Horas mais tarde quando a enfermeira volta, eu vou embora. Dei uma olhada em Kristine antes, mas ela estava dormindo, então eu não quis acordá-la.

Tenho uma sensação ruim sobre Abby não estar atendendo as minhas ligações. Liam também não e isso com certeza é um sinal de que Abby contou a ele. Para ser sincero, eu pensei nisso, mas sabia que ele não esconderia isso da Abby. Ele disse uma vez que nunca estaria em cima do muro porque estaria do lado dela.

A espera me fez pensar em como Abby chegou aqui e apenas duas pessoas sabiam de Kristine e uma delas trabalha comigo. Eu nunca contei explicitamente para Grace quem era Kristine, apenas mandei que ela fosse ao supermercado uma vez e levasse as compras para o apartamento, mas Grace não é burra e no dia seguinte ela me deu um olhar de quem sabia de algo, entretanto, nunca tocou no assunto.

Ela com certeza estava esperando a hora certa.

Chego na mansão, sentindo um calafrio ao notar o silêncio, o que também não é um bom sinal.

E ao chegar em nosso quarto, confirmo isso. Parece que um furacão passou por aqui, mas eu não me importo nem um pouco com as coisas destruídas quando vou até ao closet e vejo as roupas faltando.

Ela foi embora.

— Merda. — Dou um soco em uma prateleira, ignorando a dor que surge.

Respirando fundo, eu tento me acalmar. Preciso achar Abby para que conversemos. Eu não vou lhe subestimar achando que ela só está irritada. Eu a feri e ela foi embora, exatamente como qualquer pessoa na situação dela faria.

A primeira pessoa que ligo é Sabine e tento perguntar por Abby de um jeito que não a deixe preocupada, mas essa mulher deve ter algum detector e é claro que notou algo, mas mesmo assim disse que não está com a minha esposa.

Eu não tenho outra escolha a não ser acreditar nela, então continuo ligando. O próximo é Patrick e depois Phillipe, ambos deram a mesma resposta que Sabine: não sabem onde Abby estar.

Preciso me controlar bastante para não jogar o celular na parede.

Para onde mais ela teria ido? O antigo apartamento? Não tem nada lá, se já não foi alugado. Um hotel? Tem trilhões de hotéis nessa cidade, pelo amor de Deus!

Você fez isso a si mesmo.

Eu não sei para onde ela foi, ligar de hotel em hotel não deve ser tão ruim...

Olho para a porta quando ouço o barulho de algo e encontro Liam.

— Onde você estava? — Pergunto a ele — Eu estou te ligando a horas. A Abby sumiu...

Eu não termino de falar porque Liam acerta meu rosto com um soco.

— Qual a porra do seu problema? — Pergunta, claramente com raiva e deixando óbvio que sabe o que está acontecendo. — Você achou que ela não fosse descobrir?

— Eu não estou com tempo para isso...

— Não está com tempo? — é claro que ele me dá outro soco. Eu deixei das duas vezes, mas se ele... — Quanto tempo mais você ia esperar para contar a ela?

— Isso não é da sua conta. — Massageio meu rosto, enquanto o encaro.

— Você tem razão. Não é da minha conta porque foi você quem ferrou tudo outra vez. — Liam tenta socar meu rosto outra vez, mas eu desvio. Ele já devia estar esperando por isso porque não vejo quando o golpe chega e é bem em meu estômago.

— Você quer brigar, então? — me endireito, rindo um pouco porque eu ensinei todos os golpes que ele sabe hoje.

— Brigar? Não. Prefiro deixar você refletir um pouco. Depois você me diz como é perder a mulher que você ama.

— Você já sabe, afinal, sou eu quem está casado com ela. — Você é um babaca, Dominic.

— Eu não perdi a Abby, porque nunca a tive, mas você a teve e fez merda — Ele ri. — Do jeito que ela estava, será uma surpresa se ainda querer olhar para você um dia.

— Você a viu — contesto. — Onde ela está?

— Eu não sei e mesmo se soubesse, não diria a você.

— Ela é minha esposa...

— Sim, ela é, e não merecia passar por nada disso. Agora arque com as consequências. — Liam me dá as costas, saindo do quarto.

Sozinho, eu passo as mãos pelo rosto antes de socar a parede. Mas isso não traz Abby de volta e eu já não sei o que fazer.

    Eu quase não dormi, mesmo bebendo duas taças de vinho do Liam que achei no armário. No fim das contas, dormi apenas quando já estava amanhecendo e acordei logo.

Por sorte, no meu ataque de fúria ontem, coloquei um conjunto de roupa para malhar – coisa que não faço – mas foi útil hoje, por isso saí para correr.

Quando volto para o apartamento, não me surpreendo ao ver Liam.

— Ei, como você está? — pergunta.

— Você conhece algum advogado? — É a minha resposta ao abrir a geladeira e pegar uma garrafa de água.

— Por que você precisa de um?

Tomo um gole da água antes de responder.

— Porque vou pedir o divórcio.
   

