CAPÍTULO 34

CAPÍTULO 34:
Eu mando aqui.




Nós entramos e vi que ela era ainda mais bonita pessoalmente do que nas fotos, seria um sonho morar aqui. Está tudo perfeitamente limpo e mobiliado com coisas que eu provavelmente compraria. Se Cinco me perguntasse agora, eu com toda a precipitação diria que é a casa ideal para nós. É até grande demais, mas podemos nos acostumar com isso.

Scott começou pela cozinha, que por si só já me ganhou. Com bancadas de mármore branco e armários cinza claro, que por alguma razão, combinam mais do que parece. Não consigo impedir que minha mente comece a imaginar Cinco fazendo várias receitas nessa cozinha, abrindo essa geladeira que deve custar mais que minha casa antiga. Essa cozinha é simplesmente um paraíso, me faz até sentir vontade de cozinhar. É melhor eu afastar esse pensamento, não posso acabar queimando uma cozinha como essa.

Seguimos para a sala, que fica ao lado da cozinha e não há uma parede que separe elas, talvez a decoração e a iluminação façam isso sozinhos. Os sofás são enormes e tão confortáveis quanto o tamanho, melhores até que as camas que já dormi. O aconchego dessa sala é algo indescritível, por mais que tenha um pé direito alto, ela não faz eu me sentir minúscula, muito pelo contrário. Eles usaram cores que trazem paz, e esse com certeza é um lugar que eu quero descansar num fim de semana. Só de pensar que tudo isso pode ser meu, me faz abrir um sorriso enorme.

Cinco está tão radiante que seu sorriso é contagioso, ficou encantado pela casa. Olhamos os quartos de visitas e eles são tão deslumbrantes quanto o quarto principal, sem contar a ótima vista que ele tem para a cidade. Tinha uma sala a mais, Cinco não havia me contado isso, essa sala antes era uma sala de jogos. Acho que podemos manter a ideia, mas conhecendo o Cinco, tenho certeza que ele vai preferir que vire uma biblioteca.

Finalmente chegamos ao quarto principal. Puta merda. Não tenho como descrever isso. Quero essa casa agora! Nunca vi uma cama tão grande, finalmente Cinco não ficará roubando meu cobertor de madrugada. Nem sei o que faremos com um quarto tão grande. Tem poltronas super confortáveis, uma televisão grande e um closet onde, sem que o Scott veja, Cinco me disse que relembraremos o passado lá dentro. Um frigobar próximo à cama no qual eu poderia finalmente parar de incomodar o Cinco ao pedir um copo d'água no meio da madrugada. Tem uma sacada com vista para a piscina e um vasto campo com grama verdinha. Será que podemos nos mudar hoje?

Talvez o único defeito dessa casa seja a cor de um dos banheiros, que tem um tom de amarelo horrível. E dois quartos que precisam ser redecorados. Tirando esses detalhes...

- Vocês têm filhos? - Scott perguntou sem olhar para a gente, enquanto nós observamos a piscina apoiados no parapeito.

Olhei para Cinco e ele para mim, Scott nem desconfiava que isso era um assunto delicado entre nós dois. Eu ia responder mas Cinco falou primeiro.

- Ainda não.

Ainda não? O que fez ele mudar de ideia?

- Quando tiverem, vão ver só como essa casa é perfeitamente adaptável para uma criança. Podem remodelar as quinas para a segurança de seus filhos e tem um ótimo espaço para brincar de futebol, correr com o cachorro ou qualquer coisa do tipo.

Como Scott consegue fazer qualquer coisa parecer um comercial de família perfeita? Cinco tinha sua opinião desde o começo, ele queria essa casa com todas as suas forças. Tudo o que fizemos foi adiar a nossa decisão. A ideia de que essa casa pode ser nossa trás até um frio na barriga. Eu achava que Cinco estava sendo muito ansioso, mas vendo a casa pessoalmente, entendo sua ansiedade. Ela é mesmo perfeita.

- Vamos comprar a casa - Cinco falou, quando viu minha empolgação transbordar pelos olhos. O homem abriu um sorriso.

- É desses que eu gosto - Scott riu balançando o ombro de Cinco - Só vou pedir pra que você e sua esposa assinem aqui, ok?

ESPOSA?
Viram isso?
ESPOSA!

Então quer dizer que Cinco define nosso status como casados? Não sei porquê, mas fiquei brava com isso. Para todos, somos casados, menos para nós mesmos. Isso seria uma estratégia dele de fazer todos se afastarem de mim? Por ciúmes? É a cara dele. Mas não vou negar que fiquei um pouco envergonhada ao ouvir alguém me referindo com sua esposa.

