas de Lily.
— Eu precisava achar as roupas dela — ele explicou na defensiva.
Coloquei ela no berço e cobri com uma manta fina. Fui até as gavetas e dobrei as roupinhas dela, era um trabalho que Cinco deveria fazer, mas eu não me importava de arrumar as coisas de Lily. Quando terminei, olhei para trás e vi Cinco apoiado no berço, admirando a filha. Sempre que tem oportunidade, ele fica observando ela. Fui até ele e o abracei de lado, deitando em seu ombro e admirando também.
— A gente fez essa coisa — ele refletiu. Dei um tapa fraquinho nele por chamar nossa filha de coisa.
— Acho que foi a melhor coisa que a gente já fez.
Ok, eu deveria me dar um tapa agora.
— Eu não sei por que eu evitava tanto ela quando estava na sua barriga — ele passou o braço pela minha cintura — Se eu soubesse que ela seria assim, eu aproveitaria mais.
— Assim como? Quietinha?
— É.
— Espera só os próximos meses — dei tapas fracos no ombro dele
— Lily, meu bem, vou roubar a sua mãe de você um pouquinho. Se precisar de alguma coisa, é só chorar — Cinco ajeitou o bracinho dela e eu ri de suas conversas.
Ele me puxou para fora do quarto dela e apagou a luz. Arrumou alguns fios de cabelo que estavam soltos em meu rosto e segurou minha cabeça com as duas mãos.
— O que quer que eu faça por você?
— Como assim?
— Qualquer coisa. Você disse que estava morta, e pra mim ainda está sendo tranquilo ser pai. Não estou fazendo nada.
— Bom, não é bem uma tarefa de pai, mas eu adoraria se você fizesse nosso almoço. Sinto saudade de uma comida de verdade.
— Sim, senhora.
Ele se teletransportou. Sorri feito uma idiota e mordi meu lábio inferior, gosto que ele esteja tão disponível.
Fui ao banheiro do meu quarto e relaxei com um banho quente. Dois dias fora de casa já foram o suficiente para eu sentir falta do meu shampoo. Quando saí, apenas de toalha no corpo e no cabelo, vi ele sentado na cama com as pernas esticadas. Meu prato estava do lado. E olha que ele nunca me deixa comer no quarto. Eu tenho o melhor namorado do mundo.
— Precisa de alguma coisa? — se levantou quando me viu.
Só consegui puxar a sua nuca e beijá-lo como tenho sonhado há dois dias. Senti suas mãos puxarem minha cintura e esquentaram a toalha no lugar, me aproximando cada vez mais de seu corpo. Fazia meses que não ficávamos tão próximos assim, muito por conta da minha barriga. Agora consigo me lembrar da sensação que era estar tão perto de seu peito.
— Não é querendo aumentar o seu ego, mas você é o melhor — Eu disse em seu ouvido.
°•°•°• Um mês depois •°•°•°
— Cinco, você é o pior de todos.
Eu disse com Lily em meus braços, balançando ela de um lado para o outro, tomando cuidado para não acabar chacoalhando a criança. Já se passou um mês desde que voltamos do hospital e é a primeira vez que Lily chora desse jeito, tão escandalosa.
Já faz alguns minutos que tento descobrir o motivo do choro. Poxa, ela nem me dá uma dica. Não está com fome porque rejeitou o meu peito e também não está com sono porque acabou de acordar. Eu não sei o que ela quer. Lily é muito dependente de mim e o motivo do seu choro pode, provavelmente, estar ligado a mim. O que eu queria de Cinco era um ponto de vista diferente, e até uma participação.
Cinco estava lendo algum livro quando pedi a sua ajuda e ele rejeitou.
— Porra, será que dá pra prestar atenção aqui? — falei, ele estava realmente me ignorando, ninguém consegue ler um livro com um bebê chorando ao lado.
— Ela não está com fome? — perguntou sem tirar os olhos do papel.
— Não.
— Nem com sono?
— Também não.
— A fralda dela?
— Tá limpa.
No fundo, Cinco queria dizer: "O que você quer que eu faça?", e vou responder essa pergunta antes que ele comece a formulá-la.
— Segura ela — pedi, quase suplicando. Foi até um desabafo porque nesse mês que passou, Cinco não ousou pôr a filha em seu colo — Meus braços já estão doendo.
— Não. Segurar, não.
— Você vai, sim. Eu não pari essa criança pra segurar ela sozinha. Anda! — chamei ele para o quarto da Lily.
