CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 28:
Pizzas Ácidas.
— Que merda! — falei ao ver que a carta era de Adam.
— É por isso que te acordei. Encontramos a primeira carta juntos e eu não queria abrir essa sem você — Cinco disse. Deu para notar, a carta ainda está selada.
— Por que sempre cartas? — questionei com raiva.
— Porque não são rastreáveis.
— E por quê você não estava dormindo? — olhei para ele.
— Porque… — ele se perdeu nas desculpas — Eu estava muito pensativo.
— Onde encontrou isso? — continuei com as perguntas.
— Eu saí para tomar um ar e um cara estava me observando, comecei a caminhar na direção dele, mas ele correu. Não consegui alcançá-lo. Depois eu encontrei a carta que ele deixou para trás de propósito. — Cinco explicou.
Eu suspirei, pela história dele e pela dor de cabeça que isso vai dar. Eu disse a ele que não teria coragem de abrir aquela carta de novo e descobrir que outro irmão meu foi sequestrado, então, ele fez esse favor por mim. Cinco pegou a carta da minha mão, não antes de me chamar de covarde. Ele começou a ler aquilo mais perdido do que nunca, andando em círculos e coçando a nuca. Não sei se a carta é enorme, mas deve ser, porque já estou há dez minutos sentada na cama esperando ele dizer algo. Eu estou prestes a cair de sono.
— Isso tá muito estranho — Cinco resmungou.
Ele só diz coisas sem sentido enquanto lê, me deixando na curiosidade e me expondo a um sono insuportável. Não achei que ele iria se importar se eu cochilar um pouco, então, puxei um dos travesseiros e me deitei, assistindo ele entrar em colapso lendo aquilo.
— Ei, ei, ei, dorme não — Cinco pediu, deixando a carta de lado e me acordando com uns tapinhas.
— Me diz logo o que tem naquela carta. Eu preciso dormir — respondi impaciente.
— Bom, está preparada? — ele sorriu fraco e logo seu rosto desenhou uma preocupação — Eles escreveram algumas coisas sem nexo e eu percebi que se trata de um enigma. Querem que nós descubramos algo mas não consigo resolver isso sozinho. Acabei de tentar.
— Então querem brincar de caça ao tesouro? — me sentei na cama, um pouco mais preocupada com a situação.
— Não exatamente. Querem que a gente desvende isso, porém não sabemos se há um tesouro por trás.
Peguei a carta, como se eu fosse descobrir o que ela esconde. Se Cinco não conseguiu, não sei porquê eu estou tentando. A carta dizia:
"Dois pássaros que andam juntos. Uma via de mão dupla. Assim como eram nos dias passados, agora não mais. Esperança, com certeza, não é a última que morre, mas se você não tentar, vai encontrar o seu como tal. Será um pássaro solitário na contra-mão. Aliás, o lar das massas está bom para uma visita."
— Caramba! Você está com sono, amor? — falei quando terminei de ler.
— Um pouco, por quê?
— Isso tá fácil demais.
Ou eu entendi errado.
— Então me diz o que você entendeu — ele deitou na cama, com sua cabeça no meu colo.
— "Dois pássaros, via de mão dupla" São dois amigos, parceiros, namorados, isso eu ainda não sei. Mas são duas pessoas. "Como eram nos dias passados. Agora não mais" Talvez um deles morreu ou eles não mantêm mais contato.
— Ou foi sequestrado — Cinco concluiu, vendo uma certa semelhança entre nós e o enigma — Continue.
— "Esperança não é a última que morre, mas se você não tentar, vai encontrar o seu como tal"… O que isso quer dizer?
Cinco pensou um pouco.
— Pode significar que se o indivíduo não tiver esperança, vai encontrar o seu par morto.
Odiei me identificar, porque não quero mais imaginar o meu namorado morto. Mas talvez isso não seja sobre a gente, Cinco está aqui comigo e está seguro. Pelo menos por enquanto. Atormentada com a ideia, agarrei a mão dele para ler a última parte.
— "O lar das massas está bom para uma visita".
— Você sabe o que significa? — ele perguntou.
— Para mim, isso tá óbvio que é uma pizzaria. Ou qualquer lugar que venda massas.
— Não pensei nisso.
Cinco é sempre tão inteligente, mas agora ele parece perdido. Não está com a cabeça aqui. Ele disse que estava pensativo e talvez seja esse o motivo de ele não entender a carta.