Cinco apoiou o papel na mesinha maravilhosa que tinha no quarto e assinou todos os lugares que pedia. Eu fiz o mesmo, com minhas mãos tremendo. Não me julguem, é a primeira que assino um documento tão importante. Então é isso? A casa é nossa?

- Quando poderemos nos mudar? - perguntei, igual uma criança ansiosa para ir ao parque.

- Olha - Scott coçou a nuca - Com toda a burocracia vai levar quase um mês. Mas não me importo de deixar as chaves com vocês, porque no final das contas, não faz diferença.

Meu sorriso abriu na mesma hora, e o de Cinco ainda mais, deixando em evidência as suas covinhas. Porra, eu amo esse cara.

- Parabéns pela compra, vocês agora têm uma puta casa. Desculpem a palavra. - Scott disse, ajeitando os seus óculos e desengonçado pelo palavrão - Eu moro a duas ruas daqui, se precisarem de alguma coisa, a minha casa é a amarela extravagante - ele riu. Não me importo que sejamos amigos, ele parece gente boa.

Scott se despediu e, assim que ele fechou a porta, eu dei meia volta e pulei no pescoço de Cinco. Não achei que eu ficaria tão feliz com isso, afinal, era o sonho dele. Eu o abraçava tão forte que até meus braços estavam doendo, eu também dava sequência de beijos em seu rosto enquanto ele não conseguia parar de sorrir. Quero nunca me esquecer da curva desse sorriso, se eu soubesse que ele ficaria tão feliz, eu teria aceitado antes.

Para me irritar, ele começou a me girar no ar e apertar forte a minha cintura. Forte mesmo, só por vingança de eu ter preenchido seu rosto com marcas de batom. Chegou um momento que eu tive que implorar para ele parar de me rodar, porque já estava começando a ficar enjoada. Ele me pôs no chão, e esperou que eu parasse de ficar tonta. Cinco arrumou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e levantou meu queixo, para que nossos olhos se encontrassem.

- Eu te amo, garota - seus olhos brilhavam de felicidade. Poucas vezes o vi tão alegre assim. Cinco quase nunca diz a frase anterior, por isso esse momento é tão especial.

- Eu também gosto de você - brinquei, bagunçando seus cabelos. Ele mordeu o meu pescoço para me repreender e me fazer corrigir a frase. Logo depois puxou o meu corpo e me abraçou para dizer em meu ouvido:

- Obrigado por fazer parte da minha vida. Quero que saiba que eu vou fazer de tudo por nós, e pra te ver sempre assim - ele passou os dedos pela minha bochecha, indicando que falava sobre meu sorriso - Te dou o mundo, se precisar.

Meus caros, este é o meu homem.

- Só quero você. - Essas foram provavelmente as palavras mais românticas e clichês que já falei. E eu repetiria até ele entender que é tudo para mim.

Cinco sorriu envergonhado, escondendo o rosto em meu pescoço para disfarçar. Amo ver sua versão que demonstra o que sente por mim, mesmo que seja difícil. Quando agarrei suas costas, sentindo o cheiro de seu cabelo, ouvindo as batidas frenéticas de seu coração, senti como se fosse a primeira vez que eu estivesse em seus braços. De certa forma, estamos começando. Começando algo novo e, dessa vez, estamos começando certo.

- Quando é que vamos inaugurar aquela cama? - Cinco levantou as sobrancelhas, apontando para a cama atrás de mim. Involuntariamente sorri pela sua frase ousada. Meu telefone tocou segundos depois, me impedindo de respondê-lo.

- Acho que não agora - falei, tirando o telefone do bolso.

Era novamente um número desconhecido. Que merda! Não posso ter um momento de paz com meu namorado? Quando tive coragem de atender, escutei a voz de Allison. Ela estava desesperada, quase não reconheci sua voz de tanto que chorava. É óbvio que esse dia perfeito tinha que dar errado de algum jeito.

"O que aconteceu?"

"Candace, pelo amor de Deus, me diz que você está com a Claire."

"Não, eu só vi ela hoje de manhã antes de sair. Ela até me deu um desenho. Está tudo bem?"

"Eu estou ligando pelo celular da Sloane porque não encontrei o meu."

Em todo o momento a voz dela era tomada por suspiros. Cinco estava confuso sobre o que eu dizia, então coloquei o celular no viva voz.

"Eu só deixei ela um sozinha uns segundos enquanto ligava o chuveiro e agora eu não encontro em lugar nenhum. Meu Deus, onde está a minha filha?"

