Você Não Entende| Maratona De Um Ano ✔️
Ele está aqui.
Eu grito quando o homem que uma vez foi meu noivo, tenta me agarrar. Eu odeio o toque dele. Preciso sair daqui. Me livrar dele. Eu estou grávida e o bebê...
Tudo está girando. Eu giro e giro e giro... Parou. Eu ouço o barulho do meu corpo colidindo com o chão. Eu sinto o sangue e eu sei o que está acontecendo, sei porque minha barriga dói, mas não pode ser real, eu não posso...
— Abby. Abby, meu amor, é apenas um sonho.
Acordo com a voz de Dominic e seus braços ao meu redor. Eu não sabia que estava chorando ou gritando até ele tentar me acalmar, murmurando que vai ficar tudo bem.
Mas não vai. Não vai porque o pesadelo é real e eu perdi o meu bebê e eu me sinto vazia e sem vontade alguma de ficar bem. Eu não consigo ficar bem, só consigo pensar no meu bebê e em como eu estava feliz.
Eu nunca senti isso antes, essa tristeza que parece me consumir. Eu queria ser forte e dizer que vou superar, mas isso é diferente de superar que eu tive uma mãe abusiva e um relacionamento abusivo.
Eu perdi um filho. Ele tinha apenas seis semanas e eu só pude desfrutar daquela felicidade por três dias. E dói lembrar de como eu comecei a acreditar que poderia ser sim uma boa mãe e teria Dominic... Dominic que estava tão feliz quanto eu e nós fizemos planos e agora... agora...
Estou tremendo enquanto Dominic continua me abraçando e sussurrando coisas tranquilizadoras em meu ouvido. Eu me agarro a ele e choro até as minhas próprias lágrimas serem meus tranquilizantes.
Observo o sol nascer, porque independente das coisas tristes que acontecem com as pessoas, o sol nasce, inabalado. Eu queria ser como ele. Acho que já fui como ele uma vez e brilhava, achando um jeito de lidar com a minha vida.
Agora eu observo o sol, sentindo inveja e raiva dele. Mas eu não posso culpar o sol. A única pessoa a culpar sou eu.
— Eu devia ter deixado ele continuar. — digo quando ouço o farfalhar dos lençóis. Dominic acordou e ele mal dormiu.
Estou sentada na poltrona perto da janela, abraçando meu próprio corpo enquanto a luz fere meus olhos.
— Abby. — Dominic se aproxima, mas não me toca. Acho que ele não sabe o que fazer mais.
Já passou uma semana e até ele já deve ter parado de acreditar que vai ficar tudo bem. Não quando eu não saio do quarto ou quase não como.
Levo a mão a garganta, lembrando dos lábios de Finn beijando minha pele.
Eu me encolho.
— Se ele tivesse continuado, eu não teria perdido o meu bebê. — a dor de saber que eu poderia ter evitado isso não me deixa dormir.
Eu tenho pesadelos, às vezes sonho que não perdi o bebê, mas ele já nasceu e estamos na casa nova e felizes, como uma família. Mas então eu acordo e vejo que nada disso é verdade. E então eu me culpo por ter sido tão teimosa, como ele chamou.
— Querida, do que você está falando? — Dominic parece em dúvida se deve me tocar ou não. Viro-me para ele.
— Ele ia me estuprar — vejo Dominic ficar paralisado. — Mas eu o impedi. Eu o impedi e o acertei com uma garrafa depois. Mas se ele tivesse continuado...
— Não. — faz muito tempo que não ouço sua voz dura.
— Se eu não o tivesse impedido, eu não teria perdido o bebê... o nosso filho. — fico de pé, a fúria direcionada a mim mesma tomando conta.
— Se o preço para salvar o bebê, fosse deixar aquele filho da puta... — Dominic inspira rapidamente, as mãos tremendo quando ele passa no rosto. — Não. Você não deveria nem pensar nisso.
— Como não? Como eu não posso pensar nisso, sabendo que eu ainda poderia...
— Abby, querida, por favor — Dominic segura meu rosto em suas mãos, parecendo desesperado. — Você não teve culpa de nada e não podia fazer nada também. Finn é louco e o único culpado.
Balanço a cabeça, afastando-me dele.
— Você não entende. Você não consegue entender. — eu não consigo respirar e coloco o máximo de distância entre nós que eu consigo.
— Meu amor, eu entendo, eu...
— Não! — arfo, dando mais passos para trás, até bater na parede. Meu peito sobe e desce rápido demais para ser normal e eu tenho a sensação de ter vidro em meus pulmões.
— Deixe eu ajudá-la, ok? Eu posso...
— Saia daqui, por favor. — peço, deslizando até o chão. Eu comecei a chorar em algum momento e a dor... Deus, dói tanto. Essa coisa que parece que está me dilacerando de dentro para fora.
— Abby...
— Eu não consigo olhar para você — eu sussurro, lutando para fazer o contrário do que acabei de dizer e lhe encarando. — Não consigo olhar para você sem me perguntar se ele ou ela teria os seus olhos ou o seu sorriso... Eu simplesmente não posso... Eu não...
Levo a mão a boca para conter meus soluços, mas não posso fazer nada pelas lágrimas. É uma surpresa eu ainda conseguir chorar.
