CAPÍTULO 31

CAPÍTULO 31:
O Salão Abandonado.



Lavei o rosto antes de sair para não assustar ninguém com o meu estado. Cheguei no buffet e separei algumas tortas e panquecas. Os donuts estavam tão lindos que não pude deixá-los aqui, me obriguei a colocá-los no prato. Separei duas xícaras de café e coloquei perto dos pratos, de canto, pois vi alguns irmãos meus conversando e decidi ir até eles para contar a mais nova e trágica notícia.

— Bom dia. Acordados, tão cedo? — falei. Diego e Viktor tinham olheiras nos olhos, acho que assim como Cinco e eu, eles não dormiram bem.

— Luther nos acordou quase agora. — Viktor disse bocejando.

— Por quê?

— Ele não está encontrando a Sloane, mas eu disse que ela poderia ter ido caminhar um pouco. — Diego explicou, dormindo nos próprios braços.

— Tem razão, daqui a pouco ela volta — eu disse.

— Vocês pegaram meu secador? — disse Jayme, entrando na roda — Não posso ficar com o cabelo molhado, então se algum dos merdinhas pegou, fale agora.

Apesar de saber exatamente o que está acontecendo, me rendi com as mãos, alegando inocência e saí de lá. Acho que não é o melhor momento para contar a eles. Peguei os pratos, segurando eles com a ajuda do antebraço enquanto nas mão eu segurava as xícaras. Esses pratos testaram o meu equilíbrio. Tive que apertar o botão do elevador com o cotovelo, mas tirando isso, foi tranquilo.

Cheguei na porta do quarto chamando pelo Cinco, ele não ouviu e eu não quis ficar gritando no corredor para não acordar outros hóspedes. Chutei a porta de leve e ele finalmente abriu.

— Posso entrar? — perguntei irônica.

— Deixa que eu te ajudo. — Cinco pegou os pratos do meu braço.

Entrei no quarto e fechei a porta com o pé, finalmente desocupando as minhas mãos ao colocar as xícaras na mesinha.

— Pra quê tanta comida? — Cinco perguntou ao olhar os pratos.

— É que eu tô com fome.

— Mas já?

— Verdade, né? Tô começando a achar isso estranho.

— Tá começando?!

— Não importa. — Virei os olhos.

Peguei um pedaço da torta e comi enquanto Cinco bebia seu café. Dei o azar de pegar uma torta sem sal, a comida aqui é meio oscilante em questão a dosagem de temperos. Cinco comeu a metade da panqueca e já parecia satisfeito.

— É a Sloane.

— Hein?

— Acho que ela foi sequestrada — falei de boca cheia.

— Puts, que pena. Sabia que ela e Luther iam se casar? — disse Cinco tranquilo tomando o seu café.

— Quê?! Por que ninguém me contou?

— Eu pensei que você sabia, na verdade, todo mundo sabia. Deve ser porque você vive dormindo e fica de fora das notícias.

— Meu Deus, eu nem parabenizei eles… — passei a mão pela cabeça. Eles devem achar que sou uma infeliz que odeia pessoas contentes. — Mas você falou como se ela já estivesse morta. Que esperança é essa? Credo.

Cinco deu de ombros. Minha visão pousou nos vários papéis que Cinco estava usando em cima da cama. Todos rabiscados e alguns amassados.

— Eu estava testando as combinações. A primeira letra da última palavra junto com a primeira letra da primeira palavra… Enfim. Ainda não cheguei em nenhum resultado — Cinco explicou. Até pela sua entonação, consigo ver um mestre em cálculos bem aqui na minha frente.

— Acho que precisamos de ajuda. O Ben, ele pode olhar na Internet os salões mais próximos.

— Tudo bem, essa ajuda vai ser ótima.

E lá vai eu de novo. Dessa vez eu estava com pressa, então apenas bati na sua porta e disse que precisava falar com o ele. Ben veio, e de brinde, o Klaus. Ben levou o laptop e ficou na poltrona pesquisando salões nas proximidades, enquanto Klaus forçava uma briga entre o Oliver e o Tomate. Confesso que é o tipo de coisa que eu faria, mas tenho medo que Tomate acabe comendo o meu gato.

— Dá pra parar? São 6:17 da manhã! — disse Cinco, repreendendo o Klaus. Ele ainda segurava a xícara como se ainda houvesse algum café ali dentro.

