CAPÍTULO 19

CAPÍTULO 19:
Nem tudo são flores.

Acho que o meu susto com essas palavras foi maior que o meu susto anterior. A voz dele não escondia que isso era verdade, e é estranho pensar que Cinco queira mostrar mais seus sentimentos, ele é sempre tão frio. Um lado de mim insiste em pensar que ele está se despedindo, pois não sabemos o que vai acontecer amanhã, e esse é o meu maior medo. Nunca pensei que o medo de perder Cinco Hargreeves faria parte de mim um dia, mas está fazendo, e é apavorante.

— Eu também te amo. — não segurei o sorriso e as lágrimas que desciam em sequência — Te amo pra caralho.

Juntei nossos rostos, sentindo seus lábios calmos e doces. Ouso dizer que foi nosso melhor beijo até hoje. Tínhamos uma conexão tão grande que eu desejava que nada além daquilo existisse, e que eu pudesse fazer esse momento durar para sempre.

— Uau — ele sorriu, seus olhos até brilhavam. — Isso é uma loucura.

— Amar?

— E ser amado.

Tive que respirar fundo para não derramar mais lágrimas quando escutei suas palavras. Pensar que ele só se sente amado hoje, depois de tantos anos de sua vida… isso acaba comigo.

— Não me olhe desse jeito — falei enquanto tentava não perceber que ele me olhava diferente.

— Que jeito?

— Como se fosse a última vez. — um suspiro involuntário tomou meus pulmões — Seu idiota.

— Eu não costumo dizer isso em voz alta, mas… eu estou com medo — ele disse, agarrando as minhas mãos.

— Você já sobreviveu a tanta coisa — eu disse, tentando acreditar nas minhas próximas palavras — Isso vai ser só mais uma para a conta.

— Você não entendeu. Eu estou com medo por você — Cinco respondeu.

Paralisei quando percebi. Ele está me colocando como prioridade? Evoluímos aqui.

— Não vai acontecer nada, eles mal me conhecem. Você está preocupado demais — arrumei o seu cabelo com um sorriso esperançoso — Vá dormir antes que eu fique emotiva.

Falei num tom autoritário para esconder meu lado fraco. Ele se virou sorrindo. O sorriso mais sincero que já vi nele. A maioria de seus sorrisos são sarcásticos, mas esse… esse é ainda mais belo.

Passei longos minutos em claro, abraçando ele e pensando no que iria acontecer daqui para frente. Todo este vago silêncio acompanhado pelo som dos grilos se assemelha à calmaria antes da tempestade. Não deve ter completado nem uma hora quando Cinco se levantou, bocejando frustrado.

— Não consigo dormir. — ele disse.

— Está tão ruim assim?

— Está péssimo.

Toda essa situação é péssima. Queria oferecer algo para ele se sentir melhor, mas ele poderia acabar se estressando ainda mais. Não que eu me importe com isso, porque nunca me importei.

Já são quase onze horas da noite e Cinco insiste em querer mais notícias. É por isso que não consegue dormir, ele está ansioso e agitado. Cinco mandou mensagens para Ben e Luther, que estão em casa checando as câmeras. Algo aconteceu, pois logo depois de ver as mensagens, Cinco ligou furioso para eles.

— Eu juro que quando eu chegar em casa eu vou matar você dois! — Cinco disse nitidamente bravo. Ele falava ao telefone e se esforçava para não gritar dentro do carro — "Calma" é o caralho, vocês só tinham uma missão, a mais fácil, mas deve ser muita coisa para a merda dos seus cérebros minúsculos. Estou aqui arriscando a porra da minha vida e tenho que me preocupar em mandar mensagens para vocês… Quer saber? Vão tomar no cu, vocês dois!

Cinco desligou o telefone, não me arrisquei a dizer uma palavra. Ele estava tão nervoso que sua respiração dava para se ouvir em bom som. A minha curiosidade quase me matou para saber o motivo da briga, porém se eu perguntar, vai sobrar para mim.

Depois de uns minutos, que eu suponho que ele esteja mais calmo, ele abriu um pacote de pães com geleia e começou a comer.

