Jantar
— O que você acha de eu colocar o sapatos aqui e os vestidos na parte de cá? Estava pensando em arrumar tudo por cor, mas nem eu sou tão organizada assim, seria hipocrisia, você não acha?
Viro-me para Louis que está me encarando enquanto mantém a chupeta na boca. Não espero uma resposta sua, é claro, então pego os pares de sapato para pôr na prateleira apenas de teste. Ontem eu tinha arrumado algumas roupas que já chegaram, mas não gostei e tirei tudo.
— Você acha que esse devem ir para a vitrine? — encaro os sapatos de camurça vermelho, tão lindo que é doloroso não pegá-lo para mim. — Sim, com certeza vai para vitrine.
Ainda não tenho uma data de inauguração e com o casamento em três semanas (tudo o que consegui na semana que passou foi marcar o vestido) não acho que eu vá abrir até voltar da lua de mel. Mesmo assim não consigo conter minha ansiedade e com apenas metade da metade do que encomendei tendo chegado, vim arrumar algumas coisas.
A boutique vai vender o tipo de roupa que eu gosto, o que significa que terá bastante roupa curta e decotada. Acredito que irá atrair um bom público, mas ainda tenho medo de o negócio não ir para frente. Eu não estarei decepcionando apenas a mim mesma, mas também Dominic que confiou em mim e investiu em meu sonho.
A minha tentativa fracassada de agradecer pelo o que ele tem feito por mim foi por água baixo e eu nunca mais vou tentar cozinhar na minha vida. Depois daquele desastre nós pedimos pizza e eu tentei esquecer o ocorrido.
Ainda me incomoda não poder retribuir pelo menos um pouco tudo isso. Dominic realizou meu sonho, sim, mas acho que ele ainda não sabe como esse gesto mexeu comigo. Não dá para evitar comparar, pois quando eu contei a Finn sobre esse sonho, ele me fez acreditar que eu não seria capaz de administrar um negócio e talvez seja por isso que ainda tenho um pé atrás, mas enquanto a insegurança causada pelas palavras de Finn tentam me abalar, Dominic está ao meu lado, me encorajando, investindo em mim. É mais do que ele comprar uma loja, é a confiança que ele tem mim e o seu amor, o quanto ele quer me fazer feliz.
Isso é algo que não consigo descrever em palavras para ele.
Estou pensando nisso quando ouço uma batida na porta de vidro. Está fechada, por isso a mulher que está batendo não entra. Vou até lá abrindo e sorrindo um pouco.
— Posso ajudar? — encaro a mulher loira no terninho roxo escuro. Ela é bonita, mais alta que eu e não é por causa do salto 15. Seu sorriso é perfeito e ela ergue a mão para mim.
— Sou Charmaine Benson.
— Ah, oi.
Aperto sua mão depois de reconhecer seu nome. Eu mesma marquei com ela hoje, apenas não tinha notado que já passa das 14h. Abro espaço e deixo que ela entre.
Talvez não seja o melhor lugar para falar com uma cerimonialista, mas é onde me sinto mais confortável em estar. Liguei para ela há dois dias depois de perguntar a Karen se ela tinha alguma cerimonialista para me indicar. Ela garantiu que Charmaine é a melhor da cidade.
Charmaine olha em volta e depois para mim.
— Você trabalha aqui?
— Sim, mas ainda não estamos funcionando.
— Certo... Ok, vamos falar do que interessa. O que você tem em mente até agora?
Sinto minhas bochechas corarem de vergonha. Eu não tenho nada em mente. Absolutamente nada além de que não deve ser na igreja. Pode parecer que eu não estou muito animada, mas a verdade é que já planejei um casamento antes e não acabou bem.
— Bem, eu pensei em... — encaro Louis, esperando que ele me dê uma saída, o que ele faz sem perceber ao estar vestido com uma roupinha vermelha. — torta de morango.
— Torta de morango? — Charmaine para antes mesmo de começar a digitar.
— Uhum, eu amo torta de morango.