Eu estava sem palavras nessa hora, realmente não sabia o que dizer, estou longe demais para ajudar com alguma coisa. Mas, do meu jeito, tentei ajudar. A minha sobrinha, uma criança, está em perigo. Claire não faz o tipo de sair sozinha sem a permissão da mãe, então, não há dúvidas de que ela foi levada.

"Allison, escuta! Vamos pôr um ponto final nisso. Diga aos outros que estamos colocando o plano em ação. Em algumas horas, eu e Cinco chegamos aí. Não nos esperem."


Eu disse e desliguei o telefone em seguida. Não esperávamos ter que executar o plano tão cedo.


O plano era o seguinte:

Lila sabe onde Adam está, afinal, é filha dele. Ela só não nos contou antes por medo, mas assim que viu Alphonso e Sloane sequestrados e minha mãe à beira da morte no hospital, ela não teve escolha. Ela disse que ele mora numa casa simples, justamente para não chamar atenção, somente com alguns guardas disfarçados de vizinhos. Como ninguém conhece o seu rosto e muito menos seu nome verdadeiro, os vizinhos de verdade devem pensar que ele é só mais um cara gentil com uma filha rebelde.

Nós entraremos lá, com a ajuda de Lila para destravar a porta e, com toda a educação que eles não tiveram com a gente, vamos tirar Adam de onde quer que ele esteja para levarmos a Academia. Não queremos uma chacina e se ele é o chefe do grupo, tirando ele do jogo, damos um fim nos sequestros aleatórios. Seus capangas vão ficar perdidos sem ter uma ordem para seguir.

Ben me contou que existe um lugar perto do porão onde o Sr. Reginald trancava o Viktor quando era pequeno, o lugar é totalmente à prova de som. Reginald era um monstro, porém isso vai ser perfeito para jogar o Adam lá dentro e (sem querer) deixá-lo apodrecer. Isso se nós conseguirmos pegá-lo, porque, apesar de eu ter eliminado boa parte de seus capangas, ainda existem muitos, comparado ao nosso pequeno grupo.

Se ele estiver sozinho, como diz a Lila, acredito que com uma arma em sua garganta, com treze pessoas e um cubo com poderes sobre-humanos, ele vai preferir ir conosco.

O empecilho da vez são os guardas disfarçados do lado de fora. Não poderemos atirar em nenhum deles sem ter certeza de que são os falsos vizinhos, ou poderemos tirar a vida de pessoas inocentes. Outro pequeno problema é que tem botões do pânico espalhados pela casa que Adam está, e Lila não conhece todos. Então, teremos que agir rápido e não deixá-lo se mover muito.

Plano simples, não é? Pena que o último também era, e acabamos com um tiro na perna e um sequestro, com ferimento no abdômen. Dessa vez temos mais pessoas, que também sentem sede por essa vingança, e não vamos falhar. Não podemos falhar. Qualquer erro a essa altura é sinônimo de morte.


- Deu merda, né? - disse Cinco.

- Sim. - Saí do quarto e escutei os passos dele atrás, até sentir ele segurar o meu braço.

- Espera. A gente... vai mesmo? Poxa, é nosso primeiro dia aqui e eles não precisam da gente.

- É a vida de Claire que está em perigo.

Sei que é muito difícil escolher entre a casa dos seus sonhos ou ajudar os irmãos ingratos que tem. Mas sinto que, só pela Claire ele aceitou ir, se fosse qualquer irmão, Cinco mandaria ir à merda e continuaria seguindo o dia normal. Mas ele não é um monstro, não podia ser capaz de deixar sua sobrinha de quatro anos nas mãos de uma gangue sanguinária, pois isso, ele contorceu os lábios e disse:

- Pega as chaves - estendeu a mão com a chave da casa e do carro - Você dirige. Vou acabar fazendo merda.

Além de magoado ele estava puto. Muito puto. Passou por mim sem nem olhar em meu rosto. Saímos daquela casa e, nas poucas horas que fiquei aqui, me apeguei a cada cantinho como se fosse minha. Agora ela é, mas não poderemos aproveitar ainda. Entramos no carro e antes de eu começar a dirigir, Cinco segurou o meu queixo com agressividade, fazendo eu me virar para ele.

- Olha só, eu não posso te proteger o tempo todo e você nem quer que eu faça isso, então se você deixar algum deles encostar em você, eu te mato. - Seus olhos carregavam uma escuridão que eu nunca tinha visto antes. - Eu mesmo te mato, tá ouvindo?