— Quer um, amor? — ele ofereceu um dos pães.

Hum, apelido? Será que me arrisco? A mudança repentina de humor dele é realmente algo impressionante.

— Não, obrigada — olhei para as minhas mãos, pensando em quais palavras usar — Sobre o que vocês falaram ao telefone?

Eu disse e ele respirou fundo. O meu medo de receber uma bronca dessas não era maior que minha curiosidade.

— Luther e Ben descobriram quem deixou a carta e nem fizeram questão de nos contar. Você acredita nisso? — ele falava como se fosse um absurdo — Aqueles dois imbecis… Foi uma péssima ideia deixá-los em casa.

— Eu acho que você exagerou — dei minha opinião — Eles devem ter um motivo para não ter contado antes, amor. Talvez eles não tenham certeza. Agora provavelmente estão se sentindo culpados, porque eu sei por experiência própria que é uma merda brigar com você.

— Não, mas eu só estou nervoso assim porque estou com sono.

— Você está sempre nervoso, Cinco.

— Cala a boca.

— Como era a pessoa que eles encontraram? — tentei mudar de assunto.

— Aparentemente, é uma mulher com cabelo escuro, uns vinte e cinco anos, mais ou menos — ele descreveu — Parece que havia uma flor em seu cabelo ou no bolso de trás da calça, não me lembro bem o que eles disseram. Devia ser uma rosa amarela.

— Bom, isso já é alguma coisa — falei.

— Tem certeza que não quer? — ele ofereceu mais uma vez aqueles pães estupidamente doces — Isso tá uma delícia.

— Tenho certeza de que não quero.

As horas se passavam e às vezes eu me perguntava por que estamos no acostamento de uma estrada tão estranha, e por que Cinco não me falou nada sobre isso. Sinto que as respostas estão prestes a vir quando vejo que ele abriu a porta do carro.

— Fica aí dentro, ouviu? — ele falou quase antes de sair.

— Eu vou com você — me aproximei da porta. Sou idiota mesmo, nem sei para onde ele vai.

— Se você vier eu arranco seus cabelos! — ele disse para depois bater a porta do carro.

Talvez seja melhor eu ficar mesmo. Demorou alguns minutos para que ele voltasse. Ele estava gelado, mas não tremia, mesmo assim entrou debaixo do cobertor.

— Eu estava procurando sinal para falar com o Diego — ele disse e eu tentava esquentar suas mãos apertando-as nas minhas.

— Conseguiu?

— Sim — um sorriso de canto se fez em seu rosto — Sem o auxílio dos poderes da Allison eles conseguiram negociar.

— Caralho, isso é ótimo!

— É mesmo — ele olhou para o relógio — Dentro de quarenta minutos passarão alguns carros do Adam para nos levar até Klaus, eles sabem que estamos aqui.

— Como sabem?

— Esse lugar não é escuro à toa, há alguns capangas e soldadinhos dele aqui. Provavelmente nessas árvores ou até camuflados no chão. — ele olhou pela janela — Entende por quê eu não quero que você saia? É perigoso…

Abaixei a cabeça, entendendo a situação. Ele nem sempre é chato à toa, estava me protegendo. Cinco ainda continuou dizendo:

— Bem alí na frente, existe uma cerca com aviso de propriedade privada. Eles usam algum tipo de torre de energia ou outra tecnologia que inibe sinal de telefone, rádio… qualquer coisa que não seja feita por eles. Por isso estamos um pouco afastados, e mesmo assim foi difícil encontrar sinal para falar com nossos irmãos.

— Porra… — admirei a inteligência — Você sabe quantas pessoas virão até aqui?

— Não. Talvez três ou quatro carros cheios deles.

É muita gente e nós estamos em dupla. Ou eles vêm em paz e nós faremos uma festa depois, ou farei todos eles virar churrasco.

— Toma — Cinco disse.

Ele me entregou um uniforme que eu geralmente uso para treinar, mas esse é um pouco mais diferente. Eu com certeza não coloquei isso na mala, até aqui ele me obriga a usar uniformes. Esse uniforme não tinha o brasão da Umbrella Academy, ele era apenas preto e cinza, ainda mais reforçado do que o meu uniforme original, até um pouco mais pesado.

