Esse Sempre Foi O Nosso Destino

   O momento mais icônico da minha vida deve ter sido, com certeza, quando liguei para Jimie para pedir que ele fizesse a lista de pessoas que eu acidentalmente convidei para o meu casamento, porque eu – a noiva – não sabia para quem enviar os convites ou quantas pessoas eram, o que atrasou – para variar – basicamente tudo.

Sem saber quantas pessoas seriam, não poderíamos saber quantas mesas seriam necessárias ou quantos pratos ou produtos ou a quantidade de comida. Ou seja, no meu próprio casamento, eu não fui a coisa mais importante. Mas como basicamente tudo era culpa minha por ser uma bêbada que não sabe manter a boca fechada, não fiquei chateada.

Hoje, no dia da minha – rufem os tambores – despedida de solteira, eu estava mais uma vez bêbada. E sim, eu sei que disse que não ia mais beber e blá blá blá, mas seria como dizer que eu não iria olhar para uma pessoa gostosa nunca mais na vida – ou seja, não poderia me olhar no espelho – e se eu tivesse prometido isso, também teria quebrado esse juramento porque eu estou agora – além de ficando bêbada na noite antes do meu casamento – olhando para o homem pairando acima de mim, fazendo uma dança que deve ser considerada erótica.

E não, não fui eu que contratei esse striper super gostoso que não poderei pôr as mãos – no sentido literal porque alguém amarrou elas atrás das minhas costas – e a striper super gostosa também que está definitivamente me fazendo odiar a minha bissexualidade.

— Por que mesmo eu vou me casar? — grito para Sabine que está dançando com outro striper. — Quem inventou a monogamia? Diga-me e eu matarei essa pessoa.

— Querida, lembre-se que você ama o seu noivo, que pode estar possivelmente com uma loira gostosa se esfregando nele.

Faço uma careta, mas sei que pode ser verdade e eu estarei assassinando Liam amanhã.

O cara gostoso me dá uva na boca, seu corpo sarado brilhando com suor.

Estamos no meu apartamento que está sem qualquer ítem pessoal meu, já que foi tudo empacotado e mandado para o apartamento de Dominic.

— Eu preciso fazer um telefonema. Alguém pode me desamarrar? — choramingo, porque não posso ficar mais uma minuto olhando essas duas pessoas seminuas.

O striper gostoso me desamarra e eu cambaleio até a bancada, atrás do meu celular. Eu o acho e vou para o banheiro, trancando a porta. Me acomodo dentro da banheira e procuro o número do meu noivo.

Ligo e ele atende faltando pouco para a mensagem ir para a caixa postal.

Está me ligando por que foi presa? — Dominic pergunta do outro lado da linha.

— Touché! — dou risada (culpa do álcool).

Então, como estão as coisas com os striper's?

— Quem te contou?

Beatrice está aí, então é claro que teria striper's. — diz simplesmente. Ele está errado, porém. Sabine é responsável por isso.

— E você está com o Liam, então presumo que haja uma mulher loira aí com você.

— Estou detectando ciúmes?

Franzo as sobrancelhas.

— Não. Eu não estou com ciúmes. Só não transe com ela, não seria legal da sua parte.

— A única mulher com quem eu irei transar, é você — faz uma pausa. — A não ser que você queira experimentar outras coisas.

Sorrio.

— É um assunto em discussão.

Não digo mais nada por um tempo, ouvindo a música do meu próprio apartamento e de onde quer que Dominic esteja.

Não sei por que liguei para ele. Eu não fui contra a despedida de solteiro, mas preferia estar assistindo TVD com meu noivo e minha cachorrinha enquanto me entupia de besteiras.

Eu sei, também é chocante para mim preferir ficar em casa. A Abby de antigamente deve ter vergonha de mim.

— Você está bem? — Dominic pergunta quando continuo sem falar nada. É injusto com ele. Não é porque eu preferia ficar em casa, que ele também tem que compartilhar o mesmo desejo.

