CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 23:
A verdade veio à tona.
Acordar ao lado dele hoje foi melhor do que eu imaginava, ele me fez sentir uma princesa. Eram tantos beijos e elogios que eu duvidei se aquele era mesmo o meu Cinco. Acho que alguns dias longe de mim fizeram bem para ele. Decidimos não descer agora, até porque é muito melhor ficar com ele na cama do que ouvir meus irmãos discutirem no café.
☆
Estávamos todos nós reunidos em volta da mesa para o almoço. Viktor e Luther foram os que mais ficaram quietos, por não quererem briga ou por medo de falar o que pensam. Não os julgo, aliás, acho que eles foram sensatos. Segundo Lila, ela contaria a todos nós o que aconteceu naquela noite. Nós esperávamos ansiosos, e eu um pouco mais, para saber se devo ou não fazer da vida de Lila um inferno.
— Isso pode chocar vocês, mas… — Lila começou a dizer — eu sou filha do Adam. Adotiva, é claro. E por ser filha dele, tenho acesso a coisas que os capangas dele não tem. Meu pai guarda muita coisa na nossa casa e eu fui ameaçada a roubar alguns arquivos.
— Hum, interessante — disse Klaus, concentradíssimo.
— Eu até consegui pegar alguns papéis, mas ele descobriu — Lila continuou, mais concentrada na comida do que na própria história — Por isso, como castigo ele me mandou nessa missão suicida atrás do irmão de vocês.
— Então… não foi algo pessoal? — perguntou Cinco — Vocês só queriam o dinheiro mesmo?
— Eu não sei. Meu pai não me deu detalhes porque estava bravinho, mas acho que ele queria fazer igual ao Reginald. Ele queria sequestrar cada um de vocês e formar o próprio esquadrão de super heróis. Super heróis para o mal.
Compreensível. Que gangue não quer pessoas com superpoderes para facilitar os assaltos e os tráficos? Cinco escutou isso desconfiado, com seus cotovelos na mesa.
— Conte direito. Desde o começo — disse Cinco. Ele nem comia a sua comida, só prestava atenção na história.
— A minha missão era sequestrar ele — Lila dizia olhando para Klaus — Porém eu falhei. Eu até tinha conseguido quebrar o gerador de energia de vocês, mas me assustei com aquele gato idiota. Ele miou tão alto que eu acabei escorregando naquele armário de louças e derrubei algumas taças de vidro.
Então era ela? Há algumas semanas atrás eu e Cinco escutamos passos e barulhos de vidro. Era ela esse tempo todo. Oliver foi um grande herói nessa história, simplesmente por miar para um desconhecido.
— O vidro me cortou em várias partes. Aposto que encontraram sangue meu por aí — ela disse, garfando sua comida com serenidade no rosto.
— Candace viu — disse Luther, olhando para o teto se lembrando da cena.
— É, pelo visto ela desde sempre me atrapalhou nos meus planos imperfeitos — Lila sorriu fraco — Aliás, parece uma das mais inteligentes daqui.
Sorri cínica, não consigo saber se o que ela diz é verdade ou se está me provocando. Quando ela viu, tentou me convencer de o que ela falou era verdade.
— É sério — Lila reforçou as palavras — Ela até conseguiu me encontrar numa biblioteca velha. O que você sabia sobre mim? Nada.
— Na verdade, a flor que estava em seu cabelo, como mostrado nas câmeras, se assemelhava muito a uma flor que Diego deu à sua nova namorada. Não foi tão difícil fazer com que ele falasse seu nome e, considerando que você sabia o meu, este meu irmão lerdo provavelmente deve ter falado sobre mim. E por fim, notei que você também tinha poderes, assim como nós, então foi fácil saber sua data de nascimento — falei olhando fixamente para ela — Não precisa ser muito inteligente para te encontrar, Lila Pitts.
Cinco olhava incrédulo para mim, parecia não acreditar no que ouviu.