— Deixa eu ver se entendi… — começou Klaus — …eles nos mandam uma carta falando de autoestima como se fosse o nosso ponto fraco.

Todos nós olhamos para Klaus, esperando que este raciocínio tenha alguma conclusão. Klaus só começou a rir.

— Eu sou lindo. Não preciso de salão de beleza. Meu ponto fraco são vocês, e principalmente, o meu filhinho — Klaus acariciou a cabeça do cachorro.

Dá para ver que ele não entendeu o intuito da carta. Eles não tinham a intenção de nos fazer ficar tristes com a nossa aparência, só queriam esconder pistas no meio de palavras que parecem ser de ofensa. Eles querem nos despistar.

— Olha, eu achei vários salões de beleza, mas vocês precisam me dar alguma dica, serem mais específicos, preciso filtrar isso daqui. São quase 80 salões — disse Ben, mostrando a tela do laptop.

— Tá, só espera um pouco — disse Cinco a Ben, logo depois para mim — Candace, vem aqui rapidinho.

Eu me aproximei da cama e dos papéis dele, tinha tanta coisa anotada que até me perdi. Cinco disse para eu tentar mais um pouco, mesmo eu insistindo que não conseguiria. Ele olhou em volta para confirmar que nenhum de nossos irmãos estava ouvindo, e me disse no ouvido que se eu pelo menos tentasse, ele compraria dois potes de geleia de framboesa. Achei um absurdo! Não sou do tipo de pessoa que se vende por essas coisas. Então eu disse a ele que aceito.

— Mas eu quero três — exigi. — Três potes de geleia.

— Fechado.

Com certeza o que estou fazendo é errado. Eu deveria ajudar sem pensar em recompensa, apenas pensando na vida de Sloane. Revi meus valores e coloquei a cabeça no lugar. Agora Claire e eu somos vítimas do suborno de Cinco.

Peguei um donut com granulado e li várias vezes aquela maldita desgraçada filha da puta daquela carta, até ter uma ideia e compartilhar com Cinco.

— Amor, a dica pode estar na própria frase, olha. — Mostrei a carta para ele que, interessado, se aproximou — "Saiba: há indícios nas entrelinhas. Há ajuda indicando a resposta" Eles disseram que foram bonzinhos com a dica, e qual é a forma mais fácil de esconder uma mensagem nas entrelinhas?

— A primeira letra de cada palavra — Cinco respondeu. No fundo, era um tom de pergunta.

— Parabéns, Sherlock — sorri. — Tirando o artigo, fica…

Juntei as letras, logo depois falando uma por uma.

— S. H. I. N. E. H. A. I. R. Que porra é essa?

— Shine Hair — Cinco concluiu em voz baixa, abrindo o sorriso aos poucos e desfez ao perguntar para Ben — Cara, tem algum salão com esse nome?

Ben teclou por alguns segundos, mais rápido do que eu nunca faria.

— Shine Hair… fica há quinze minutos daqui. — Ele confirmou, e ainda com a localização.

Puta merda, deu certo!

Percebi que Cinco tentou, ele tentou se segurar, mas quando se deu conta já estava me abraçando com toda a força e me girando pelo ar. Eu ria com aquilo, ria de desespero pois achava que nós íamos acabar caindo. Seria um desastre épico e alegre. Ele dava sequência de beijos em todos os lugares do meu rosto com um sorriso enorme, e nem se importava com a presença dos irmãos. Ele só estava feliz e precisava mostrar isso.

Depois de muitos pedidos, ele me colocou no chão. Ver o sorriso dele assim vale qualquer coisa, vale muito mais que três potes de geleia. Cinco se recompôs e coçou a garganta para falar com os irmãos.

— Já podem ir embora. — O tom de voz era de ordem, e passava a típica imagem do "Cinco Arrogante Hargreeves".

— Ah não, eu vou ficar. Não é sempre que vejo um casal tão lindo assim — disse Ben, inclinando a cabeça como se estivesse vendo vaquinhas filhotes.

— Eu vou é embora. Não gosto de segurar vela. — Klaus saiu, levando o Tomate e o Oliver com ele. Só espero que na próxima vez que eu encontrar o meu gato, ele esteja vivo.

— Ben, com licença? — Cinco apontou para a porta, com a expressão mais ranzinza que ele tem.

Ben bufou e saiu do quarto. Cinco mudou completamente de feição, agora seu sorriso voltou e ele continuou a beijar o meu rosto sem parar. Eu amava esse Cinco. Esse Cinco. Que priorizava todo o seu amor e afeto exclusivamente para mim. Talvez isso tenha soado um pouco egoísta, mas não é como se Cinco fosse amoroso e afetuoso com todo mundo.

