CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 22:
Amando de novo
Já se passaram uns dezessete ou dezoito dias desde aquela noite terrível. Parei de contar há um tempo. Klaus está se recuperando bem, eu acho. Quando chegou em casa, ainda ficou 1 dia desacordado, nos fazendo achar que ele estava em coma. Ele ainda tem dificuldade para se lembrar do que aconteceu, mas diz que as torturas vão morar em sua memória pelo resto de sua vida. Desde aquele dia, ninguém conversa por mais de dez minutos em casa. Nos afastamos muito um dos outros.
Allison tem a companhia de sua filha, que por sua vez diz que sente muita falta do tio, apesar de ele ser o titio zangado, ela o amava também. Me resolvi com a Allison. Depois de algum tempo ela me pediu desculpas pois sabia que ela estava sendo babaca, e ela ainda disse que nunca perdeu nenhum amor de sua vida e não imaginava como estava sendo para mim. É, ela não faz ideia.
Diego tenta fingir que não sente, mas passa horas olhando para a porta, à espera do irmão. Klaus e Viktor são os que mais demonstram que também querem achar Cinco.
E eu estou bem. Ou pelo menos é isso que eu digo para tentar me enganar, e me convencer de que não estou a um passo de enlouquecer. De me desesperar. De jogar tudo para o alto e fazer uma besteira. Na minha caixa de entrada há e-mails ignorados da gravadora, não tenho forças para ficar feliz com o meu próprio sucesso. Aliás, se eu sair do meu quarto já é um grande avanço. Geralmente é o Ben quem traz comida para mim e fica aqui conversando comigo, me oferecendo seu ombro para chorar e contando suas experiências com o Cinco. Não sei como eu estaria se não tivesse o Ben aqui comigo.
Hoje minha perna já está bem melhor e acho que assim consigo sair para encontrar minhas respostas. O barulho na janela se fez presente em vários dias, e todas as vezes que eu procurava o responsável que atrapalhava o meu sono, não havia ninguém.
☆
- Conseguiu, Klaus? - perguntei.
Faz alguns dias que pedi para ele tentar encontrar Cinco, se ele não estiver vivo, pelo menos Klaus consegue falar com ele. Klaus ainda disse que existe alguns fantasmas que não gostam de aparecer, e não sabemos se Cinco está vivo ou se ele é um desses fantasmas. Eu não duvido que ele seja.
- Não consegui, maninha, foi mal... - Klaus disse decepcionado.
Todos nós esperávamos que algo aconteceria, e que veríamos o Cinco fantasminha reclamando da morte. Mas não aconteceu. Isso pode ser algo bom, Cinco pode estar vivo. Isso me deu esperanças e, pela primeira vez depois daquela noite, vou sair de casa.
Arrumei minha bolsa, traçando a ideia que eu tive nos últimos dias. Estou tão concentrada nisso que nem vi Ben na porta.
- Onde você pensa que vai? - ele perguntou, apoiado na porta do meu quarto.
- Jesus, garoto! - me assustei quando o vi - Vou... ao supermercado.
- Você sabe que o Luther é quem faz as compras, você não precisa ir. Sua perna ainda não está totalmente saudável - ele argumentou.
- Mal sinto minha perna doer - dei de ombros caminhando até a porta, me justificando logo em seguida - E Luther não sabe qual absorvente eu uso.
Ben segurou meu braço para que eu não saísse, com uma certa preocupação e receio em seu rosto.
- Não me diga que é aquela ideia maluca?
- Eu preciso tentar - falei séria, olhando em seus olhos.
Ele abaixou a cabeça, decepcionado por não ter conseguido me fazer mudar de ideia. Nada vai me impedir de encontrar Cinco.
- Por que não espera mais um pouco?
- Eu já esperei tempo demais! - me estressei soltando meu braço de sua mão - Já vai fazer um mês! Você sabe o quanto minha cabeça não descansava pensando nisso. Enquanto eu "espero mais um pouco" ele pode estar em perigo. Eu já me decidi.
- Você acha que eu também não sinto a falta dele? - Ben perguntou com sua sobrancelhas franzidas de raiva - Que por todo lugar que eu vou nessa casa eu não o vejo como se ainda estivesse aqui? Mas que porra, Candace! Você ainda está em negação, mas temos que aceitar que ele se foi.
- Estou em negação? - interroguei quase rindo sarcástica - Se estou mesmo, por que Klaus não encontrou ele?