— Bem bêbada, mas não chapada. Isso é um avanço, né? — giro o anel de noivado em meu dedo. Adquiri essa mania nas últimas semanas.

— Com certeza — Dominic faz outra pausa. — Steve nos trouxe à um bar onde só tem cowboys. Ele deve ter achado que eu odiaria. Você sabe, eu sou um playboy e tal. Mas a cerveja daqui é boa.

Dou risada, porque Steve com certeza devia querer fazer dessa noite a pior da vida de Dominic.

— Sinto muito. Acho que ele e os outros ainda não perdoaram você por pegar a irmãzinha deles anos atrás. — reviro os olhos. Dominic, Liam e meus irmãos se reaproximaram desde que eles foram provar ternos juntos, mas ainda há essa tensão idiota.

Se eu soubesse que seria assim, eu não teria deixado você me seduzir naquela festa.

— Eu não seduzi você! — digo indignada, lembrando daquela festa, tantos anos atrás quando transamos pela primeira vez, naquele banheiro.

Você flertou comigo a festa toda.

— E você me roubou um beijo!

Lembro-me muito bem disso. Talvez eu tivesse flertado com ele, mas foi ele quem me colocou contra uma parede e me beijou (eu não tentei impedí-lo, mas isso não é relevante).

Você estava de batom vermelho. Foi impossível resistir.

— Então apenas por causa do meu batom, você me levou para um banheiro e transou comigo? — arqueio a sobrancelha, mesmo sabendo que ele não pode ver.

— O seu perfume também. Cereja e algo mais que nunca consegui identificar, mas me deixa louco até hoje.

Ele nunca tinha me falado sobre isso.

— Eu pensava naquela noite com frequência, antes — continua, parecendo imerso em seus pensamentos. — Você foi a única garota que me intrigou de verdade. Eu deveria saber que ia casar com você algum dia.

— Esse sempre foi o nosso destino. — é meio bobo dizer isso, mas é a única explicação.

Abby, eu... — espero pelo que ele vai dizer, pensando se acabei de imaginar sua hesitação, mas ele para quando alguém parece bater na porta. — É o Liam. Eu preciso ir.

— Tudo bem. Divirta-se, mas não muito. Eu te amo.

Eu te amo.

Quando ele desliga, ainda estou curiosa para saber o que ele tinha para falar, mas deixo minha curiosidade pra lá e saio do banheiro e rapidamente sou puxada para dançar com Sabine e Beatrice.

— Fica quieta. Você vai parecer um palhaço assim. — Lúcia me repreende enquanto tenta me maquiar. Ela, Natan e Flora estão trabalhando para fazer eu parecer a noiva perfeita. Fazia um tempo que eu não via os três.

— Meu olho está coçando. — murmuro, depois que Lúcia dá um tapa na minha mão. Ela já foi mais delicada.

— Respira que passa, querida. Agora. Fica. Quieta.

Mostro a língua para ela. Nada adulto da minha parte, é o que ela parece dizer ao me olhar com advertência outra vez.

A cobertura de Dominic parece mais um camarim de desfile do que um apartamento.

Eu reinvindiquei a suíte principal e deixei ele com o meu antigo quarto, o qual eu nunca usei de verdade.

Não vejo meu noivo desde ontem, antes de cada um ir para sua despedida de solteiro, mas ele me mandou uma mensagem horas atrás.

"Bom dia, futura Sra Davenport".

Foi quando a ficha realmente caiu.

Eu vou me casar daqui há duas horas. Nossas famílias e amigos vão estar lá e eu vou dizer "sim" para Dominic. Vamos casar e ser felizes. Eu nunca achei que algo assim estaria esperando por mim quando levei Dominic para o meu apartamento, há quatro meses atrás.

A realidade disso me deixou nervosa o dia todo. Eu não consegui comer nada e o casamento será às 18h00, quando o sol estiver se pondo totalmente.

São 16h00 agora.

