Você Poderia Apenas Me Abraçar?
Dois meses depois
Quando a última cliente sai da boutique, solto um suspiro de alívio e ponho a placa de fechado.
Foi inaugurado há um mês, quando voltamos da lua de mel, depois de duas semanas aproveitando as maravilhas que Creta tinha a oferecer.
No dia da inauguração, eu estava tão nervosa que passei mal e vomitei uma hora antes de abrir. Eu ainda estava achando que ninguém iria aparecer, mas quando a primeira cliente entrou, eu quase chorei de emoção, mas consegui me controlar para ela não achar que eu era louca. Sabine veio me ver na hora do almoço e Dominic apareceu com uma garrafa de champanhe quando eu estava fechando.
Ele e Liam ainda estão resolvendo as coisas para a empresa de segurança privada. Meu cunhado está bastante animado e ele e meu marido têm passado muito tempo juntos, o que tem sido bom para Dominic.
Meus pés doem quando termino de fechar tudo, confiro a porta duas vezes antes de dar as costas para a boutique.
— Boa noite, Sra Davenport. — Zaac comprimenta, abrindo a porta do carro para mim.
— Boa noite, Zaac. — entro no carro, sem me importar em dizer que ele não precisa me chamar assim.
Às vezes eu venho com o carro que Dominic me deu (sim, isso mesmo, ele me deu um carro de presente quando voltamos de viagem) mas hoje eu estava – e ainda estou – cansada, então Zaac pode fazer seu trabalho.
Quando ligo meu celular, há várias mensagens de Karen e eu mal tenho tempo de ler antes de sua foto aparecer na tela.
Atendo.
— Alguém morreu? — pergunto, devido a quantidade de mensagens.
— Não, é bem pior que isso. Beatrice me convidou para jantar!
— Uau!
— Eu estou nervosa.
— Você acha que ela... vai fazer o pedido?
Nesses dois meses, Karen e Beatrice voltaram a ter o que tinham antes, mas como o que elas tinham nunca foi muito definitivo, a relação delas ainda é um mistério para as duas, porque elas têm medo de dar o próximo passo.
— Eu não sei. Ela tem agido estranho a semana toda. E se ela quiser terminar?!
Percebendo o desespero na sua voz, eu me adianto em acalmá-la, principalmente porque sei que Beatrice não vai terminar coisa alguma. Muito pelo contrário.
— Ei, ela não vai terminar. A Beatrice ama você. Talvez ela só queira fazer algo romântico. Sabe como ela é com essas coisas.
— É, pode ser.
Sorrio, porque pelo visto sou uma boa mentirosa.
— Bem, obrigada. Acho que estou menos paranóica agora. Vou passar na boutique amanhã. Preciso de algo para vestir.
Nós duas sabemos que ela tem mais roupas que o meu estoque, mas não digo nada. Vai ser bom vê-la, como sempre.
— O.K.
Nos despedimos e eu desligo.
Solto um suspiro e fecho os olhos no resto da viagem.
Quando chego em casa, a primeira coisa que faço é tirar meus saltos, deixando-os em qualquer lugar. Lena provavelmente irá destruí-los.
Faço um coque em meu cabelo e vou para a cozinha, onde encontro Dominic cozinhando, sem surpresa alguma. Ele faz o jantar todas as noites enquanto eu o observo, geralmente tomando uma taça de vinho.
— O que você está fazendo aí? — lhe abraço por trás, beijando seu ombro.
— Lasanha.
— Você é incrível.
Dominic ri, virando-se para me beijar na boca antes de perguntar:
— Como foi hoje?
Afasto-me, indo até a geladeira e abrindo.
— Produtivo. Atingi minha meta de vendas hoje. — pego uma caixa de leite e fecho a geladeira.
— Isso é bom.
Balanço a cabeça, virando a caixa na boca.
— E o seu dia? Liam disse que você estava de mal humor. — limpo minha boca com as costas da mão e sento-me na ilha de cozinha.
— Liam não sabe manter a língua dentro da boca — Dominic não está olhando para mim quando diz isso e eu espero ele colocar a lasanha dentro do forno. Quando vê que eu não vou deixá-lo escapar, solta um suspiro. — Não é nada. E eu não quero falar sobre aquele assunto agora.
— Ah.
Eu sei exatamente que assunto é, um que ainda me tira o sono as vezes: Finn Johnson. Depois de todos esses meses, ainda não tivemos notícias dele. Não sei se isso é bom ou ruim. Seu silêncio me deixa inquieta. Eu queria acreditar que ele simplesmente esqueceu de mim, mas eu estaria sendo idiota.
— Ei. — Dominic levanta meu queixo e eu não havia percebido que estava encarando a caixa de leite.
Dominic estava certo sobre eu não querer falar sobre isso, então viro a caixa na boca outra vez.
— Por que você simplesmente não põe o leite no copo? — meu marido pergunta, franzindo a testa. Eu já falei que é todo certinho?