— Porra, queria estar aqui para ver você fazendo essas ligações… — ele disse adimirado.
— Pois é, Candy — Klaus riu. Bebia vodka em pleno meio-dia. Ele olhava para Cinco como se suas próximas palavras fossem dele — Gente inteligente dá tesão.
— Tenho que admitir que Cinco é difícil de matar — Lila voltou a atenção para ela, bebendo um pouco de seu suco — Ele estava à beira da morte e hoje anda por aí tranquilamente. Como se nada tivesse acontecido.
— Esse cara é uma fênix! — disse Klaus, apontando os braços para Cinco.
— Por que disse que ele estava morto, aliás? — perguntei, me lembrando da noite dos tiros.
— Porque ele estava — Lila respondeu, ela também parecia não entender o que houve — O coração dele parou, estava sem batimentos e eu tive certeza que ele estava morto. Mas quando coloquei ele no meu carro, ele acordou, tossindo sangue pra caralho, igual um imbecil.
— Talvez, o castigo dele seja ficar vivo — conclui.
— Direto ao ponto, porque você levou o nosso irmão? — perguntou Allison. Ela estava quase para usar seus poderes em Lila.
— Klaus, foi apenas uma missão. Já Cinco… — ela olhou de canto.
— Anda, garota. Fala logo porquê levou ele e porquê não o trouxe para gente antes! — comecei a me estressar.
— Ele estava quase morto. Se eu deixasse ele com vocês ele não aguentaria até chegar em casa, então, espelhei os poderes dele e nos teletransportei para a minha base. Ficamos lá esse tempo todo escondidos. Do meu pai, principalmente. Tive problemas com ele. Ele pensa que eu mudei de lado — Lila se explicou — Na verdade, acho que mereço um agradecimento de cada um de vocês, pois eu sozinha salvei ele.
— E por quê fez isso? Suponho que quer algo em troca — falei apoiando os talheres na mesa, impondo o assunto que Cinco me falou ontem.
— Eu só preciso de um lugar para ficar enquanto os capangas do meu pai me procuram. Aqui seria ótimo. E acreditem, isso não foi planejado. Eu só salvei o Cinco pelo Diego, afinal, Cinco também é irmão dele — Lila disse.
Ah, então foi tudo por amor?
— Que linda história de amor — falei sarcástica.
— Quase não se compara com sua, não é, Candace? — protestou Diego irônico — Você e Cinco são um casal improvável. E o que a Candace fez por você, Cinco, foi loucura.
— Foi loucura, claro, mas ela foi até o fim. Eu faria o mesmo por ela — disse Cinco, se estressando cada vez mais — Lila me levou sem deixar rastros, porra, e vocês nem sequer foram atrás!
Todos os meus irmãos abaixaram a cabeça, arrependidos por não terem esperança ou vontade de procurá-lo.
— Para começar, eu tive meus motivos. Se não fosse pelo tiro, eu te levaria embrulhado num presente para o meu pai — Lila disse para Cinco — Candace dizimou os nossos batalhões como se não fossem nada. E ainda destruiu nossa floresta!
— O que foi? Agora vai me acusar de crime ambiental? — ri fraco.
— Você fez tudo isso sem ao menos ter uma consequência.
— Você levou meu namorado. Acho que essa é a minha consequência — bati o copo na mesa. Lila me olhou de cima a baixo.
— Sem contar que sua namoradinha além de ser a mãe natureza, é uma sociópata! — Lila exclamou.
— Que sorte a minha — Cinco falou com um sorriso, não parecia irônico.
— Bom, e o que fazemos com ela? — disse Ben pela primeira vez.
— Como assim "o que fazemos com ela"? — exclamou Diego — Se ela está aqui é porque precisa da gente. Ela salvou o Cinco, podemos dar esse favor em troca. E sem contar que ela é minha namorada, não vou deixar ela nas mãos daqueles idiotas e muito menos sozinha pelas ruas.