— Temos um probleminha. — Sabine entra no quarto, com bobes na cabeça e usando um roupão. Encaro-a através do espelho da penteadeira que trouxeram do meu antigo quarto.

— É o vestido? — Natan pegunta, terminando com meu cabelo. Está metade solto e o resto preso, um pente encrustado de safiras que Lauren me deu, enfeitando.

— Não...

— Então você pode resolver sem precisar incomodar a noiva. — Natan ignora minha cunhada, mas viro-me para ela, sob os protestos do cabeleiro e da maquiadora.

— É o buffet.

— O que tem o buffet?

— Azar ou coincidência, a vigilância sanitária apareceu quando o pessoal estava indo para o local e acharam comida estragada.

Sabine tem o olhar mais triste do mundo, misturada com desespero. Ela não sabe o que fazer.

— Pede pizza. — sugere Natan.

— Você esqueceu com quem ela vai casar? Não podemos servir pizza. — Sabine rebate, indignada.

— Sushi?

Eles começam a discutir, enquanto eu me volto para o espelho, encarando a maquiagem quase finalizada de Lúcia.

Não temos um buffet. Não temos o que servir na festa. Simplesmente isso, como se já não bastasse o atraso das flores ou a chuva que deu no início da manhã.

O que tudo isso cheira? Mal presságio.

É engraçado, porque quando eu ia me casar com Finn, tudo parecia perfeito. Eu estava nervosa, mas é normal e culpada por ter dormido com o melhor amigo dele, mas tudo estava perfeito. Até mesmo a minha mãe estava orgulhosa de mim.

Minha mãe. Ela não está aqui hoje, é claro. E eu... eu queria que ela estivesse orgulhosa de mim agora. Mesmo depois de tudo, ainda queria que ela estivesse aqui. Apesar desse desejo bobo, tenho certeza que estaríamos brigando porque... Bem, eu não vou casar com a pessoa que ela quer. Ela provavelmente reclamaria do meu batom e do meu salto, que também é vermelho.

— Abby, o que vamos fazer? — ouço Sabine perguntar e percebo que estão todos olhando para mim. Eu sou a noiva afinal.

A única solução que consigo ver, é mais pessimista possível. A ideia de servir pizza seria boa se fosse apenas nossas famílias, mas depois que convidei meus amigos – acidentalmente – disse para Dominic colocar sua família por parte de pai na lista e isso significa 75% dos convidados. Fora que deixei que Karen selecionasse jornalistas de três revistas diferentes e um fotógrafo profissional. O que era para ser um casamento apenas para família, se tornou um verdeiro evento e não cairia bem servir pizza. Ou sushi.

Não contratamos o restaurante do amigo de Dominic – que nos forneceu o terraço – porque eu vi em uma revista uma socialite que casou ano passado, falando muito bem do buffet que contratamos, então eu quis fazer bonito e liguei para eles em seguida, dizendo com quem eu iria casar, o que rapidamente me concedeu uma vaga na agenda atribulada deles.

Péssima escolha.

Quando todo mundo continua apenas me encarando, eu peço licença e vou para o banheiro. Não é a atitude mais responsável, mas eu preciso respirar.

No banheiro, tranco a porta e vou até a privada para vomitar.

Tenho quase certeza que Sabine me ouviu, pois ela bate na porta logo depois.

— Abby, você está bem?

— Só preciso de um minuto.

Depois de escovar os dentes, respiro fundo várias vezes, mas não saio do banheiro ou respondo a Sabine quando ela fala de novo.

Com certeza passou mais de um minuto.





Hey, galera!

Finalmente o grande dia tá chegando, hein?👀

Quero adiantar uma coisa com vcs: talvez eu fique sem atualizar. O Enem é em duas semanas e com a pressão e tals, eu talvez não tenha concentração pra escrever.

E pra vcs que forem fazer o Enem também: boa sorte❤️✨

Msm assim ainda vou tentar escrever e postar se der inspiração.

É isso<3

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2bjs, môres♥

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