— Já chega — falei rindo.

— Só mais trinta.

Me fiz de chata, mas a verdade é que sentir esse beijos é mais que bom, e no fundo não quero que ele pare.

— Já pensou em ser detetive? — ele disse, quando terminou de preencher todo o meu rosto com seus beijos.

— Não. Prefiro a música mesmo. É a minha praia.

— Eu já disse que toda essa sua inteligência dá te…

— Sim, já disse.

Ele abaixou a cabeça, segurando o sorriso envergonhado. Dei um soco fraco em seu ombro e o abracei de novo. Eu finalmente senti um sentimento inteiramente positivo ao abraçar ele, nenhum um pouco de mágoa. Ali, naquele abraço, ele era meu amigo, meu cúmplice, meu amor, que torcia por mim e faria de tudo para me ver bem. E eu vou fazer de tudo para que isso não acabe.


— Tá pronta? — Cinco disse, guardando uma faca na cintura e fechando o blazer.

— Positivo, senhor. — Eu brinquei, ele só ignorou e colocou a carta no bolso.

Ele me obrigou a colocar roupas mais grossas para amenizar qualquer tipo de dor, caso aconteça. Cinco lamentou não ter aquele uniforme que salvou a minha perna e provavelmente a minha vida, mas mesmo assim, fui obrigada a colocar blusas grossas.

Devo ter no mínimo setenta camadas de blusa. Ele diz que quanto menos pele à mostra, melhor. Nós já contamos aos nossos irmãos sobre a maldita carta e, no final da conversa, consegui ver nos olhos de Luther seu mundo desabando, não deve ser fácil receber a notícia de que sua noiva está sequestrada. Eu tive uma situação parecida e sei exatamente a sensação. A sensação de estar infinitamente sozinha e a sede pelo seu parceiro de volta a todo custo.

Agora estamos no quarto, se preparando o mais rápido possível para irmos até o salão. Quando Cinco terminou, se aproximou de mim para nos despedirmos. Sempre fazemos isso porque nunca sabemos o que pode acontecer. Mas, no meio do beijo Cinco se separou de mim e eu fiquei ali, olhando para a sua boca pensando em quando ele vai voltar. Levantei meus olhos até os seus e vi que ele olhava para trás de mim, especificamente para a parede, e não tirava os olhos de lá. Me virei também para encontrar algo de errado, mas falhei.

— O que foi? — perguntei, ainda segurando sua nuca e, para o meu sofrimento, sua boca ficava na altura dos meus olhos.

— Aquele quadro.

Olhei para trás, vendo o quadro de decoração do hotel que estava perfeitamente normal. Menos para Cinco.

— Ele está torto. — Cinco explicou metade de minhas perguntas.

— E?

— Ele não estava assim. Eu arrumei esse quarto inteiro antes de irmos à pizzaria, tenho certeza que ele não estava assim.

— Sim, mas depois nós bagunçamos. E eu arrumei o quarto ontem.

— Você mexeu no quadro?

— Não.

— Merda.

Cinco caminhou até a parede. Eu ainda não entendia, o quadro estava perfeito.

— Cinco, não está vendo que o quadro está reto? — perguntei, um pouco preocupada em achar que ele está louco.

— Quando arrumei o quarto, deixei o quadro torto de propósito. Se ele está reto, alguém mexeu.

Me surpreendi com a estratégia. Me surpreendi muito. Agora entendo porque Cinco diz que isso é atraente.

Ele levantou os braços para pegar o quadro e eu o alertei de que, na pior das hipóteses, poderia ter um explosivo, mas ele obviamente não me deu ouvidos. Cinco tirou o quadro da parede e olhou em todos os cantos, até que ele tirou uma coisinha pequena. Não sei exatamente o que era, só sei que ele jogou a coisa no chão e pisou em cima até que só sobrasse poeira.

— O que era is…

— Uma escuta.

Espera, uma escuta? Quando foi que colocaram isso aqui? Talvez na mesma hora que roubaram os meus esmaltes e o barbeador dele. Ou será que já estava no quarto antes mesmo de nós nos hospedarmos?