— Porque é mais legal beber da caixa? — tento, sorrindo, sabendo que devo ter um bigode de leite agora.
— Acho que vamos precisar estabelecer algumas regras.
— Hum.
Desço do balcão, lhe dando as costas enquanto tomo mais da bebida.
— Você acha que eu estou gorda? — estou me olhando no espelho depois de ter tomado banho e vestido uma camisola de seda. Eu já havia usado ela antes e tenho a sensação que estava mais folgada.
— O quê? — Dominic, sentado no cama com o notebook no colo, olha para mim, franzindo as sobrancelhas.
— Tipo, você acha que eu engordei um pouco? — fico de lado na frente do espelho, perguntando-me se estou maluca.
— Não, querida, você está perfeita como sempre.
— Você não precisa mentir. Isso não é nenhum teste.
— Eu não estou mentindo.
Viro-me para Dominic, semicerrando os olhos e me aproximo da cama.
— Você não está olhando direito. — choramingo, cruzando os braços. Talvez eu esteja sendo infantil, mas faz muito tempo desde a última vez que senti insegurança com meu corpo.
— Acredite, querida, eu estou olhando com muita atenção. — seu olhar desce por meu corpo e não posso impedir o calor que se espalha por mim.
— Tudo bem. — murmuro, indo deitar na cama.
Dominic digita mais alguma coisa no notebook antes de desligá-lo e deixá-lo de lado. Sinto seus braços ao meu redor um momento depois.
— Você é perfeita, sabe disso, não é? — Dominic diz em meu ouvido. — Tendo engordado ou não. E eu não estou dizendo que você está gorda. Só estou dizendo que isso não é um problema.
— Eu sei — suspiro, virando-me para olhá-lo. — Excesso de gostosura nunca é um problema.
— Exatamente. — Dom ri, afastando minha franja dos olhos.
Eu realmente nunca me importei em ter uns quilinhos a mais. E talvez eu até tivesse há uns anos atrás, mas quando fiquei noiva de Finn, ele... Ele sugeriu que eu fizesse uma dieta. E eu tinha sido uma noiva obediente e me sentia mal por comer muito. Eu sei que Dominic não se importa com isso – e eu também não – mas eu não consigo evitar.
— Você poderia apenas me abraçar? — pergunto, porque foram poucas a vezes que dormimos assim que deitamos na cama.
— Sempre.
Sorrio e viro-me de costas. Dominic me aconchega em seus braços e é como estar em casa. Porque ele... ele é o meu lar.
Mesmo depois de uma boa noite de sono, continuo me sentindo cansada quando acordo no outro dia. Eu sei que não estou em toda a minha glória, usando um cardigã de gola alta e legging. Meu cabelo também está preso em um coque, que está escorregando nesse momento.
Pelo menos as minhas botas são bonitas.
Entro na cafeteria escolhida por meu irmão. Ele me mandou mensagem hoje de manhã, convidando-me para tomar café. São raras às vezes que eu recuso o café da manhã de Dominic, mas hoje, quando senti o cheiro de panquecas, tudo o que quis fazer foi fugir com o mal estar que me atingiu.
— Bom dia! — tento parecer animada quando cumprimento Phillipe.
— Você está cinco minutos atrasada. — meu irmão retribui o abraço antes de nos sentarmos.
— Culpe o meu motorista — dou de ombros, largando minha bolsa na outra cadeira. — Como você está?
— Ótimo. E você? Como está sendo a vida de casada?
— Hum... Tem seus benefícios.
Meu irmão ri, sabendo do que estou falando.
— Jeff queria estar aqui, mas ele precisou ir ver a mãe. Parece que ela comeu sal demais.
— Ah, não! Ela está bem? — levo a mão ao coração, porque eu realmente gosto da mãe de Jeff. Ela é tipo a Lauren, só que mais velha.
Phillipe me dispensa com a mão.
— Ela está bem. Sabe como ela faz de tudo para que Jeff vá lhe fazer uma visita.
— Não fale assim, ela te ama.
— Eu sei e ela faz uma torta de limão maravilhosa. Mas enfim, não a chamei aqui para falar da minha sogra — Ele suspira, parecendo um pouco nervoso. — Lembra do Zyan?
— Claro. — balanço a cabeça, lembrando do garotinho negro de olhos gentis. Phillipe e Jeff querem adotar uma criança e se apaixonaram completamente pelo Zyan, que tem 6 anos.
— O juíz concedeu a guarda. Nós vamos ser pais.
Um segundo passa, então eu estou pulando da minha cadeira e indo abraçar meu irmão.
— Meu Deus, Phil! Isso... Isso é incrível! — eu o aperto, esperando que ele sinta o quão verdadeiramente feliz eu estou pelos dois. — Vocês serão os melhores pais que o Zyan podia ter.
Nos afastamos e ele segura minhas mãos.