— Está me dizendo que ela vai morar aqui? — interroguei Diego. Isso só pode ser um pesadelo.
— Não vai dar certo. Candace e Cinco vão matar ela! — disse Luther. E vamos mesmo.
— Eles não vão — afirmou Diego num tom de ameaça — Não é?
— Não prometo nada — falei levantando as mãos.
— Posso esquecer que tenho dívida com ela… — falou Cinco. No meu ponto de vista, Lila era quem tinha uma dívida conosco.
— Está decidido — Diego se levantou da mesa — Ela ficará com um quarto até nós arrumarmos outro lugar.
Desviamos o olhar, todos nós. Essa ideia não tem como dar certo.
— Não me olhem assim, eu não odeio vocês — Lila falou se retirando da cozinha ao lado de Diego.
— Eu não vou ajudar ninguém a carregar corpo nenhum — avisou Allison, logo depois saindo da cozinha também.
Acho que entramos num delírio por aceitar Lila aqui. Ela confessou que invadiu nossa casa, queimou os geradores e sequestrou dois dos nossos irmãos. Para mim, são motivos suficientes para destruir a vida dela. Mas o amor dessa vez venceu e Diego se deixou levar. Só espero não acordar um dia sabendo que Lila enganou todos nós, de novo.
Eu estava no quarto de Cinco e nós falávamos sobre o quanto aquela decisão tinha sido patética, até Claire surgir do nada e correr para dentro do quarto.
— TITIO! — ela gritou pulando nos braços dele.
— Como você tá, pequena? — ele a colocou no colo, com um sorriso fraco.
— Tio, faz tempo que eu não te vejo. A minha mãe disse que o senhor estava de férias — Claire disse abraçando ele. Abraçando tão forte que Cinco mal consegue respirar.
— Eu estava… — disse Cinco, um pouco paralisado ao notar o quanto ele fez falta por aqui.
— Tio… — Claire disse cantando baixinho, com um sorriso envergonhado — Eu quero sorvete.
— Você quer sorvete?! — Cinco fingiu um susto olhando para mim — Escutou isso, amor?
— Aham, e eu coincidentemente conheço uma sorveteria maravilhosa aqui perto.
— O que significa "cocidentementemente" — Claire perguntou, errando algumas letras.
— É um sabor de chocolate suíço — respondeu Cinco. Claramente com preguiça de falar a verdade.
— Vá falar com sua mãe, Claire — eu disse.
Claire correu com um sorriso no rosto para avisar a Allison que nós íamos sair. É muito bom saber que tudo voltou ao normal. E que ele está comigo agora. Cinco caminhou até mim, apoiando suas mãos em meus quadris. Me observou por um tempo e depois beijou meu pescoço, me abraçando. Nós dançávamos sem música, balançando de um lado para o outro, até que senti ele sorrir em meu pescoço.
— O que foi? — perguntei rindo.
— Eu… gosto muito de você — ele levantou a cabeça para me ver.
— Cara, fala logo que me ama — fingi estar brava.
— Eu te amo, chata — ele soltou uma risada fraca — Eu não pude te deixar aqui sozinha.
Na mesma hora percebi do que ele falava. Ele voltou por mim? Não sei como funciona a vida após a morte, mas acho que ele teve que se dedicar muito nisso.
Assim que pude, lhe dei um beijo leve, tentando conter as lágrimas. Escutei passos de alguém vindo mas eu não me importava de ficar só mais uns segundos, porém Cinco se afastou rapidamente. Eu já devia me acostumar com a forma que ele não demonstra afeto na presença de outra pessoa.
— Vocês são uns anjos! — disse Allison carregando Claire no colo e fechando uma pequena mochila ao mesmo tempo. Acho que essa agilidade também é um de seus poderes.
— Somos? — perguntei confusa.