- Ele mesmo disse que Cinco pode não querer falar com a gente.
- Ou ele está em algum lugar por aí, esperando que o encontrem enquanto está entre a vida e a morte - respondi - Isso sim seria covardia. Não ir atrás dele e deixá-lo à própria sorte.
- Tá - Ben parecia ter cedido um pouco - Mas como vai fazer isso? Temos que agir com cautela. Formular um plano, uma missão, e não sair desprotegida como você está.
Agora que abaixamos o tom de voz, meus olhos se molharam. De todas as pessoas, Ben é o que eu menos quero decepcionar, e odeio brigar com ele.
- Mas eu preciso tentar - repeti minhas palavras, dessa vez com mais esperança - Eu já tenho algumas pistas que posso seguir, tenho algumas ideias, Ben, isso pode dar certo!
- Eu quase perdi o Klaus... - ele disse com seu olhar baixo - Não quero te perder também.
- Você não vai - afirmei lhe dando um abraço forte.
- Eu confio em você - ele disse, ainda com sua cabeça apoiada em meu ombro - Você é inteligente, sei que vai encontrar ele.
Me separei dele, dando um sorriso como despedida. Pode ser a última vez que o vejo.
- Dê comida para o Oliver por mim - avisei antes de sair.
Oliver. Não consigo parar de ver Cinco em todos os lugares. Até pelo nome do nosso gato.
Já está entardecendo, mas não vou demorar muito. Só preciso ir numa biblioteca da cidade e tentar achar dados de Lila. Eu sequer tenho o sobrenome dela. Penso que achando ela eu consigo achar Cinco, e é só isso que me motiva.
De uma coisa eu tenho quase certeza: Ela tem superpoderes. Só isso para explicar como ela desapareceu na minha frente, se teletransportando igual ao Cinco. Isso já é uma pista, se ela tem poderes nasceu no mesmo dia que eu, e que todos os meus irmãos. Lila, nasceu no dia 01 de outubro de 1989. Talvez nos computadores da biblioteca tenha algo sobre ela.
- Olá, boa tarde - falei para um homem que estava no balcão da biblioteca.
- Como posso ajudar? - o senhor disse colocando seus óculos de meia-lua.
- O senhor poderia me dizer se existe algo no banco de dados sobre Lila? - falei. Nunca desejei tanto algo na vida.
- Lila... do quê? Qual o sobrenome?
- É... Ah, meu pai esqueceu de me dizer - comecei a mentir - Ele está procurando a filha dele, que nasceu dia 01 de outubro de 1989. É só o que ele sabe sobre ela.
- Bem... eu posso verificar, mas vai levar um tempo - o homem disse. Tenho sorte de que ele é um senhor de idade, ou então eu não teria tanto sucesso nessa mentira esfarrapada.
- Tudo bem, eu espero - falei, porém não aguentei dois minutos parada.
Comecei a andar pela biblioteca, vendo quantos livros interessantes tem aqui. Sinto falta de passar horas lendo, como eu fazia antes. Guardei um livro que eu folheava na estante e, pelo canto do olho, vejo um vulto passar pelas estantes ao lado.
Tentei ignorar mas não é a primeira vez que eu o vejo me seguir pela biblioteca hoje. Discretamente, andei para o corredor de estantes ao lado, e mais uma vez essa sombra fugiu. Quem é que está tão confuso ao ponto de não vir falar comigo? Fica apenas me observando e foge quando o vejo?
O senhor que me atendeu me chamou assim que me viu. Dei meia volta e fui até o balcão, ansiosa pelo resultado.
- Existem muitas pessoas com esse nome, mas a data de nascimento ajudou bastante a encontrar. Consegui achar três pessoas, uma delas não é daqui. Veja qual delas é a filha do seu pai.
- Espera, uma delas não é daqui? - perguntei.
- Sim. A que se chama Lila Pitts nasceu em Berlin e se mudou há pouco tempo.
Berlin. Me lembro do sotaque dela.
- Posso ver uma foto dela? - perguntei.
O senhor me mostrou a foto e fui incapaz de disfarçar o meu desgosto ao ver a cara de Lila Pitts.
- É ela! - eu disse, transparecendo meu ódio pelos olhos e quando percebi, disfarcei com um sorriso - Ela é a minha irmã.
- Fico feliz em poder ajudar a achar sua irmã - o velhinho deu um sorriso. Se ele soubesse da verdadeira história, o pouco cabelo que lhe resta caíria.