— Por que não estava dormindo? A verdade, dessa vez — perguntei.
— Eu estava pensando no que você disse.
— E…
— Não vou perder você por causa da Lila. Então… você venceu. Vou deixar ela em paz. Na medida do possível.
— Espero que esteja falando a verdade — falei, tirando a cabeça dele do meu colo.
— E estou.
Tentei confiar nele dessa vez. Eu ajeitei o cobertor e ele se arrastou até o outro lado da cama, se acomodando no travesseiro. Seus olhos não ficaram muito tempo abertos, ele estava cansado. Até pensei que tivesse caído no sono, por isso apaguei as luzes e deixei a carta na mesinha. Não pude sair do quarto sem antes lhe dar um beijo na cabeça, e ao sentir o meu toque, ele despertou.
— Amor — ele segurou a minha mão quando me afastei da cama — Amanhã… se arrume porque eu vou te levar numa pizzaria.
— Então só assim para você me levar para sair? — eu ri com a minha pergunta retórica.
Saí do quarto e passei o corredor inteiro bocejando de sono. Voltei para o quarto dos meus irmãos e eles já tinham pegado no sono, do mesmo jeito que estavam, dormiram. Ben parecia que dormiu dando cambalhotas, tive que esticar o lençol inteiro. A essa altura, Klaus já era um caso perdido, mas não desisti dele, apesar de dormir com metade do corpo para fora da cama, foi fácil ajeitá-lo.
Eu planejava dormir até não conseguir mais, porém meus irmãos tinham outros planos para mim. Luther, por exemplo, às sete horas da manhã entrou em nosso quarto perguntando quem gostaria de fazer uma caminhada matinal. Taquei o meu sapato em sua direção e magicamente as perguntas sumiram. Mais tarde, Diego procurava por uns pares de meias. Sem querer parecer egoísta, mas eu acho o meu sono mais importante.
— Saia daqui agora ou eu faço você engolir as meias! — eu disse alto para Diego, logo depois cobrindo minha cabeça com o travesseiro.
— O que está acontecendo aqui? — a voz de Cinco se sobressaiu. Era só o que me faltava.
— Dá um jeito na sua namorada, ela tá muito nervosinha — Diego provocou. Ao ouvir aquilo meu dedo do meio automaticamente se levantou.
— Se ela está nervosa é porque você fez merda — Cinco defendeu.
Diego colocou na balança e viu que essa discussão não vale um par de meias, logo saiu do quarto. Escutei os passos de Cinco vir até a cama e rezei para que ele desse meia volta e saísse do quarto, eu só precisava de mais horas de sono.
— Gata, levanta — ele disse, puxando o cobertor.
Na minha mente, xinguei ele de todos os nomes, mas o que saiu da minha boca foi bem mais gentil.
— Pra quê? — resmunguei.
— Esqueceu que temos um encontro?
Sim, esqueci. É o encontro mais forjado que já existiu, não teve um pingo de romance quando decidimos que isso seria um encontro. Está mais para uma missão.
— Meu Deus, você é muito preguiçosa. Já são três da tarde e você ainda quer dormir mais?
— Você tá muito enganado. Eu quase não dormi essa noite inteira. E você tem parte de culpa nisso.
Cinco decidiu ficar calado, é era melhor mesmo. Sem dizer nada, ele me teletransportou para o nosso quarto. É uma das piores sensações, ainda mais porque eu acabei de acordar, o que reforça meu enjôo.
A carta estava no mesmo lugar que deixei ontem, porém o quarto estava totalmente diferente. Estava tudo arrumado, a cama, as malas, até minhas coisas estavam no lugar.
— Arrumou o quarto?
— Sim. Já que vamos sair, quero deixar tudo organizado… porque se alguém mexer, eu vou saber — Cinco disse.
Calculista. E fofo. Até dobrou minhas camisas, uma por uma.
— Quanto tempo acha que vai demorar para se arrumar? — Cinco perguntou, pegando seu blazer.
— Uns quarenta minutos, mais ou menos. Preciso tomar banho — falei — Mas acha que tem pizzarias abertas tão cedo?
— Algumas. É só ir ao lugar certo.