Pelo seu tom, não me fez duvidar. Ele realmente vai me matar se eu deixar isso acontecer.

- Você não vai precisar ter esse esforço. Vai dar tudo certo, não vamos perder dessa vez. Temos a ajuda dos amigos da Lila - falei, ele comprimia as sobrancelhas, parecia querer derramar as lágrimas que ardem seus olhos, mas se mantinha forte. Segurei o seu rosto - Olha pra mim, vai dar certo.

- Falamos isso da última vez - ele relembrou - Só me prometa que vai ficar bem.

Segurei suas mãos e prometi. Exigi que ele fizesse o mesmo. Nós tocamos nossas testas, usufruindo deste silêncio onde a única coisa que o quebra, são nossas respirações, que estão pesadas pelos velhos sentimentos que carregamos. Não demorou muito para que nossas bocas se encontrassem, dando um último beijo de paz que teríamos antes da luta. O calor dele fazia eu me sentir mais confiante, fazia pensar que tudo isso vai ser moleza e, acima de tudo, me fazia sentir que ele estava disposto a fazer de tudo por nós. Tudo mesmo. Nós nos separamos, apenas para tomar mais fôlego para continuar. Não sabemos quando vamos poder fazer isso de novo, então que se foda se nós vamos demorar dez minutos a mais ou à menos.

- Pra ter certeza que vamos sair vivos dessa, você tem que ter uma dívida comigo - falei com a voz mansa, logo depois pressionando meus lábios contra sua bochecha.

- Qualquer coisa - ele sussurrou.

- Quando voltarmos, quero que faça uma pizza pra mim - falei. Ele sorriu na mesma hora que escutou, provavelmente esperou algo mais difícil - E também quero que faça as pazes com a Lila.

- Tudo bem, estou te devendo - Cinco beijou as costas da minha mão - Minha vez. Quando voltarmos, quero que cante pra mim e só pare quando eu dormir. Também quero que me faça uma massagem, vou estar cansado.

- Estou te devendo - falei, beijando sua mão.

Selamos nossos lábios antes de eu começar a dirigir. Primeiro, fomos até o Hotel Obsidian para saber se eles já saíram ou ainda estavam por lá. E não estavam. Então agora eu deveria dirigir até onde executaremos o plano, mas fiz uma pausa para comer um pouco. Em minha defesa, ficamos horas com o corretor de imóveis e eu só havia comido no café da manhã. Voltei para o carro, onde Cinco me esperou esse tempo todo. Dirigi até o endereço que Lila contou uma vez, sei de cor pois não saía da minha cabeça quando eu deitava para dormir.

Quando chegamos lá, me deparei com uma rua completamente normal, tinha até uma festa infantil acontecendo no final da rua. Alguns homens passeavam com o cachorro, já outros cortavam a grama que já estava perfeitamente aparada.

- Cinco, olha. - Apontei com os olhos para o homem que cortava a grama. Ele com certeza é um dos vizinhos falsos. Céus, é tão difícil identificar o certo e o errado, é como se fosse um jogo. Mas valendo a vida.

O homem nos encarava e, olhando ao redor, vi outros se aproximarem da gente, como se nós fossemos comida de tubarão. Se eu não fizesse algo logo, acabaríamos da pior maneira. Sendo assim, toquei os pés no chão com força para liberar o gelo, que percorria todo o chão até chegar em seus pés. Agora congelados e presos no chão, não podem vir nos atacar. Vi um deles mexer algo em seu quadril, mas não sei se era uma arma de choque ou uma pistola.

- Ei, abaixa essa porra! - Gritei para o rapaz, que levantou as mãos como rendimento na mesma hora. Com um simples gesto, mostrei do que minhas mãos são capazes, foi divertido ver o rosto deles hipnotizados com o fogo. Além de tudo isso, uma ventania anormal balançava as árvores e, se seus pés não estivessem grudados no chão, eles sairiam voando. - Sou eu quem mando agora.

Às vezes a autoridade combina comigo. Me virei e continuei a andar em direção a casa que Lila nos falou. Cinco vinha atrás com suas mãos do bolso e um olhar tanto admirado quanto orgulhoso. Parei em frente a porta para conferir se a senha que eu tinha decorado estava correta, e foi quando Cinco finalmente disse o que parecia querer me contar faz tempo.

- Cacete, amor. Você mandou muito - ele contorceu os lábios para baixo, a admiração dele é algo que eu nunca vou me acostumar - Pode mandar em mim também.

Eu ri, porque sei que obviamente ele não vai obedecer uma palavra que eu disser. A porta fez um barulhinho e logo se abriu, mas eu não tinha coragem de dar um passo.