Encaro a loja pela qual eu tanto sonhei, mas toda a felicidade e alegria que senti está agora manchada. Dominic me deu essa boutique como presente de casamento ou foi apenas para aliviar a sua consciência?

O que mais ele deve ter feito para não se sentir tão culpado?

A pergunta que mais tenho me feito, na verdade, é: por quanto mais tempo ele mentiria para mim?

— Abby?

Ao som do meu nome, viro-me apenas para encontrar Kristine na calçada. Ela não é muito mais alta que eu, usando roupas largas, mas que ainda são impossíveis de esconder sua barriga.

— O que você está fazendo aqui? — Procuro por Dominic ou alguma enfermeira já que ela não pode ficar sozinha, mas não vejo ninguém.

— Preciso falar com você. — Diz, aproximando-se.

— Dominic te mandou aqui? — eu não duvidaria disso.

— Não. Eu saí escondida quando a Marla achou que eu estava dormindo. — Dá de ombros.

— E o que você quer? — Meus olhos voltam para seus pulsos, para as gazes lá.

— Conversar e não diga que não. — Olha para a loja. — Podemos entrar? Meus pés estão doendo.

Penso em dizer não, mas ela está grávida e eu tenho o coração mole, então solto um suspiro e destranco a porta. Deixo que ela entre primeiro. Mantenho a placa de fechada, não sabendo se vou reabrir um dia, de qualquer forma.

— Eu estou ouvindo — aviso a ela. Cruzo os braços e a observo observar a loja.

— Quando fui atrás de Dominic, não sabia que ele estava com outra pessoa. Nunca foi a minha intenção ser um empecilho na relação de vocês.

— Meu rompimento com Dominic não é culpa sua. Dominic é o pai do seu filho, é mais do que obrigação dele assumir a responsabilidade. Se ele não fizesse, não seria o Dominic que eu conheço — você conhece um mentiroso. — O único erro foi ele esconder isso de mim.

— Você está sendo bem... compreensiva. — Kristine pega um vestido que parece ter gostado.

— Te culpar não seria sábio, não foi com você que eu me casei. — Eu estou sendo amarga, eu sei, mas é a dor agindo.

— Eu sei que você está se sentindo traída, mas o Dominic não...

— Por favor, não o defenda — peço, pois estou cansada.

— Eu preciso. — Kristine me enfrenta. — Dominic ama você. — Eu reviso os olhos, virando o rosto. — Todos esses meses que ele cuidou de mim, estava óbvio que não queria estar escondendo de você, Abby. Você pode não acreditar em mim, mas é verdade. Ele sempre falava de você. O tempo todo, chegava a ser chato. — Ela ri. — De certa, eu baguncei a relação de vocês sim, mas você deveria dar outra chance ele. Eu sei que não estou em posição de pedir isso, mas lhe dê essa chance. Ele me contou sobre tudo o que vocês passaram. Uma história como a de vocês não pode acabar por causa de um erro.

— Não foi só um erro, foram meses de mentiras. Meu casamento foi uma mentira. — Engulo o nó em minha garganta para não chorar novamente e desvio dos seus olhos.

— Eu sei que você não acredita totalmente nisso...

Quando Kristine para de falar, volto meus olhos para ela e preciso de um momento para registrar a emoção em seu rosto e as mãos em sua barriga.

— O que foi? — Pergunto, alarmada.

— Eu não sei, eu senti uma dor... — Quando ela se curva de dor, eu ajo, fazendo com que se sente em um puff e ajoelho-me em sua frente.

— Kristine, de quantos meses você está?

— Quase nove, ainda não está na hora...

Mas a mancha em suas calças diz outra coisa.

— Sua bolsa estourou. Você está entrando em trabalho de parto.

Olhamos uma para a outra por um segundo, nenhuma das duas sabendo o que fazer. Aqui está a mulher que carrega um filho do meu marido. Outra pessoa no meu lugar talvez a odiasse, mas além de não ter lógica, não sou capaz disso.

E é por esse motivo que ajudo Kristine a ficar de pé e passo seu braço por meu ombro antes de tirá-la da boutique e levá-la ao carro.

Obrigada, Liam, pó ter insistido em me emprestar a sua Lamborghini.

Eu ultrapassei todos os sinais possíveis enquanto corria em busca do hospital mais próximo, correndo o risco de causar outro acidente, mas o meu maior medo era que Kristine tivesse o bebê no carro.

Felizmente isso não aconteceu e eu chego ao hospital, gritando por ajuda enquanto as contrações de Kristine ficam cada vez mais fortes e curtas.

Enfermeiros aparecem para ajudar, colocando-a em uma maca.

— Vai dar tudo certo, ok? — digo a ela. Estamos praticamente correndo, os enfermeiros dizendo coisas entre si, mas eu seguro a mão da Kristine enquanto isso.

— Fique comigo... Por favor... — é o que ela pede entre um grito e outro. Ela está tão apavorada que eu não poderia negar isso nem que eu pudesse.

— Eu não vou à lugar algum.

••••

Oioi, pessoas!

O que acharam do capítulo??

No lugar da abby, oq vcs fariam??

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2bjs, môres♥