Ele deve saber o que está fazendo. Entrei no banheiro e quase dormi enquanto a água quente escorria sobre mim. Se dormi três horas essa noite, foi muito. Eu já estava quase pronta, só deixei o batom por último porque conheço o namorado que tenho, e com certeza ele vai manchar tudo.
— Você já está pronto? — eu disse ao sair do banheiro.
— Sim, e você? Eu vou só… — seus olhos se perderam quando me viu — Porra, garota. Você tá… tá linda demais.
Eu até hoje não sei reagir quando Cinco diz essas coisas. Devo parecer uma idiota quando escuto isso, minhas bochechas com certeza ficam vermelhas.
Ele elogiou o meu vestido, e eu tive que me controlar para não me emocionar, e me lembrar que esse vestido era da minha mãe. É um amarelo mostarda e combina com o meu colar, acho que é muito significativo usar esse vestido no meu primeiro encontro com Cinco. Mesmo sendo um encontro forjado, ainda é o primeiro.
Cinco chacoalhou a cabeça para desviar a atenção de seus olhos de mim.
— Temos que nos apressar. Já fiz a reserva e estamos um pouco atrasados — ele caminhou até a mesinha e pegou a carta, colocando-a no bolso do seu blazer.
— Tudo bem, vamos.
Eu segui em direção a porta mas ele não se mexeu. Não saiu do lugar. Eu sei quando quer me dizer algo.
— Algum problema?
— Posso ser sincero com você? — Cinco perguntou, me dando um frio na barriga.
— Claro. Pode falar.
— Eu… — Cinco parecia envergonhado de dizer isso — Eu tô com saudade de você.
— Mas eu tô aqui.
— Você nunca entende, né?
A culpa não é minha se ele não fala diretamente. Tentei descobrir o que isso significava e percebi que aquele idiota só estava com saudade de me ter em seus braços. Só isso para explicar a sua timidez e seu modo indireto de falar. Não sou hipócrita de dizer que também não sinto essa vontade, a diferença é que não tive coragem de dizer a ele. Ele teve essa coragem, e o que eu fiz foi tirar onda com a cara dele.
— Ah, entendi. Você é um homem primitivo das cavernas e precisa saciar as suas necessidades de homem primitivo das cavernas.
— É por isso que eu te odeio.
Ele caminhou até a porta e eu apressei o meu passo para chegar na frente. Juntei nossos corpos e acariciei a nuca dele, logo depois puxando para mim, lhe dando um beijo rápido.
Entendo nossa abstinência, é mesmo difícil encontrar tempo para beijar loucamente quando precisamos nos preocupar em não estar na mira de uma arma. Eu nem desconfiava que ele estava se sentindo assim. É sempre bom dizer ao outro o que sentimos, porque não temos como descobrir, ainda mais o Cinco que tem a mesma cara quando está feliz e quando está triste.
— Obrigada por ter falado — deslizei minhas mãos pelos seus braços — Quer resolver isso?
— Com certeza.
— Mas não estamos atrasados? — perguntei e Cinco parecia nem ter escutado, estava concentrado demais em segurar meus quadris.
— Foda-se o atraso — ele me puxou para si — Se vamos encontrar um corpo nessa pizzaria, prefiro te beijar agora.
Cinco me apertou ainda mais à ele, agarrando o meu cabelo com a mão desocupada. Disfarcei o meu susto, porque sempre que ele pega meu cabelo, é para machucar. Menos dessa vez, ele só estava… apaixonado. O seu beijo quente e desesperado só me lembrava da primeira vez que nos beijamos. Escondidos num armário correndo o risco de sermos pegos, demonstrando através de toques o que tínhamos escondido durante anos. Chega até ser nostálgico sentir ele apertar as minhas costas e morder minha boca, querendo cada vez mais. Nem percebi que estávamos andando contra a parede, eu só prestava atenção no beijo viciante dele. Eu não sabia que eu tinha sentido tanta falta disso, até sentir de novo.
Nos separamos ao mesmo tempo. O peito dele subia e descia, ofegante com o alívio que teve. Eu não estava tão diferente. Cinco se aproximou, para finalizar o que começou, enquanto isso eu arrumava a bagunça que ele fez no meu cabelo.
— Temos que ir — falei olhando de canto para o relógio.
— Tudo bem. Até porque eu odiaria ter que tirar esse seu vestido tão bonito.