Eles sempre estavam um passo à frente, e agora sabemos o porquê. Boa parte dos planos que Cinco e eu discutimos é aqui. Um lado de mim tenta não acusar Lila de ter colocado a escuta, até porque, ela está no mesmo hotel que a gente e pode entrar no quarto com facilidade. Acho que eu deveria ter escutado o Cinco quando ele disse para tirar a Lila do nosso quarto.

— Então… eles ouviram tudo? Tipo, tudo? — Eu tentava fazer a ideia entrar na minha cabeça.

— É. Tudo.

— Tudo mesmo? Até ontem a noite quando…

— Tudo.

— Me sinto exposta — sentei na cama, pensando em várias coisas que falamos nesse quarto. Nunca senti minha privacidade tão violada, sensação é bem estranha.

Cinco murmurou um palavrão que sou incapaz de repetir em voz alta.

Só depois de alguns segundos eu percebi a gravidade. Eles ouviram a nossa briga no primeiro dia que estávamos aqui. Eles ouviram as frases que Cinco só diz a mim e mais ninguém. Ouviram a Lila descobrir que está grávida e podem tentar usar isso como arma. Podem tentar ameaçar a vida dela em troca de algo. Senti tanta raiva que Cinco acabou notando.

— Eles estão passando de todos os limites. Não estamos seguros em nenhum lugar. Se mudarmos de país, os desgraçados vão dar um jeito de ir atrás. — Cinco andava de um lado para o outro no quarto, ele estava furioso.

— Como vamos parar eles? — perguntei aflita. Cinco parou de andar e o olhar que ele me deu foi a pior das respostas. Não sei se matar um por um seria o melhor caminho, aliás, nem sabemos quantos deles estão trabalhando para o Adam.

— Você pode causar um furacão usando seus poderes superhumanos no qual você controla os quatro elementos e mandar aqueles projetos de animais pra casa do caralho.

— Que plano complexo. Eu diria até infalível.

Viktor entrou no nosso quarto nos chamando para ir, estávamos levemente atrasados. Ele riu ao perceber que estou duas vezes maior pelo volume de roupa.

— Não sei se você terá machucados, Candy, mas você está super inflamável. Tome cuidado se usar o fogo — Viktor disse. A quantidade de tecidos de lã que estão grudados em mim é incabível.

— Você não tem ideia de como isso tá quente — eu disse para Viktor, logo depois para Cinco — Posso tirar?

— Nem pense nisso.

Droga.


No carro, Cinco dirigia e eu ficava ao lado dele. No banco de trás estava uma confusão. Por Marcus estar sentado bem atrás de Cinco, ele ficou estressado. Jayme não suportava a presença de Klaus, meu irmão nem sabia desse ódio gratuito. E eu estava super bem, comendo um hambúrguer que pedi para o meu doce namorado comprar no caminho. Tenho certeza que ele pensou em me chutar para fora do carro.

— Gente, vocês já pararam pra pensar que o carro é como uma caixa oca com quatro rodas que leva a gente pra todo lugar? — Klaus disse.

— É, nunca pensei tão figurativo desse jeito — falei, comendo um pedaço do hambúrguer.

— E a palavra "sozinhos"? — Klaus continuou.

— O que que tem?

— É contraditória. Porque "sozinhos" tá no plural, e se tá no plural é porque tem mais de um, e se tem mais de um a pessoa não tá sozinha.

— Klaus, para. Meu cérebro tá fritando — pisquei várias vezes para tentar entender.

— Será que você pode ir mais rápido? O seu irmão é um pé no saco! — disse Jayme para Cinco. Ela está entre Klaus e Marcus e imagino o terror que deve ser.

Cinco olhou para ela pelo retrovisor, um daqueles olhares mortais que ele tem. Jayme recuou e encostou as costas no banco, até o fim da estrada ela não disse uma palavra. Senti alguém colocar a mão no meu banco e me virei para ver. Era Marcus e ele pedia para trocar a música da rádio.

— Pode ser essa? — perguntei após trocar umas quatro vezes, e então finalmente ele assentiu.

— Odeio essa música. — Cinco desligou o rádio. Ele consegue ser bem irritante quando quer.

— Vocês ainda namoram? — perguntou Marcus descaradamente. Olhei para Cinco e, apesar da resposta ser óbvia, eu pensava em como dizer isso sem precisar despedaçar o coração de Marcus.

— Sim, obrigado por perguntar. Vamos nos casar no final do ano. — Cinco respondeu, sem tirar os olhos do caminho.

Vamos? E eu não fiquei sabendo? Será que é porque eu estava dormindo?