Ela me encara por uns segundos, então deixa seu tablet de lado, me olhando com o que parece ser simpatia.
— Querida, você irá se casar com um dos empresários mais importantes do país, e tudo que pensou foi em torta de morango?
Luto contra o rubor em minhas bochechas.
— Não, mas é por onde eu quero começar.
A loira força um sorriso, assentindo.
— Onde está o Dominic? Achei que o noivo ia querer participar, apesar de não ser a cara dele gostar dessas coisas. — Charmaine ri e não deixo de notar como ela disse o nome de Dominic. Ela não o chamou de Sr. Davenport como todo mundo que não é próximo dele.
— Você e o Dominic se conhecem? — espero que isso tenha saído com naturalidade e que eu não esteja franzindo as sobrancelhas.
— Sim. Nos esbarramos algumas vezes. Você sabe, Seattle pode ser bem pequena às vezes.
Sim, bem pequena mesmo.
Foram as duas horas mais inúteis da minha vida. Eu posso não ter nada planejado, mas Charmaine me mostrou algumas coisas que ela achou que combinaria comigo e com Dominic. Eu não sei se ela andou fuçando a minha vida, mas Charmaine praticamente me apresentou o meu quase casamento de dois anos atrás.
Ela ficou falando sobre as flores e as mesas e como aquilo ficaria bonito ali e só calou a boca quando eu disse que o casamento não seria na igreja. Isso pareceu deixá-la decepcionada, mas ela seguiu em frente, me mostrando outras coisas. Como eu disse que queria começar pela torta de morango, ela sugeriu a prova de doces para amanhã e com o casamento perto, não recusei.
Depois de ela ir embora, fui para o meu apartamento e Patrick e Sarah tinham acabado de chegar. Minha sobrinha me ajudou a dar banho em Louis enquanto me contava da escola.
— Onde vai ser o jantar? — Patrick me pergunta da cozinha quando volto do quarto depois de colocar Louis para dormir.
— Eu esqueci de mandar o endereço! Droga. — bato na minha testa e pego meu celular, enviando o endereço do restaurante para os meus irmãos.
Depois do que aconteceu no supermercado e o que aconteceu ontem, Dominic resolveu que seria melhor que o jantar com a minha família acontecesse em um restaurante. É claro que agora todos já sabem do noivado, mas Dominic sente que ainda deve isso aos meus irmãos e ao meu pai. Jeff e Sabine também vão. Por falar nisso...
— Você vai levar alguém? — é uma forma sutil de perguntar se ele está namorando, é claro. Patrick ri com a minha tentativa discreta.
— Não, mas estou disposto a conhecer suas amigas. — tão cafajeste, ele e Liam vão se dar bem.
— Pode manter o seu pau dentro das calças e bem longe das minhas amigas. — aviso. Mesmo atualmente minhas amigas mais próximas sendo Karen e Beatrice e ambas estão fora de cogitação, principalmente pelo o que acontece entre as duas. A outra é Sabine, que é cunhada dele, então Patrick vai ficar solteiro se depender de mim.
— Isso é injusto. Você só conheceu Dominic porque ele era nosso amigo.
— Sim, mas só nos aproximamos porque nos encontramos na mesma festa. — abro a geladeira e pego a garrafa de Coca-Cola.
— O aniversário do nosso pai?
Dou risada.
— Não, aquela que o Davis e a Julie ficaram e eles eram primos. Lembra, foi logo depois do colégio, foi o maior escândalo. — abro a garrafa, bebendo diretamente na boca. Só tem um pouco de qualquer jeito.
— Isso foi há sete anos — Patrick está franzindo as sobrancelhas. Confirmo. — Então você ficou com Dominic há sete anos? Quando ele era melhor amigo do Phillipe, e meu amigo e frequentava a nossa casa?
Oh, merda.
Tento engolir a Coca o mais rápido possível, ciente que um pouco escorre pelo canto da minha boca.
— Vocês não eram tão amigos assim. — dou uma risada nervosa. Talvez eu tenha deixado de fora para meus irmãos sobre minha primeira aproximação com Dominic.