- Muito obrigada, senhor. Obrigada mesmo - falei com meu olhos marejados de raiva, minha voz falhava um pouco mostrando o quanto eu queria chorar - Será que o senhor consegue descobrir o endereço dela? Sabe, meu pai ficaria muito feliz.
- Infelizmente, informações pessoais como essa não temos acesso - ele disse. Acho que meus recursos acabaram por aqui.
- Ah, Obrigada. Boa tarde.
Saí da biblioteca e meu próximo passo vai ser procurar algo sobre ela na internet, talvez eu consiga chegar mais perto de achar Lila, e agora já tenho seu sobrenome o que facilita bastante.
Na verdade, não demorou muito. Ela surgiu do nada, me encurralando em um beco que fica próximo a Academia, mas não há nada aqui além de latas de lixos e ratos correndo.
- Me procurando? - Lila disse com sarcasmo. Devia ser ela quem eu via na biblioteca.
- Foi mais fácil do que imaginei - respondi à altura.
Estendi minhas mãos e criei uma pequena parede de gelo, na intenção de prendê-la. Lila com um simples movimento quebrou minha parede usando uma rajada de fogo. A parede desmanchou em vários pedaços, mostrando meu pequeno fracasso.
- Como fez isso? - perguntei confusa.
- É simples. Tudo o que você consegue fazer, eu faço melhor - ela disse. Seu ego anda meio alto.
Entendi minhas mãos e criei uma bola de fogo, crescendo cada vez mais forte. Eu planejava derreter sua cabeça com apenas um gesto, mas tenho que segurar essa tentação, ou senão, não terei informações sobre Cinco.
- Ei, se afasta, eu não quero te machucar - ela disse, recuando alguns passos.
- Ah, mas eu quero.
Avancei em sua direção e soquei seu rosto, tão forte que meus dedos doem agora. Pelo desequilíbrio, ela acabou caindo perto de alguns sacos de lixo. Lila se levantou rapidamente, vendo que eu estava prestes a descontar minha raiva nela.
- Porra, garota! Espera.
- Onde ele está? - criei estacas de gelo extremamente afiadas.
- Vem comigo.
Lila disse começando a andar, mas eu nem me movi. É mais algum sequestro deles? Ela parou quando viu que eu não a seguia.
- O que foi? Não confia em mim?
- De jeito nenhum. Fala logo onde ele está - minha paciência se esgotava - Anda, caralho!
- Vem comigo e eu te mostro - ela estava nervosa também, mas não tanto quanto eu - Credo, menina teimosa.
Eu já desconfiava que isso era uma armadilha, mas eu não tenho nada a perder, por isso segui ela. Fiquei ainda mais confusa quando vi que ela seguiu em direção a Academia, talvez ela tenha ido conversar com Diego.
A mansão parecia normal, até eu colocar os pés para dentro de casa. Estava um barulho irritante, muitas pessoas falando ao mesmo tempo e algumas gritando. Quando cheguei na sala, meus irmãos estavam agitados e até... felizes? Eu não sei, mas isso tá muito estranho. Assim que me viram chegar, ficaram num silêncio desconfortável.
- Onde você estava? - perguntou Ben, andando com passos largos até mim.
- Na biblioteca da cidade - respondi simples - Por quê?
- Estávamos fazendo uma reunião e... - Ben não consegue terminar.
- E...? - falei por ele - O que foi?
- É melhor que você veja.
Ben me levou até uma das dezenas de salas que existem na Academia. Quando entramos, notei que era só uma sala comum, com alguns quadros e sofás antigos. Mas tinha alguém na sala, de costas para a gente e olhando para a janela. Eu reconheceria aquela sombra de qualquer lugar. Tenho medo de estar alucinando, mas isso parece tão real. Meus olhos começaram a ser tomados por lágrimas. É um sonho?
- Ela está aqui - disse Ben - Eu vou deixar vocês sozinhos.
O barulho da porta se fechando foi o único som que ecoava naquela sala. Ele se virou devagar, me deixando cada vez mais ansiosa. Ele sempre fazia isso. Quando se virou por completo, eu travei vendo que isso era real. Ver o rosto dele novamente e não só pelas pinturas e fotografias se tornou algo estranho. Os olhos dele também estavam molhados, mas ele não dizia uma palavra. Ele dava passos curtos até mim, sem saber a minha reação, porém seus olhos mostravam que morria de vontade de me ter em seus braços novamente.
