CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 44:
Casamento e eclipse.
— Candace, eu já falei pra você sair logo daí! — Escutei a voz de Cinco gritar do lado de fora do banheiro.
— SE ME APRESSAR DE NOVO, EU NÃO VOU! — ameacei.
É óbvio que eu vou de qualquer maneira, mas não custava tentar. A última vez que usei este vestido, com certeza ele não estava tão justo, os próximos impactos da gravidez no meu corpo estão por vir. Eu espero que meus irmãos não notem a diferença na minha barriga, pois ainda não contamos para eles, e provavelmente vão considerar isso a traição do século.
Meu vestido era laranja claro e chegava até os meus pés, talvez eu precise de um salto para que ele não fique arrastando no chão. Para terminar de me arrumar, eu precisava da ajuda de Cinco, então sai do banheiro me deparando com ele sentado na cama, os cotovelos apoiados no joelhos. Notavelmente estressado com a minha demora.
— Amarra aqui? — apontei para as minhas costas.
Ele levantou os olhos, de boca aberta, e caminhou lentamente. Nem piscava. Me virei de costas e ele deu alguns nós nos cordões, seu elogio ainda estava preso na garganta. Virei de novo e acompanhei seus olhos se perderem no meu corpo.
— Você tá lindo — eu disse, já que ele parecia ter esquecido de como se fala. Mexi em sua gravata que já estava perfeitamente arrumada — Esse terno combina com você.
— E você tá incrível. Muito bonita. Você…
Tá, eu sei, ele estava sem palavras. Dei um beijo nele, aproveitando que ainda não tem um batom para nos atrapalhar. Ele segurou meu quadril e depois suas mãos subiram para as minhas costas nuas, segurando a tentação de desamarrar os nós que acabou de fazer. Depois, ele mesmo se afastou e selou toda essas emoções com um beijo leve.
— Ei, olha aqui — Cinco puxou minha cintura e parou na frente do espelho, ficando por trás de mim e passando a mão pela minha barriga — Já é ela?
Ele perguntava se o pequeno volume da minha barriga era nosso filho.
— Não sei. Podem ser todos os hambúrgueres que comi.
— Tenho certeza que é ela.
Cinco e sua insistência de que é uma menina.
— Ele deve estar muito pequeno ainda.
— Filha, se for você, dá dois chutes na sua mãe — Cinco falou perto da minha barriga.
— Sabe que eu só estou com três meses, né?
Cinco, com certeza, não entende nada disso. Peguei minha bolsa e nós fomos para o carro. É bom saber que depois do nosso incidente e da conversa que tivemos há duas semanas, ele passou a se importar mais. Passou a fazer a sua parte. Cinco começou a buscar mais conhecimento sobre seu novo papel, pediu conselhos para Diego… que também é pai de primeira viagem, então isso foi uma ideia terrível. Ele até tentou buscar em livros, mas eu disse que ele não aprenderia a ser um pai de verdade apenas lendo. Eu estava meio errada. Ele descobriu que os bebês conseguem conhecer a voz dos pais, e desde então ele conversa com a minha barriga.
Chegamos ao lugar da cerimônia, e não era só nós que estávamos atrasados. Ficamos pelo menos duas horas esperando a festa começar, e enquanto isso, Cinco e eu aliviamos o tédio conhecendo o lugar.
Era muito bonito, isso não dava para negar, com muitas flores e mini luas penduradas. Eles são tão fofos que dão náuseas. As comidas seguiram a minha sugestão de terem formato de luas e estrelas, e Cinco se acabava de comer aqueles doces. Me sentei em uma das cadeiras, apenas para aliviar a dor do meu pé por conta dos saltos, aparentemente andar vinte metros já é o bastante para eles quererem descanso. Vi Cinco caminhar em minha direção com um prato nas mãos.
— Amor, eu peguei algumas estrelas pra você.
— Obrigada, eu estou sem fome.
— Eu imaginei que você queri… Espera, tá sem fome? Tem certeza? Isso vai ser o fim do mundo? Deve estar vindo outro apocalipse.
Ele ria enquanto fazia todas essas perguntas exorbitantes.
— Para de ser exagerado — dei um empurrãozinho em seu ombro quando se sentou ao meu lado.