— Eu não acredito que vocês enganaram a gente. Você ficou com ele quando ele ia lá em casa? — Patrick parece horrorizado. Faço uma careta.
— Não! Ele é três anos mais velho. Se isso tivesse acontecido, ele teria dezeseis e eu... — faço as contas rapidamente. — treze! Eu nem beijava com essa idade, muito menos fazia sexo.
— Eu não quero detalhes. Ele traiu nossa confiança. — eu não acredito que ele está mesmo bravo com isso. Foi há anos, caramba.
— Pare com isso, Patrick. Quando nos envolvemos, e foi só uma vez, vocês já tinham se afastado e eu tinha dezoito anos. Além do mais, isso não importa agora, estamos juntos, vamos nos casar e ser felizes para sempre.
Meu irmão ainda fica emburrado e quando vai embora com Sabine e Steve que vieram buscar as crianças, ele ainda parece pensar no assunto e sei que vai fofocar com meus outros irmãos.
E nós temos um jantar em três horas. Que maravilha.
Sei que vou chocar todo mundo com o vestido verde de gola alta que estou usando. Ele é costas nua e vai até metade das coxas. Parece comportado se tirarmos uma foto mostrando apenas matde do meu corpo e eu não estiver de costas.
Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto e ondulei um pouco a franja igual fiz com as mechas do rabo de cavalo.
Estou terminando de passar o batom quando Dominic manda mensagem avisando que já chegou. Solto um beijo para meu reflexo no espelho e apago a luz, dando tchau para Lena enquanto saio do apartamento com minha bolsa de brilho e saltos pretos nos pés.
Dominic sorri quando entro no carro e eu lhe dou um beijo.
— Oi.
— Oi.
Ponho um cinto de segurança e checo meu batom mais uma vez no espelho do carro. Quando me acomodo, percebo Dominic me olhando.
— O quê?
— Nada, só estou admirando a minha futura esposa.
Me sinto boba por corar, mas gosto disso, por isso lhe dou outro beijo, mais demorado dessa vez.
Quando me afasto, ele da partida, sua mão em minha coxa.
É um sensação boa essa, estar aqui, com ele, indo encontrar a minha família. Não achei que eu pudesse me entregar a alguém a esse ponto. Depois de uma decepção amorosa que quase me destruiu, me tornei mais uma daquelas pessoas que acham que nunca irão encontrar o amor da sua vida. Me senti assim por muito tempo até perceber que para encontar alguém para amar, eu precisava amar a mim mesma primeiro para depois me permitir amar alguém e ser amada.
— Como foi o seu dia? — Dominic me tira dos meus devaneios.
Animada, conto a ele de algumas coisas que comprei para enfeitar a loja, como uma placa de "Aberto e Fechado" em neon. É brega, mas eu gostei. Perguntei o que ele achava de eu colocar flores no lugar e ele adorou a ideia. O fato de ele estar prestando atenção no que eu digo faz um pico de felicidade enorme disparar dentro de mim.
— E depois teve o encontro com a cerimonialista. — brinco com seu relógio, enquanto relembro o encontro com Charmaine.
— E como foi? — Dominic aperta minha coxa para que eu continue, já que parei de falar. Eu hesito, não sabendo se falo dela com ele. Claramente eles tiveram um caso e eu juro que não estou com ciúmes, mas ainda é um pouco desconfortável que a mulher que vai me ajudar a planejar nosso casamento já tenha dormido com ele.
— Vou dizer apenas porque não temos segredos um com o outro.
Ele desvia os olhos para estrada antes que cause um acidente e lhe conto sobre o encontro com Charmaine.
— Quanto tempo durou o caso de vocês? — pergunto, fingindo desinteresse.
— Foi apenas uma noite — quando não digo nada, ele olha para mim de relance. — Eu juro.
Balanço a cabeça.
— Não precisa jurar, eu acredito em você. Mas aquela mulher fez parecer que foi mais que isso e eu apenas não gostei. — dou de ombros, sendo sincera com ele.
— Contrate outra cerimonialista. Existem outras por aí, não precisa ser a Charmaine.