— Há outra coisa... Se você aceitar, Jeff e eu queremos que você seja a madrinha do Zyan.
Isso sim me deixa surpresa. Não sei exatamente porque. Eu amo meu irmão e Jeff e fui madrinha do casamento deles também, mas uma criança é diferente e o fato de eles confiarem em mim...
— Deus! Você está chorando? — Phillipe sorri enquanto enxuga meu rosto. — Eu acho que isso é um sim?
— Sim... Sim, eu estou chorando e sim... Claro que eu aceito ser madrinha do Zyan. Eu... Obrigada. — eu o abraço de novo, chorando igual uma manteiga derretida.
— Nós que agradecemos.
Quando voltamos a sentar, eu continuo chorando.
— Desculpe, eu estou muito emotiva esses dias. — fungando, pego um guardanapo.
— Acho que não vejo você chorar assim desde o seu aniversário de quinze anos quando você ganhou aquela maleta de maquiagem.
Jogo o guardanapo nele e nós fazemos nossos pedidos
Minha cabeça dói quando fecho a boutique para o horário de almoço. Eu geralmente não faço, sendo a única aqui, mas estou com muito sono.
Acontece que também não comi nada hoje. O que deveria ser um café da manhã com Phillipe, se transformou em meu irmão comendo por nós dois enquanto eu permanecia no chá. E eu odeio chá, mas achei que podia me ajudar a me sentir melhor.
Estou quase cochilando no balcão quando ouço uma batida na vitrine. Pisco algumas vezes esperando minha visão focar e encaro Sabine na calçada, balançando a mão.
Esfrego meus olhos e vou até a porta, abrindo para ela.
— Minha nossa, você está com uma cara horrível. — minha cunhada passa por mim, carregando sacolas com comida. O cheiro embrulha meu estômago.
— Pode entrar, fique a vontade. E ah, é muito bom ver você também. — murmuro, fechando a porta de vidro.
Sabine cantarola alguma coisa, deixando as sacolas no balcão.
— Eu trouxe comida para você, imaginei que não ia sair para almoçar. De novo. — ela me lança um olhar acusatório antes de ir desembrulhar o que quer que ela tenha trazido.
Eu fiquei sem almoçar apenas uma vez e foi semana passada, quando quase desmaiei antes de Sabine chegar e me fazer comer.
Acho que ela nunca vai me deixar esquecer isso.
— O que você tem? — Sabine parece notar que não estou muito animada para comer.
— Além de dor de cabeça, cansaço e muito sensível a cheiros de comida? — pego minha garrafinha de água e bebo um pouco.
— As duas vezes que me senti assim por um longo período de tempo foi... — Sabine para de falar, parecendo me olhar com mais atenção agora.
— O quê?
— Nada, é que é um pouco engraçado que... — ela para de falar mais uma vez e hesita um pouco pouco antes de se aproximar e... colocar as mãos em meus seios.
— Ei! — afasto suas mãos porque doeu. — Eu estou sensível também, tá legal?
— Você tem sentindo mais alguma coisa? Você desmaiou depois daquele dia? — minha cunhada parece extremamente séria, não explicando porque ela acabou de me apalpar.
— Eu não desmaiei. Foi quase. E não. Eu estou bem fora isso... Na verdade, eu queria perguntar algo a você. Acha que eu engordei? Seja sincera, por favor, porque...
— Sim. — ele não hesita em responder.
— Eu sabia que não estava maluca. — olho para o meu próprio corpo, ainda me decidindo como me sentir sobre isso.
— Abby — Sabine me chama e eu ergo os olhos para ela de novo, que continua me olhando estranho. — Enjôos, dores de cabeça, cansaço e seios sensíveis. O que tudo isso quer dizer?
Franzo as sobrancelhas.
— É tudo o que eu estou sentindo e...
Nós duas nos encaramos e o silêncio se estende, como se fôssemos cúmplices de algo que apenas nós soubessemos.
— Você está está grávida, Abby.
— Então...? — ouço a voz de Sabine do outro lado da porta, mas não respondo. Eu meio que estou sem voz agora.
Tento fazer as contas, enquanto espero os resultados dos malditos testes que Sabine saiu correndo para comprar. Afinal, o que estou sentindo pode ser apenas uma virose, certo? Minha menstruação ficou desregula por conta do anticoncepcional injetável, por isso quando ela não veio há semanas, eu deduzi que era esse o motivo e não que eu estava... grávida.
Eu deveria ter ido ao médico há mais de um mês, para tomar a injeção. Mas teve a inauguração da loja e eu fiquei animada e talvez tenha me esquecido, mas...
Paro de andar quando encaro os três testes dispostos na pia. Os três positivos.
Eu estou mesmo grávida.
Oi, galerinha!
O que acharam dessa revelação?
Não tenho muito para dizer hoje, então é isso <3
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2bjs, môres♥
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