O Cinco que eu conheci no chalé voltou com tudo. Nós deixamos o quarto, e talvez tenha rolado algo no elevador já que estávamos sozinhos. Cinco não perde a oportunidade de nos expor a um flagra, traz adrenalina para ele. Antes de sairmos do hotel, chamaram a nossa atenção por estarmos nos arriscando.
— Ei, onde vão? — Luther perguntou.
— Vamos numa pizzaria — Cinco respondeu sem dar muita atenção.
— Mas é perigoso, e temos um buffet aqui.
— É que ela está com muita vontade, sabe como é… desejos de grávida é foda.
— Grávida? Você está…
— Não — virei os olhos, acenando com a mão para mostrar para Luther que Cinco estava mentindo — Estamos atrasados, então se não se importa, já estamos indo.
— Indo aonde? — Jayme apareceu.
Isso, com toda a certeza, não é da conta dela. Quantos mais vão aparecer para nos atrasar? Ninguém respondeu, ficou um silêncio totalmente constrangedor mostrando que a pergunta dela foi intrusiva, principalmente porque nos conhecemos há um dia.
— Posso ir com vocês? Não achei o Alphonso em lugar nenhum e não tenho nada para fazer — Jayme jogou os braços entediada.
— Claro que não. Isso é um encontro. — Cinco respondeu rude.
— Mas não é um encontro se vocês estão indo juntos — ela implicou. Apertei meus punhos disfarçadamente, ela está começando a me dar nos nervos — Aliás, nem sabia que vocês eram um casal. Que pena.
Franzi as sobrancelhas pela sua frase. Ela está interessada em Cinco ou em mim? Ainda bem que Fei explicou a minha dúvida.
— Não liguem. Ela flerta com todo mundo.
— Até mais tarde — encerrei a conversa, ou iríamos acabar nos matando.
Saímos dali e minutos depois já estávamos na pizzaria. Enquanto Cinco não fazia o nosso pedido, eu pensei sobre o que Jayme disse. Aquele carta não falava de Cinco e eu. Precisando de pontos de vista diferentes, eu disse para ele:
— Amor, você percebeu no que a Jayme falou?
— Que ela ficou decepcionada que estamos juntos? Percebi sim — ele disse sem prestar atenção, olhando o cardápio.
— Não, burro. Ela disse que não achou o Alphonso. E se for ele?
— Caraca, é verdade. Os dois andam grudados — ele abriu a boca quando percebeu — Você é ótima em desvendar pessoas, primeiro a Lila e agora o Alphonso. Isso dá até…
— Pede logo a pizza, estou morrendo de fome — cortei a sua frase.
Cinco fez o pedido e eu pensava no que nós faríamos nos próximos minutos, ele ainda não havia falado comigo sobre nenhum plano.
— Qual vai ser o plano? — perguntei.
— O plano é… eu não tenho.
— Que? — olhei para ele. Ele sempre tem um plano, mas por que agora não?
— Não consigo me concentrar, você está muito bonita. — ele inclinou a cabeça, com um sorriso perfeitamente curvado.
— É sério isso?
— É — ele respondeu — Só vamos fazer o que nossa intuição pedir, vai dar tudo certo.
Ele só pode estar brincando. Estamos numa pizzaria, com talvez uma vida em perigo e vamos agir pela intuição. É a coisa mais patética que já ouvi.
Nós esperávamos a nossa pizza sentados na mesa, feito um casal tradicional que sai todo fim de semana. Isso com certeza não combina com a gente. Nossa pizza chegou e eu comi aquilo em apenas alguns minutos, eu estava faminta. Cinco nem ligou, ele só queria rir da minha fome descontrolada.
— Prefiro a que você faz… — eu disse sobre a pizza.
— Eu sou foda, eu sei — Cinco disse e eu só virei os olhos pelo ego dele.
— O que fazemos agora? Já que não temos um plano.
— Não sei, me diz você — ele falou. Que merda, ele queria que eu liderasse essa missão suicida.
— É muita pressão para mim. Eu passo. — falei mas não adiantou. Ele insistiu.
Comecei a olhar ao redor, procurando algo diferente, mas não tinha. Estava tudo aparentemente normal. As pessoas, os funcionários, não havia uma mancha de sangue qualquer, e sendo numa pizzaria, a mancha é facilmente confundida com molho de tomate.