- Vai na frente, cavalheiro. - Eu disse, e sem reclamar ele foi.

No chão tinha um caminho de pedras, com um jardim bem cuidado ao lado. Não consigo imaginar Adam em nenhuma situação que não seja bolando planos para nos sequestrar. Olha só, tem até um anão de jardim. A casa é totalmente comum, até me esqueço que um dos maiores filhos da puta que conheci está aqui dentro. Passamos por uma sala, uma cozinha, algumas portas que nem dou o trabalho de saber o que há dentro delas e até encontrei uma das facas de Diego cravadas na coluna de madeira.

- Ei, olhe - escutei a voz de Cinco, ele apontava para o chão, onde tinha algumas gotas de sangue.

Eu virei para ele e, sem dizer uma palavra, decidimos seguir o rastro. As gotas paravam em uma porta simples de madeira escura, não sabemos quem ou o quê está dentro dela, então eu e Cinco puxamos nossos revólveres e contamos até três para entrar. 1... 2... 3... Eu abri a porta e dei passagem para Cinco, que entrou a todo vapor apontado a arma para as pessoas. As pessoas, no caso, eram nossos irmãos. Todos eles estão em uma espécie de círculo e se assustaram quando viram eu e Cinco, logo sacaram suas armas também.

- Vamos relaxar, pessoal - Fei disse, abaixando sua arma ao perceber que éramos nós.

- As estrelas chegaram. A festa acabou de ficar interessante - disse Diego, sorrindo e guardando sua faca.

Eles abriram o círculo, dando passagem para eu e Cinco. Vi que no centro dele está um homem loiro, amarrado pelas mãos e pés com uma fita na boca. O rosto dele está muito, mas muito machucado, chega a ser agoniante e faz meu estômago revirar. Quando meus irmãos se afastaram do centro do círculo, vi que Lila estava entre eles. O que caralhos ela está fazendo aqui? Ela está grávida! Poderia nos dar a senha e ficar segura no hotel. Cinco se aproximou do homem e arrancou sem dó a fita de sua boca.

- Como se chama, meu jovem? - disse Cinco.

- Para você, Adam - o homem respondeu, acabou cuspindo sangue ao falar. Cinco recuou a cabeça para trás, surpreso com o nome, assim como eu.

Puta merda. Então este é o Adam?

- Olha, eu esperava um velho manco, mas você até que é bonitinho - falei inclinando a cabeça, analisando seu rosto. De canto, vejo que Cinco travou o maxilar, não sei se por se identificar com a palavra "velho" ou por eu estar elogiando o maior canalha que já vimos.

- Podemos jogar gasolina nele e acender um fósforo? - perguntou Jayme, juntando as mãos como uma súplica - Por favor. Esse babaca arruinou a minha vida.

Estendi as mãos e deixei eles resolverem a questão da gasolina. Para mim, era mais importante saber o que Lila está fazendo aqui. Agarrei seu braço e a puxei para a parede.

- Você tá louca? É perigoso demais pra você.

- Eu não podia ficar no hotel e quero ver de perto a morte desse desgraçado - Lila se explicou num sussurro - Sem contar que eu ainda não falei para o Diego, ele ia surtar.

- Caramba, como você é teimosa! - exclamei - Se der merda, corre. Não fique pra lutar.

- Já te falaram que você é mandona? - ela disse, ao mesmo tempo que Cinco chegou, com um ar desconfiado e suas belas mãos guardadas no bolso.

- O que as duas estão cochichando? - ele perguntou.

- Eu só estava perguntando se ela tinha algum comprimido para cólica - menti, na esperança que Cinco nos deixasse em paz com nossos assuntos femininos. Acho que fiz o contrário, ele começou a ficar preocupado.

- Cólica? De novo? Você tá bem?

- Sim, e só para mais tarde - dei de ombros, me inclinando para selar seus lábios. Pelo menos assim sua boca não abre para fazer mais perguntas.

Passei por ele e caminhei até parar na frente de Adam. O encarei por um tempo, ele devia ter uns vinte anos quando adotou Lila, pois sua aparência é bem jovem para alguém com mais de cinquenta anos. Deixei as análises de lado e puxei a arma da minha cintura dizendo:

- Me dê três motivos para não descarregar esse pente na sua cabeça.


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qualquer leitor dessa fic quando vê a palavra "plano":

só pra deixar claro que quero meus doces e chocolates, seus curupiras 😡😭

minha eu do futuro disse que semana que vem tem maratona ein, então quieta essa bunda aí

beijão 💋💋

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