Ele achou mesmo que iria ficar meses sem segurar nossa filha no colo?
Pedi para ele sentar na poltrona de amamentação, que seria mais confortável e diminuiria qualquer que fosse seu medo. Cinco ainda tentava me fazer desistir dessa ideia, mas ele precisava fazer a parte dele.
— Encosta as costas aí — orientei, enquanto isso, Lily gritava nos meus braços.
Coloquei ela em seu colo e os músculos do meu braço finalmente descansaram. Cinco estava paralisado, assustado, nem se mexia. Não sei nem se estava respirando.
— Tá, o que eu faço agora?
— Sei lá, balança ela um pouco — falei. Cinco começou a mexer ela para cima e para baixo, o que fez ela chorar ainda mais — Assim não, meu bem.
— Sabe quantas vezes eu peguei um bebê no colo na minha vida inteira?! — ele falou e houve um silêncio — Exato, nenhuma!
— É só ir devagar — mostrei como devia fazer, parando o braço dele aos poucos — Conversa com ela, você fazia muito isso.
Cinco duvidou da ideia mas como o choro de Lily era insuportável, ele cedeu. Olhou para ela e começou a falar coisas aleatórias, que surgiam assuntos interessantes, tipo como a cobertinha dela era absurdamente macia. Lily foi parando, ela se concentrava em Cinco, olhando para ele com seus grandes olhos verdes.
Ao assistir o resultado disso, comecei a sorrir igual boba para eles dois.
— Tá rindo do quê? — Cinco perguntou quando me viu.
— Não percebeu? Ela parou de chorar.
Cinco olhou para baixo e percebeu que a filha não tirava os olhos dele. Ela gostava mesmo de ouvir ele falar, deve ter se lembrado de quando estava na minha barriga e a voz grave do pai dela a acordava. Cinco sorriu ao ver o que ele acabou de conseguir fazer e começou a se emocionar.
— Ela é tão pequena…
Cinco disse, hipnotizado na filha. E realmente, ela era pequena em relação aos seus braços. Uma vez ele disse que não achava justo que as mesmas mãos que matou centenas de pessoas, segurasse algo tão pequeno e frágil. Algo dele. Meu coração despedaçou naquele dia. Eu acho que ele merecia algo assim para deixar a sua vida mais leve.
— Consegue fazer ela dormir? Preciso arrumar muita coisa. Seus irmãos já estão chegando — dei um beijo na cabeça dele, caminhando até a porta.
— Ei, não me deixe sozinho com ela!
— Ela não é uma ameaça a sua vida, te garanto.
Saí do quarto antes que ele me convencesse do contrário. Cuidar de uma maquininha de chorar e de fazer sujeira é cansativo, e eu até gosto dela, mas isso de ela ficar grudada em mim o dia inteiro vou precisar mudar.
Após um mês, aceitei que meus irmãos viessem visitá-la, e eles vêm trazendo vários presentes para a sobrinha. Lila virá com seu filho, que é dois dias mais novo que Lily. Espero que desde cedo eles sejam amigos. Também vai ser a primeira vez que eu vejo ele.
Arrumei o meu quarto, esvaziei o cesto de roupas para lavar, arrumei a sala, e no final de tudo passei o braço pela testa, me sentindo uma completa dona de casa. Já tem alguns minutos que não ouço o choro da Lily ou Cinco me chamando, então fui conferir eles dois. E estavam do mesmo jeito de quando eu saí.
— E aí, já perdeu o medo? — cheguei perto deles.
— Mais ou menos — ele arrumou a coberta — Ela já está dormindo há um tempão.
— Como seus braços aguentam tanto tempo? — ri fraco fazendo a pergunta retórica — Você não quis colocar ela no berço?
— Fiquei com medo de levantar. Mas vou agradecer se fizer isso.
Peguei Lily de seu colo e levei até o berço. Cinco levantou da poltrona, se espreguiçando, depois me abraçou por trás enquanto ficávamos olhando para nossa filha. O melhor momento do dia é quando ficamos babando sobre o quanto Lily é bonita. Quando me dei conta, minhas mãos estavam na barriga de novo. Às vezes eu esqueço que ela não está mais aqui dentro.
— Ela queria você — falei, ainda chocada como a voz de Cinco acalmou ela.
— Eu falei que eles conhecem a voz, eu falei…
Ele me deu um beijo no pescoço e ouvimos a campainha. Cinco desceu para abrir a porta e eu até poderia trocar de roupa e parecer mais apresentável, mas eu não quero. São meus irmãos, vão entender se me virem assim. Eles entraram em fileira na sala e se sentaram no sofá, ansiosos para conhecer a sobrinha. Mas antes, nos deram os presentes.