Parei de comer o hambúrguer e virei confusa para Cinco, só pelo jeito que ele apertava o volante eu entendi que era melhor eu ficar calada. Marcus voltou a encostar as costas no banco, e Cinco satisfeito, acelerou o carro para chegarmos logo.

Finalmente chegamos e… o lugar estava abandonado. Tinha uma placa de "vende-se" que estava desgastada e queimada de sol. Diferente da pizzaria caríssima, esse lugar deve valer menos que meu colar. Tomamos coragem e decidimos que íamos entrar antes dos outros chegarem. Allison é a única que não vem, para não deixar a Claire sozinha no hotel. Marcus foi na frente e abriu a porta, entrou e demorou alguns segundos para voltar.

— Tá vazio, podem entrar. — Marcus disse quando voltou.

Jayme passou na nossa frente, esbarrando em nós totalmente por querer. Depois entrou Cinco, eu, e então o Klaus. Esse lugar estava realmente abandonado, tenho certeza de que vi uma barata correr entre as cadeiras do salão. Nojento. As cores das paredes parecem com o que um dia foi verde, hoje não mais. Os espelhos, ou estavam sujos ou quebrados. A lâmpada ficava oscilando a luz e achei que a qualquer momento ela iria cair.

Andávamos devagar, Cinco, analisava se havia alguma armadilha, já eu, notava o quanto aquelas teias de aranha me davam medo.

— Cinco…

— O que foi? — ele disse sem olhar para mim, ainda explorando o salão.

— Tem aranhas ali — falei. Tenho vergonha de admitir que estava quase chorando.

— E daí?

— Eu tenho medo.

— É só não olhar.

— E se ela pular em mim?

— Por que ela iria pular em você?

— Porque eu tenho um hambúrguer na mão. Ela vai querer um pouco.

Cinco andou até mim, arrancou o hambúrguer das minhas mãos e comeu. Ele comeu. O meu hambúrguer. Dá pra imaginar a raiva que fiquei?

— Agora não tem mais. — Ele disse de boca cheia. Isso é maldade.

Tentei esquecer que ele comeu o meu hambúrguer e voltei a estudar o local.

— Olha quanto pó… — Passei o dedo sobre uma mesa com vários produtos vencidos.

— Pó? Onde? — Klaus chegou perto.

— Se concentra, docinho. — Falei para ele.

Depois de alguns minutos examinando o salão, Jayme nos chamou para vermos a porta que ela encontrou nos fundos. Essa porta tinha o vidro quebrado e parecia recente pois não havia poeira. Marcus, novamente, quis ir na frente e se deparou com um corredor cheio de portas. Se perder aqui vai ser fácil. Não tem placas nas porta e são de madeira, sendo assim, não conseguimos ver o que tem dentro. Ainda.

— Vamos nos separar? — perguntou Marcus.

Concordamos com a ideia pois assim encontraremos Sloane mais rápido. Klaus entrou na primeira porta, Jayme na segunda… Assim que Marcus entrou na terceira porta, ouvimos tiros. Muitos tiros. Não consegui ver se Marcus tinha se ferido pois imediatamente Cinco me arrastou para a primeira porta.

— Fica aqui! — disse ele antes de se dirigir a saída. Agarrei a manga de sua camisa na esperança de fazer ele voltar.

— O quê? Não! Eu vou com você — falei, mas isso parecia inútil. Ele apertou os meus braços e me arrastou para longe da porta.

— Você não pode vir comigo. É você quem eles querem, e eu não consigo te proteger se vier junto.

Eu consigo me proteger! — insisti, falando um pouco mais alto pelo barulho dos tiros.

— Você não vai sair daqui, tá me ouvindo, caralho?! — Cinco falou ainda mais alto — Klaus, não deixe ela sair.

Cinco fechou a porta e nem esperou qualquer resposta de nós dois. Eu estava furiosa. Ele não podia ir sozinho desse jeito. Tudo bem, estava com Jayme e Marcus, mas, não é a mesma coisa que se estivesse comigo. Não podia me deixar aqui na dúvida se ele continua vivo ou não lá fora. Eu apertava minhas próprias mãos e queria descontar essa raiva em qualquer lugar. Chutei um balde de tinta seca e parece que aliviou um pouco a tensão.



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Oliver e Tomate brigando 🥺


curupiras bacterianos, eu tava pensando em fazer uma fic do Aidan, vcs leriam?

beijinhos 💋

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