- Seu filho da puta... - sussurrei, caminhando até Cinco. Não consigo deixar de notar a emoção dele transbordar pelos olhos.
- Me desculpa.
Antes de ele dizer qualquer outra coisa, eu o puxei para um abraço. O melhor abraço que já senti. O abraço que eu precisava. Caralho, ele está aqui, comigo. Nós dois começamos a chorar feito duas crianças, agarrados um ao outro. Eu queria ficar naquele abraço para sempre, escutar as batidas do coração dele, sentir seus braços, seu cheiro. Só assim para eu notar o quanto eu amava ele.
- Você não tem culpa - respondi entre soluços.
- Te deixei sozinha - ele disse com pesar, apertando as minhas costas para aliviar sua dor.
- Isso é irrelevante agora - eu passava minha mão pelos cabelos dele, me lembrando do quanto ele gostava - Eu... senti tanto a sua falta.
E mais uma vez eu caí em prantos, soluçando sem parar e escondendo minha cabeça no pescoço dele ainda sem acreditar que ele está vivo.
- Ei, eu estou aqui. - Cinco me abraçou mais forte para eu ter certeza que isso é real. Me arrastou até o sofá, secando minhas lágrimas de alegria. Ele sentou ao meu lado segurando as minhas mãos, que tremiam de susto, enquanto as dele, suavam frio - Eu estou aqui, meu amor.
Ao me lembrar do apelido, não pensei duas vezes em beijá-lo. Sentir ele de novo foi como um novo começo e, sinto que agora estamos preparados para qualquer coisa. Nosso amor é tão forte quanto o ódio e não vai desaparecer de uma hora para outra. Vão precisar de mais do que isso para nos separar.
Ele afastou nossos lábios, acariciando meu rosto como se fosse a primeira vez.
- Eu te odeio - falei, tentando esconder o riso. Ele abriu um sorriso largo, não esperava que eu fosse dizer isso.
- E eu te amo mais que tudo.
Cinco me deu um beijo na testa, suspirando de alívio. Agora que sei que tudo isso é real, fiquei um pouco nervosa de ele nem sequer ter me avisado que estava bem.
- Eu pensei que estava morto, seu idiota! - lhe dei um tapa. Ele fez uma careta de dor, passando a mão pela barriga.
- Aí, desgraçada - reclamou - É sério, meu bem, desculpa. Eu não tinha como avisar que estava bem. E acredite, foi torturante ficar longe de você.
- Foi, é?
- Demais.
- Imagina para mim, que achava que o filho da puta do meu namorado estava morto - peguei uma almofada, ameaçando jogar nele.
- Você chorou por mim? - ele perguntou, com um orgulho que nem cabe nessa sala.
- Cinco, para eu te devolver para o mundo dos mortos é rapidinho - eu estava pronta para jogar a almofada nele.
- Olha só, minha mulher disse que eu não tenho culpa - Cinco se defendeu, usando as minhas palavras contra mim - E almofada é golpe baixo.
Joguei a almofada de lado, desistindo de arremessá-la contra Cinco. Ele realmente não tem culpa... Lila é quem tem.
- Apesar de tudo, senti falta disso - Cinco disse um tanto pensativo - De você me batendo por tudo.
- Que horror, até parece que eu sou tão agressiva assim... - eu disse - Falando em gente agressiva, para onde a Lila te levou? O que ela fez? - quando Cinco me ouviu falar de Lila, fez uma expressão de repúdio na mesma hora. Vejo que compartilhamos o mesmo ódio por ela.
- Bom, ela vai explicar para todos amanhã - ele disse simples.
- Por que não agora?
- Porque viemos da puta que pariu e estamos cansados. Então, se não se importa, vou tomar um banho e dormir... a viagem foi longa - ele falou se levantando do sofá. Os cinco minutos de demonstração de amor dele já devem ter acabado.
- Espera aí, eu me importo sim. Você vai dormir e... - me levantei, eu estava prestes a dizer que ficamos quase um mês separados e ele está fazendo pouco caso.
- No seu quarto, é claro. Espero que a cama esteja arrumada - ele disse, com uma falsa ordem. Acho que interpretei errado.
- Ah - soltei o ar quando entendi melhor.
- Sabe do que eu me lembro, mocinha?
- Não sou telepata.
- Me lembro que você prometeu que eu acordaria do seu lado - Cinco disse.
É, e horas depois disso ele morreu na minha frente.