— Ela vai acha que eu me importo com o que aconteceu entre vocês e estou com ciúmes, o que não é verdade. Além disso, não podemos sair dispensando cerimonialistas assim, temos apenas três semanas. — falar isso em voz alta trás um peso para meus ombros, porque três semanas é realmente pouco tempo.
— Eu deveria ter estado com você hoje, mas achei que você gostaria de organizar tudo do seu jeito. — Dominic parece culpado e eu lhe aperto a mão.
— Eu não pedi que você estivesse por causa do seu trabalho.
Ele balança a cabeça.
— Você vem sempre em primeiro lugar. E a partir de agora não estará lidando com tudo isso sozinha.
— Tudo bem. — tento conter o sorriso, mas é impossível. Com ele ao meu lado, organizar tudo será bem mais fácil.
Depois de um tempo, Dominic volta a falar.
— Você já escolheu o nome para a loja?
— Não. Não consigo pensar em nada legal. — isso é verdade e eu passei a manhã pensado nisso.
— Por que não põe seu nome?
— Abby?
— Sim, você tem outro?
— Marion.
— Merda, eu esqueci disso.
Dou risada, mas cogito a ideia. É narcisista, mas não é tão ruim.
É isso. Será Abby.
Somos os primeiros a chegar e guiados até nossa mesa no meio do restaurante. Dominic puxa a cadeira para mim e depois se acomoda ao meu lado.
— Você quer vinho? — Dominic pergunta quando um garçom se aproxima.
Anuo, alisando meu vestido. Ele pede uma garrafa, como sempre e quando o garçom tráz, ele mesmo nos serve. Antes mesmo que Dominic tenha a chance de beber da sua taça, eu ja estou virando a minha.
— Uau. Isso foi rápido. Você está bem? — sua mão vai para minha nuca e ele começa a fazer massagem, aliviando minha tensão.
— Talvez eu tenha deixado escapar para Patrick que você e eu já tínhamos nos envolvido há sete anos. Pat acha que você traiu a confiança deles.
Não registro a reação de Dominic pois avisto minha família chegando e fico de pé. Dominic me acompanha e nós os observamos se aproximar. Parece mais uma comitiva da moda. Patrick usa um terno rosa bebê com uma camisa preta, sem gravata. Phillipe veste um terno preto, enquanto ssu marido usa um branco. Steve, sem surpresa, veste jeans, uma camisa social azul e um blazer. Papai, o mais baixo deles, também usa um terno preto. Apenas Sabine está de vestido, inclusive é lindo, rosa de um ombro só.
— Pai. — não perco tempo e corro para o meu pai, tão feliz em vê-lo que tenho vontade de chorar. Eu não o vejo desde aquele dia fatídico.
— Querida, você está linda. — papai sorri para mim quando finalmente o solto, realmente achando que posso chorar.
— Obrigada, papai.
Viro-me para Philipe, saltando em cima dele também. Eu não os vejo a tanto tempo...
— Você está chorando? — Philipe pergunta quando me ouve fungar. Faço que não com a cabeça, ainda lhe abraçando.
— Você se tornou uma pirralha emocionada. — Phillipe brinca, me apertando.
— Idiota. — eu o empurro para longe e abraço meu cunhado. Tenho noção de Dominic cumprimentando Steve.
Mesmo tendo visto Sabine hoje, dou um abraço rápido em minha cunhada e em meu irmão mais velho.
Nós nos sentamos e o garçom volta para servir vinho.
— Onde estão meus sobrinhos? — pergunto a Sabine que está sentada de frente para mim, pois com Patrick e eu aqui, não tem com quem eles deixarem as crianças.
— Deixamos com Martha — minha cunhada responde, se referindo a vizinha. — É mais como um teste.
— Vocês não precisam ter pressa em arrumar alguém para cuidar deles, Patrick e eu estamos cuidando de tudo.
— Gostou de bancar a babá? — Steve diz antes que Sabine possa. Meu irmão arqueia a sobrancelha. — Está treinando para o futuro?