Algumas das frutas em formatos de luas pareciam extremamente deliciosas, mas o apetite hoje não é o meu forte. Por incrível que pareça. Acho que Cinco é quem pegou o lugar de comilão.
— Oi, Candy! — Ben estendeu os braços para mim. É o primeiro que vejo chegar. Me levantei e o abracei, ignorando meu pé com salto e outro sem.
— Oi, gatinho. Como vai? — falei com a voz um pouco abafada pois ele estava me esmagando.
— Tô ótimo. E aí, cara? — Ben cumprimentou Cinco acenando com a cabeça.
— O Tomate veio? — Cinco perguntou.
Ficamos ansiosos com isso desde que descobrimos que o Tomate entregará as alianças.
— Daqui a pouco ele chega — Ben disse meio apressado e logo saiu.
Eu imagino o trabalho que deve ter dado ensinar o Tomate a fazer isso. Alguns minutos se passaram e outros irmãos chegaram, nós cumprimentamos mas de jeito nenhum saímos do nosso cantinho. Adotamos essa mesa como nossa. Voltei para a cadeira e roubei uma das frutas de Cinco, só porque ele estava me enchendo o saco para comer. Mais minutos se passaram e foram tão lentos como décadas. A festa não começava nunca. Deitei minha cabeça no ombro de Cinco e fui me aproximando mais à medida que seu cheiro chamava a minha atenção.
— Você tá cheiroso — depositei um beijo leve em seu pescoço.
Ele não disse nada, porém a sua nuca arrepiou, posso apostar que gostou mas está se controlando. Eu ri e dei outro beijo. E depois mais um. E mais um. Sua postura firme e rígida não vai durar por muito tempo. Um beijo em sua mandíbula, outro em sua orelha, mas nunca na sua boca.
— Aqui não, Candace — Cinco mantinha seus olhos fixos em algum ponto no chão.
Segurei sua mão e não parei com os beijos. Não tem ninguém aqui no salão, não fazer isso é perda de tempo.
— Nossa, você é difícil — sussurrei — É casado?
— Muito bem casado. — Ele entrou na brincadeira.
— Sua esposa não vai descobrir — passei meus dedos sobre seus lábios.
— Vai sim. Ela é uma ótima detetive. E ela vai me matar.
Ele tirou meu dedo de sua boca e olhou para mim, atiçado com a brincadeira, ainda tentando manter a pose de intocável. Afastou meu corpo do seu fingindo desgosto.
— Minha mulher vai te ver.
— Não tem problema.
Cinco prendia o riso ao passo que eu me aproximava de novo. Ele me distanciava dizendo que era um homem fiel e que eu devia parar de provocá-lo. Então, eu parei.
— Mas se você insistir mais, eu tô solteiro — Cinco escondeu a mão com a aliança, querendo que eu continue estimulando-o. Eu imediatamente lhe dei vários tapas.
— Seu pilantra! É tão fácil assim te seduzir?
— Para de me bater! — Ele segurou meus braços, rindo — É fácil quando é você. Me amarro em você.
Deixei o meu ciúme de lado porque gostei da sua explicação. Peguei a mão dele e o arrastei para o primeiro lugar isolado e sem ninguém que eu visse. Banheiro, ótimo. Tinha um cantinho perfeito, parecia que foi projetado para namorados se pegarem. Encostei ele na parede para que ninguém nos visse, levemente batendo suas costas. Porém ele agachou um pouco e falou perto da minha barriga:
— Ontem sua mãe quase congelou o meu cérebro só porque dei um beijo no pescoço dela, e hoje ela tá prestes a me comer vivo. É você que tá fazendo isso, né?
Eu até gosto das indiretas que Cinco me dá enquanto fala com ele.
Puxei ele para cima de volta e o beijei, finalmente sentindo o gosto de sua boca me entorpecer. Eu precisava disso. Não só pela demora da festa começar, mas também porque não me lembro da última vez que o beijei assim. Senti suas mãos quentes passar pelas minhas costas e apertar cada vez que queria mais de mim. Pedi para ele não bagunçar o meu cabelo para eu não acabar com o visual de quem estava louca.