— Pode ir tirando esse pijaminha, colocou porque quis.

— Nossa, como você é cruel… — peguei o uniforme. Apertado pra caralho, mas consegui vestir — Como ficou? Sinto que isso vai rasgar com apenas um soco.

— Não vai rasgar, não. Tá perfeito — ele afirmou.

— Se você diz…. — dei de ombros.

Depois de alguns minutos, Cinco pulou para o banco do motorista e continuou comendo aqueles pães. Tentei ir para o banco ao lado, mas com esse uniforme foi um pouco complicado.

— Deve faltar uns cinco minutos — ele disse olhando para o relógio.

Coloquei o cinto e me ajeitei no banco, ele fez o mesmo. Por uns segundos, nossos olhos se encontraram, e eu tinha certeza que pensávamos o mesmo: Os próximos minutos são desafiadores.

Ele me deu um sorriso rápido que me deu um pouco mais de esperança. Acho que nunca tivemos uma ligação tão forte como agora, depois de todos esses meses… finalmente somos cúmplices. Meu lado emocional predominou e foi ali que eu percebi que ele foi feito para mim, não há nada no mundo que pudesse colocar em palavras o que eu sentia por ele. De todas as pessoas que passaram pela minha vida, nenhuma delas chegava aos pés do que Cinco Hargreeves me fazia sentir. E eu não quero perder isso.

— Você se lembra do plano, certo? — Cinco arrumou o retrovisor.

O plano era simples: Entramos, pegamos o Klaus e metemos o pé. Temos a autorização de Adam então entraremos e sairemos pela porta da frente, como o planejado. Fácil, não é?

— Perfeitamente — eu disse.

— Não faça nenhuma besteira — ele segurou meus braços e olhou nos meus olhos — Se nos pegarem ou se recusarem a entregar Klaus, podemos negociar novamente dando mais dinheiro. O dinheiro não é problema… O real problema é que nunca é só pelo dinheiro.

— Acha que eles têm outros interesses na nossa família além do dinheiro?

— Acho — ele desviou o olhar com a cabeça baixa.

— E se algo acontecer com um de nós? Se eles acabarem pegando a gente? Temos planos para isso? — eu disse, minhas mãos já começavam a suar frio.

— Eles não vão. Não sabem que você tem poderes, afinal, você nunca fez parte da Umbrella Academy — ele disse. Não sei se me sinto ofendida ou não — Não vai acontecer nada, não se preocupe.

— Como tem tanta certeza? — perguntei. Era impressionante a maneira como ele falava.

— Porque agora você é minha. E isso eu não vou permitir que tirem de mim — ele disse sem tirar os olhos da estrada.

A certeza como ele disse me fazia sentir pena de quem se colocasse no caminho dele. Segurei sua mão e, segundos depois, Cinco liberou o que estava prendendo-o. Me deu um último beijo antes de sairmos. E era mesmo o último.

Cinco viu pelo retrovisor que vinham alguns carros. Eram eles. Só podiam ser. Cinco ligou o carro e esperou que eles passassem na frente. Quando viu que tinha espaço suficiente, arrancou o carro numa velocidade absurda. Tive que me segurar nas paredes, pois sentia que sairia voando se não fizesse.

— Cinco, ainda vamos chegar vivos lá? — falei, com o cabelo no rosto de tanta velocidade.

Cinco diminuiu a velocidade, não porque eu indiretamente pedi, mas sim porque chegamos.

Essa cerca que Cinco falou está mais para uma muralha. Portões gigantes de ferro que dentro escondiam o meu irmão. Nós saímos do carro e alguns homens mal-encarados nos acompanharam até os portões.

— Ei, ei, ei, mãos na cabeça! Mãos na cabeça! — um deles gritou e eu pude escutar o barulho da arma sendo carregada — Quem é você?

Logo percebi que a pergunta era para mim. Instantaneamente levantei as mãos, assustada é óbvio, tinha uma arma apontada para mim.

— Sou Candace Decker — respondi.

— Ela está comigo — Cinco disse para eles.