Eu sei que ele está brincando, mas a pergunta me deixa um pouco tensa. Dominic e eu nunca falamos sobre isso, o que é irônico.
— Talvez eu devesse treinar assassinato com um garfo. — sorrio brilhantemente. Steve começa a retrucar, mas Phillipe interrompe.
— Podem parar de agir como crianças? Estamos fazendo Dominic passar vergonha.
Acho que Dominic vai refutar, mas mais uma vez meu irmão mais velho se intromete.
— Ele é noivo da Abby, com certeza conhece a criança interior de cinco dela.
Encaro Sabine.
— Você vai sair daqui viúva. Eu juro.
Minha cunhada balança a cabeça, querendo rir. Steve se contém depois disso e Patrick vê a oportunidade perfeita para falar.
— Então, vocês vão falar o motivo do jantar?
Ele sabe exatamente o motivo, por isso eu o encaro como os olhos semicerrados.
— Você sabe exatamente o motivo.
— Nós e Seattle inteira. — murmura Phillipe, se servindo do vinho. Lhe fuzilo com olhar, porque ele era o último que eu esperava que jogasse mais lenha na fogueira.
— Eu sei que vocês devem estar chateados... — começo, pois sei que-
— Chateados é eufemismo — sem surpresa, Steve interrompe. — Somos sua família e os últimos a saber.
Solto um suspiro. Eu já imaginava essa reação deles e realmente não estão errados. Eu deveria ter-lhes comunicado e me sinto culpada por excluí-los...
— A culpa é minha, na verdade — giro a cabeça para encarar Dominic. — Nós pretendíamos contar no dia seguinte que a Abby aceitou, mas a mídia descobriu primeiro e é o que é agora.
Posso ver como ele ainda se culpa por aqueles jornalistas me encurralarem no supermercado.
— Nós entendemos, Dominic — meu pai, que Deus o abençoe, diz, calando meus irmãos. — Nós só queremos que você e a Abby sejam felizes.
Papai sorri para nossas mãos entrelaçadas na mesa e mais uma vez, a vontade de chorar ameaça borrar minha maquiagem.
— Nós seremos — Dominic garante, apertando minha mão, voltando seus olhos para mim. — Seremos muitos felizes.
Sorrio quando ele beija minha mão, lembrando-me da noite em que nos reencontramos, também em um jantar.
— Bem... — Steve pigarreia e Sabine lhe dá um tapa por isso. — Quando será o casamento?
Agora é a hora da verdade.
— Em três semanas. — solto a bomba e viro a taça de vinho. Segundos depois, Steve está engasgando e o resto da minha família me olha de boca aberta, menos Sabine que já sabia porque contei no dia seguinte.
— Você está grávida? — Jeff pergunta ao sair do seu transe.
Agora é a minha vez de tossir.
— É por isso? — Patrick embarca na teoria também.
— Se for assim, então está tudo bem. Eu com certeza teria obrigado você a se casar com a minha irmã se a tivesse engravidado. — Steve diz a Dominic que me dá a taça com água.
— Rapazes. — papai os silencia mais uma vez quando eu me recupero, tendo certeza que estou vermelha.
— Eu não estou grávida. — digo com a voz rouca.
— Então por que se casar tão rápido? Vocês se conhecem há quanto tempo? Um mês? — meu irmão mais velho questiona.
— Três meses e três semanas. — murmuro.
— Não faz muita diferença. Não acham que estão se precipitando?
— Ninguém disse nada quando você contou que ia casar com a Sabine, então porque esse alvoroço todo? — talvez eu esteja perdendo a paciência com Steve. Nem meu pai disse nada, apesar de parecer surpreso.
— Você não tem nem emprego, Abby ou esse é seu plano, ser bancada por ele?
Suas palavras me acertam como um tapa na cara.
— Steve. — Sabine aperta seu braço, tentando chamar sua atenção, mas meu irmão mantém seus olhos nos meus.
— Se eu quisesse ser bancada por alguém — mantenho minha voz baixa, mesmo meu coração batendo rápido. — não ia precisar me casar. Espero que isso responda sua pergunta. Com licença.