— Uma bicicleta, Diego? — eu ri, guardando de lado. Vamos demorar alguns anos para usar esse presente.
— Um livro de histórias. Vou poder intercalar esses contos com a teorias da física — disse Cinco, vendo o presente de Viktor.
— Ai meu Deus, lacinhos de cabelo — dei um abraço em Sloane — Vão ser muito úteis.
— Você presenteou a minha filha com a porra de uma cachaça? — Cinco questionou Klaus — Você tá ficando maluco?!
— É cerveja. E é sem álcool — Klaus fez questão de reforçar que não tem álcool, logo minha bebê recém nascida não ficaria bêbada.
— Ah, não. Isso é maravilhoso. Podemos colocar em cima do berço dela, Cinco — falei sobre o presente de Luther, que era uns penduricalhos, grandes o suficiente para que Lily brinque com as mãos
Allison nos deu um vestidinho super lindo e cheio de flores e Ben trouxe um saco enorme com mini pelúcias de animais, entre elas, meus olhos destacaram uma abelha. Com certeza essa vai ficar no berço de Lily.
— Preciso ver ela, não façam suspense — disse Ben e eu fui até o quarto buscar Lily.
Ela estava dormindo e estava com um macacão amarelo, meias e luvas brancas. Cheguei na sala e todos eles fizeram uma voz fininha ou um som prolongado de "oh". Sentei em uma poltrona para que eles pudessem ver. Ben não resistiu, ele levantou e insistiu que eu o deixasse segurar ela. Com cuidado, coloquei Lily em seus braços.
— Oi, princesinha do tio — ele começou a mimar ela — Credo, você tem os olhos do Cinco.
Cinco viu isso como um elogio e sorriu sarcástico, um tanto orgulhoso.
— Meu Deus, ela é tão linda — Viktor ficava na ponta dos pés para ver ela.
Deixei os tios babando em Lily e fui ver meu novo sobrinho, que estava dormindo no colo de Lila.
— Onde está o presente dela? — exigi.
— Só de ter te ajudado a descobrir a gravidez já é seu presente — Lila falou e eu ri — O nome dela é em homenagem a mim?
— Nem de longe.
Perguntei se podia segurar o seu bebe e ela deixou. Ele era tão fofo, com uma touca branca e um macacão azul claro. Ele era um pouquinho mais pesado que Lily, e tinha um cheiro tão bom de bebê.
— Oi, Stanley. É a sua tia favorita que tá falando, viu? — brinquei acariciando o braço dele.
— Vamos trocar de bebês? O Stanley dá um trabalhão…
— Lily dorme o dia inteiro, e quando está acordada, fica sorrindo pras coisas que Cinco fala.
— Ele está sendo bom nisso? — Lila perguntou e eu fiz um gesto com a mão. Não está sendo tão ruim quanto pensei — Nossa, esses dias o Stanley ficou mexendo os braços dele e empurrou o talco. Sujou o quarto inteiro, que moleque encrenqueiro.
Eu ri ao imaginar.
— Sério, outra vez ele conseguiu comer a pomada que estava aberta do lado dele — Lila disse como se fosse um absurdo. E era. — Fiquei morrendo de medo se isso ia fazer mal pra ele.
— Pelo visto ele vai ser um menino que não para quieto — comentei. E nem parecia, ele dormia feito um anjinho no meu colo.
— Vocês podem parar de passar a minha filha de um colo pro outro? — ouvi a voz de Cinco reprovar os irmãos.
— Ah, você já tem ciúmes? — brincou Ben sarcástico.
Cinco pode até negar, mas sim, ele tem ciúmes de Lily.
— Segura você então, paizão — Allison fez uma careta e entregou Lily para Cinco.
Ele tentou não parecer tão assustado porque hoje foi a primeira vez que a segurou, então tentou improvisar enquanto os irmãos desconfiavam sobre o porquê dele não abrir os braços para Lily.
— Eu não posso agora. Acabei de mexer em uns livros lá em cima, minhas mãos estão sujas — Cinco inventou.
Allison ofereceu entregar Lily para mim, mas eu disse que eles poderiam continuar mimando a sobrinha, que isso era só mais uma chatice de Cinco.
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Stanley morreu e reencarnou nessa fic 😊
de: eu
para: vcs 👇
beijos meus gostosos 💋💖
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