Apenas duas coisas me chamaram atenção: a porta com a fechadura quebrada e o atendente com o olho roxo. Já consigo até imaginar o que aconteceu aqui.
— Preste atenção. Você recebeu a carta de noite, certo? Pode ser o horário em que eles deixaram o Alphonso aqui. O crachá daquele homem diz segurança, mas ele está no balcão de atendimento. Por que não está na sua sala? Tem pessoas do Adam na sala dele? Olhando as câmeras e esperando pela gente?
Parei um pouco para juntar as peças.
— Pelo olho roxo desse homem, eu suponho que ele pode ter tentado lutar contra os capangas. Eles venceram e ficaram com a sala para vigiar quando nós chegarmos.
— Continue — Cinco apoiou a mão no queixo. Olhei para a porta ao lado do segurança.
— Aquela maçaneta pode estar quebrada há bastante tempo, mas como aquela porta dá acesso apenas para os funcionários, eles já deviam ter consertado. Foi quebrada ontem — eu concluí.
— Caralho… — ele admirou minha hipótese — Casa comigo?
— De verdade? — confesso que um pouco de esperança me tomou nessa hora.
— Não. Agora, não.
Balancei a cabeça para ignorar as ilusões que ele me faz passar.
— Cinco, se isso for verdade, pode ter uma dúzia de homens lá dentro, esperando a hora certa para nos matar.
— Fica tranquila, eles não vão tocar em você. — ele segurou minhas mãos, com um olhar esperançoso.
— Beleza, quando é que você vai fazer o seu lance de teletransporte e nos mandar para dentro daquela porta?
Sem nem responder, ele fez o que eu pedi. Agora estávamos no interior do estabelecimento, com algumas câmeras registrando a nossa atitude. Tinha algumas portas nomeadas como depósito, banheiro, cozinha, administração… nenhuma delas me chamou tanto a atenção quanto a escada. Ela era escura e fria e, se eu tivesse que esconder alguém ou um corpo, seria ali. Apontei com os olhos para Cinco e tomamos coragem para descer. O cheiro por aqui não é muito bom e a iluminação é bem pior, não encontramos um interruptor sequer. Pelo menos eu podia criar um pouco de luz com o fogo em minhas mãos.
Chegamos ao fim da escada, e o que encontramos era apenas um porão com vazamento de água, nada demais. Talvez a única coisa suspeita aqui seja a quantidade de rolos de fitas usadas. Olhamos tudo, tudo mesmo, e nada aqui estava anormal.
— Não tem nada aqui — Cinco disse, dando um olhar geral para o ambiente.
— E se não estivermos na pizzaria certa? E se massa for outra coisa? — refleti, tentando encontrar algum erro na minha hipótese.
— O seu ponto de vista é o melhor que temos. Se essa não é a pizzaria certa, por que o segurança teria um olho roxo? — Cinco insistiu.
— Ele pode ter se metido em alguma briga totalmente fora do que estamos pensando. Ou só bateu a cabeça num armário, as possibilidades são infinitas.
Esse lugar tem tudo para ser o mais suspeito que esconde o Alphonso, ainda mais por todos esses rolos de fitas, o problema é que não tem ninguém aqui. Falhamos em alguma coisa. Cinco tentou procurar pelo ambiente algo que nos fizesse acreditar que estamos certos. Procurou pelas paredes, chão, prateleiras, tinha até um freezer e Cinco conferiu se não havia nenhum cadáver lá dentro.
— Amor, ilumina aqui rapidinho — Cinco me chamou e eu fui, esticando as mãos. Ele agachou e observou alguns galões, e pela minha ajuda, ele conseguiu ler o que tinha dentro das garrafas.
— Puta merda — eu falei. Por que caralhos uma pizzaria precisa de dezenas de litros de ácido? A não ser que estes ácidos não sejam deles.
— Acho que estamos nos metendo em algo muito pior do que pensávamos — Cinco falou — É melhor a gente cair fora.
Respirei fundo, ainda abalada com o que acabei de ver. Cinco se levantou, no mesmo momento que escutamos alguns barulhos. Pareciam sussurros, gemidos, e não pareciam estar tão longe. Podíamos ter ido embora e ignorar tudo o que vimos, mas seguimos em direção ao som e esses barulhos podem ser provas de que estamos no caminho certo e podemos salvar uma vida.
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