Ele derrubou uma alça do meu vestido, propositalmente provocativo, me fazendo desejar estar sem este vestido. O visual de louca continuou do mesmo jeito. Ele cobriu minha boca e eu senti minha pele arder com seu tapa, pelo menos sua mão amenizou metade do som que fiz.
— Louco! Esqueceu que não estamos em casa?
— Infelizmente.
Ele trocou de posição e minhas costas se chocaram contra a parede, não tão delicado como foi com ele. O ombro de Cinco cobre qualquer visão de fora que eu possa ter, agora só tenho olhos para ele. Puxei sua gravata e ele sorriu até chegar em meus lábios, onde fez eu me sentir no céu. Sem avisar, sua língua explorou a minha boca de um jeito divertido e com a adrenalina de sermos pegos aqui. Satisfatório demais sentir o calor de seu corpo chegar até mim.
Me separei de sua boca e deitei em seu pescoço, aquele cheiro me levava para qualquer outro lugar que não seja a realidade. Como ele ainda consegue me deixar louca como se fosse a primeira vez? Cinco só sorria por ver o efeito que seu poder tem sobre mim, porra, estou quase desmaiada em seu ombro.
— Amor, acho que vamos ter que deixar o final pra depois — sussurrei no ouvido dele quando vi uma figura pequena nos encarar.
Cinco se virou de costas e se deparou com Claire, paralisada segurando sua boneca. Ele arrumou a gravata e o cabelo depressa, implorando ajuda com os olhos para mim. Eu só coloquei a mão na boca e comecei a rir.
— Tá fazendo o quê aqui, pirralha? — Cinco se agachou para ficar na altura dela.
— Esperando minha mãe sair do banheiro.
— Você viu alguma coisa?
— Eu vi você e a tia Candy…
— Primeiramente, "senhor". O que já conversamos? E segundo, você não viu nada. Eu estava ajudando a sua tia a arrumar o vestido dela.
— Ah, tá — Claire balançou a cabeça. Não sei se foi tão fácil assim enganar aquela criança.
Cinco pegou Claire no colo, que logo passou os pequenos braços em volta do pescoço do tio e deitou em seu ombro. Eu sei, Claire, o ombro dele é muito confortável.
— Você disse que os livros não vão ajudar, então eu vou treinar na prática — disse Cinco.
— Pega leve com ela.
Desde já eu adianto que não concordo com a ideia de ele usar a sobrinha como cobaia para seus treinamentos de pai.
Escutamos uma voz cantar, robotizada pelo microfone. Era a voz de Klaus. Após testar o microfone com todos os tons que sua voz conseguia atingir, ele nos chamou para o salão. Cinco colocou Claire sentada em suas costas e levou ela assim o caminho todo. Estou definitivamente com medo de como ele vai levar nosso filho para os lugares, não vou me esquecer do dia que ele colocou a sobrinha de cabeça para baixo.
Não há mais de vinte cadeiras aqui no salão, não é como se Luther e Sloane tivessem tantos amigos. Cinco e eu ficamos na segunda fileira. Fei, Alphonso, Jayme e Christopher também estavam lá, e apenas um aceno foi o suficiente para um cumprimento entre nós.
— Boa noite, meus amigos e irmãos. O dia de hoje é muito especial pois vamos comemorar a união de um belo casal… — Klaus dizia sem o microfone.
Cinco interrompeu cochichando para mim:
— Quero ir embora.
Empurrei meu joelho para bater em sua perna, reprovando-o. O bom é que ninguém escutou.
— Quem diria que ele seria o primeiro de nós a se casar — Klaus estava emocionado, apontando para Luther que estava ansioso ao extremo esperando a noiva — Viktor, por favor.
O irmão se preparou e começou a tocar seu violino, para a entrada de Sloane. A música era linda, eu até achei que não conseguiria me emocionar mas no final acabei derramando lágrimas.
No ápice da música, nós nos levantamos e olhamos para trás. Sloane, vestida de branco e carregando um pequeno buquê, estava linda, radiante, e com certeza o sorriso mais bonito da festa estava em seus lábios. Ela andava lentamente, ao ritmo da música de Viktor, e a cada passo era uma batida mais forte que o coração de Luther surrava em seu peito. Esses dois foram feitos um para o outro. Quando Sloane finalmente chegou até Luther, o brilho nos olhos dos dois era ofuscante. Sloane entregou o buquê para Lila, sua madrinha, enquanto esperava ansiosamente para Klaus os casar.