— Claro que são — ela disse entregando a filha para o colo de Cinco — Ela queria sorvete há muito tempo, mas eu nunca conseguia levá-la pelos compromissos que tenho. Se fizerem isso, amarei vocês para o resto da vida.
Olhei para Cinco para saber a sua resposta, ele tinha um olhar tranquilo diante da situação.
— Acho que podemos ficar de babá por um dia — ele disse.
— Muito obrigada — Allison respondeu se caminhando à porta, mas deu meia volta — Ah, não deixe ela comer amendoim, ela tem alergia.
Concordamos e ela saiu às pressas. A vida de atriz não deve ser fácil. Queria passar o dia inteiro com Cinco, mas vou ter que dividí-lo com Claire hoje. Cinco colocou ela no chão, segurando em uma de suas mãos. Eu fiquei do outro lado segurando seu outro braço.
— Tio, depois podemos assistir o novo filme da Patrulha Canina? — Claire perguntou. Ela pulava enquanto andava, imagino que seja de felicidade.
— Pergunte para a sua tia, ela que manda na gente — Cinco disse.
— Pode, tia? — ela me olhou, piscando os olhinhos. Eu não consigo resistir.
— Pode — falei e ela deu um salto enorme de alegria — Onde podemos assistir? — perguntei imaginando que seria em algum canal de televisão.
— No cinema — ela disse e logo correu para a porta da garagem. Confesso que desanimei, eu não queria ir ao cinema hoje — Tio, vem logo, você é muito lento.
Ri pelo nariz ao ouvir ela dizer. As crianças são realmente sinceras.
— Primeiramente, é "senhor" para você, mocinha! — Cinco disse entrando no carro e perdendo a pouca paciência — E segundo, mais respeito. Lento é o seu avô.
Eu tentava esconder a risada porque era demais ver ele discutindo com uma criança.
— Para de rir, Candace. Assim não me dá moral.
— Desculpa, meu bem — lhe dei um selinho.
Claire arregalou os olhos de boca aberta.
— Vou contar para a minha mãe.
— Conte e você ficará sem sorvete — ameacei, não acho que ela contará o que viu com o sorvete em jogo.
Na sorveteria, Claire pegou um sorvete de cada sabor. Duvidei que ela iria comer tudo aquilo, mas ela comeu. Fiquei surpresa, olhando tudo aquilo com o meu simples picolé. Cinco ficou de cara fechada, não deve ser o tipo de passeio preferido dele. Tive que limpar Claire umas três ou quatro vezes, ela não conseguia tomar um sorvete sequer sem se sujar. Quando ela terminou, Cinco já soltava fumaça pela cabeça, de tão nervoso. Achei que um amor puro de criança iria aliviar essa raiva, então tive uma ideia.
— Claire, vai até o seu tio e agradece pelo sorvete. E diz que ama ele — sussurrei para Claire. Ela saiu correndo com um sorrisinho no rosto.
— Obrigada, tio. Eu te amo!
— Tá bom — Cinco disse sem demonstrar nenhuma reação. Claire ainda sorriu, é inocente demais para notar o quanto o coração do tio dela é frio.
— Você devia ser mais atencioso com ela, é só uma criança — repreendi Cinco num tom baixo.
— Este lugar é irritante e ela também. Não enche a porra do meu saco! — ele falou entre os dentes.
— Agora é hora do cinema — falei para mudar de assunto levando Claire para o carro.
Confesso que às vezes a paciência se esgota. Claire fazia tantas perguntas que me deixava louca.
— Tio, o que o senhor é da tia Candy? — ela falou do banco de trás.
— O marido dela — Cinco respondeu sem tirar os olhos da estrada. Me surpreendi com a resposta.
— Marido? Quantos anos o senhor tem?
— O suficiente para te mandar ficar quieta.
— Por que o senhor é tão zangado?
— Candace, faça essa criança calar a boca ou eu vou fazer besteira — Cinco disse respirando fundo e pisando no acelerador. Eu imediatamente peguei um doce da mochila e dei para Claire para que cessasse as perguntas.