Vejo que alguns deles olhavam de cima a baixo para Cinco, a relação deles no passado com certeza não foi das melhores.

— Coloquem as armas no chão! — um dos homens gritou.

— Espera aí… — Cinco disse contando nos dedos — Tem vinte de vocês aqui, mais uns duzentos lá dentro. Estão realmente com medo de nós dois? Foi mal, mas vou ficar com as armas.

Os homens se entreolharam, e sem dizer uma palavra, eles concordaram em nos deixar com as armas. Só não esperavam que eu sou a porra do fator surpresa, e posso acabar com todos eles como quem brinca com formigas.

A porta fez um barulho agudo terrível quando abriu, liberando passagem para Cinco e eu. Antes de entrar, nós olhamos para trás, vendo que os homens estavam com os olhos fixos em nós e as armas apontadas para baixo.

— Te vejo do outro lado, Número Cinco — um dos caras falou. Não sei o que significa, mas isso não me parece nada bom.

Cinco apenas ignorou e me chamou para entrar, segurando a minha mão e a apertando com uma força considerável.

— Você não devia ter falado o seu nome. — disse Cinco, com decepção na voz

— E você vem me avisar isso agora? — falei. Eu olhava ao redor, procurando qualquer coisa que não seja mato — Já esteve aqui antes, não é?

— Algumas vezes. — ele respondeu, olhando para a frente.

Quando pude ver melhor, notei que o lugar era maior do que eu pensava, aparentemente fazia um círculo. A grama era baixa e este círculo era contornado por árvores altas, que serviam como parede para isso. Imagino que no centro desse círculo esteja Klaus.

— Ei, cuidado onde pisa — Cinco falou — Não sabemos se tem alguma armadilha.

Andamos em passos curtos onde a única iluminação era a chama de fogo que saia das minhas mãos. Não faço ideia de quanto tempo se passou, só sei que minhas pernas já estão cansadas de caminhar.

Um campo tão grande e vazio como esse é fácil notar algo e de longe vi que tinha uma sombra na nossa frente, e ela não se mexia.

— Cinco, acho que tem alguma coisa ali — apontei — Vamos ver?

Sem esperar a sua resposta, segui em frente, mesmo Cinco brigando comigo. Eu ignorava suas broncas, eu só queria saber se a pessoa que eu via sentada na minha frente era Klaus. E eu estava certa. Era Klaus.

Mesmo quase cedendo a vontade de correr em sua direção e lhe dar um abraço, eu mantive a racionalidade e com um gesto de minhas mãos, joguei uma pequena chama de fogo ao seu lado, para que eu pudesse ver com clareza. Me deparei com seu corpo totalmente ensanguentado, suas roupas rasgadas e ele estava amarrado à cadeira. Ele não se mexia e não sei se quero ser a primeira a descobrir que ele está morto.

Eu dava passos curtos em sua direção tentando entender mais sobre o quê aconteceu com ele. Para me tirar desse transe, Cinco agarrou o meu braço, apertando ele.

— Garota teimosa! O que estava pensando em fazer? — ele disse, notavelmente bravo.

— Eu não sei. Eu ia ver se ele está pelo menos vivo — eu disse, soltando meu braço de sua mão.

— Você ao menos conferiu se não iria pisar em nenhuma armadilha? — Cinco disse.

— Sim, olhe — eu disse apontando para o chão. Não sou burra a esse ponto, eu não caminharia até Klaus se não soubesse que o caminho está livre.

— Não faça isso comigo de novo! — Cinco repreendeu, voltando a segurar a minha mão — Não me dê um susto desses.

— Acho fofo que você queira segurar a minha mão — falei. Talvez adicionei um pouco de sarcasmo.

— Quando eu solto, você faz merda. — ele deu de ombros.



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plmds, me digam que vcs já decifraram oq eu espero que vcs já tenham decifrado 😭😭

paçocas, olhem oq eu vi no instagram

pra mim é totalmente o Cinco e o Oliver

não sei qual meme eu ponho hj, então vou por todos

Candace não seguindo o plano quando viu o Klaus:


vai dar em nada gente, relaxa

bjs, seus espinafres <3 💋

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