- E eu vou cumprir, tá? - falei rindo fraco - Vai logo antes que eu desista.
- Mandona!
- Vai logo!
Ele se teletransportou rindo. Agora sozinha, suspirei com um sorriso de orelha a orelha. Agradeço a tudo por ele estar aqui, vivo e comigo. Senti falta até das nossas brigas, o que eu pensei que nunca sentiria. Sai dessa sala estranha que Ben me trouxe, e ao passar pela sala de estar, arranquei algumas perguntas. Um tanto indesejáveis, neste momento.
- Candy, você... está bem? - perguntou Luther ao me ver andar com passos rápidos até meu quarto.
- Nunca estive melhor - por mais incrível que fosse, essa frase não contém sarcasmo.
Ignorei as demais perguntas, dou atenção para apenas uma pessoa hoje. Quando cheguei em meu quarto, Cinco terminava de colocar sua roupa. Me impressionou pela rapidez dele, se bem que essa casa é tão grande que até eu chegar em meu quarto, deu tempo de ele tomar um banho.
- Já?
- Sim - ele disse simples - Ah, eu usei o seu shampoo.
Folgado!
- Você está bem? - perguntei, apontando com os olhos para o abdômen dele - Como foi que isso aconteceu.
- Alguém atirou em mim - Cinco disse sarcástico.
- Sério? Eu achei que fosse outro escorpião - respondi igual - Vai, me fala o que aconteceu.
- Bom, isso aqui você também só vai saber amanhã - ele me puxou pela cintura.
- Qual o problema de me contar agora? - perguntei, mas ele não me contaria de jeito nenhum.
- Todos. Vai estragar a surpresa da história - ele disse - Agora é minha vez. Deixa eu ver como você está.
- Como eu estou? - confundi.
Ele ainda se lembra que levei um tiro? Merda, se ele ver não vai me deixar dormir até que esteja perfeito.
- Tira a roupa.
- Cinco?!
- O que foi? Preciso ver a sua perna, idiota. Tira logo.
- Não era para você ter lembrado - me estressei tirando a minha calça.
- Achou que eu iria esquecer? - ele se agachou até a altura da minha perna - Eu não parava de pensar nisso. Se você estava bem, se tinha sido grave... Cicatrizou bem?
- Sim, está ótimo. Não precisa se preocupar. Aliás, não precisa nem checar, minha perna está perfeita - falei, mas não fui convincente para que Cinco não tirasse o curativo da minha perna.
- Quem foi o delinquente que fez esse curativo? - ele disse julgando.
- Eu.
- Desculpa, querida, mas isso tá horrível. Vamos à enfermaria que eu faço um outro curativo melhor.
- Não, Cinco, não precisa.
- Precisa sim.
- Você sabe que não.
- Sua perna é importante.
- Ela aguenta algumas horas - afirmei - Deita nessa cama logo ou eu jogo fora todo café dessa casa.
Ameacei e em segundos ele já estava na cama. Não duvido que ele ame mais o café do que a mim. Estar deitada com ele de novo era como um sonho realizado. Eu em seu peito, acariciando seus cabelos molhados, enquanto ele brincava com seus dedos em minha cintura, era realmente um sonho realizado.
- Você ouviu algum barulho na sua janela nos últimos dias? - Cinco perguntou com uma voz sonolenta.
- Sim - falei, pensando bem... - Era você?!
- Não, eu já teria entrado em casa - ele riu - Era a Lila, ela precisava falar com você.
- O que ela queria? Ela também poderia ter entrado.
- Eu não estava por perto, sendo assim, ela não conseguiria espelhar meus poderes. Ela me disse que a casa inteira estava trancada, e só conseguiu falar com você hoje porque você foi à biblioteca.
- Trancamos a casa inteira e ativamos o sistema de alarme. De fato, depois daquela noite, hoje foi o primeiro dia que saí de casa - falei me lembrando - Mas o que exatamente ela queria?
- Conversar - ele falou - Ela queria fazer um acordo. Minha preciosa vida em troca de algum lugar para ficar. Era esse o acordo.
- Ela não falou sobre isso comigo - desconfiei.
- Talvez ela fale amanhã.
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tirei o Cinco do caixão só para a felicidade de vcs
como vcs se sentem sabendo que faltam 3 capítulos pra acabar?
votem e comentem ou então a Lila vai aparecer no pé da cama de vcs
bjs curupiras 💖
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