— Ainda quer ter filhos? — perguntei. Seu olhar já dizia que não.
No cinema, até eu fiquei entediada. A criança adorou o filme, e não é para menos, ela me disse que queria muito assistir. Para passar o tempo, que era o pior vilão, Cinco e eu trocamos alguns gestos, que pelo visto deixou ele mais calmo. Depois de alguns minutos de filme e comigo segurando a sua mão, Cinco dormiu feito algumas crianças da sala. Claire também não resistiu e caiu no sono, segurando seu balde de pipoca.
O filme acabou, as luzes acenderam e eles continuaram dormindo. Sobraram poucas pessoas na sala quando decidi acordá-los.
— Acordem, meus bebês — falei enquanto eles abriam os olhos. Tenho que dizer que a cena deles dois dormindo é a coisa mais bonita que já vi.
— Eu não sou um bebê — disse Cinco com a voz rouca pelo sono.
— Nem eu — foi a vez de Claire.
— Você com certeza é — peguei Claire no colo.
A caminho da saída, quando passamos por uma loja de doces, Claire se hipnotizou pelos doces da vitrine.
— Tio, podemos comprar algodão doce? — ela perguntou
— Candace, essa criança vai me falir. Minha carteira já está vazia — Cinco disse pasmo — Chega de doces por hoje, mocinha.
Como não teve seu desejo realizado, Claire dormiu no meu colo em questão de segundos enquanto caminhávamos até o carro. Cinco se viu na oportunidade de ter um pouco mais de liberdade.
— Dia ruim do caralho — ele falou e eu lhe dei um olhar de repreensão — O que foi? Não começa, ela está dormindo.
— O que achou do filme? — perguntei irônica por ele ter dormindo.
— Sei lá, só sei que tinha cachorro — ele falou entrando no carro.
Sei que não podia, mas Claire estava tão fofa dormindo no meu colo que não tive coragem para colocar no banco de trás, e levei-a comigo.
— Deixe ela lá atrás — disse Cinco.
— Por quê?
— Porque eu estou mandando.
Não que ele mande em mim, porque ele não manda, mas fiz para evitar maiores brigas. Quando voltei para o banco do passageiro, ele agarrou meu pescoço e me beijou. Eu com certeza não esperava por isso, e demorou alguns segundos para que deixasse de ficar paralisada e começasse a beijá-lo. Tive que tirar a mão dele do meu pescoço, ele estava apertando tão forte que já estava começando a doer. Não sei quanto tempo ficamos nisso, mas foi tempo suficiente para acalmar os nervos de nós dois. Já que estava mais calmo, pedi para Cinco começar a dirigir, pois Claire poderia acordar a qualquer momento e encontrar nós dois aos amassos.
☆
Com Claire em meus braços entreguei ela para Allison junto a mochila.
— Se divertiram?
— Sim, foi incrível — eu disse.
— Para quem? — Cinco se manifestou.
— Foi cansativo também, e Cinco não foi abençoado com o dom da paciência — falei e ele me deu um olhar bravo. Essa minha frase provavelmente vai me dar problemas mais tarde.
— Muito obrigada, vocês não sabem o quanto me ajudaram — disse Allison.
— Boa noite — Cinco disse a nós para encerrar a conversa, se direcionando ao seu quarto. Eu apenas dei um sorriso de desculpa para Allison pelo mau humor de Cinco e fui atrás dele.
Quando entrei em seu quarto ele estava de cara fechada em um canto, tirando a camisa. Cheguei perto dele com cautela, pois isso é essencial quando ele está bravo, e o abracei por trás. Cinco finge que não, mas adora quando faço isso.
— Me lembre de nunca termos filhos.
— Achei que fosse o seu sonho — ri fraco.
— Agora se tornou um pesadelo.
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Oliver depois de ter destruído os planos da Lila:
votem, viu?
beijinhos 💋
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