Dominic faz menção de se aproximar, mas eu automaticamente me encolho. Eu vejo a dor em seus olhos. Eu sei como me ver assim o está matando e como minhas palavras o magoaram, mas é verdade. Quando o efeito dos calmantes passam e eu acordo no meio da madrugada, o observo dormir e me pergunto se nosso filho seria como ele. E o fato de eu nunca saber disso dói tanto que passou a ser difícil olhar para ele e não me fazer esses questionamentos, de não lembrar.
— Eu vou pedir para trazerem o seu café da manhã. — Dominic diz. Eu não estou mais olhando para ele, eu não consigo fazer isso por mais de um momento.
Quando vê que não vou dizer nada ou lhe encarar, respira fundo.
— Se você precisar de mim, eu estarei no escritório.
Então ele sai e eu me afogo na minha tristeza e luto.
Encaro a porta depois de fechá-la, abrindo e fechando minhas mãos ao lado do corpo. Eu precisei de todo meu autocontrole para deixá-la sozinha lá dentro, quando tudo em mim grita para abraçá-la e secar suas lágrimas.
Vê-la desse jeito é mais doloroso do que qualquer coisa que eu já tenha sentido. Eu sabia como lhe consolar depois de uma briga com a sua mãe ou quando as merdas que ela viveu com aquele filho da puta a atormentavam, mas isso... Parece que ela está morrendo a cada dia e eu não posso fazer nada.
Passo a mão pelo rosto e vou para o andar de baixo. Preciso mandar lhe trazerem o café da manhã. Ainda é cedo, mas ela precisa comer antes de ir dormir de novo. Se dopar, seria o termo correto. E eu não posso julgá-la por isso. Quando não está imersa no luto e chorando, está dormindo depois de tomar comprimidos. Eu mesmo preciso de alguns desse às vezes.
Depois de eu mesmo preparar o café da manhã de Abby, peço a empregada que leve, então sento em uma cadeira na cozinha e respiro.
Eu deveria estar no escritório, tentando trabalhar, mas minha mente permanece em Abby.
Comecei a trabalhar de casa tem alguns dias, mas nunca estou concentrado o suficiente para fazer um bom trabalho e já saí no meio de uma reunião porque a empregada invadiu o escritório, preocupada com os gritos que estava vindo do quarto. Era Abby tendo um pesadelo.
Então eu estou sempre indo conferir se ela está bem, o que me leva a observá-la enquanto dorme, nos raros momentos que não tem pesadelo. Eu acabo perdendo a hora.
— Bom dia.
Ergo os olhos da mesa de vidro e vejo Liam abrir a geladeira. Está usando roupas de correr. Ele costuma dar voltas pela propriedade ou treinar na academia no anexo.
— Bom dia. — respondo depois de um momento.
Liam se senta a minha frente, bebendo direto da caixa de leite. Isso me faz querer sorrir porque me lembra a Abby.
Meu irmão me analisa e deixa a caixa de lado antes de perguntar:
— Você está bem?
Eu apenas lhe encaro, esperando que o que quer que ele veja em meu rosto e em meus olhos seja resposta o suficiente.
— Não, então — contesta. — Como ela está?
Desvio de seus olhos, voltando a encarar a mesa.
— Ela disse que não consegue mais olhar para mim.
Liam fica em silêncio, como se não soubesse se deve perguntar ou não. E esse tipo de coisa é raro para ele.
Por fim, ele pergunta.
— Ela culpa você?
Não. Sim.
Eu queria que ela culpasse, seria melhor do que culpar a se mesma. E o que ela disse, sobre preferir...
Fecho minha mão em punho.
— Não. Ela disse que sempre que olha para mim, se pergunta se o bebê teria os meus olhos ou o meu cabelo — balanço a cabeça quando a imagem dela encolhida no chão aperta meu peito. — E eu vi como dói para ela olhar para mim.
— Ah. Isso é uma merda.
Tenho vontade de rir outra vez.
— Eu nunca a vi assim, Liam — digo ao meu irmão, erguendo os olhos. — E eu não sei o que fazer se ela nem mesmo consegue olhar para mim direito.
— Dê tempo ela. Faz apenas uma semana.
— Eu estou tentando. Juro que sim. Mas ela não come, não sai daquele quarto e está vivendo de calmantes. Isso a está destruindo e eu tenho medo que ela não se recupere. — confesso a ele o meu medo, sabendo que deve estar desesperado agora.
— Já sugeriu que ela fizesse terapia? Eu ouvi que há grupos de apoio para mulheres que passaram pelo que ela passou.
— Já tentei, mas ela parecia não estar me ouvindo.
Frustrado, passo as mãos pelo cabelo. Não deve demorar muito para fios brancos aparecerem de tão preocupado e estressado que eu tenho andado ultimamente.
— Vou tentar falar com ela, o que acha? — Liam propõe. — Talvez o meu rosto bonito a convença a sair do quarto.
Anuo vagamente. Passou-se apenas uma semana, talvez na próxima ela esteja melhor.
Não percebo que Liam levantou até sentir sua mão em meu ombro.
— Nós vamos passar isso, irmão.
E eu quero acreditar nele.
Ja viram que sou alguém de palavra, né?
E gente, que dó da Abby. Eu tô completamente destruída. E o Dominic...💔
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2bjs, môres♥
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