Olhei para trás de novo, procurando o cãozinho que trará as alianças. E ali estava ele, carregando uma almofada em sua boca que em cima traz as alianças. A almofada estava babada, mas quem liga? Isso é uma fofura. Tomate levou até Klaus, que retirou um petisco do bolso e lhe deu como recompensa.
— No nosso casamento, pode ser o Oliver — sussurrei para Cinco, apontando para o Tomate.
— Se você levar aquele gato pro nosso casamento, eu te deixo no altar.
Virei os olhos e passei meu braço pelo seu, aguardando o momento mais esperado.
— Espera, eu vou chorar — Klaus tapou os olhos, e logo voltou — Luther, você aceita essa incrível gata como sua esposa?
Luther segurou a mão dela.
— Aceito.
— Sloane… você promete cuidar desse gigante peludo até o fim dos seus dias? — Klaus deu um soquinho no ombro do irmão.
— Sim, eu aceito — disse com sorriso estampado no rosto.
— Então eu os considero… casados pra cacete! — Klaus ergueu os braços e todos nós aplaudimos, ao passo que Sloane deu um beijo em Luther.
Ele a segurou e continuou o beijo, ambos sorrindo com os aplausos. Um projetor espelhou a imagem de um eclipse enquanto os noivos se beijavam, aquilo foi extremamente fofo, e me pegou de surpresa. O significado foi tão bonito que, de novo, eu não contive as lágrimas. Diego assobiava com os dedos na boca enquanto Ben gritava palavras que era incompreensíveis pelos aplausos.
— Já podemos ir embora? — Cinco perguntou em meu ouvido.
— Você é um saco, sabia? — eu disse enquanto ainda aplaudia.
°•°•°•°•°•°•°•°• ☆ •°•°•°•°•°•°•°•°
O resto da noite foi lindo. Foi danças e bebidas a madrugada inteira, e em algum momento, os recém casados sumiram, aproveitando o dia deles. No momento de Sloane jogar o buquê, por acaso do destino, Lila pegou. Ela ficou meio desconcertada mas ficou feliz.
Eu não dancei por mais de trinta minutos, sou uma mãe exausta demais para aguentar uma madrugada inteira de festa. Cinco faz isso por mim, com a ajuda de algumas bebidas e charutos. Antes de começar a beber eu disse a ele que não o cuidaria se ele virasse um bêbado de bar. Deve ser por isso que ele maneirou no álcool.
A música estava alta então eu preferi sair, não tinha mais paciência para aquilo. Eu fui para um lugar silencioso e sentei no chão, com as pernas esticadas para descansar um pouco. Uma cama quentinha agora cairia bem. Meus saltos estavam jogados do meu lado, tão relaxados quanto eu. Precisei prestar atenção para onde minhas mãos iam, pois me acostumei com elas acariciando a barriga.
Eu estava quase dormindo sentada quando, certamente para me infernizar, Cinco começou a caminhar devagar até mim com as duas mãos ocupadas.
Tive ideias erradas sobre ele.
— Trouxe um suco pra você, meu bem — ele me entregou um copo, tinha cheiro de maracujá. É agora que eu durmo de vez. Tenho a estranha sensação de que ele está o tempo todo me enfiando comida porque se acostumou com a minha fase de fome de dragão.
Cinco se arrastou e deitou sua cabeça no meu colo, largando o charuto e passando a mão pelas minhas pernas. Passei meu dedo de leve, contornando o seu rosto, logo depois lhe dando um beijo na cabeça.
— Posso dormir aqui? — ele olhou para cima.
Mirei o seu corpo. Ele estava deitado no chão e o único conforto que tinha era sua cabeça nas minhas pernas.
— Pode. Mas vai ser um sono péssimo.
— Impossível.
Nós trocamos a festa para cochilar no chão de um corredor. Isso é muito "pais exaustos". Acho que a partir de agora vai ser assim.
_____________________________________
Cinco:
eu quero saber os palpites de vcs: menino ou menina?
EU DEI SPOILER A FANFIC INTEIRA, EIN
beijinhos, amo vcs 💋
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top