Ponho o guardanapo na mesa e me retiro, indo para o banheiro.
Na segurança das paredes brancas, me recosto na pia e solto um suspiro. É tão raro eu brigar com meus irmãos. Temos discussões idiotas, que acontece com todos os irmãos, mas o ocorrido na mesa é mais do que isso.
— Eu sinto muito — Sabine diz ao entrar no banheiro. — O Steve, ele...
— Não se desculpe por ele — aceito a mão que ela me oferece, como conforto. — Eu sei que ele não quis dizer aquilo.
— Às vezes ele é tão grosseirão. — suspira e eu sorrio porque a entendo.
— Eu entendo que ele tenha essa... visão. Imagino que seja isso que todos pensam. Dominic e eu somos diferentes o suficiente para as pessoas questionarem a nossa relação.
— Essas pessoas são idiotas, incluindo o seu irmão. Está tão na cara que vocês se amam. Chega a ser enjoado.
Dou risada.
— Se reagiram assim porque vou me casar em poucas semanas, quando souberem da loja...
— Que loja? — Sabine arqueia a sobrancelha. Eu acabei esquecendo de contar a ela essa novidade.
— Dominic me deu uma loja como presente de casamento.
Como quando contei do pedido de casamento, sua reação é surpresa misturada com choque.
— Meu Deus! Se um dia você se separar dele, eu serei a primeira na fila.
— Tenho certeza que meu irmão irá adorar a ideia. — balanço a cabeça, mas sorrio.
Conto a ela como tudo aconteceu, emitindo sobre porque nós brigamos. Ninguém da minha família sabe sobre Finn, nem mesmo Sabine e eu não irei envolvê-la nisso.
Depois, Sabine e eu voltamos para a mesa. Não há tensão, mas eles se calam quando nos sentamos.
— O motivo do jantar não é para pedir permissão — começo, ajeitando o guardanapo em meu colo. — Dominic e eu vamos nos casar e ponto. A única pessoa de quem aceito alguma objeção, é o meu pai e ele está feliz por mim e vocês deveriam seguir o exemplo.
Por fim, ergo os olhos para Steve, que para seu crédito, parece envergonhado.
— Desculpe-me pelo o que eu disse. — eu acredito em suas palavras, por isso deixo o assunto de lado. Provavelmente vou me torturar com isso mais tarde.
— Já decidiram o que vão pedir? — desculpa clássica para mudar de assunto, mas realmente estou com fome.
Nós fazemos o pedido e aos poucos a conversa vai voltando ao normal. Para minha surpresa, minha família reage bem quando conto sobre a loja, talvez seja porque eu não consigo esconder a felicidade na minha voz, mas eles não me julgam – não na minha cara.
Mesmo com os contratempos do início, fico feliz por jantar com a minha família. Me sinto um pouco horrível por não sentir falta da minha mãe e agradeço por ninguém tocar no assunto.
Fico realmente surpresa ao olhar para todos na mesa e não chorar.
De fato, eu nunca estive tão feliz na minha vida.
Acordo no meio da noite depois de um sonho – praticamente um pesadelo – com Finn. Para falar a verdade, tem sido assim na última semana.
Consigo me desvencilhar de Dominic e sair da cama. Pego sua camisa jogada no chão e visto, indo para o banheiro. Passo uma água no rosto e suspiro.
Estamos na cobertura de Dominic e é mais porque achei que ficar aqui faria os pesadelos pararem. Dominic não sabe, eu não quis lhe preocupar. Ele já está cuidando para que achem Finn, fora o que Bruce contou. Nessa última semana tudo pareceu dar uma pausa – quando esses sonhos infelizes começaram.
Volto para a cama, me aconchegando debaixo dos lençóis. Dominic me abraça como se eu fosse um urso de pelúcia e eu tento dormir de novo.
Oi, gente!
Desculpa não postar ontem, tava com preguiça KKKKKKKK.
Por hj é só <3
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2bjs, môres♥
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